Com a cheia do Rio Acre, “pescadores” tentam levar do manancial, o alimento para casa

foto: Dell Pinheiro


O aumento no nível do Rio Acre, principal manancial da capital acreana, causa transtorno em diversas regiões da cidade. Mesmo apresentando vazante nesta segunda-feira, 22, quando foi registrado 15,31 metros (49 centímetros a menos do que o maior índice da enchente notificado esse ano, de 15, 80 metros), a Defesa Civil municipal continua em alerta, principalmente em relação ao mês de março e início de abril, quando as chuvas se intensificam na região.


Com o drama de milhares de acreanos, relacionado a questão da pandemia, surtos de dengue e os alagamentos, tanto em Rio Branco como no interior do Estado, o desemprego também se destaca no quadro de caos em que vivemos. Sem trabalho e sem perspectivas de dias melhores, muitos pais e mães de família recorrer a todos os meios para levar o sustento para casa.

Os relatos são os mais impressionantes, explicitando o drama de muita gente.

No Centro da capital, mais precisamente próximo ao Mercado Novo, muitos “pescadores”, os que pretendem fisgar algo do rio para levar para casa, chamam a atenção das pessoas que passam pelo local. Seu Edison Euclides Vieira, 51 anos, morador do bairro Taquari, comentou sobre a situação que está vivendo e das dificuldades enfrentadas para levar o alimento para casa, onde vive com a esposa e mais três filhos.


“Tenho que levar alguma coisa para comer junto com os meus. Como não estou trabalhando, tenho que me ‘virar’ de algum jeito para conseguir sustentar minha família. Tem dias aqui que lota de pessoas tentando pegar algum peixe, alguns por diversão, mas a maioria é para conseguir o que comer, uma ‘mistura’ para colocar junto do pouco que tem em suas residências. Tá muito difícil sobreviver, não sei onde tudo vai parar”.


Ele também salientou que sem o auxílio emergencial do governo federal, a situação vai ficar ainda pior. “Recebia o benefício, não era muita coisa, porém, dava para comprar o pão e outros alimentos que necessitava. Agora, sem o auxílio e desempregado, porque tá complicado arrumar serviço por conta da pandemia, não sei o que fazer. A água do rio já está próxima da minha casa. Estou com medo de que possa perder o pouco do que tenho; que é mais uma preocupação”, finalizou Vieira.