Entenda a provável falha interna que derrubou o Facebook

DNS e BPG são protocolos que levam o conteúdo de sites a usuários e são apontados como estopins para o apagão da rede social, Instagram e WhatsApp

Os serviços do Facebook ficaram fora do ar globalmente por horas na segunda-feira (4). A pane afetou Facebook, WhatsApp e Instagram, começando por volta do meio-dia (horário de Brasília) e normalizando apenas no começo da noite.

A empresa não divulgou as causas oficiais do problema, e se limitou a emitir um comunicado oficial genérico. Mas especialistas em tecnologia apontaram que o estopim para o apagão provavelmente foram DNS e BGP, protocolos digitais que fazem com que os sites sejam exibidos para os usuários.

Neste texto, explica o que são esses protocolos e qual foi o impacto do apagão do Facebook.

Enviando o site para você


Todo site que você acessa tem pelo menos dois tipos de identidade: a real e a nominal.

A identidade nominal é aquela que você digita na barra de endereços do navegador, como, por exemplo “www.facebook.com”. A identidade real é como o site é identificado em seus servidores – no caso do Facebook, “69.63.176.13” e “69.63.181.15” são alguns deles.

O serviço de DNS (sigla em inglês para Sistema de Nomes de Domínio) é o protocolo que faz a ponte entre essas duas identidades, levando o site desejado até você. Para que essa trajetória aconteça, é necessário que os dados passem por um caminho em meio ao emaranhado de conexões na internet.

É aí que entra em cena o BGP (sigla para Protocolo de Entrada da Fronteira), uma espécie de GPS da internet. É ele que mostra qual é o caminho mais rápido para que o conteúdo seja entregue a você.

Nessa metáfora, a internet é uma série de cidades (os sites e plataformas) conectadas por grandes rodovias, pequenas estradas e pontes. O BGP vai determinar se é mais rápido chegar ao Facebook pela rodovia ou se, pelo trânsito intenso, é preferível optar pela estrada de terra menos movimentada.

No entanto, se há um problema de configuração, o GPS do protocolo fica confuso e acaba dizendo para o seu navegador que o melhor caminho para chegar na cidade desejada é dirigir em linha reta até um penhasco ou até o mar. Com isso, a ponte entre as duas identidades do site e o seu dispositivo ficam impedidas.

O posicionamento do Facebook


O Facebook emitiu um comunicado oficial na manhã de terça-feira (5). Embora não tenha apontado o DNS e o BGP como causas do problema, a empresa afirmou que uma falha interna gerou o apagão.

“Essa interrupção no tráfego de rede desencadeou um efeito cascata na maneira como nossos data centers se comunicam, interrompendo nossos serviços”, diz a nota.

“Agora, nossos serviços estão novamente online e estamos trabalhando ativamente para retornar totalmente às operações regulares. Queremos deixar claro neste momento que acreditamos que a causa raiz da interrupção foi uma falha na mudança de configuração. Também não temos evidências de que dados dos usuários tenham sido comprometidos como resultado desse tempo de inatividade”, completa a empresa.

O impacto do apagão


Com a pane, Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, perdeu US$ 6 bilhões.

O empresário caiu uma posição no ranking de bilionários mantido em tempo real pela revista Forbes, passando a ocupar o sexto lugar entre as pessoas mais ricas do mundo com patrimônio agora avaliado em US$ 116,8 bilhões. À frente de Zuckerberg, aparecem Larry Ellison (Oracle), Bill Gates (Microsoft), Bernard Arnault (LVMH), Jeff Bezos (Amazon) e Elon Musk (Testla), o líder do ranking que detém uma fortuna de US$ 201,2 bilhões.

A paralisação nos serviços pertencentes ao Facebook foi a segunda crise enfrentada pela empresa em poucas semanas. Desde 14 de setembro, uma série de reportagens publicadas pelo jornal americano The Wall Street Journal abalou a reputação do Facebook ao mostrar que a empresa resistiu a adotar medidas para combater a desinformação entre 2018 e 2020 por temer que mudanças no algoritmo levassem à diminuição dos lucros.

A rede sofreu novo revés no domingo (3), quando a ex-funcionária Frances Haugen, que cuidava de projetos relacionados a eleições, disse em uma entrevista à emissora americana CBS News que foi responsável pela entrega de documentos que subsidiaram as reportagens. Ela, que presta depoimento no Senado dos EUA na terça-feira (5), disse que o Facebook escolhe “lucro em vez de segurança”.

