Quais os desafios se a covid se tornar uma doença endêmica

Para grande parte dos especialistas, sociedade terá que aprender a conviver com o vírus, adaptando-se a um novo estilo de vida

O avanço da vacinação, a queda nos números de casos e mortes por covid-19 e a flexibilização das restrições no funcionamento do comércio e dos serviços passaram para a população a sensação de que a pandemia poderia estar chegando ao fim. Em julho de 2021, pela primeira vez, a maioria dos brasileiros disse acreditar que o vírus estava sob controle, segundo pesquisa Datafolha. Mas ele não vai embora.

Uma enquete feita pela revista Nature no começo de 2021 com cem imunologistas, virologistas e epidemiologistas que pesquisavam o novo coronavírus revelou que cerca de 90% deles acreditavam ser improvável que a doença fosse erradicada. Ela deve se tornar endêmica, ou seja, continuará circulando de maneira consistente, mas limitada a bolsões da população mundial, o que tornará suas taxas de incidência e transmissão previsíveis.

Imagem mostra pessoas de máscara sentadas em bancos. No primeiro plano, mulher olha para o celular que está na sua mão

Neste texto, mostra quais os possíveis cenários para a covid-19, que desafios ela traz como doença endêmica e como os governos no Brasil e no mundo se prepararam diante de sua iminente permanência.

O que é uma endemia


Doenças endêmicas são aquelas que estão sempre presentes, acontecem com determinada frequência e permanecem estáveis ao longo do tempo. Em entrevista à Agência Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o epidemiologista Guilherme Werneck, que é professor do Instituto de Medicina Social da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), explicou que as endemias passaram a ser pensadas de forma mais quantitativas após o século 19, por influência da estatística.

Elas começaram a ser definidas como um “comportamento usual e esperado de uma doença em uma população”. Já as epidemias são modificações nesse padrão de casos, um aumento além do esperado. Uma doença endêmica, portanto, pode ter ciclos epidêmicos. “É o caso da dengue no Brasil, onde todos os anos acontecem casos esperados, mas que se cruzam também com períodos epidêmicos”, disse.

O coronavírus, por exemplo, já é conhecido da ciência desde os anos 1960. Seus quatro tipos que causam resfriados comuns em humanos há centenas de anos são considerados endêmicos, da mesma forma que acontece com outro vírus, o da influenza, responsável pela gripe e que requer vacinação anual — dois dos coronavírus já eram responsáveis por cerca de 15% das infecções respiratórias antes da pandemia, e a maioria das crianças tem contato com esses vírus antes dos seis anos, criando imunidade a eles.

Estima-se que, por ano, morram em todo o mundo, em média, 650 mil pessoas devido à gripe sazonal. O fato de ela ser endêmica implica uma aceitação dessa letalidade, e não há a adoção de medidas rigorosas para prevenir o contágio, como o isolamento social e os lockdowns.

Em relatório de 2010, a OMS (Organização Mundial da Saúde) elencou 17 doenças que estavam sendo negligenciadas no mundo, sendo que ao menos 12 delas ocorriam de forma endêmica no Brasil, segundo o documento “A Saúde no Brasil em 2030” (2012), do governo federal. As doenças “negligenciadas” são aquelas associadas à pobreza e que têm baixo grau de prioridade para os governos.

“Algumas são consideradas emergentes ou reemergentes no país (dengue, leishmanioses), outras estão em estágio avançado de controle (doença de Chagas, filariose linfática, oncocercose, raiva), uma tem apresentado tendência decrescente (esquistossomose) e outras permanecem em relativa estabilidade (hanseníase, tracoma, cisticercose, hidatidose e geo-helmintíases)”, dizia o documento.

A covid endêmica


A maioria dos especialistas diz acreditar que o novo coronavírus irá se comportar da mesma maneira que a gripe comum. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o infectologista Julio Croda, que é pesquisador da Fiocruz, disse ser “natural” que ele se torne endêmico e que, “de tempos em tempos, outras epidemias importantes associadas a novas variantes devem ocorrer”.

“Todas as vacinas disponíveis, e é importante deixar isso claro, continuam com alta proteção contra internação e óbito, mas a perda de efetividade contra as formas moderadas faz com que o vírus continue circulando e, ao continuar sua transmissão, mais mutações vão ocorrer e novas variantes podem surgir. O que deve acontecer, ao longo do tempo, é que, com a vacinação e com o reforço vacinal, vamos conseguir impedir evolução para forma grave, mas não a circulação do vírus”- Julio Croda, pesquisador da Fiocruz, em entrevista à Folha de S.Paulo, em agosto de 2021.

Uma pequena parte dos pesquisadores, porém, acredita que algumas partes do mundo podem se livrar da covid-19. Na mesma pesquisa da revista Nature, um terço dos cientistas afirmou que esse cenário seria possível.

“Imagino que a covid será erradicada em alguns países, mas com um contínuo e talvez sazonal risco de reintrodução de outros lugares onde a cobertura vacinal e as medidas de saúde pública não foram boas o suficiente”, disse o epidemiologista Christopher Dye, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, à revista.

Algumas doenças em humanos conseguiram ser erradicadas, como a varíola, nos anos 1980 — no Brasil, os últimos 19 casos, numa comunidade da zona norte do Rio de Janeiro, foram registrados em 1971. No caso do novo coronavírus, o aparecimento de variantes mais contagiosas que escapam das vacinas e a queda das imunidades naturais e conferidas pelos imunizantes depois de um tempo são fatores que dificultam a erradicação da covid-19, segundo os cientistas.

Os cenários para a covid


TOTALMENTE ERRADICADA

Esse cenário só seria possível se a imunidade adquirida contra o vírus não decaísse com o tempo, o vírus não sofresse mutações que escapassem da proteção das vacinas e ele não persistisse em reservatórios animais. Pesquisas, pelo contrário, têm demonstrado a necessidade de doses de reforço das vacinas devido à queda de proteção com o tempo e redução da eficácia em relação às variantes. Países também registraram surtos da doença em animais, como os visons, abatidos aos milhares na Dinamarca.

ERRADICADA EM ALGUMAS REGIÕES

Uma pequena parte dos pesquisadores acredita que esse cenário é possível. Assim como o sarampo, algumas regiões com ampla cobertura vacinal, controle da entrada de pessoas e fechamentos esporádicos, como ocorre na Nova Zelândia, poderiam ser ver livres da covid, mas com risco de reintrodução da doença vinda de outras regiões.

CIRCULA COMO GRIPE COMUM

No cenário que parece ser o mais provável, segundo os cientistas, as vacinas vão conseguir reduzir a evolução para quadros graves e mortes, mas não impedir a transmissão do vírus. Com a expansão da cobertura vacinal e grande parte da população imunizada, as pessoas poderão continuar se infectando, mas tendo quadros leves da doença.

CIRCULA CAUSANDO QUADROS GRAVES

Essa situação ocorreria caso as vacinas não conseguissem prevenir quadros graves da infecção. Estudos têm demonstrado uma redução nas internações e mortes em pessoas vacinadas.

A endemia na mira dos governos


Até meados de setembro de 2021, a covid-19 já tinha matado 4,6 milhões de pessoas em todo o mundo, o que ainda a torna distante de uma doença sazonal como a gripe comum.

Mas líderes de alguns países sinalizam a intenção de alcançar números semelhantes ao da gripe. Em junho, o secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, afirmou no Parlamento britânico que a meta do governo era “viver com esse vírus como vivemos com a gripe”.

À agência Bloomberg, a epidemiologista Jennifer Nuzzo, do Centro de Recursos de Coronavírus da Universidade Johns Hopkins, disse ser possível chegar ao estágio de “apenas monitorar hospitalizações”.

Em artigo publicado no jornal O Globo, no início de setembro, o infectologista David Uip, que foi secretário de Saúde do estado de São Paulo, lembrou que a epidemia de HIV/Aids também provocou “pânico global” nas décadas de 1980 e 1990, mas se tornou com o tempo uma endemia graças a potentes antirretrovirais, profilaxias pré e pós-exposição e às campanhas de incentivo à testagem e ao uso de preservativo. Para ele, a covid deve seguir o mesmo caminho.

“Não há data para a pandemia de covid-19 acabar. Temos ainda um longo caminho a percorrer até que a situação epidemiológica se estabilize. A avaliação do cenário atual permite vislumbrar um futuro com muito menos infecções, internações e mortes, mas teremos de aprender a conviver — por muito tempo — com o Sars-Cov-2 entre nós”- David Uip, infectologista, em artigo publicado no jornal O Globo, em 5 de setembro de 2021.

O governo de São Paulo também demonstrou que trabalha com um cenário de endemia. Em julho, o estado anunciou que uma nova rodada de vacinação contra a doença terá início em 17 de janeiro de 2022, exatamente um ano depois de a primeira dose da Coronavac ter sido aplicada no Brasil. O Butantan desenvolve um novo imunizante, a Butanvac.

Já o governo federal previu na proposta de orçamento encaminhada ao Congresso R$ 3,9 bilhões para a compra de vacinas em 2022. A quantia, porém, é 86% menor do que foi autorizado em 2021, quando R$ 27,79 bilhões foram reservados para a ação.

Os desafios da covid endêmica


O surgimento da variante delta, que se propaga mais rapidamente que o vírus original, praticamente enterrou as discussões sobre a possibilidade de se alcançar a imunidade de rebanho, estágio em que quase toda a população estaria imunizada, o que faria o vírus parar de circular.

Nos Estados Unidos, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) estimou que, com o surgimento da delta, 90% da população teria que ser vacinada para que isso aconteça, o que estudiosos dizem ser matematicamente impossível de acontecer.

Com o cenário de uma doença endêmica à vista, especialistas defendem mudanças na forma de organização da sociedade para amortecer o impacto da covid-19. Em artigo publicado na revista Atlantic, nos Estados Unidos, no domingo (12), o médico Scott Gottlieb, que comandou o FDA (Food and Drug Administration, agência do Departamento de Saúde dos Estados Unidos) de 2017 a 2019, escreveu que o grande desafio será adaptar o trabalho e as escolas a um vírus onipresente de modo a torná-lo um “risco maleável”.

