Combinação de AstraZeneca e Pfizer não garante certificado

Apesar de prever imunização heteróloga em norma técnica, Ministério da Saúde admite não fornecer o documento.
Vacinação contra a covid-19
Vacinação contra a covid-19Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Pessoas que receberam imunização heteróloga contra a covid-19, ou seja, doses de marcas diferentes, têm relatado dificuldade para emitir o certificado de vacinação no ConecteSUS, aplicativo do Ministério da Saúde usado para comprovar o esquema vacinal. Apesar de prever essa mistura de imunizantes em norma técnica, a pasta admite não fornecer o certificado para quem tomou doses de vacinas distintas. O governo não explica o motivo da decisão.

Além de possibilitar viagens ao exterior, comprovar a vacinação tem se tornado rotina nas cidades brasileiras, que adotam diferentes modelos de passaporte sanitário. Ao menos 249 municípios criaram regras do tipo, recorrendo também ao certificado do ConecteSUS. O documento teria de ser oferecido também para quem recebeu uma dose de AstraZeneca e outra de Pfizer, já que a prática é recomendada por especialistas e está prevista pela norma técnica 6 do Ministério da Saúde.Está gostando da notícia? Fique por dentro das principais notíciasAtivar notificações

Mas não é isso que ocorre. Em nota, a pasta informou que o certificado do ConecteSUS é disponibilizado para quem concluiu o esquema vacinal com duas doses ou dose única. No entanto, completou que “para quem concluiu o esquema vacinal com doses de vacinas diferentes (intercambialidade das vacinas contra covid-19) não é permitido a emissão do certificado de vacinação pelo aplicativo”.

“Recebi a vacina heteróloga no Rio. Ambas as doses já estão corretamente lançadas no ConecteSUS, mas somente a carteira de vacinação é emitida. O certificado de vacinação, aquele que tem tradução para inglês e espanhol, não aparece disponível”, explica a economista Katia Freitas, de 42 anos. Ela foi vacinada com a 1ª dose de AstraZeneca e com a 2ª da Pfizer. Essa combinação tem sido adotada em várias regiões diante da falta de estoque de AstraZeneca.

“Estou um pouco preocupada com isso, pois tenho uma viagem internacional marcada para os próximos meses e sem o certificado em inglês não sei como comprovar a vacinação no país de destino, que não aceita documentos em português”, acrescenta Katia. Para tentar resolver, abriu um chamado no próprio aplicativo, mas conta que ainda não teve resposta.

O caso é similar ao da jornalista Marilia Fonseca, de 58 anos, que diz ter aberto reclamação na ouvidoria do SUS. Mais de dois meses após ter tomado a 2ª dose da Pfizer no Rio, ela ainda não teve o problema resolvido. “Não consigo emitir o certificado de vacinação no aplicativo, nem mesmo na página do ConecteSUS, simplesmente porque essa funcionalidade não está disponível para mim. Mesmo tendo as duas doses registradas”, relata a jornalista, que neste momento está em Amsterdã.PUBLICIDADEhttps://b36645a2a3e12780b5b7337a2c36e5b3.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

“Só não tive problema por não portar o certificado em inglês porque na véspera de minha viagem, dia 29 (de setembro), a França divulgou uma funcionalidade de emissão de passaporte da União Europeia para quem viajar para lá”, conta Marilia. “Você entra no site, preenche tudo e precisa mandar em anexo seu tíquete aéreo e seu comprovante de vacinação. Em duas horas, eu estava com o passaporte sanitário da União Europeia na mão. Simples assim”, continua.