Desde a publicação das denúncias, os papéis do Facebook se desvalorizaram 15% na bolsa de Nova York. A pane nos serviços acentuou as perdas ao longo de segunda-feira (4) e os papéis fecharam em queda de 4,9%.

O Facebook acumulou perdas de cerca de US$ 545 mil por hora em receita de publicidade apenas nos Estados Unidos durante a interrupção dos serviços, de acordo com estimativas da empresa de medição de anúncios Standard Media Index.

Pequenos empresários, que dependem do Facebook, do Instagram e do WhatsApp para trabalhar relataram os efeitos da pane.

“Hoje não tive venda. É como tirar a empresa da tomada”, disse ao jornal Folha de S.Paulo Murilo Ferraz, dono de uma loja virtual de produtos para animais de estimação.

“Hoje vai ser um dia perdido de vendas. Não fazemos iFood e Rappi e não temos loja física, então usamos o WhatsApp. Paramos de vender, e não estamos nem com o Instagram para poder direcionar os clientes para outro canal“, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo Ilana Pelosof, dona de uma confeitaria em São Paulo.

nexojornal

WhatsApp vai permitir envio de dinheiro pelo aplicativo no Brasil

Os brasileiros poderão enviar dinheiro a outros usuários e pagar por compras realizadas de pequenos comerciantes pelo WhatsApp. A informação foi divulgada por Mark Zuckerberg, executivo-chefe do Facebook, nesta segunda-feira (15) em seu perfil nas redes sociais.

O Brasil é o primeiro a permitir transações do tipo pelo mensageiro. Mais de 120 milhões de pessoas usam o aplicativo no país.

“Hoje estamos começando a lançar pagamentos para pessoas que usam o WhatsApp no ​​Brasil. Estamos facilitando o envio e o recebimento de dinheiro como o compartilhamento de fotos”, disse Zuckerberg.

Segundo o chefe da marca, pequenas empresas poderão fazer vendas diretamente pelo Facebook Pay, ferramenta de pagamentos do Facebook, que ficará integrada ao WhatsApp.

Brasileiros poderão enviar dinheiro pelo Whatsapp
Brasileiros poderão enviar dinheiro pelo Whatsapp – Reprodução

A parceria será feita com o uso de cartões múltiplos (que suportam débito ou crédito) de Banco do Brasil, Nubank e Sicredi nas redes Visa e Mastercard, com a processadora de pagamentos Cielo.

O WhatsApp é um dos aplicativos que mais cresce no país, em especial na pandemia de coronavírus, que colocou pequenos e médios comerciantes a fazerem ofertas pelo mensageiro.

Segundo o WhatsApp, as pessoas podem enviar até R$ 1.000 por transação, receber 20 transações por dia com um limite de R$ 5.000 por mês. Serão autorizadas somente transações dentro do Brasil e na moeda local.

“Os consumidores são isentos de taxas ao realizar transferências ou compras”, diz a empresa.

Já os comerciantes que usam o WhatsApp Business, modelo do mensageiro dedicado a marcas, terão que vincular uma conta Cielo ou criar uma nova e habilitar pelo Facebook Pay.

“As pequenas e médias empresas que usam o aplicativo WhatsApp Business podem solicitar e receber pagamentos ilimitados de crédito ou débito, oferecer reembolsos e obter suporte 24/7. Os comerciantes pagam uma taxa fixa competitiva de 3,99% por transação”, diz a empresa.

Em novembro do ano passado, o Facebook anunciou que lançaria o Facebook Pay, um serviço a consolidar as ferramentas de pagamento em suas plataformas de mídia social, incluindo Whatsapp e Instagram.

À época, a empresa disse que o serviço permitiria que usuários transferissem dinheiro ou fizessem pagamentos, ao oferecer a opção de adicionar um PIN ou usar biometria em seus smartphones, incluindo identificação facial para segurança.

folha

Para frear notícias falsas, WhatsApp reduz em 70% reenvio de mensagens virais

Bombardeado por grupos que disseminam mensagens falsas em todo o mundo, o WhatsApp anunciou que houve redução em 70% do número de mensagens frequentemente encaminhadas.

No começo do mês, a empresa atualizou o aplicativo limitando o reenvio de conteúdos populares para um contato por vez. Antes, uma mensagem retransmitida diversas vezes podia ser repassada pelo usuário para até cinco pessoas ou grupos.