Ele defende, entre outras medidas, a exigência da vacinação para os trabalhadores, o teletrabalho durante os picos da doença para reduzir a densidade nos escritórios e videoconferências mesmo dentro dos locais de trabalho para reduzir aglomerações internas. Pessoas que tiveram casos da doença na família devem permanecer em casa. Os edifícios também deverão passar por reestruturações para melhorar a circulação de ar.

Para ele, o uso voluntário da máscara em locais fechados nas temporadas de doenças respiratórias deverá se tornar uma norma cultural. “Eventualmente, alguns de nós provavelmente serão infectados. Para muitos, a esperança será estar protegido pelas vacinas e não manifestar nada além de uma infecção leve”, escreveu.

Gottlieb defende que as medidas serão necessárias para evitar que a covid e a gripe, juntas, causem um estrago ainda maior. “Estivemos sendo muito complacentes com a gripe sazonal, permitindo que ela adoeça e mate muitas pessoas todos os anos. Com uma segunda doença séria no horizonte, seremos forçados a agir”, disse.

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Além da pandemia, falta de campanhas explica queda na vacinação

Divulgação de notícias falsas e baixa adesão de jovens à imunização são outros entraves, apontam debatedores

No último ano, o país registrou queda na cobertura vacinal, aumentando o risco de surtos de doenças preveníveis. A pandemia teve impacto nesse cenário, mas ele também é explicado por outros problemas, como a falta de campanhas e de capacitação de vacinadores.

É o que afirmam os debatedores do seminário Cobertura Vacinal, realizado pela Folha na última quarta (30). O evento, com patrocínio da farmacêutica Sanofi, foi mediado pelo jornalista Jairo Marques.

Menos da metade dos municípios brasileiros atingiu a meta estabelecida pelo PNI (Plano Nacional de Imunizações) para nove vacinas, entre elas as que protegem contra poliomielite, sarampo e tuberculose. O levantamento foi realizado pelo Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), com base em dados do Ministério da Saúde coletados até o começo de abril.

Com exceção da pentavalente (contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria Haemophilus influenzae tipo B), todas as outras vacinas tiveram quedas significativas. A mais drástica foi a de hepatite B, que tinha 78,6% de cobertura em 2019 e passou para 62,8% no último ano.

Na pandemia, muitas pessoas ficaram com medo de ir a uma UBS (Unidade Básica de Saúde), devido ao risco de contrair o vírus, afirma Arthur Aguillar, coordenador de políticas públicas do Ieps.

Mas, de acordo com o economista, outro fator que explica os números atuais é a falta de estratégias unificadas de comunicação entre governo federal, estados e municípios —já que o SUS (Sistema Único de Saúde) é dividido nesses três níveis.

José Cássio de Moraes, membro da comissão de imunização do Ministério da Saúde, chama a atenção para os problemas de logística que o SUS enfrenta. Alguns deles são a indisponibilidade de vacinas e a restrição no horário de funcionamento das UBSs.

Ele também afirma que há uma falta de capacitação dos vacinadores, que faz com que muitos profissionais não se sintam aptos para aplicar determinados imunizantes.

Moraes ressalta ainda a ausência de campanhas massivas em veículos de comunicação sobre a importância de tomar as vacinas.

Durante o seminário, todos os debatedores reforçaram o quão danosa tem sido a divulgação de notícias falsas nas redes sociais, que põem em xeque a eficácia de imunizantes.

Para Anamélia Lorenzetti Bocca, coordenadora da regional Centro-Oeste da SBI (Sociedade Brasileira de Imunologia), a baixa adesão às campanhas também pode ter relação com um desinteresse das novas gerações, uma vez que esses jovens não viveram surtos de doenças já erradicadas.

Esse tipo de comportamento pode trazer infecções de volta, como aconteceu com o sarampo em 2018, com mais de 10 mil casos na região Norte. Até março deste ano, o país registrou 235 casos da doença.
O papel do governo, de acordo com a especialista, é fazer uma vigilância ativa, entendendo o contexto da baixa adesão à vacina para, então, ir até as pessoas que não se imunizaram.

Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunizações (PEI) de São Paulo, afirma que neste ano a cobertura da vacina de gripe caiu em relação a 2020.

Quem tomou o imunizante contra a Covid-19 precisa esperar pelo menos 15 dias para se vacinar contra influenza.

Marcelo Otsuka, vice-presidente do departamento de infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), criticou os chamados “sommeliers de vacina” —pessoas que querem escolher de qual laboratório é o imunizante que vão tomar contra o coronavírus— e afirma que a sociedade só estará segura com uma imunização em massa.

Ele destaca que os efeitos colaterais dos imunizantes nem se comparam aos riscos que a doença traz. “Nós não temos nem vacinas suficientes para ficar escolhendo”, diz.

Para Moraes, o legado que a pandemia deixará para o Brasil é a certeza de que é preciso investir em tecnologia para a produção de vacinas. Ele lembra que tanto o Butantan quanto a Fiocruz, os dois principais laboratórios do país, ainda são dependentes de IFA (ingrediente farmacêutico ativo) vindos do exterior.

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O impacto da suspensão da produção de vacinas no Brasil

Os laboratórios brasileiros que produzem as duas principais vacinas contra a covid-19 usadas pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações) anunciaram a suspensão do envase dos imunizantes no país por falta de matéria-prima importada da China. A paralisação tem impacto no ritmo da campanha de vacinação, que já vinha caindo. Mais da metade dos estados suspenderam a aplicação das doses por falta de vacinas.

O Instituto Butantan, que fornece a Coronavac, interrompeu a produção desde a sexta-feira (14). Segundo o governador de São Paulo, João Doria, o problema se deveu a um “entrave diplomático, fruto de declarações inadequadas, desastrosas feitas pelo governo federal contra a China”. “Isso gerou um bloqueio por parte do governo chinês para a liberação do embarque desses insumos”, afirmou.

70%

das doses contra a covid-19 aplicadas no Brasil até a segunda-feira (17) eram da vacina da Sinovac, produzidas pelo Butantan

No começo de maio, durante uma cerimônia em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que o novo coronavírus havia sido criado em laboratório pela China para fins de uso militar numa suposta “guerra química”. O governo chinês respondeu dizendo que se opunha à “politização e estigmatização do vírus”. Para tentar minimizar o estrago da declaração, o Itamaraty disse que o Brasil deveria “louvar” a China.

Tanto o Butantan quanto a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que é ligada ao Ministério da Saúde e produz a vacina de Oxford no Brasil, dependem da importação do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) da China. No caso do Butantan, havia um lote com 10 mil litros de IFA parado na China, aguardando a liberação, segundo o governo paulista. Esse lote seria suficiente para produzir 18 milhões de doses da Coronavac.

Na segunda-feira (17), Doria publicou em suas redes sociais que o Butantan recebeu a previsão do governo chinês da chegada de 4.000 litros de insumos em 26 de maio, quantidade capaz de produzir 7 milhões de doses — apenas parte do anunciado. Mesmo com essa previsão de entrega, o instituto ficaria ao menos duas semanas parado.

Os atrasos fizeram o laboratório reduzir de 12 milhões para 5 milhões a estimativa de fornecimento de vacinas para o governo federal em maio. Presidente do Butantan, Dimas Covas disse que o cronograma só poderia ser cumprido se os insumos chegassem “muito rapidamente”.

O atraso na Fiocruz


Uma das instituições mais afetadas pelos atrasos nas entregas de IFA, a Fiocruz ter matéria-prima para manter a produção até meados desta semana, iniciada no domingo (16). A fundação afirmou que iria interromper a produção “por alguns dias” e que não sabia se isso poderia ter impacto na entrega de doses, que vem sendo feita semanalmente.

“Por conta do rápido escalonamento de produção que a Fiocruz atingiu, as remessas de IFA vêm sendo consumidas antes do tempo previsto inicialmente, e será necessário interromper a produção na próxima quinta-feira (20) até a chegada do novo lote de insumo”, disse a instituição, em nota divulgada na segunda-feira (17).

Segundo a instituição, possíveis impactos na distribuição dos imunizantes ainda seriam avaliados e “comunicados mais à frente”.

Em audiência no Congresso, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmou, também na segunda-feira (17), que o governo brasileiro recebeu a confirmação do embarque, no próximo dia 21, de dois lotes de insumos para a Fiocruz (o lote previsto para 29 de maio foi antecipado e chegaria junto). A quantidade é suficiente para produção de cerca de 12 milhões de doses, segundo a instituição.

Ao todo, a fundação já entregou para o PNI cerca de 35 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, das quais 4 milhões haviam sido importadas prontas da Índia. Ainda em maio, a instituição prevê começar o início da produção do IFA no Brasil, o que acabaria com a dependência de importação do insumo.

As primeiras vacinas inteiramente nacionais, porém, só começariam a ser entregues em outubro. “O processo passa por muitas etapas de produção de lotes e de controle de qualidade até podermos entregar ao Programa Nacional de Imunizações as vacinas produzidas em Bio-Manguinhos, na Fiocruz”, afirmou em entrevista à CNN Brasil, no começo de maio, a presidente da fundação, Nísia Trindade Lima.

Redução no ritmo de imunização


A vacinação no país sofreu uma redução nas duas primeiras semanas de maio, segundo dados compilados pelo consórcio de veículos de imprensa. Na semana de 9 a 14 de maio, foram aplicadas 726 mil doses por dia, em média. Na última semana de abril, a média diária havia chegado a 880,9 mil.

Uma estratégia equivocada do Ministério da Saúde divulgada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello, ainda em março, fez com que estados e municípios ficassem sem as vacinas necessárias para a aplicação das segundas doses. A orientação, à época, era que os governos aplicassem todo o estoque disponível para acelerar a campanha. Como houve atrasos nas entregas, muitas regiões ficaram sem vacinas para a segunda dose por não ter feito as reservas.

Mais da metade dos estados brasileiros já havia suspendido a aplicação de imunizantes por falta de vacinas. O problema atingia 15 estados, entre os quais Minas Gerais, onde apenas 23 dos 853 municípios estavam conseguindo cumprir os prazos até a sexta-feira (14). Em Belo Horizonte, a prefeitura só conseguia aplicar a segunda dose nas pessoas com 67 anos ou mais.

