Informação foi confirmada pela coordenadora do Tratamento Fora de Domicílio (TFD) de Cruzeiro do Sul, Natiele Silva
Mais de 50 pacientes que estavam agendados para serem atendidos no último fim de semana em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, ficaram sem atendimento, após a médica neurologista perder o voo e não conseguir chegar na cidade. O G1 não conseguiu contato com a profissional.
Os pacientes que seriam atendidos estão na fila do Tratamento Fora de Domicílio (TFD). A coordenadora do órgão na cidade, Natiele Silva, disse que os atendimentos devem ocorrer em outra data a ser definida.
“A médica perdeu o voo. A passagem estava comprada. Agora as pessoas vão ter que aguardar uma próxima vinda que será agendada. Esta é a segunda vez, na primeira a médica cancelou a viagem. Nossa parte foi feita, acredito que ela [médica] deve vir ainda este mês e faremos novos agendamentos”, garantiu.
Um dos prejudicados foi o agricultor José Claudiomar Meneses, de 35 anos. Ele é pai de Abrahão Graça Meneses, de três anos, que há pelo menos cinco meses aguardando atendimento pelo TFD com um neurologista.
A família do garoto mora no Rio Liberdade e gasta em média R$ 1 mil para levar o filho à consulta. A criança precisa de um laudo para conseguir o benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que foi negado devido à falta do documento assinado por um neurologista.
“Não reclamo só por mim, ontem [domingo, 11] pude ver no hospital onde seria feito o atendimento que existem muitos casos mais graves que o do meu filho. Eram mais de 50 crianças que não foram atendidas porque a médica não foi. Estou nessa espera há cinco meses. Os médicos daqui não sabem qual o real problema de meu filho”, afirmou.
O agricultor fala que tem um laudo de uma pediatra que atesta o problema do filho, mas que o INSS informou que só um neurologista pode confirmar o diagnóstico. “Tenho tentado uma perícia, mais o benefício foi negado. Temos um laudo de que afirma que meu filho tem necessidades especiais, mas foi rejeitado”, complementou.
Além da distância, Meneses falou da despesa que tem toda vez que precisa levar o filho até a cidade.
“Para vir da comunidade que mora até aqui [Cruzeiro do Sul] é muito difícil. São 8 horas dentro de um bote. Gasto 80 litros de gasolina, onde moro o litro custa R$ 7,50. Em cada viagem gasto em torno R$ 1 mil, não tenho renda, vivo da agricultura e compro mais de R$ 300 de remédio para ele todo mês”, desabafou.