O objetivo, segundo o WhatsApp, é combater a desinformação e reforçar o caráter privado e pessoal da plataforma. Durante a pandemia do novo coronavírus, o aplicativo tem sido um dos principais canais de disseminação de notícias falsas.

Mais da metade das sugestões enviadas ao site do Comprova, coalizão que reúne 24 veículos de imprensa na checagem de conteúdos sobre coronavírus, são informações que circulam no WhatsApp. Nos últimos 30 dias, 58% das cerca de 6.000 mensagens recebidas eram do aplicativo de mensagem, de acordo com Sérgio Lüdke, editor do projeto.

“Os usuários se sentem mais confortáveis para falsificar informações nos aplicativos de mensagens porque são ferramentas que deixam pouco vestígio”, diz Lüdke. “No WhatsApp, uma pessoa que envia uma mensagem pode dizer que a recebeu de alguém, e isso causa pouco constrangimento”.

Nas redes sociais, o registro da data e do horário das publicações, bem como uma lista de contato mais ampla, deixa os usuários mais cautelosos quanto ao conteúdo publicado, segundo Lüdke.

Assim como no Brasil, outros países do mundo são inundados com notícias falsas. No Canadá, por exemplo, manifestações nas redes estimularam protesto na cidade de Vancouver neste mês. Manifestantes favoráveis a reabertura da economia afirmavam que o coronavírus não passa de “fake news”.

Manifestação parecida aconteceu no estado de Ohio, nos Estados Unidos, onde dezenas de pessoas protestaram em frente à sede do governo.

No Brasil, a pandemia do coronavírus reativou grupos militantes no WhatsApp e aumentou a produção das notícias falsas, segundo Fabrício Benevenuto, professor do Departamento de Ciência da Computação da UFMG e coordenador do sistema WhatsApp Monitor, que acompanha 720 grupos públicos no aplicativo.

As mensagens costumam ter o mesmo padrão: acusam os governadores de inflarem números, trazem relatos de pessoas que se passam por profissionais da saúde ou coveiros negando a gravidade da pandemia ou apelam para que as pessoas voltem a trabalhar. A produção de notícias falsas cresce em dias de grandes acontecimentos, como as demissões dos ex-ministros do governo Bolsonaro Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta, segundo Benevenuto.

folha

WhatsApp limita encaminhamento de mensagens em crise de coronavírus

WhatsApp anunciou nesta terça-feira (7) que vai limitar o encaminhamento de mensagens no aplicativo para evitar a propagação de notícias falsas. A medida resulta do cenário de desinformação na plataforma durante a epidemia do novo coronavírus.

A partir de agora, não será mais possível encaminhar uma mensagem que foi retransmitida diversas vezes a cinco destinatários, mas a apenas um.

A mudança vale para as chamadas mensagens encaminhadas com frequência, que são rotuladas no aplicativo com setas duplas. Essas setas indicam que a mensagem não se originou de um contato próximo.

“Agora, estamos introduzindo um limite para que essas mensagens possam ser encaminhadas para apenas uma conversa por vez”, diz o WhatsApp.

Logo do WhatsApp; empresa do Facebook limitou encaminhamento de mensagens
Logo do WhatsApp; empresa do Facebook limitou encaminhamento de mensagens – AFP

A empresa afirma ter observado aumento significativo na quantidade de encaminhamentos, o que “pode fazer com que os usuários se sintam sob pressão, além de contribuir para a disseminação de informações erradas”.

Essa é a terceira vez que o mensageiro, que pertence ao Facebook, altera o número de vezes que um conteúdo pode ser transmitido na plataforma. As mudanças são sempre respostas a crises.

O repasse não tinha limite até ser reduzido para 20, após um linchamento na Índia (defendido por usuários da plataforma); no início de 2019, o número caiu para cinco, depois de episódios de disparos em massa durante as eleições brasileiras em 2018.

Um estudo recente feito em parceria pelos projetos Eleições Sem Fake, do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, e Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, identificou que quatro de 10 áudios mais compartilhados sobre coronavírus no Brasil são negacionistas.

O grupo analisou 2.108 áudios que circularam de 24 e 28 de março, em 522 grupos públicos de WhatsApp, com a participação de mais de 18 mil usuários ativos.