Os riscos da paralisação


O atraso no fornecimento de mais vacinas e a lentidão da campanha de imunização preocupam devido aos riscos de uma terceira onda de covid-19. O número de casos em todo o país apresenta estabilização num patamar considerado ainda muito alto. No domingo (16), a média móvel de mortes voltou a subir depois de 15 dias em queda. O Brasil ainda beira a média de 2.000 óbitos diários pelo coronavírus.

Em texto publicado no jornal O Estado de S.Paulo, no sábado (15), a epidemiologista Ethel Maciel, que é professora da Universidade Federal do Espírito Santo, escreveu que o atraso na produção impacta “na transmissão da doença, no alívio dos sistemas de saúde” e, principalmente, “na proteção da vida”. “Significa colocar mais pessoas em risco”, afirmou.

Segundo ela, a redução no ritmo da vacinação, a falta de um programa de testagem em massa e de um lockdown nacional que reduziria a circulação do vírus colocam o país numa “situação crítica”. A flexibilização das medidas restritivas e a queda na vacinação empurram o país para uma terceira onda no inverno, de acordo com a epidemiologista. Com início em junho, o inverno é a época do ano com maior circulação de vírus respiratórios.

Para os especialistas, a dúvida não é mais se o país terá uma terceira onda, mas quando ela irá acontecer. Em entrevista ao jornal Nexo no final de abril, a doutora em saúde pública Suzana Pasternak, que é professora da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP, apontou justamente a lentidão da vacinação no país como um fator para que uma nova onda possa ocorrer.

“Nós temos ainda um estoque grande de gente não vacinada, infelizmente. Elas têm chance de se infectar, não quer dizer que vão ser. Eu não sei se elas não foram infectadas ainda porque são imunes, ninguém sabe. Em Manaus, depois da primeira onda, a gente tinha achado que a cidade estava livre porque todo mundo que deveria morrer, morreu. E teve uma segunda onda tenebrosa”, disse.

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FOTO: DIEGO VARA/REUTERS – 12.MAI.2021

Quando a vacinação deve começar a frear a pandemia no Brasil

Caso os laboratórios brasileiros da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e do Instituto Butantan consigam entregar a produção máxima de vacinas contra a covid-19 previstas em seus cronogramas, o Brasil deve vacinar todos os profissionais de saúde e os idosos acima dos 60 anos ainda em abril. Cerca de um mês depois, a imunização deve começar a ter um efeito expressivo sobre o número de mortes, ajudando a desafogar os hospitais.

Dos atuais 2.300 óbitos por dia, a média móvel no país deve ficar abaixo de mil mortes diárias ainda em maio, graças à vacinação. A estimativa consta de um estudo da Impulso Gov, uma organização não governamental que tem como objetivo ajudar estados e municípios a coletar e a analisar dados dos serviços de saúde.

No estudo, usado pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) para defender a adoção de um lockdown nacional para frear os casos antes do efeito da imunização, a ONG recorreu a 12 bases de dados públicas e informações do Ministério da Saúde obtidas por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação). A partir disso, traçou três possíveis cenários da vacinação no país.

“A gente estimou o número de pessoas em cada grupo prioritário, sabe quantas doses precisa e quantas doses vai ter em cada mês. A partir disso, a gente distribui as doses pelos grupos. Por esse cenário que conta apenas com a produção nacional, a gente deve conseguir vacinar até o final de abril todos os idosos acima de 60, que já é uma parte da população com ao menos uma comorbidade. A gente começaria a ter um efeito [no número de mortes] no final de maio”, disse ao jornal Nexo o coordenador de dados da Impulso Gov, Marco Brancher.

O plano de imunização contra a covid-19 do governo federal considera 29 grupos como sendo prioritários na fila da vacinação, como idosos, profissionais de saúde, indígenas, quilombolas, professores, militares e caminhoneiros. Ao todo, segundo o governo federal, são 77,2 milhões de pessoas. O estudo eliminou a duplicidade, ou seja, incluiu na relação apenas uma vez um idoso que é ao mesmo tempo professor, por exemplo. Por isso, considerou 73,7 milhões de pessoas na estimativa.

Os possíveis cenários

  • COM O CRONOGRAMA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

O plano de vacinação federal prevê a distribuição para estados e municípios de 562 milhões de doses ao longo de 2021, o suficiente para vacinar toda a população de 210 milhões de habitantes. Entre as opções, estão as vacinas da Pfizer/BioNTech, Janssen (farmacêutica da Johnson & Johnson, a única que necessita de apenas uma dose), a Sputnik V, a Covaxin (da indiana Bharat Biotech), além de doses recebidas pelo consórcio Covax Facility e as de Oxford importadas da Índia. Mas muitas dessas vacinas não têm aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e apenas em março, o governo mudou seis vezes o cronograma. Devido ao alto risco de atraso nos contratos, negociações e importações, pela alta demanda global, o estudo considera o cenário improvável, e por isso não discute as metas. “O mais provável é que nos próximos meses tenhamos um cronograma de vacinação consideravelmente mais lento do que o previsto pelo Ministério da Saúde, por falta de doses (não por capacidade de distribuir e vacinar)”, diz o estudo.

  • COM AS DOSES PRODUZIDAS NO PAÍS

Desde março, o país conta com as doses da vacina de Oxford em parceria com a AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fiocruz. Elas se somam às doses da Coronavac disponibilizadas pelo Instituto Butantan, que respondiam por 83% de todas as vacinas entregues aos estados até quinta-feira (25). Caso os laboratórios nacionais cumpram o cronograma, as 39 milhões de doses entregues em abril seriam suficientes para vacinar todos os profissionais de saúde e idosos acima de 60 anos, segundo o estudo, que considera esse o cenário mais provável. Caso só essas doses estejam acessíveis, todos os adultos seriam vacinados apenas em dezembro.

  • COM METADE DA PRODUÇÃO NACIONAL

O estudo também traça um cenário mais conservador, em que apenas metade da produção nacional seria entregue. Mesmo assim, a cobertura atingiria as populações mais vulneráveis em alguns meses. Os idosos acima de 60 anos e profissionais de saúde seriam imunizados até junho, e toda a população adulta só receberia as duas doses em 2022.

O impacto nas mortes


Segundo o estudo, vacinar a população acima dos 60 anos já teria impacto porque, no Brasil, cerca de 70% das mortes por covid-19 acontecem entre idosos, mesmo que em março, em algumas regiões, os jovens sejam metade dos internados pela doença.

“A gente não precisa atingir a imunidade de rebanho para começar a ver quedas de óbitos. A população vacinada não é imune ao vírus, ela pode contrair e transmitir, mas só vai ter os efeitos mais leves da doença. Então, provavelmente, essa pessoa não vai ser internada e, quase com certeza, não vai morrer. A gente não tem registro de nenhum óbito por covid de pessoas vacinadas ainda”- Marco Brancher, coordenador de dados da Impulso Gov.

Mesmo no pior cenário (Fiocruz e Butantan entregam apenas metade da produção), em maio, a média móvel (que considera os sete dias anteriores ao cálculo) de mortes deve ficar abaixo de mil óbitos por dia. No final de março, ela era de 2.300 mortes diárias no Brasil.

370 mil

mortes por covid-19 serão evitadas no Brasil até o final de 2021 devido à vacinação no pior cenário, com metade da produção nacional, segundo o estudo da Impulso Gov

O estudo considera ainda que, caso a redução de mortes seja homogênea em todos os municípios do país, a pressão sobre o SUS (Sistema Único de Saúde) deve ser menor em abril em comparação ao mês anterior. Para os pesquisadores, porém, até que se chegue a esse quadro, é necessário que os governos tomem medidas mais duras de restrição de circulação de pessoas.

A defesa do lockdown


Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo na quinta-feira (25) por João Moraes Abreu, diretor executivo da Impulso Gov, Marco Brancher, coordenador de dados da ONG, Carlos Lula, presidente do Conass e secretário de Saúde do Maranhão, e Marcia Castro, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, os autores defendem que um lockdown seja adotado imediatamente no país, por 30 dias, até para garantir os efeitos da vacinação.

O lockdown implica no fechamento das atividades não essenciais e no confinamento da população, que só pode sair de casa com justificativas como ir ao hospital ou à farmácia. É um modelo pouco adotado no Brasil.

Segundo os autores, caso a transmissão do vírus não seja controlada, há o risco de novas variantes mais transmissíveis do vírus surgirem, como já ocorreu em Manaus. Essas variantes podem escapar da proteção garantida pelas vacinas atualmente em uso. O número descontrolado de casos também manteria os hospitais em colapso, impedindo o atendimento até mesmo de pessoas com problemas além da covid-19, o que pode aumentar ainda mais o número de mortes.

Os autores escrevem ainda que, quanto mais a curva de mortes sobe, mais difícil fica para baixá-la. “Já atingimos 3.000 óbitos em um único dia. Se este número não cair já, não ficaremos abaixo de 1.000 óbitos nem em maio, mesmo com a vacinação”, escrevem. Para eles, mesmo uma média móvel abaixo de mil mortes ainda é um número inaceitável.

“Se a gente olhar para qualquer país que implementou medidas mais rígidas desde o começo da pandemia, como Portugal, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, todos eles tiveram políticas públicas voltadas para atender as pessoas que estavam ficando desamparadas, seja por programas de renda mínima emergencial, de crédito para empresas ou de isenção de impostos. Tem um menu disponível. Se a gente não tiver nenhuma medida econômica, a gente sabe que, por mais que seja absolutamente necessário adotar o lockdown, ele acaba sendo inviável na prática”, afirmou Brancher.

Pesquisadores como o neurocientista Miguel Nicolelis, que coordenou o Comitê Científico do Consórcio Nordeste para a covid-19, estimam que o Brasil pode alcançar 500 mil mortes em julho caso medidas restritivas não sejam adotadas imediatamente. Brancher diz que o cenário é possível se os índices de mobilidade continuarem no patamar de março. “Não sei se até o meio do ano, mas com certeza até o final do ano é bem possível que a gente atinja esse número espantoso”, afirmou.

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Guedes diz que Bolsonaro ‘por infelicidade’ não deixou claro o problema da saúde e da vacinação

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta sexta-feira (5) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), “por infelicidade”, não deixou claro o problema da saúde e da vacinação. Segundo o ministro, o mandatário acredita que saúde e economia andam juntos.

