NOTA DE REPÚDIO
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) vem a público repudiar a fala do vereador N. Lima (PSL), proferida durante a sessão da Câmara de Vereados de Rio Branco, nesta terça-feira, 19 de março. Lima disse que a vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ), assassinada brutal e covardemente num crime ainda sem solução, “morreu por se misturar com tudo que não prestava”. Lamentável que um vereador faça um declaração tão absurda, cheia de ignorância, machismo e ódio. Mais grave, ainda, partir tal fala de um vereador, alguém que, como ela, tem responsabilidade social.
Senhor N. Lima, Marielle se misturava com o povo, com mulheres, com negros, com LGBTQI+, com pobre, com favelados e com periféricos. Todos esses são gente que o senhor também é pago para defender. Na periferia, longe do senhor e do seu olhar preconceituoso, mora um povo honesto, sério e trabalhador e não bandidos. Falas como a sua reforçam o desejo dos covardes de deslegitimar suas lutas de “assassinar o que ela representava”.
Seu discurso é típico de uma direita reacionária, do viés fascista, dos fundamentalistas religiosos e dos grupos de interesse ligados ao crime organizado e, mais ainda, das milícias que tomam conta do Rio de janeiro.
Caso não saiba, Marielle foi uma vereadora de ação, uma mulher de coragem, com propostas e projetos que visavam o social. Sua luta, com certeza, contribuiria ainda mais para o desenvolvimento social do seu Estado e do País. Muitos de seus projetos foram de tamanha relevância que, inclusive, foram aprovados após a sua morte.
Entre eles podemos citar os abaixo relacionados:
Espaço Coruja (PL 17/2017)
Institui o Espaço Coruja, programa de acolhimento às crianças no período da noite enquanto seus responsáveis trabalham ou estudam. É, também, essencial para conquistar igualdade entre homens e mulheres, permitindo que mães com dupla jornada continuem seus estudos ou permaneçam em seus empregos.
Dia de Thereza de Benguela no Dia da Mulher Negra (PL 103/2017)
Inclui no calendário oficial da cidade do Rio de Janeiro, o Dia de Thereza de Benguela como celebração adicional ao Dia da Mulher Negra, em homenagem à líder quilombola Thereza de Beguela, símbolo de força e resistência.
Assédio não é passageiro (PL 417/2017)
Cria a Campanha Permanente de Conscientização e Enfrentamento ao Assédio e Violência Sexual no município do Rio de Janeiro, nos equipamentos, espaços públicos e transportes coletivos.
Dossiê Mulher Carioca (PL 555/2017)
Cria o Dossiê Mulher Carioca para auxiliar a formulação de políticas públicas voltadas para mulheres através da compilação de dados da saúde, assistência social e direitos humanos do município do Rio de Janeiro.
Efetivação das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (PL 515/2017)
Prevê que o município se responsabilize por suas obrigações legais, garantindo que as medidas socioeducativas do Judiciário sejam cumpridas pelos adolescentes em meio aberto e, eventualmente, dando-lhes oportunidades de ingresso no mercado de trabalho.
Como se vê, sua atuação não era pautada na falácia, na disseminação de fake news e ódio. Pautava-se, sim, na realização de projetos de extrema relevância para a sociedade carioca.
Em seu caso, caro vereador N. Lima, nos questionamos quando o vereador, com vasta passagem em mandatos, vai ter a mesma preocupação que ela para com a sociedade riobranquense.
Marielle era socióloga com mestrado em Administração Pública, o que a ajudava a exercer suas atividades com extremo profissionalismo, fato que também deveria ser motivo de orgulho para o parlamentar, pois, sendo possuidor de nível médio, poderia reconhecer o quanto foi difícil para ela a formação.
O PSOL tomará todas as providencias para evitar que falas como a sua venham ferir a imagem de uma parlamentar que tanto representou para as lutas do povo brasileiro. No dia 14 último, foram realizadas diversas atividades em todo o País como forma de manifesto contra o crime cometido, uma, inclusive, em Rio Branco, no Terminal Urbano.
Imaginamos que deve doer saber que Marielle não foi calada mesmo após a sua morte. Virou semente e muitas e muitos mais iguais a ela irão se levantar.
Marielle, presente!
Hoje e sempre!