Os conteúdos têm supostos depoimentos de médicos e testemunhas que afirmam que as CTIs estão vazias, as funerárias estão sem corpos e os mortos por acidente estão sendo contabilizados como mortos pelo vírus.

O professor de gestão de políticas públicas da USP e colunista da Folha Pablo Ortellado, um dos integrantes do estudo, considerou a medida do WhatsApp positiva e mais ágil do que em relação a episódios de alta circulação de informações falsas.

“Tende a reduzir bastante o tráfego de conteúdo viral. O WhatsApp agiu mais rápido. Nas eleições de 2018, foi pego de surpresa; eles haviam recém trocado de direção”, diz. “Agora é uma questão de vida ou morte.”

O Facebook também implementou mudanças em seus outros produtos mais populares, como a rede social e o Instagram, a fim de conter a disseminação de informação falsa durante a pandemia. A empresa e o Twitter eliminaram com celeridade publicações de políticos, como do presidente Jair Bolsonaro, por violarem políticas durante a crise da Covid-19.

Ortellado defende mais duas medidas para o WhatsApp: que, por padrão de privacidade, apenas contatos possam incluir pessoas em grupos (hoje esse recurso não vem por default, precisando ser alterado de forma manual) e que seja possível diminuir as listas de transmissão, que hoje alcançam até 255 contatos.

O WhatsApp também afirma que incluiu em sua versão beta mais recente uma maneira de os usuários descobrirem mais informações sobre mensagens encaminhadas.

Segundo a empresa, a ideia envolve a exibição de um ícone de lupa ao lado dessas mensagens frequentemente encaminhadas, dando aos usuários a opção de realizar uma pesquisa na web, na qual podem encontrar resultados de notícias.

“Estamos trabalhando diretamente com ONGs e governos, incluindo a Organização Mundial da Saúde e mais de 20 ministérios nacionais da saúde, incluindo o do Brasil, para ajudar a conectar as pessoas com informações precisas”, diz a empresa.

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‘Auxílio coronavírus’ e outros golpes no WhatsApp atingem 2 milhões

Golpes que circulam no WhatsApp há pelo menos dez dias se aproveitam do novo coronavírus e já atingiram 2 milhões de usuários no Brasil. Os boatos utilizam nomes de grandes marcas e prometem informações sobre a pandemia da Covid-19, distribuição de álcool em gel, serviços de assinatura grátis ou “auxílio cidadão coronavírus”. Os dados são do dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe.

A empresa detectou 19 golpes e seis aplicativos maliciosos que utilizam a pandemia e o período de quarentena como iscas para atrair pessoas. As correntes possuem características semelhantes: prometem um suposto benefício e direcionam o usuário a acessar o link malicioso. No caso dos ataques recentes, alguns textos mencionam testes para saber se o usuário está com o coronavírus.

De acordo com o diretor do dfndr lab, Emilio Simoni, os cibercriminosos utilizam acontecimentos de grande repercussão para tornar o ataque mais verídico. “Alguns golpes se aproveitam de ações reais que grandes empresas e o governo estão realizando para enfrentar o coronavírus, como a doação de álcool em gel e pagamento de benefícios à população”, explica Simoni, que acredita no aumento do número de ataques e de vítimas nos próximos dias.

É um exemplo o suposto programa de “Auxílio Cidadão 2020”, que alega que trabalhadores autônomos e pessoas de baixa renda têm direito a uma espécie de “auxílio coronavírus” de R$ 200 mensais. Para isso, a vítima teria que fazer cadastro em um site que é, na verdade, um link malicioso.

Governo Federal iniciou o cadastramento do Auxílio Cidadão que dá uma ajuda mensal no valor de R$ 200 para trabalhadores autônomos e pessoas de baixa renda para ajudar a combater CORONAVÍRUS. Confira se você tem direito ao benefício.

A corrente passou a ser compartilhada em grupo de WhatsApp neste domingo (22) e foi desmentida no mesmo dia pela Secretaria Especial do Desenvolvimento Social. O golpe se aproveita de medidas anunciadas nos últimos dias pelo governo, mas que ainda não foram aprovadas e, portanto, não estão em vigor.

Outras mensagens que circulam nas redes sociais contém fake news sobre a situação da pandemia do novo coronavírus. Segundo pesquisa do dfndr lab, cerca de 42,5 milhões de brasileiros já receberam ou acessaram notícias falsas sobre a Covid-19. Para 43,2% dos entrevistados, o WhatsApp é o principal vetor para os boatos.