Guedes concedeu entrevista no início da noite desta sexta, ao lado do deputado Daniel Freitas (PSL-SC), relator da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, que destrava nova rodada do auxílio a informais e cria gatilhos de ajuste fiscal para o futuro.

“Nós não podemos deixar a economia se desorganizar, é muito importante isso. Essa mensagem que o tempo inteiro o presidente tem tentado passar também que, talvez, por infelicidade, não deixou claro o problema da saúde, da vacinação em massa, mas a agonia dele com a economia é a seguinte: se você der o auxílio, chegar lá, a prateleira estiver vazia, todo mundo com dinheiro na mão, a inflação, falta de alimentos… Então temos que manter os sinais vitais da economia funcionando, como fizemos no passado”, afirmou.

Bolsonaro vem criticando publicamente medidas de isolamento social e restrições ao funcionamento do comércio nas cidades.

“Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, questionou o presidente nesta quinta-feira (4).

Guedes nega que auxílio emergencial será prorrogado para 2021 - Economia -  Campo Grande News

Em seguida, Bolsonaro publicou um texto em rede social que diz “Atividade essencial é toda aquela necessária para um chefe de família levar o pão para dentro de casa”, em mais uma fala contra o isolamento social.

Nesta sexta, Guedes defendeu a PEC Emergencial e afirmou que a proposta é um “compromisso com a saúde e ao mesmo tempo um compromisso com a responsabilidade fiscal.”

O ministro falou ainda sobre o desempenho do Brasil no ano passado —o PIB (Produto Interno Bruto) recuou 4,1%— e afirmou que, sem vacinação em massa, a economia não se sustenta.

“Então agora é acelerar a vacinação em massa, aprovar as reformas, como disse o deputado Daniel Freitas, relator dessa PEC fiscal, a coisa está relativamente bem encaminhada porque não tem nada novo no Congresso”, disse o ministro.

Na entrevista, Freitas afirmou que ainda conversaria com colegas sobre o texto da PEC Emergencial, aprovado na quinta-feira (4) no Senado, mas afirmou que “o Brasil tem pressa”.

“Nós precisamos fazer o Brasil voltar a crescer, então, a urgência dessa matéria é evidente, nós precisamos dar celeridade nesse processo”, disse. “Qualquer alteração nessa PEC, ela faz o Brasil atrasar. Portanto, nós vamos discutir, vamos conversar, e tentar acelerar o mais rápido possível o andamento dessa PEC.”

Freitas afirmou que pretende entregar a minuta do parecer na próxima segunda (8).

Guedes voltou a dizer que após o auxílio emergencial, será necessário ampliar o programa Bolsa Família a partir da fusão de programas sociais existentes hoje. Em 2020, esse plano foi vetado por Bolsonaro.

“Temos que reforçar os programas sociais que colocam dinheiro no bolso dos mais pobres, e não esse enorme aparelho estatal, daí eu achar que o compromisso com a agenda liberal continua”, disse o ministro.

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Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino

MPAC cobra agilidade na vacinação de idosos e publicação de cronograma

O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por intermédio da Promotoria de Justiça Especializada de Defesa da Pessoa Idosa e Pessoa com Deficiência, instaurou procedimento preparatório para averiguar possíveis irregularidades no processo de vacinação contra a Covid-19 de idosos e pessoas com deficiência permanente em Rio Branco, requisitando diversas providências ao secretário municipal de Saúde.

Nos documentos, assinados pelo promotor de Justiça Júlio César de Medeiros, o MPAC destaca que milhares de pessoas idosas estão à espera da primeira dose da vacina contra a Covid-19, sem que tenha sido apresentado pela Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) um plano de vacinação destinado aos idosos, que fazem parte do grupo prioritário para recebimento das doses, o que gera uma crise de depressão e ansiedade num público alvo já vulnerável.

O promotor de Justiça ressalta notícias recebidas pela Promotoria de que os próprios servidores da Saúde até o momento não teriam recebido o cronograma de vacinação para acompanhamento e que idosos não teriam conseguido se cadastrar para a vacinação contra a Covid-19 na semana passada, tendo recebido a informação de que seria feriado de carnaval.

Também aponta que Rio Branco começou a vacinar no dia 29 de janeiro os idosos acima de 80 anos acamados, com expectativa de imunizar 600 idosos nessas condições. Entretanto, conforme balanço divulgando pela Vigilância Epidemiológica, até o dia 17 de fevereiro apenas 285 idosos acima de 80 anos acamados, além de 279 Idosos acima de 90 anos, e 161 idosos acima de 60 anos institucionalizados, haviam sido vacinados.

Ainda de acordo com o texto da Promotoria, os idosos são o grupo atingido com maior número dos casos graves da doença e, enquanto não houver vacinação massiva para esse público, continuará elevado o número de internações hospitalares e de leitos de UTI, sobrecarregando o sistema de saúde.

“A publicação de calendário de vacinação pela Secretaria Municipal de Saúde, contendo cronograma com dia e hora definidos, referente à vacinação desse público prioritário, cumpre um dever de informação e transparência à sociedade, proporcionando planejamento e mais adesão, além de minimizar os impactos da pandemia na saúde mental dessas pessoas, vez que transtornos psicológicos como ansiedade e depressão representarão uma epidemia oculta na era da Covid-19”, destaca o promotor de Justiça.

Dessa forma, o MPAC requisitou ao secretário municipal de Saúde, no prazo de 72 horas, devido à urgência, a publicação de calendário de vacinação de pessoas idosas, apresentação de plano de vacinação local, levantamento prévio de eventuais idosos em situação de rua e institucionalizados, ações visando dar transparência na informação à sociedade, entre outras medidas, reforçando que o não atendimento injustificado ensejará as medidas judiciais cabíveis.

Boa notícia: Anvisa concede registro definitivo para a vacina da Pfizer

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu hoje (23) o registro definitivo à vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer em parceria com a empresa de biotecnologia alemã BioNtech. A concessão do registro foi anunciada pelo diretor-presidente da agência reguladora, Antônio Barra Torres, que destacou que a análise para a liberação do imunizante levou 17 dias.

“O imunizante do Laboratório Pfizer/Biontech teve sua segurança, qualidade e eficácia aferidas e atestadas pela equipe técnica de servidores da Anvisa, que prossegue no seu trabalho de proteger a saúde do cidadão brasileiro”, disse Barra Torres ao anunciar o registro. “Esperamos que outras vacinas estejam, em breve, sendo avaliadas e aprovadas”, acrescentou.

A vacina é a primeira a obter o registro definitivo no Brasil. O imunizante se chama Cominarty. A empresa entrou no dia 6 de fevereiro com o pedido de registro definitivo da vacina contra a covid-19. O imunizante, entretanto, ainda não está disponível no país.

Em dezembro, a Pfizer já havia anunciado que não faria pedido para uso emergencial da sua vacina no Brasil, e que seguiria o processo de submissão diretamente para um registro definitivo. À época, a empresa disse considerar o procedimento “mais célere”, além de mais amplo.

Segundo a Pfizer, 2,9 mil voluntários participaram dos testes clínicos de sua vacina no Brasil. No mundo todo, foram 44 mil participantes em 150 centros de seis países, incluindo África do Sul, Alemanha, Argentina, Estados Unidos e Turquia. Os resultados da terceira e última fase de testes do imunizante, divulgados em novembro, apontaram eficácia de 95% contra o novo coronavírus (covid-19).

De acordo com a Anvisa, o registro “abre caminho para a introdução no mercado de uma vacina com todas as salvaguardas, controles e obrigações resultantes dessa concessão”. Até então, as vacinas aprovadas no Brasil são para uso emergencial: a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e a vacina produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade de Oxford e o laboratório inglês AstraZeneca.

De acordo com a Anvisa, entre as autoridades referendadas pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a agência reguladora brasileira é a primeira a conceder o registro de uma vacina contra a covid-19.

O pedido de registro definitivo é o segundo que a Anvisa recebe para uma vacina contra a covid-19. O primeiro foi feito em 29 de janeiro e é relativo à vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, que já tem autorização para uso emergencial no país.

Qual o quadro da covid nos países onde a vacinação avança

Dados de países que começaram a vacinação contra a covid-19 ainda em dezembro e já imunizaram uma parcela expressiva da população mostram que a estratégia pode ter impacto significativo na pandemia do novo coronavírus, ao reduzir os casos de infecção, hospitalizações e mortes pela doença.

O maior exemplo disso tem sido Israel, que conseguiu pôr em prática uma bem-sucedida campanha de vacinação. Até o final de março, o país espera ter aplicado as duas doses necessárias da vacina da Pfizer/BioNTech em metade da população, de 9,3 milhões de pessoas.

O país, que começou sua campanha em 20 de dezembro, era o mais avançado até a quarta-feira (17), segundo dados compilados pelo site Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford. Com 6,76 milhões de vacinas aplicadas, já havia imunizado 47% da população com uma dose, e 31% com duas. Os imunizantes já haviam chegado a mais de 80% das pessoas com mais de 60 anos e estavam disponíveis para qualquer um com mais de 16 anos.

Muito do sucesso do país é creditado ao esforço do governo israelense em garantir o acesso às vacinas. Israel pagou mais por elas (€ 23 a dose, contra os € 12 gastos pela União Europeia), aceitou se responsabilizar pelo produto (os países da Europa exigem que a responsabilidade por algum efeito adverso grave seja da empresa) e concordou em fornecer todos os dados da vacinação para a fabricante. A empresa garantiu, em troca, o fornecimento das doses até que 95% dos israelenses sejam imunizados.

Depois de Israel, Reino Unido (23%), Bahrein (15%), Chile (12%) e Estados Unidos (11,8%) aparecem como os países que mais conseguiram proteger seus habitantes do vírus. Em comparação, o Brasil só conseguiu alcançar 2,5% de sua população com um mês de campanha. O desempenho está muito aquém do esperado devido ao histórico do país e se deve principalmente à falta de doses suficientes.

Os efeitos em Israel


Informações divulgadas pela empresa israelense de seguros de saúde Maccabi, uma das quatro que operam no país, mostram que a vacina da Pfizer tem sido extremamente eficaz, confirmando os achados nos ensaios clínicos realizados pela empresa.

