Vencendo o câncer: uma história de superação, amor e vitória em meio à dor

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) o termo compreende “câncer” um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo.

Cerca de 12,7 milhões de pessoas são diagnosticadas com a doença anualmente em todo o mundo, desses, mais de 500 mil somente no Brasil.

Sabe-se que, apesar de ser uma doença grave, as possibilidades de cura, principalmente com os avanços médico-científicos, existem e são altas, em especial quando se detecta o câncer em estágio inicial.
Neste Dia Mundial de Combate ao Câncer, Opinião conversa com a jovem Evelyn Oliveira, 22, que travou uma verdadeira batalha pela vida. Uma luta contra uma mielodisplasia.

Além de ser uma vencedora, Evelyn criou um projeto lindo para ajudar os pacientes do Hospital do Câncer. Ela declara que gostaria muito de se dedicar a ajudar outras pessoas que sofreram do mesmo problema que ela. “É um projeto realmente lindo! Tenho certeza que irá amenizar um pouco a dor do paciente e do acompanhante. O nome do projeto é “Anjo Amigo”. Eu quero levar aos pacientes do Hospital do Câncer tudo aquilo que recebi no meu tratamento”, disse.

Para isso, foi lançada uma Vakinha Virtual – que é uma forma de angariar recursos para ajudar no execução do projeto. Para mais informações, basta acessar o site www.vakinha.com.br/vakinha/ajude-a-evelyn-a-realizar-seu-sonho.

Confira a entrevista

Opinião – Quando e como você descobriu que tinha câncer?
Evelyn – Vinha me sentindo estranha a alguns anos, sempre indo em clínicos, fazendo exames, mas tratando apenas sintomas. Em novembro de 2015 procurei o Dr. Leonardo Assad através de um conselho dado pelo laboratório de exames Dr. Luiz Augusto Batista em procurar um hematologista. De cara ele passou vários exames e me aconselhou procurar a Dra. Adriana Mariano na especialidade de reumatologia. Mas fui piorando com o tempo e só voltei com o Dr. Leonardo em janeiro de 2016 com o quadro pior e sem os exames, ele repassou todos os exames e voltei com ele. Meus exames estavam uma loucura! E a principal suspeita era o lúpus eritematoso sistêmico com comprometimento hematológico. Eu tinha todos os sinais de lúpus, dores articulares, infecções de pele, febres frequentes. E o quadro continuou piorando. Dr. Leonardo nos aconselhou a irmos para São Paulo com urgência. Chegamos em São Paulo, procuramos no Hospital Albert Einstein hematologia e reumatologia para fechar o diagnóstico. Fiz uma bateria de exames e fecharam com lúpus e comprometimento hematológico. Mas os exames tinham dado várias alterações para outra doença. Voltamos para o Acre e continuamos tratando o lúpus. Meu quadro continuou piorando ao ponto de eu não conseguir ter forças para andar, as febres continuavam, as infecções aumentavam e aquilo foi piorando mais rapidamente, decidi que eu mesma iria pesquisar todos aqueles exames. Pesquisei uma noite inteira, e sim! Era uma mielodisplasia! Sim, eu estava com câncer! No dia seguinte fui ao consultório do Dr. Leonardo e entreguei os exames pra ele. Recebi sua ligação no dia seguinte pedindo para que eu comparecesse na UNACON [Hospital do Câncer], conversamos e ele foi bem sincero conosco, que não tinha recursos suficientes e que deveríamos voltar para São Paulo porque eu precisaria de um transplante de medula.

Opinião – Qual foi tua reação ao descobrir a doença?
Evelyn – Um buraco se abriu na minha vida! Não saberia se teria doador compatível. Tudo parou naquela hora, mas eu precisava ser forte! Não por mim, mas pela minha família. Eu sabia que se eu desmoronasse, todos cairiam no mesmo buraco. Então ergui a cabeça e segui em frente. Precisávamos lutar! Fiz uma promessa com Deus, que Ele poderia me dar até uma leucemia que eu enfrentaria, mas que Ele me desse a cura também! E foi o que aconteceu.

Opinião – Em algum momento, você pensou que o tratamento não iria dar certo ou sempre ficou otimista?
Evelyn – Até o momento que saísse o exame de compatibilidade com o meu possível doador, ficamos meio apreensivos. Meu doador 100% foi meu irmão Kevin. Foi um alivio pra nós! E a primeira provação de Deus! Naquele momento tivemos forças para continuar e sempre acreditando que o tratamento seria um sucesso.