O mensageiro tem tomado medidas para evitar desinformação no aplicativo, como o lançamento de um site exclusivo para informações sobre o novo coronavírus. Além disso, a versão beta do WhatsApp anunciou, neste sábado (21), testes de uma ferramenta para pesquisar diretamente no Google o texto de mensagens frequentemente encaminhadas. O objetivo do recurso é permitir que os próprios usuários possam conferir a veemência das informações muito repassadas no aplicativo.

WhatsApp é usado para a criação de golpes em mensagens sobre o coronavírus — Foto: Luciana Maline/TechTudo
WhatsApp é usado para a criação de golpes em mensagens sobre o coronavírus — Foto: Luciana Maline/TechTudo

Como se proteger

O laboratório especializado em segurança digital da PSafe indica aos usuários alguns métodos para evitar ataques pelo WhatsApp. É preciso desconfiar de mensagens sensacionalistas ou que oferecem brindes, além de buscar fontes oficiais, como o Ministério da Saúde, e jornais e sites confiáveis que possam confirmar uma informação.

O Ministério da Saúde conta com o WhatsApp (61) 99289-4640 para desmentir as fake news enviadas por cidadãos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um bot (em inglês) no WhatsApp, na última sexta-feira (20), para esclarecer dúvidas de usuários por meio de respostas automatizadas, como métodos de prevenção, mitos e verdades, e sintomas do novo coronavírus.

O laboratório também disponibiliza um serviço de checagem de links pelo endereço ( psafe.com/dfndr-lab/pt-br/?utm_source=blog&utm_content=pandemia), que sinaliza em poucos segundos se uma página pode oferecer ameaça. Também é importante manter um software antivírus instalado em seu celular com Android ou iPhone (iOS).

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CPI chega a principais contas de disparo irregular de WhatsApp nas eleições

CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News no Congresso identificou uma lista com as linhas telefônicas de WhatsApp responsáveis pelas maiores quantidades de disparo de mensagens em massa durante a campanha eleitoral de 2018. O levantamento foi feito a partir de documentos que a empresa remeteu à comissão de inquérito em novembro passado.

Dentre as 400 mil contas que representantes do aplicativo afirmam que foram banidas por uso irregular durante a eleição, 55 mil tinham comportamento anormal para o aplicativo, podendo ser operadas por robôs —destas, 24 respondem pela maior parte das mensagens disparadas em massa. É o que revela documento sigiloso analisado na comissão e obtido com exclusividade pela reportagem do UOL.

As linhas telefônicas associadas a estes perfis possuem números dos Estados Unidos, Vietnã, Inglaterra e Brasil. Apesar das origens diversas dos números, os IPs (endereços da conexão de internet utilizada para operar as contas suspeitas) associados às contas indicam que todas as mensagens foram disparadas do Brasil.

Celulares usados em empresa para enviar mensagens de WhatsApp em massa – Reprodução

Com estas informações, parlamentares da CPMI ouvidos pela reportagem dizem que querem chegar aos responsáveis por estas contas e endereços de IP para intimá-los a depor e revelarem o que sabem do esquema.

Pelo menos 3 dos 24 números possuem contas ativas no serviço de mensagens. Em setembro do ano passado, o UOL mostrou que uma rede de disseminação de fake news com uso de robôs pró-Bolsonaro que funcionou durante a eleição permanecia com 80% dos contatos ativos no WhatsApp.

Telefones do exterior tinham IP de São Paulo e Manaus

Das 24 linhas telefônicas de maior atividade suspeita indicadas pelo WhatsApp, 6 são do Brasil e 18 do exterior.

Dentre as contas estrangeiras, duas não tinham informações de localização, aponta análise da reportagem com a ajuda de três especialistas em segurança da informação: um policial federal, um promotor do Ministério Público e um pesquisador do exterior e ex-servidor do Ministério da Justiça.

Nas demais linhas estrangeiras, todos os 16 endereços de IP vinculados ao seu uso apontam endereços físicos dentro do Brasil. As 16 contas de WhatsApp eram usadas a partir de dois locais em São Paulo e um em Manaus, mostra a análise.

CONTAS ERAM DE APARELHOS COM ANDROID 4

As linhas brasileiras na lista em posse da CPMI estão registradas com códigos de DDD de São Paulo, Santos (SP), Belo Horizonte, Florianópolis, Maceió e Caldas Novas (GO).