Para chegar à conclusão, a seguradora analisou o desempenho do imunizante em 523 mil clientes que foram vacinados. Desse total, somente 544 reportaram infecções após a segunda dose, o que representa apenas 0,1%. Dos infectados, 15 foram hospitalizados, oito tiveram sintomas leves, três apresentaram um quadro moderado e apenas quatro foram casos graves, sendo que nenhum deles morreu.

A empresa comparou os resultados com um grupo de outros 628 mil clientes que não haviam recebido a vacina. Nesse grupo, 18.425 foram infectados, o que apontava para uma taxa de eficácia da vacina de 93%. Os dados do grupo usado como comparação não foram detalhados.

Na segunda-feira (15), a Clalit, maior empresa de seguros de saúde de Israel, também publicou seus dados confirmando a eficiência da imunização no país. Ela também comparou dois grupos de 600 mil pessoas. No grupo vacinado, houve uma redução de 94% nos casos sintomáticos de covid-19, e as pessoas tinham 92% menos chances de desenvolverem quadros graves da doença.

Um estudo anterior já havia demonstrado a redução de casos entre idosos com mais de 60 anos. Durante as seis primeiras semanas de vacinação no país, o número de infectados nesse grupo da população caiu 41% em relação às três semanas anteriores ao início da campanha. Houve também redução de 31% nas hospitalizações e 24% nos casos graves.

Por causa dos resultados, o país decidiu flexibilizar o lockdown a partir de 21 de fevereiro, com a reabertura de shoppings. Israel também estuda autorizar o funcionamento de academias e cinemas para quem tiver um comprovante de vacinação (um código de barras que poderá ser apresentado pelo celular).

Os dados no Reino Unido


Segundo país que mais vacinou sua população no mundo até a quarta-feira (17), o Reino Unido está perto de imunizar um quarto de seus habitantes. Os dados, por enquanto, indicam que a estratégia vem funcionando, embora efeitos mais fortes sejam esperados apenas para maio, segundo alguns especialistas.

Uma análise do jornal britânico The Guardian publicada na terça-feira (16) mostrou que as mortes por covid-19 entre pessoas com 80 anos ou mais caíram 62% desde 24 de janeiro, data a partir da qual um terço do grupo havia conquistado algum tipo de imunidade por terem tomado a primeira dose duas semanas antes.

A queda foi maior do que em grupos com uma proporção menor de vacinados. Entre pessoas com idade entre 20 e 64 anos, a redução nas mortes foi de 47%. Já entre o público de 65 a 79, a taxa foi de 51%.

Ao jornal, o professor David Spiegelhalter, da Universidade de Cambridge, disse que o efeito entre os mais velhos indicava que a queda não poderia ser creditada apenas ao lockdown no país iniciado em 5 de janeiro.

“As mortes entre os maiores de 70 anos estão caindo mais rapidamente do que entre os grupos mais jovens, o que é muito animador e provavelmente foi influenciado pela vacinação. Houve uma queda abrupta nos surtos em instituições para idosos”, afirmou.

A pandemia nos Estados Unidos


Com 55,2 milhões de doses administradas desde dezembro, os Estados Unidos são o país que mais aplicou vacinas em números absolutos no mundo. Proporcionalmente, porém, apenas 11,8% da população foi imunizada com uma dose até a quarta-feira (17) — 4,5% receberam as duas doses.

Após registrar um pico de casos de covid-19 em 8 de janeiro, o país viu os indicadores despencarem, e a vacinação é considerada um dos motivos para isso — os outros são a adesão da população ao uso de máscaras e ao distanciamento social.

O número de novos casos diários, que chegou a 249 mil, caiu 63% até 14 de fevereiro. Nas duas semanas anteriores ao domingo (14), a queda foi de 39%. Em relação às mortes e às internações, a redução foi de 18% e 28%, respectivamente, no mesmo período.

O presidente Joe Biden havia prometido vacinar 1,5 milhão de americanos por dia em sua primeira semana no poder, mas o país já está conseguindo aplicar 1,7 milhão de doses diárias, segundo informações divulgadas pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) na quarta-feira (17). Ainda assim, a quantidade de imunizantes ofertada é considerada insuficiente para um país de 330 milhões de pessoas — no estado de Nova York, há fila de espera para a vacinação.

Especialistas estimam que os Estados Unidos precisem aplicar 3 milhões de doses por dia para que metade dos adultos seja imunizada com uma dose até abril — nesse ritmo, o país conseguiria atingir 100% da cobertura com uma dose em junho. Os dois laboratórios que fornecem vacinas para o país (Pfizer e Moderna) não têm conseguido entregar o número necessário de vacinas ao governo americano.

A situação do Brasil


Com um mês de vacinação, o Brasil só vacinou 5,3 milhões de pessoas com uma dose, o que representa 2,5% da população. Menos da metade das doses distribuídas aos estados havia sido aplicada até a quarta-feira (17). Nesse ritmo, a cobertura vacinal de toda a população só irá acontecer em 2024. O país fica atrás de vizinhos como o Chile, por exemplo, que já conseguiu vacinar 12% de sua população.

Com apenas duas vacinas disponíveis (Coronavac e Oxford/AstraZeneca), o governo federal não tem conseguido manter o abastecimento nos estados. Na quarta-feira (17), muitas cidades como Rio de Janeiro e Salvador suspenderam suas campanhas por falta de doses. Elas esperam o envio de mais vacinas para o final de fevereiro. Os imunizantes haviam acabado em cinco capitais e durariam apenas até domingo (21) em outras seis.

O efeito da vacinação, segundo os especialistas, vai depender da cobertura vacinal alcançada, da efetividade da vacina utilizada e da capacidade de transmissão do vírus (uma variante com maior poder de contágio, por exemplo, pode interferir nos indicadores).

Sem vacinas suficientes e com medidas frouxas de isolamento e distanciamento social, o país observa desde novembro um aumento de casos e mortes. Os números pioraram ainda mais em janeiro, depois das festas de fim de ano.

No domingo (14), por exemplo, o país registrou a maior média móvel de mortes desde que o vírus começou a circular. Foram 1.105 mortes por dia, calculadas com base nos sete dias anteriores.

Três dias antes, o Brasil havia registrado 1.452 mortes por covid-19 em apenas 24 horas. Foi a maior marca de 2021 e a terceira desde o início da pandemia, em março de 2020. O número só não foi maior do que os observados em 4 de junho (1.470) e 29 de julho (1.554).

Devido ao agravamento da situação, governadores cobraram do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, um cronograma de entrega de vacinas e outras opções, como a vacina russa Sputnik V, que ainda não tem autorização para uso no país.

A suspensão nas campanhas de vacinação pelo país levou a Confederação Nacional de Municípios a pedir na terça-feira (16) que Pazuello seja substituído no cargo.

nexojornal

Fiocruz diz que só deve entregar primeiras doses da vacina em março

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) enviou, nesta terça-feira (19), um ofício ao Ministério Público Federal (MPF) informando que a entrega da vacina de Oxford contra a Covid-19 vai atrasar de fevereiro para março. Veja abaixo a íntegra da nota sobre o atraso.

Segundo o órgão, o motivo para o atraso na produção da vacina no Brasil é por não ter recebido um dos insumos para a fabricação da vacina Oxford/AstraZeneca.

O composto que falta para o início da produção é o ingrediente farmacêutico ativo (IFA), de responsabilidade da AstraZeneca.

O insumo vem da China e ainda não tem data para chegar, segundo nota divulgada pela Fiocruz. Ainda segunda a Fundação, o recebimento do ingrediente estava previsto para janeiro. O detalhamento da produção será informado quando a data da chegada do produto for confirmada.

A expectativa é entregar 100 milhões de doses até julho e mais 110 milhões até o fim do ano.

Butantan pede negociação com a China
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, cobrou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha dignidade para defender a vacina CoronaVac.

A CoronaVac foi desenvolvida pelo instituto, que é ligado ao governo de São Paulo, em parceria com o laboratório chinês Sinovac. As doses da vacina começaram a ser aplicadas neste domingo (17), logo após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar seu uso emergencial.

Ele também cobrou agilidade do Itamaraty para viabilizar a vinda de matéria-prima da China para dar continuidade à produção do imunizante contra a Covid-19 — o único sendo aplicado até o momento na população do país.

A declaração foi dada na manhã desta terça (19) em um evento no interior de São Paulo.

De acordo com o Blog da jornalista Andréia Sadi, os assessores de Bolsonaro avaliam nomes para fazer ponte com a China por insumos para CoronaVac.

Segundo o blog, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que está à disposição para contatar a China e ajudar na questão dos insumos, já que tem boa relação com o vice-presidente chinês.

Nota da Fiocruz sobre Oxford:
“Embora ainda dentro do prazo contratual em janeiro, a não confirmação até a presente data de envio do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) poderá ter impacto sobre o cronograma de produção inicialmente previsto de liberação dos primeiros lotes entre 8 e 12 de fevereiro. O cronograma de produção será detalhado assim que a data de chegada do insumo estiver confirmada. Ainda que sejam necessários ajustes no início do cronograma de produção inicialmente pactuado, a Fiocruz segue com o compromisso de entregar 50 milhões de doses até abril deste ano, 100,4 milhões até julho e mais 110 milhões ao longo do segundo semestre, totalizando 210,4 milhões de vacinas em 2021”.

Passo a passo da produção da vacina:

  • Com a matéria-prima em mãos, é iniciado, então, o processamento propriamente dito da vacina. O primeiro passo é realizar a formulação, quando são adicionados ao concentrado vacinal os componentes que vão estabilizar a vacina e diluir a concentração do vírus;
  • Em seguida, no envase, o imunizante é transportado dos grandes tanques de aço inox para pequenos frascos de vidro, os mesmos que posteriormente seguirão para os postos de saúde;
  • Já com o imunizante, esses frascos são fechados com uma rolha de borracha e seguem para a recravação, onde recebem um lacre de alumínio;
  • A última etapa consiste na rotulagem e embalagem, em que os frascos recebem os rótulos com a identificação da vacina, número de lote, data de fabricação e validade, além de outras informações importantes. Elas são acomodados em caixas chamadas de cartuchos que garantem a proteção das embalagens durante a distribuição.
  • Nesse momento algumas amostras são separadas e seguem para um rígido controle de qualidade, onde serão submetidas a testes de potência, estabilidade e esterilidade.

