Há 25 anos, comerciante vende remédios alternativos no Mercado Velho, na Capital

Em tempo de medicina avançada, em que toda semana são publicados artigos científicos de novas drogas sintetizadas em laboratórios, ainda é possível aproveitar das propriedades das ervas, dos lambedores e das raízes medicinais extraídas do coração da Amazônia.

Esses produtos naturais ainda são muito preferidos pelos acreanos, sobretudo os de baixa renda, em substituição aos fármacos industrializados das drogarias tradicionais.

No Novo Mercado Velho, o ex-seringueiro Francisco Lessa, de 59 anos, há 25 dedica-se com a família a comercializar essas preciosidades da floresta que servem para a cura de praticamente todos os males tidos, digamos assim, maleáveis, os que podem ser prevenidos ou combatidos com facilidade, como a diabetes, por exemplo.

Nas prateleiras abarrotadas de folhas e líquidos, contam-se até 300 tipos diferentes de remédios naturais, que depois de transformados em chás, servem para problemas que vão desde circulação a hepatites, gastrites e insuficiência renal.

E no campo da vida saudável são muitos os jogadores. No ataque são escalados picão e espinhara santa. No meio de campo jogam jatobá, copaíba, e carapanaúba. Na zaga, cravo de defunto, quebra-pedra, andiroba e sucupira. No gol, a responsabilidade é de chichuá, que tem como reserva o creme de mulateiro.

“São todos originários da sabedoria centenária de nossos antepassados”, explica Lessa com a autoridade de quem nasceu na floresta, no seringal Boa Vista, nas selvas do município de Tarauacá, cidade distante 440 quilômetros de Rio Branco.

O comerciante conta que recebe, quase todos os dias, clientes à procura de chás emagrecedores. “Esse é campeão de venda”, ressalta. Mas uma parte também vem em busca da prevenção à hepatite, porque contraíram malária em algum ponto da floresta. “São pessoas, cujo fígado está bastante debilitado”, explica.

E não é só aqui que Francisco Lessa é conhecido. Seus produtos já ganharam o mundo por meio dos gringos que por lá chegam. São americanos, holandeses e alemães que enchem a mochila de vegetais.

“Eles lamentam que não podem levar uma muda de planta ou semente para cultivar em suas terras nacionais. Mas aí, também eu acredito que já seria demais. Seria caso de biopirataria. Aí, não pode e não temos”, frisa o especialista.