A reportagem analisou o último IP informado pelo WhatsApp para cada uma delas. Os endereços físicos apontados por estes IPs indicavam o uso das contas associadas em Belo Horizonte e no mesmo endereço de São Paulo usado em sete das linhas internacionais.

Não foi possível estabelecer os locais exatos apontados pelos IPs, informação que só pode ser obtida com quebra de sigilo dos números telefônicos.

Os dados de IPs entregues pelo aplicativo referem-se ao período entre março e novembro de 2018.

O WhatsApp ainda informou as características dos aparelhos telefônicos que utilizavam o serviço. Das 24 linhas investigadas, seis usavam a versão 4 do sistema operacional Android. Alguns serviços de disparo em massa de mensagens foram desenhados para esse sistema operacional.

Além disso, a versão do aplicativo é a mesma para todos os aparelhos, o que pode indicar atuação empresarial segundo o pesquisador em segurança da informação consultado pelo UOL.

Em resposta à reportagem, a assessoria de imprensa do WhatsApp enviou nota na qual afirma que é totalmente contra spam e o uso da plataforma para enviar informações em massa.

“É por isso que estamos usando nossos avançados recursos técnicos, como aprendizado de máquina, para banir contas que enviam mensagens em massa automatizadas e também estamos analisando evidências além da plataforma para tomar ações legais, se aplicável”, diz a nota da empresa.

“(…) Propusemos ao TSE proibir explicitamente o uso de serviços de mensagens em massa no contexto de campanhas eleitorais, que eles concordaram em incorporar nos regulamentos”, diz a empresa, que informou ter notificado as empresas que disseram oferecer o envio de mensagens em massa.

Em 2018, o UOL revelou que diversas agências a serviço de campanhas políticas —entre elas as de Fernando Haddad (PT), Jair Bolsonaro (então no PSL, hoje sem partido), Henrique Meirelles (MDB) e João Doria (PSDB)— utilizaram serviços de disparo em massa de WhatsApp para grupos e eleitores. Todos os citados negam.

Em alguns casos, o UOL encontrou indícios do uso de listas de contatos compradas e vazadas e distribuição de mensagens com fake news e ataques a adversários. Todas essas práticas são proibidas pela legislação eleitoral.

OUTRO LADO

Procurada pela reportagem, a defesa da campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não respondeu sobre a relação da campanha do presidente com empresas responsáveis pelos disparos em massa.

O PSDB de SP afirma que a campanha do governador João Doria não contratou nem fez disparos em massa de WhatsApp ou fake news, e que o governador não é investigado por isso em nenhuma esfera.

Fernando Haddad e Henrique Meirelles também sempre negaram qualquer irregularidade no uso do WhatsApp durante a corrida eleitoral de 2018.

Procurada pela reportagem para informar como andam as investigações abertas sobre o uso de disparos em massa e fake news no WhatsApp durante as últimas eleições, a Polícia Federal não respondeu.

folha

Veja como os criminosos usam grupos de WhatsApp para aplicar golpes

Uma mensagem chega no WhatsApp. A foto e o nome são de uma pessoa conhecida, que faz parte do mesmo grupo de trabalho que você participa no aplicativo de mensagens. O conteúdo informa que o grupo será excluído e que um novo será criado. Mas, para entrar, uma senha será enviada e deve ser repassada ao usuário caso tenha interesse em participar do grupo.

Após clonar o número, golpistas utilizam o contato para solicitar dinheiro de amigos e familiares – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Divulgação/ND

Ao clicar no código, a pessoa simplesmente fica sem acesso ao aplicativo, ao mesmo tempo que amigos e familiares recebem mensagens estranhas. A ficha cai e você descobre que foi vítima de um golpe e o seu número no WhatsApp foi clonado.

A nova estratégia vem fazendo vítimas em todo o País, inclusive em Joinville, no Norte do Estado. Na última semana, uma mulher, que não quis ser identificada, teve seu número bloqueado após cair no golpe.

“Eu recebi uma mensagem de outra pessoa, de um grupo de trabalho, falando que o grupo seria excluído e se eu tinha interesse em continuar no grupo. Para isso, ela ia me mandar uma senha que eu poderia entrar e sair do grupo a hora que quisesse. Eu disse que tinha interesse, recebi o código por SMS e passei para ela”, relembra.