Registro sanitário definitivo
Para começar a distribuição da vacina no país será necessário o registro sanitário definitivo para uso dela no Brasil.

De acordo com a Fiocruz, a previsão é que a reunião com a Anvisa seja agendada durante esta semana.

CoronaVac
As vacinas que começaram a ser distribuídas na segunda-feira (18) são a CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. As primeiras doses vieram prontas da China.

O Butantan diz que produziu outras quatro milhões de doses no Brasil. O governo federal afirma que o Instituto ainda não pediu autorização emergencial para o uso desses lotes.

Vacinas aprovadas
No domingo (17), duas vacinas foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Coronavac teve 50% (50,38%) de eficácia em testes. Isso significa que a vacina desenvolvida pelo laboratório Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, reduziu à metade as chances de pegar Covid-19, e teve 100% de eficácia contra sintomas graves.

Já a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, do Reino Unido, e pelo laboratório AstraZeneca, teve eficácia média de 70% (70,4%). A Oxford e a Coronavac devem ser aplicadas em duas doses, em um intervalo de 28 dias.

As duas vacinas também precisam ficar armazenadas em geladeiras em temperaturas de 2 a 8ºC.

Acre vive surto de doença causada por medo de vacinação

Medo de vacinação pode fazer com que uma pessoa saudável tenha convulsões? Um relatório do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) mostra que não só isso é possível, como dezenas de casos do tipo aconteceram no Acre nos últimos anos, sempre afetando crianças e adolescentes que tomaram a vacina contra o HPV. Os médicos avaliaram jovens acrianos com sintomas que iam de febre e mal-estar a desmaios e convulsões. A conclusão: os sintomas não têm nenhuma causa biológica ligada à vacina.

A equipe médica do IPq fez a avaliação a pedido do Ministério da Saúde. “O ministério nos procurou no início de 2019 em função de uma série de reações adversas graves à vacina de HPV que ocorreram no período entre 2014 e 2017, e que estavam sem elucidação diagnóstica”, conta José Gallucci Neto, médico que integra a equipe e diretor da unidade de Videoeletroencefalograma do IPq. Foram analisados 74 casos que haviam sido notificados pela Secretaria de Estado da Saúde do Acre. Devido à dificuldade de conseguir um diagnóstico, as famílias haviam assumido de antemão que os sintomas vinham de sequelas neurológicas causadas pela vacina. Porém, os exames descartaram essa possibilidade.

A partir da triagem desses 74 casos, os médicos filtraram os 16 com sintomas mais graves e característicos para uma extensa etapa de avaliação no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Doze jovens já haviam sido avaliados até o final de outubro e outros quatro aguardavam a autorização do Ministério da Saúde para viajar.

“A maioria dos pacientes apresentava um conjunto de manifestações clínicas neurológicas atípicas, normalmente se iniciando por um quadro de dor generalizada, principalmente cefaleia e dores nas pernas, seguido por episódios de desmaios repetidos. Uma parcela desses pacientes acabou evoluindo para apresentar crises de tipo convulsivo”, completa o psiquiatra Renato Luiz Marchetti, coordenador do projeto de neuropsiquiatria do instituto.

As meninas e meninos vieram a São Paulo acompanhados de suas mães e passaram um período de 15 dias internados no Serviço de Videoeletroencefalografia. O serviço, especializado, combina o monitoramento da atividade cerebral com acompanhamento em vídeo para melhor diagnosticar casos que chegam ao hospital classificados como epilepsia. Os jovens também passaram por uma bateria de exames, que incluiu ressonância magnética do crânio e exame de líquor (para descartar a possibilidade de encefalite, uma possível causa orgânica para as convulsões), angiorressonância, testes metabólicos, avaliação psicológica e mesmo teste de gravidez.

Surto de doença psicogênica

Os resultados dos exames com os pacientes mostraram que, entre os 12 casos avaliados até o final de outubro, dez não tinham epilepsia nem qualquer doença neurológica de natureza orgânica – ou seja, causada por lesão ou alteração elétrica no sistema nervoso central. Esses foram os pacientes diagnosticados com doença psicogênica. Os outros – dois irmãos – foram diagnosticados com um tipo de epilepsia de origem genética que costuma se manifestar na puberdade.

Os médicos do IPq, que é unidade de referência no exame e diagnóstico de epilepsias, acreditam que o Acre está enfrentando um surto de doença psicogênica. “Trata-se de uma doença funcional do sistema nervoso. Está associada a estresse emocional, que desencadeia uma reação psicológica automática do sistema nervoso”, diz Marchetti, explicando que essas doenças surgem quando existe uma ameaça compartilhada socialmente.

“Existem vários exemplos de epidemias de doença psicogênica ocorrendo na história. Na Primeira Guerra Mundial, houve uma grande epidemia de doença psicogênica em homens envolvidos na guerra de trincheiras na Europa. Posteriormente, depois do ataque às torres gêmeas (em 2001), houve algumas epidemias em que se acreditava que as pessoas haviam adoecido por contaminação por antraz ou gás sarin. Foram todas epidemias psicogênicas”, conta o psiquiatra.

Entre as crianças do Acre, vários fatores contribuem com o quadro. Nos casos avaliados, os médicos observaram que o medo da vacina foi um elemento imediato disparador. Mas os jovens também enfrentavam um contexto de convivência com famílias disfuncionais, marcadas por desemprego masculino muito alto e negligência parental. Eles também foram hostilizados por profissionais de saúde que não conseguiram encontrar as causas de seus problemas. Além disso, o uso de redes sociais e o contato com o movimento antivacina influenciaram.

“A gente acredita que a crença antivacinacionista sirva como um elemento estressante bastante significativo em alguns segmentos da população. Isso aconteceu no Japão, na Austrália, aconteceu no Brasil, acho que dois anos atrás. Recentemente, na Colômbia, em El Carmen de Bolívar, [houve] uma epidemia que teve impacto significativo no sentido de piorar a adesão à vacina do HPV”, afirma Marchetti.

No relatório entregue ao Ministério da Saúde, a equipe do IPq faz uma série de sugestões para o tratamento específico dos pacientes e para melhorar o diagnóstico de reações psicogênicas pós-vacinais, incluindo o treinamento de uma equipe especializada no Acre. “Em paralelo, a gente fez algumas sugestões mais pontuais relacionadas à vacinação em si, para que seja feita de uma maneira que não exponha a pessoa que está sendo vacinada a outros; por exemplo, dentro da escola, a outros colegas”, diz Gallucci.

Gallucci e Marchetti temem que, a exemplo do que aconteceu na Colômbia, o surto de doença psicogênica possa reduzir a adesão à vacina contra o HPV. A vacinação é um dos pilares da estratégia da Organização Mundial da Saúde (OMS) para erradicar o câncer de colo de útero, doença cuja causa mais comum é a infecção pelo vírus HPV.

Embora seja curável, esse tipo de câncer matou 311 mil mulheres em todo o mundo no ano passado. E, segundo dados apresentados por Ana Goretti Kalume Maranhão, assessora da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, a prevalência de novos casos no Acre é superior à do conjunto do País. No estado, o câncer de colo de útero lidera as causas de óbito entre mulheres. Maranhão apresentou estes dados em audiência pública na Câmara dos Deputados na quarta-feira (20), ao lado de Gallucci e Marchetti.

jornalusp

Governo inicia 40ª etapa da campanha de vacinação contra a febre aftosa no Acre

Zona livre de febre aftosa há 13 anos, o governo do Estado, por meio do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e da Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap), em parceria com a Federação de Agricultura e Pecuária do Acre (Faeac) e a Superintendência Federal de Agricultura (SFA), deu início nesta quinta-feira, 1, à 40ª fase da campanha estadual de vacinação contra a doença.

Os produtores acreanos têm o prazo de 1 a 30 de novembro para imunizar todo o rebanho. Os órgãos estimam que essa seja a penúltima etapa de vacinação contra a febre aftosa, tendo em vista que o estado se programa para realizar a retirada da vacina em 2019, tornando-se zona livre sem vacinação. No Brasil, apenas Santa Catarina possui esse status, o que agrega valor à proteína bovina comercializada.

O diretor-presidente do Idaf, Ronaldo Queiroz, destaca as políticas públicas de incentivo ao setor e reconhece o compromisso do criador em garantir a qualidade do rebanho. Confiante, ele afirma que o Acre está avançando e o mérito é para toda a cadeia produtiva, governo e produtores. “Nessa fase, todo o rebanho deve ser vacinado e os produtores têm até 15 de dezembro para apresentar a declaração de imunização dos animais.”

Quem não declarar ao Idaf, além de pagamento de multa, ficará impedido de retirar a Guia de Trânsito Animal (GTA) e de se cadastrar em programas de incentivo e fomento do governo.

Retirada da vacina

Compondo o Bloco I do Plano Nacional Estratégico de Prevenção e Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), Acre e Rondônia serão os primeiros estados a realizarem a retirada da vacina.

Segundo o superintende da SFA, Luziel Carvalho, a carne bovina acreana é de qualidade. “Esse é produto consolidado e bem referenciado em todo contexto nacional e internacional”, salientou, destacando a importância de consolidar novos investimentos nos serviços de defesa. “Como não teremos mais a vacinação como forma de imunizar e ter controle do rebanho, teremos que fortalecer as ações de vigilância e fiscalização para que o nosso rebanho não apresente problemas.”

Para o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre, Assuero Veronez, o momento é de alegria. “O status de zona livre sem aftosa traz para o produtor não apenas uma economia, como também a inserção em mercados ainda não alcançados. Os países livres de aftosa sem vacinação alcançam mercados altamente valorizados. Ganham o produtor, a economia e toda a sociedade”, ponderou.

Com apenas 13% de área aberta e 87% de floresta preservada, a gestão estadual tem investido em tecnologia para tornar as propriedades ainda mais produtivas e rentáveis, otimizando áreas e diversificando a produção rural. Uma economia verde que tem como base a política de desenvolvimento sustentável.

