Moradores reclamam de esgoto a céu aberto em bairro de Rio Branco

Atlas da violência mostra que mais de 18,4% da população de Rio Branco não tem acesso à rede de esgoto e água tratada de forma adequada

Os moradores do Conjunto Nova Esperança reclamam de esgoto a céu aberto que passam entre as casas do bairro. Eles dizem que já não sabem mais o que fazer com tanto mau cheiro. A doméstica Bernardina Sousa mora no local e afirma que precisa conviver com a situação há três décadas.

“Há 30 anos que eu vivo aqui e a situação sempre foi essa. Na verdade, está cada vez mais pior, porque agora entra água até na minha casa quando chove. A prefeitura veio, colocou esses bueiros e ficaram de vir para terminar, mas não vieram mais. O mau cheiro é horrível. Quando dá uma chuva, parece uma podridão, aí fecho todas as janelas”, reclamou Bernardina.

E a situação não é só na casa da doméstica. Para chegar na residência da dona de casa Maria de Fátima, também é preciso passar pelo esgoto.

“Vai fazer 11 anos que moro aqui com essa podridão. De manhã, não dá nem para tomar café por causa do cheiro, dá vontade de jogar fora. Já peguei dengue, minha filha pegou doença de rato e vários tipos de micose que os meninos pegaram. Meu neto já caiu várias vezes dentro dessa vala”, disse Maria.

Atlas da Violência

Conforme um levantamento do Atlas da Violência, em Rio Branco, mais de 18,4% da população não tem acesso à rede de esgoto e água tratada de forma adequada. Sendo que a média nacional é de 3,83%. Porém, o diretor técnico do Depasa, Anderson Mariano, contesta os dados e fala sobre um levantamento do Instituto Trata Brasil.

“Segundo nos diz o Instituto, Rio Branco é a terceira melhor capital da região norte com dados de saneamento, ficando atrás de Boa Vista e Palmas. Mesmo assim, estamos à frente de cidades como Manaus, Belém e Porto Velho. Os investimentos feitos em saneamento nos últimos anos demonstram essa realidade”, afirmou Mariano.

O diretor disse ainda que há o que melhorar. “Ainda temos grandes desafios de saneamento. Temos que diminuir a intermitência do abastecimento nos bairros e ampliar o nosso abastecimento na rede de esgoto”, complementou.

Mas, segundo o Trata Brasil, que o diretor cita dizendo que é a referência para o Depasa, Rio Branco também aparece em posição negativa. Entre os 100 maiores municípios do país, a capital acreana é a 11ª cidade que tem o pior saneamento básico em 2018.