Alerta: golpistas informam que grupo será excluído como estratégia para clonar o número – Foto: Whatsapp/Reprodução/ND

Após enviar o código, a vítima cai no golpe. Os golpistas, então, mandam mensagem aos outros participantes do grupo bem como para os contatos pessoais dizendo: “Oi, precisava de um grande favor seu. Tive o cartão bloqueado e preciso de um dinheiro emprestado. Depois, te devolvo”.

Se a pessoa responder que vai depositar, os criminosos, então, mandam os dados bancários para a transferência com nome e CPF. Lembrando que os golpistas se passam pela vítima, usando o aplicativo com mesmo número e foto.

Entre as mensagens enviadas, golpistas pedem dinheiro aos usuários – Foto: Whatsapp/Divulgação/ND

Segundo o especialista em segurança digital, Paulo Bousfield, o pedido do código é a principal forma de clonagem dos números usados, posteriormente, para aplicar golpes.

“Para clonagem, ele (o golpista) precisa desse código de ativação que é enviado por SMS. Por isso, é importante que a pessoa nunca repasse esses números e desconfie sempre quando receber uma mensagem desse tipo”, explica.

Golpistas chegam a arrecadar R$ 5 mil reais

Na última semana, a reportagem da NDTV entrou em contato com um dos golpistas que se passava por um usuário. Na mensagem, a equipe questiona como funciona o esquema. A pessoa, então, conta que o golpe é praticado com frequência e que diariamente o grupo chega a arrecadar R$ 5 mil.

Golpistas estão sempre procurando uma nova abordagem- Foto: Whatsapp/Reprodução/ND

Outras técnicas semelhantes também já foram usadas para aplicar golpes em usuários nas redes sociais. Paulo conta que a cada nova divulgação da técnica, pela mídia, os suspeitos procuram uma nova abordagem.

“Essa abordagem envolvendo os grupos de trabalho ainda não tinha visto. Mas não é de se estranhar, já que eles (os golpistas) estão sempre propondo uma nova abordagem para ter as informações das vítimas”, explica.

Denúncia ajuda a polícia a identificar suspeitos

De acordo com especialistas, as contas em banco, usadas pelo grupo, são em nome de laranjas, o que acaba dificultando a localização dos autores dos golpes. Em Santa Catarina, a Polícia Civil não conta com uma delegacia especializada em crimes virtuais, mas tem investido em ações para tentar diminuir os números.

De acordo com o delegado Vinicius Ferreira, a melhor forma de ajudar a identificar esses casos é a denúncia.

“O importante é denunciar e tomar todas as medidas administrativas no próprio aplicativo ou rede social, além, é claro, de procurar a polícia e fazer o registro, já que, com base nisso, as informações são compiladas, e fica mais fácil a identificação da autoria”, explica.

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Ofensas pelo Whatsapp geram indenização por danos morais

O Juizado Especial da Comarca de Plácido de Castro determinou que dois homens paguem R$ 3 mil de indenização por danos morais a um casal. A punição correspondente às injúrias, calúnias, difamações e até ameaças realizadas em conversa no WhatsApp. Os reclamados deverão pagar a quantia de R$ 1.500, a cada ofendido.

As mensagens foram enviadas por meio de áudios durante conversa online, que foram gravados em CD e apresentadas no processo como provas da discórdia sobre um suposto negócio realizado entre os envolvidos. Então, a parte autora provou o fato constitutivo do seu direito, pois o material foi suficiente para comprovar as ofensas sofridas.

O juiz de Direito Romário Faria, respondendo pela unidade judiciária, esclareceu que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso X, assegura a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem das pessoas, garantindo o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

Destacou também que o ordenamento garante o direito à livre manifestação do pensamento, contudo estabelecendo limites para o exercício dessa liberdade, consoante o disposto no artigo 220.

Ao ponderar sobre o mérito, o magistrado confirmou que foi extrapolado o limite do aceitável e da cordialidade. “Além dos diversos palavrões gratuitamente ofertados contra os autores, há situações de ameaça, e nosso ordenamento jurídico pátrio refuta atitudes como as essas realizadas”, prolatou Faria.

O Juízo assinalou que a reparação visa compensar os danos sofridos, mas, também, a impor aos ofensores uma sanção que os levem a rever seus comportamentos, com vistas a evitar a repetição do ilícito. Da decisão cabe recurso.