Prefeitura segue com vacinação antirrábica no Montanhês, Tancredo Neves e Horto

A Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) e do Centro de Zoonoses, segue com a campanha de vacinação antirrábica para cães e gatos. Neste sábado, 29, a vacinação será realizada na Escola Joelma Oliveira de Lima, localizada na rua Antônio Pessoa Jucá, no bairro Montanhês, na Escola Ismael Gomes Carvalho, situada à rua Francisco Marinheiro, no bairro Tancredo Neves e no Horto Florestal.

Cães e gatos acima de três meses de vida podem ser vacinados contra raiva. Os donos devem levar as carteiras de vacinação, caso o animal não possua, será feita uma nova carteira no ato da vacina.

A raiva é uma doença causada por um vírus que afeta os mamíferos, inclusive seres humanos. Os principais transmissores são morcegos, cães e gatos. O vírus rábico, contido na saliva do animal penetra no organismo principalmente por meio de mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas. A diretora da Vigilância Sanitária da SEMSA, Socorro Martins, explica que “a raiva não tem cura e pode levar à morte. Somente a vacinação pode prevenir a doença”.

Sábado tem campanha de vacinação antirrábica

A Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) e Centro de Zoonoses, realiza neste sábado, 22, campanha de vacinação antirrábica para cães e gatos. A imunização será feita das 9h da manhã às 4h da tarde, em seis pontos da cidade: Escola Alcimar Nunes Leitão no Universitário II, Escola Adalberto Sena no Tucumã Rua W I, Escola de Música no Tucumã II, Escola Teresinha Kalume na Rua Amoty Pascoal 44 no Rui Lino, Praça Primavera na Rua das Flores no Manoel Julião, Igreja Nossa Senhora de Fátima no Bairro da Paz.

Poderão ser vacinados cães e gatos acima de três meses de vida. Os donos devem levar as carteiras de vacinação. Caso o animal não possua, será feita uma nova carteira no ato da vacina.

Este ano, o Centro de Controle de Zoonoses iniciou a vacinação em abril e já vacinou 11 mil animais nas áreas urbanas, rural e ribeirinha.

A diretora da Vigilância Sanitária da secretaria Municipal de Saúde, Socorro Martins, destaca que a vacinação antirrábica é importante para os animais e para as pessoas, já que há a possibilidade de transmissão dos animais para os humanos. A Raiva é uma doença causada por um vírus que afeta os mamíferos e seres humanos e os principais transmissores são morcegos, cães e gatos. O vírus rábico, contido na saliva do animal, penetra no organismo principalmente por meio de mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas. Os sintomas são apatia, falta de apetite, febre, progredindo para agressividade, sensibilidade à claridade e convulsões. “ A doença não tem cura e pode levar à morte. Somente a vacinação pode prevenir a doença”, explica a diretora.

Vacinação contra Sarampo e Poliomielite encerra com 95% de alcance em todo País

O Ministério da Saúde divulgou na segunda-feira, 17, o resultado da campanha de vacinação contra Sarampo e Poliomielite que encerrou na última sexta-feira,14, em todo o país, segundo os dados, o Brasil ultrapassou a meta de vacinar, pelo menos, 95% das crianças de um a menores de cinco anos contra as duas doenças.

De acordo com os números divulgados pelo Ministério da Saúde, 15 estados alcançaram a meta nas vacina. Os outros onze apresentaram resultados abaixo do esperado, o Acre foi um dos não alcançaram a meta nacional.

O Acre conseguiu imunizar 91,7% das 63.573 crianças que precisavam da vacinas. Foram aplicadas 58.265 contra a poliomielite e 58.286 contra o sarampo. Em todo o país 95,4% das crianças foram vacinadas contra pólio e de 95,3% para sarampo. Mais de 4,4 mil municípios cumpriram a meta estipulada pelo Ministério da Saúde.

Foram aplicadas no país 21,4 milhões de doses das vacinas, 10,7 milhões de cada, segundo o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), alimentado pelos estados,

Além do Acre, os estados de Alagoas, Rio Grande do Norte, Amazonas, Bahia, Pará, Piauí, Roraima, Rio de Janeiro e o Distrito Federal ainda não atingiram a meta de vacinar 95% do público-alvo.

Apesar do bom desempenho da campanha a nível nacional, aproximadamente 516 mil crianças ainda não tomaram as vacinas contra as duas doenças. A única faixa etária que não chegou ao índice de 95% foi a de um ano de idade, cuja cobertura está em 88%.

De acordo com o Ministério da, os gestores têm até o dia 28 de setembro para informar no SI-PNI do Ministério da Saúde os dados de vacinação da campanha. Portanto, estados e municípios tem até esse período para buscar a meta da Campanha e vacinar as crianças de um a menores de cinco anos.

Campanha contra pólio e sarampo é prorrogada até 14 de setembro

O Ministério da Saúde prorrogou até 14 de setembro a Campanha Nacional de Vacinação contra Pólio e Sarampo. Pelos dados preliminares, a média de vacinação está em 88%. Em apenas sete estados a meta de vacinar pelo menos 95% do público-alvo foi atingida.

Estados e municípios que não atingiram a meta devem manter a campanha por mais 15 dias. Devem ser vacinadas contra a poliomielite o sarampo crianças de 1 ano a 4 anos e 11 meses.

Até o momento, mais de 1,3 milhão de crianças não recebeu o reforço dessas vacinas. A recomendação é que estados e municípios façam busca ativa para garantir que o público-alvo da campanha seja vacinado.

Dados

Os estados que atingiram a meta de vacinação são Amapá, Santa Catarina, Pernambuco, Rondônia, Espírito Santo, Sergipe e Maranhão.

O Rio de Janeiro continua com o menor índice de vacinação, seguido por Roraima, Pará, Piauí, Distrito Federal, Acre, Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Alagoas, Rio Grande do Norte e Amazonas.

Em todo o país, foram aplicadas mais de 19,7 milhões de doses das vacinas (cerca de 9,8 milhões de cada).

Vacinação termina hoje; postos abrem amanhã onde meta não foi atingida

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo termina hoje (31) em todo o país. Todas as crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos devem receber a dose, independentemente de sua situação vacinal.

Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 3 milhões de crianças ainda precisam ser imunizadas.

Municípios que ainda não atingiram cobertura vacinal de 95% foram orientados a abrir os postos de saúde amanhã (1º), sábado. O ministério alertou que a mobilização no fim de semana é responsabilidade de cada município e, portanto, é necessário verificar com as secretarias municipais quais postos estarão abertos.

Entre as unidades da Federação com menor cobertura vacinal estão Rio de Janeiro, Distrito Federal, Roraima, Pará, Acre, Amazonas, Bahia, Piauí, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso. Apenas o Amapá atingiu a meta de imunizar 95% do público-alvo.

Este ano, a vacinação é feita de forma indiscriminada, o que significa que mesmo as crianças que já estão com esquema vacinal completo devem ser levadas aos postos de saúde para receber mais um reforço.

No caso da pólio, as crianças que não tomaram nenhuma dose ao longo da vida vão receber a vacina injetável e as que já tomaram uma ou mais doses devem receber a oral.

Para o sarampo, todas as crianças com idade entre um ano e menores de 5 vão receber uma dose da tríplice viral, desde que não tenham sido vacinadas nos últimos 30 dias.

Casos de sarampo

Até o dia 28 de agosto, foram confirmados 1.553 casos de sarampo no Brasil, enquanto 6.975 permanecem em investigação.

O país enfrenta dois surtos da doença: no Amazonas, que já tem 1.211 casos confirmados e 6.905 em investigação, e em Roraima, onde há 300 casos confirmados e 70 em investigação.

Casos isolados e relacionados à importação foram identificados nos seguintes estados: São Paulo (2), Rio de Janeiro (18), Rio Grande do Sul (16), Rondônia (2). Pernambuco (2) e Pará (2).

Foram confirmadas ainda sete mortes por sarampo, sendo quatro em Roraima (três em estrangeiros e uma em brasileiro) e três no Amazonas (todos brasileiros, sendo dois óbitos em Manaus e um no município de Autazes).

Prefeitura de Brasileia intensifica Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite e sarampo

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo termina na próxima sexta-feira (31). Todas as crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos devem receber as doses, independentemente de sua situação vacinal. Dados do Ministério da Saúde mostram que 4,1 milhões de crianças em todo país ainda precisam ser imunizadas.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, da Prefeitura de Brasileia, 75% do público alvo já foram vacinados. Ao todo foram aplicadas 1346 doses, a meta é vacinar 1795 crianças.

O secretário de saúde de Brasileia, Francisco Borges, falou a respeito. “Há alguns anos essas doenças haviam sido erradicadas e infelizmente muitas pessoas não conhecem o perigo que ela representa. Por esse motivo pedimos que os pais e responsáveis levem seus filhos as unidades de saúde mais próximo a sua casa e recebam nossas equipes em suas casas”, informou Borges.

Os moradores dos bairros Ferreira da Silva, Nazaré e Leonardo Barbosa que ainda não levaram seus filhos para tomar a vacina, os agentes de saúde estarão visitando de casa em casa para vacinar as crianças que ainda não receberam suas doses.

Para se vacinar os pais precisam levar consigo o cartão de vacina da criança e o cartão SUS, para que seja feita uma avaliação da situação vacinal da criança.

Campanha de vacinação contra Sarampo e Poliomielite vai até a próxima sexta em Rio Branco

O mês de agosto está chegando ao fim, e com ele termina também a campanha de vacinação contra o sarampo e a poliomielite.

A campanha no Acre foi antecipada e desde o dia 31 de julho o estado vem oferecendo a imunização para o público alvo da campanha que são crianças com idade entre 1 a menos de 5 anos.

O foco da campanha no momento é a vacinação contra o sarampo, já que o país enfrenta um surto da doença. Já são cerca de 1,4 milhão de casos confirmados no Brasil. No Acre já foram registradas 36 notificações de pessoas com suspeitas de sarampo. Quatro casos foram confirmados.

Altamente contagioso, transmitido por meio da fala, tosse e espirro, o sarampo é considerado perigoso, podendo levar à morte. A vacina é o único método eficaz de evitar a proliferação da doença, por isso a saúde continua reunindo esforços para imunizar o maior número possível de crianças.