Opinião – O que mais te decepcionou nas pessoas nesse período?
Evelyn – As pessoas que eu ‘mais amava’ me abandonaram, me esqueceram, se afastaram. Mas o ditado que falam é verdade: amigo de verdade só pai e mãe. Ninguém fará por você o que eles fazem.

Opinião – Como foi o apoio da tua família?
Evelyn – A minha família inteira me apoiou durante todo meu tratamento, meus pais, meus tios, meus primos, alguns poucos e bons amigos, principalmente meu primo Natanael, que sempre que tinha oportunidade estava comigo em São Paulo. A equipe TMO do Hospital São Camilo na Pompeia-SP, Dr. Leonardo, Dra. Adriana aqui de Rio Branco, se tornaram minha segunda família. Agradeço a Deus por todos vocês!

Opinião – Muitas pessoas acreditam que determinadas doenças, como o câncer, não tem cura. Você teve medo, em algum instante, de não vencer a doença?
Evelyn – Sempre existe aquela dúvida se vai dar certo ou não, isso acontece em tudo na nossa vida. Mas o câncer como qualquer outra situação são imprevisíveis! Mas tem cura sim!

Opinião – Que conselhos você daria a quem está em tratamento contra o câncer?
Evelyn – Perseverança, se apegar a algo ou alguém, no meu caso me apeguei a Deus. E nunca se entregar a doença.

Opinião – O tratamento continua? Em que fase você está?
Evelyn – . Sim. Estou em remissão da leucemia mieloide aguda (doença controlada, porém, não excluída). Caso eu tenha recaída, terei que fazer outro transplante. Mas existe um tempo limite de 5 anos em remissão para se dizer que a doença pode ser excluída (cura total da doença).

Opinião – O corpo muda com o tratamento. Como ficou tua autoestima?
Evelyn – O corpo muda sim e muito! A alma também. Sempre gostei de ter um corpo atlético, sempre fui praticante de esportes. Mas quando me vi com 35 quilos a mais me senti um pouco triste, mas nada que me afetasse com meu tratamento. Estou com marcas profundas no corpo, mas nada que um tratamento estético não resolva.

Opinião – A fosfoetanolamina, conhecida como a “Pílula do Câncer» foi muito requisitada por pacientes em tratamento. Você utilizou ou pensou em utilizar o medicamento?
Evelyn – Não utilizei. E meus médicos nunca me falaram da medicação.

Opinião – Você teve que fazer um transplante. Tudo corria bem, você voltou pro Acre, mas logo teve uma recaída. O que aconteceu? Como lidou com essa situação?
Evelyn – 120 dias após o meu transplante, tive recaída da doença e ela avançou para uma leucemia mieloide aguda. Foi iniciado um novo protocolo de quimioterapia e entrei em remissão da doença (doença controlada, porém, não excluída). Fiquei um pouco chateada, queria voltar para casa para fazer o tratamento aqui. Mas minha mãe não deixou e continuamos a quimioterapia no Hospital São Camilo.

Opinião – Você passou a olhar vida de outra maneira, depois da doença? O que você diria para as pessoas que vivem reclamando de coisas banais?
Evelyn – A doença mudou a minha forma de pensar com relação a tudo. Eu mudei. Vivia uma vida sem graça, pouco me importava com as coisas e não valorizava a minha família. Hoje não consigo entender como alguém pode não dar atenção a família e aos amigos de verdade. Diria para visitarem um hospital do câncer para vê a realidade que as pessoas vivem e como vivem. Mas independente dos problemas, estão sempre sorrindo.

Opinião – Você está curada? Existe alguma possibilidade do retorno da doença?
Evelyn – Estou em remissão. O protocolo diz que se a pessoa permanece em remissão durante um período de 5 anos é como se a cura fosse alcançada. Mas pode ter recaída sim, caso isso aconteça, só um novo transplante. Gostaria de agradecer as orações que recebi pelos familiares, amigos, nas redes sociais. Pelo Corpo de Bombeiros do Estado do Acre pela campanha de cadastro de medula, pela Polícia Militar do Estado do Acre pelas orações que recebi quase que diariamente, pela minha igreja Comunidade Atos, e por todos aqueles que me apoiaram nessa caminhada e continuam me mandando força. Que Deus abençoe a todos vocês!