“Após 18 anos sem nenhum caso de sarampo no Acre, a doença reapareceu. Nosso alerta vem principalmente em relação à circulação do vírus. Queremos imunizar o mais rápido possível essas crianças, já que a doença pode ser facilmente transmitida e são elas as que mais sofrem com essa situação”, diz Moisés Viana, diretor de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).

A meta é de vacinar 95% do público prioritário, o que corresponde a aproximadamente 60 mil crianças. Até o momento, o estado já imunizou 58% do público alvo, sendo que esse valor representa 36 mil crianças vacinadas.

Vacinação contra pólio e sarampo não avança no Acre e preocupa autoridades

A vacinação contra paralisia infantil e sarampo não vai bem no Acre, situação que põe o Estado entre os de menor cobertura até agora na primeira semana da Campanha Nacional de Vacinação Contra a poliomielite e sarampo. Do público-alvo de 63,5 mil pessoas pouco mais de 3 mil foram imunizadas até agora, o que significa cobertura de 2,32% contra pólio e 2,52% contra sarampo.

Mas Roraima apresenta a pior situação: 0,57% de cobertura até sexta-feira, 9. O vizinho Estado de Rondônia apresenta 38,81% de cobertura, a melhor taxa até agora em todo o País.

No país, 1,16 milhão de crianças se vacinaram contra a pólio e 1,51 milhão contra o sarampo em todo o país. O quantitativo corresponde a 10,36% do público-alvo para a pólio e 10,27% para o sarampo. Mais de 11 milhões de crianças de um a menores de cinco anos devem ser vacinadas neste período. A Campanha Nacional de Vacinação ocorre até o dia 31 de agosto e o dia D de mobilização nacional será no próximo sábado, 18 de agosto, quando os mais de 36 mil postos estarão abertos. No total, 2,3 milhões de doses das vacinas foram aplicadas.

Neste fim de semana foi confirmado dois casos de sarampo no Acre. A doença não era registrada no Estado há 18 anos. Sarampo e pólio estavam erradicados no Brasil mas a baixa cobertura vacinal e fenômenos da globalização trouxeram essas doenças de volta.

Mais de 20 Mil crianças serão vacinadas em Rio Branco

A prefeitura de Rio Branco, por meio da secretaria Municipal de Saúde, tem a meta de vacinar 22 mil crianças de 1 ano a menores de 5 anos contra o sarampo e a pólio até o dia 31 de agosto, quando será encerrada a Campanha Nacional de Vacinação.

A campanha começou oficialmente nesta segunda-feira, dia 6. Na capital, a SEMSA já havia iniciado a vacinação desde o final de julho e, neste feriado, a imunização foi realizada no Centro de Saúde Ary Rodrigues.

A agricultora Leonara de Souza, que vive no Ramal do Polo, não perdeu tempo e levou as filhas gêmeas para serem imunizadas contra as duas doenças. “A gente tem que vacinar porque depois pode ser tarde. As mães que se preocupam com os filhos, não podem perder essa oportunidade porque as crianças merecem viver com saúde e isso depende de nós”, alerta ela.

A campanha prossegue até dia 31 de agosto nas 55 unidades de saúde da capital. O objetivo é elevar os índices de imunização contra todas as doenças, especialmente sarampo e paralisia infantil. O Dia D da vacinação será no dia 18 de agosto, e além das URAPS – que já abrem aos sábados, os Centros de Saúde, também funcionarão, num total de 34 unidades.

A diretora da Vigilância Epidemiológica, Socorro Martins, lembra que vacinação é a única medida de prevenção eficaz contra o sarampo e a pólio – que causa a paralisia infantil. “Com um ano, as crianças devem tomar a vacina tetra viral que previne contra sarampo, caxumba e rubéola. Com um ano e três meses, recebem a dose da tetra valente, que além das três doenças também garante imunização contra catapora. Agora, na campanha, todos que foram vacinados, devem repetir a dose, o que não provoca nenhum efeito colateral”, explica Socorro.

Sarampo

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, grave, transmissível e extremamente contagiosa, muito comum na infância. A viremia, causada pela infecção, pode evoluir com gravidade e causar complicações, como pneumonia e encefalite. Além disso, as complicações infecciosas contribuem para a gravidade do sarampo, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade.

Poliomielelite

Poliomielite é uma doença viral que pode afetar os nervos e levar à paralisia parcial ou total. Apesar de também ser chamada de paralisia infantil, a doença pode afetar tanto crianças quanto adultos. Se forem infectadas as células nervosas que controlam os músculos respiratórios e de deglutição A pólio pode, inclusive, levar o indivíduo à morte.

Começa hoje Campanha Nacional de Vacinação contra a Pólio e o Sarampo

A partir de hoje (6), crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 devem ser levadas aos postos de saúde para receber a dose contra a pólio e também contra o sarampo. O Dia D de mobilização nacional foi agendado para 18 deste mês, um sábado, mas a campanha segue até 31 de agosto. A meta do governo federal é imunizar 11,2 milhões de crianças e atingir o marco de 95% de cobertura vacinal nessa faixa etária, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Este ano, a vacinação será feita de forma indiscriminada, ou seja, pretende imunizar todas as crianças na faixa etária estabelecida. Isso significa que mesmo as que já estão com esquema vacinal completo devem ser levadas aos postos de saúde para receber mais um reforço. No caso da pólio, crianças que não tomaram nenhuma dose ao longo da vida devem receber a VIP. As que já tomaram uma ou mais doses devem receber a VOP. E, para o sarampo, todas devem receber uma dose da Tríplice Viral – desde que não tenham sido vacinadas nos últimos 30 dias.

Sarampo

A doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, é transmitida pela fala, tosse e o espirro, e extremamente contagiosa, mas pode ser prevenida pela vacina. Pode ser contraída por pessoas de qualquer idade. As complicações infecciosas contribuem para a gravidade do quadro, particularmente em crianças desnutridas e menores de 1 ano. Em algumas partes do mundo, a doença é uma das principais causas de morbimortalidade entre crianças menores de 5 anos.

Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do vírus. Atualmente, entretanto, o país enfrenta surtos de sarampo em Roraima e no Amazonas, além de casos já identificados em São Paulo, no Rio Grande do Sul, em Rondônia e no Rio de Janeiro.

Pólio

Causada por um vírus que vive no intestino, o poliovírus, a poliomielite geralmente atinge crianças com menos de 4 anos de idade, mas também pode contaminar adultos. A maior parte das infecções apresenta poucos sintomas, e há semelhanças com infecções respiratórias – como febre e dor de garganta – e gastrointestinais – como náusea, vômito e prisão de ventre.

Cerca de 1% dos infectados pelo vírus desenvolve a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte.

Dúvidas

Veja a seguir algumas das principais perguntas e respostas relacionadas à campanha, com base em informações divulgadas pelo Ministério da Saúde:

Quando e onde ocorre a campanha?

Entre 6 e 31 de agosto, com o Dia D agendado para 18 de agosto, em postos de saúde de todo o país.

Qual o foco da campanha?

Crianças com idade entre 1 ano e 5 anos incompletos (4 anos e 11 meses).

Crianças que já foram vacinadas anteriormente devem ser levadas aos postos?

Sim. Todas as crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos devem comparecer aos postos. Quem estiver com o esquema vacinal incompleto receberá as doses necessárias para atualização e quem estiver com o esquema vacinal completo receberá outro reforço.

Qual a vacina usada contra a pólio?

Crianças que nunca foram imunizadas contra a pólio vão receber a Vacina Inativada Poliomielite (VIP), na forma injetável. Crianças que já receberam uma ou mais doses contra a pólio vão receber a Vacina Oral Poliomielite (VOP), na forma de gotinha.

Qual a vacina usada contra o sarampo?

A vacina contra o sarampo usada na campanha é a Tríplice Viral, que protege também contra a rubéola e a caxumba. Todas as crianças na faixa etária estabelecida vão receber uma dose da Tríplice Viral, independentemente de sua situação vacinal, desde que não tenham sido vacinadas nos últimos 30 dias.

Adultos participam da campanha?

Não. A campanha tem como foco crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos.

Mesmo não sendo foco da campanha, adultos precisam de alguma das duas doses?

Sim. Conforme previsto no Calendário Nacional de Vacinação, adultos com até 29 anos que não tiverem completado o esquema na infância devem receber duas doses da Tríplice Viral e adultos com idade entre 30 e 49 anos devem receber uma dose da Tríplice Viral. O adulto que não souber sua situação vacinal deve procurar o posto de saúde mais próximo para tomar as doses previstas para sua faixa etária.

Vacinação contra o sarampo e paralisia infantil inicia segunda

O Governo do Acre conseguiu autorização do Ministério da Saúde e antecipou para o dia 30 de julho, próxima segunda-feira, o início da campanha de vacinação contra paralisia infantil e sarampo em todo os 22 municípios do Estado. “Orientamos os prefeitos a começarem a vacinação pelos moradores de áreas de difícil acesso”, informou Moisés Viana, diretor em Vigilância de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde.

Oficialmente, a vacinação só ocorreria entre 6 e 30 de agosto mas houve uma intensa mobilização da Secretaria de Estado da Saúde para antecipar a campanha que visa imunizar contra sarampo 95% do público-alvo: crianças de 1 a cinco anos devem ser vacinadas. “A Secretaria de Saúde já se reuniu com os gestores de todos os municípios para montar a estratégia de vacinação. Todos estão preparados para a campanha”, disse Moisés Viana. A cobertura contra paralisia infantil também está aquém do adequado mas o esforço governamental deve suprir essa deficiência.

A imunização contra essa doença exige duas doses. Normalmente, no setor público a primeira é dada aos 12 meses de vida, com a versão tríplice viral, e a segunda, aos 15 meses, com a tetraviral. Isso vale para o ano todo. Porém, devido aos surtos que têm ocorrido em alguns estados do país, o governo convocou a campanha para aumentar a cobertura vacinal e impedir a disseminação do sarampo.

Os técnicos em saúde alertam: o sarampo é uma doença que pode matar. E a vacina é a única forma de se prevenir contra ele. Nesse contexto, os pais precisam entender a importância dessa campanha que começa já na próxima semana em todo o Estado do Acre.