Nova lavada de Bolsonaro no Acre: 77,22% dos votos

Bolsonaro venceu folgado no Acre e outros quinze Estados. No Acre, Bolsonaro repetiu a mesma façanha do primeiro turno, confirmando o Estado como um dos mais bolsonaristas do País. Além do Acre, onde obteve 77,22% dos votos, Bolsonaro venceu também no Amapá, no Amazonas, no Distrito Federal, no Espírito Santo, em Goiás, no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, em Minas Gerais, no Paraná, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, em Rondônia, em Roraima, em Santa Catarina e em São Paulo.

Segundo se informou, quatro eleitores foram presos pela Polícia Federal por violação do sigilo do voto. Segundo a PF, eles usuram telefone para fotografar a urna eletrônica enquanto estavam na cabine na seção eleitoral.

PF divulga áudios entre presidente do Iteracre e cabo eleitoral sobre compra de votos: ‘manda bala’

Nil Figueiredo aprova compra de votos respondendo ‘que maravilha’ e pede para cabo eleitoral continuar com crimes eleitorais. Presidente e mais sete servidores foram presos nesta sexta (19) na Operação Democracia

Áudios divulgados pela Polícia Federal no Acre (PF-AC), nesta sexta-feira (19), mostram uma conversa entre o presidente do Instituto de Terras do Acre (Iteracre), Nil Figueiredo, e um cabo eleitoral sobre a compra de dez votos. No diálogo, o interlocutor informa a Figueiredo que já entregou o dinheiro aos eleitores.

“Maravilha. Manda bala, manda bala. Tem que ganhar, não pode perder não, meu irmão. Tu é doido? (sic)”, responde o presidente do órgão.

Figueiredo foi preso preventivamente nesta sexta durante a Operação Democracia. Além dele, um servidor do órgão também está com prisão preventiva. Outros seis tiveram a prisão temporária decretada.

A PF também cumpriu 22 mandados de busca e apreensão, além de quatro mandados de condução coercitiva de testemunhas expedido pela Justiça Eleitoral do Acre.

A operação foi deflagrada para combater a prática de crimes eleitorais de compra de votos, transporte irregular de eleitores, uso ilegal de instalações públicas para fins eleitorais, peculato e associação criminosa. Ao todo, 100 policiais federais do Acre e também de fora do estado atuaram na ação.

Os votos, conforme a polícia, eram pagos por sacolões, caronas no dia da eleição e também por R$ 50. O combustível e veículos do Iteracre também foram usados para fazer o transporte irregular de passageiros pelos próprios servidores que faziam campanha para Figueiredo.

Em nota, o governador Tião Viana diz que determinou o afastamento de todos os servidores envolvidos nessa operação “até que a denúncia seja esclarecida, para evitar juízo de valor antecipado sobre quem quer que seja”.

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Presidente do Iteracre foi preso preventivamente durante Operação Democracia que apura desvio de verbas e compra de votos — Foto: Reprodução

Reservatório ilegal de combustível

Durante uma coletiva de imprensa na sede da PF-AC, os delegados deram mais detalhes do esquema que funcionava dentro do Iteracre para beneficiar o presidente do órgão durante as Eleições 2018. O candidato recebeu 2.161 votos para o cargo de deputado estadual.

O chefe da Delegacia de Defesa Institucional e responsável pela investigação do caso, Eduardo Maneta, destacou que um reservatório de combustível foi montado na casa da mãe de uma servidora do Iteracre.

O local tinha capacidade para cerca de mil litros de combustível, que era desviado do órgão para abastecer veículos de cabos eleitorais que faziam campanha para Figueiredo.

A PF diz que ainda não fez o levantamento dos valores desviados. Porém, diz que, de setembro até 7 de outubro, quando houve o primeiro turno do pleito, o uso de combustível no Iteracre superou o total usado durante todo o ano de 2017.

“A operação ainda está em andamento, mas, nesta sexta ainda apreendemos combustível desviado. Ainda vamos fazer uma avaliação mais apurada em um segundo momento. Vamos calcular o valor do prejuízo ao erário para que, após as medidas policiais, nós possamos assegurar medidas de ressarcimento do patrimônio público que foi lesado por esse grupo criminoso”, destacou o delegado.

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Delegados deram detalhes sobre o esquema de desvio de verbas e compra de votos no Iteracre – Foto/Quésia Melo/G1

Servidora relata ‘medo’ da polícia em áudio

A PF também divulgou o áudio entre uma servidora e um cabo eleitoral em que ela diz que todos os carros estão indo abastecer no reservatório ilegal, pois temem que a polícia acabe descobrindo o esquema.

A mulher, segundo a polícia, já ocupou o cargo de chefe de gabinete da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Proteção Familiar (Seaprof).

“É porque tem que tirar tudo hoje, porque ‘tão’ com medo (sic)”, diz a servidora. Em seguida, o cabo eleitoral pergunta se tem pessoas “de olho” na esquina do reservatório e diz que a casa não deve ter adesivos do candidato.

Diárias em troca de votos

Além do combustível, o delegado diz que diárias indevidas como se os trabalhadores estivessem em atividade do órgão, mas, na verdade, os trabalhadores faziam campanha eleitoral. Segundo Maneta, o valor pago em diárias aumentou em mais de 257% no período analisado em que Figueiredo era diretor e deixou a presidência para concorrer ao cargo de deputado estadual.

O delegado responsável pelo caso destacou que um grupo criminoso atuava dentro do Iteracre e tinha até divisões de tarefas para a compra de votos durante o pleito. Inclusive, conforme a polícia, às vésperas da eleição, Figueiredo atuava com os próprios cabos eleitorais na compra de votos.

“Os trabalhos continuam e a fase de análise investigativa começa a pleno vapor a partir da data de hoje [sexta-feira, 19]. Não descartamos nenhuma hipótese de que novas fases sejam deflagradas. São vários crimes que eles respondem e se somarmos as penas máximas desses crimes podem pegar até 30 anos de prisão”, afirma.

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PF-AC cumpriu oito mandados de prisão em órgão do governo durante operação que apura compra de votos – Foto/Divulgação/PF-AC

TSE disponibilizará aplicativo que mostra apuração em tempo real

Ferramenta foi sucesso em 2014 e este ano se chamará Resultados 2018

O aplicativo da Justiça Eleitoral, campeão de downloads nas eleições de 2014, já tem sua versão para 2018 e a expectativa é que novamente seja um recorde de acessos. Este ano, o aplicativo foi rebatizado para “Resultados 2018”.

A ferramenta é gratuita e a expectativa é que esteja disponível até o final de setembro para tablets e smartphones que operam com os sistemas Android e IOS.

Há quatro anos, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a plataforma foi disponibilizada apenas para aparelhos com sistema Android e foi chamada de “Apuração 2014”. O aplicativo foi baixado em 2,7 milhões de dispositivos.

Pesquisa

Pelo aplicativo, os eleitores poderão acompanhar a contagem dos votos em tempo real. É possível pesquisar desde o desempenho de um determinado candidato por meio de consulta nominal até um dado mais nacional.

Na tela da pesquisa, aparecerá, por exemplo, o quantitativo de votos para cada candidato com a indicação dos eleitos ou, no caso da disputa para governador e presidente da República, dos que irão para o segundo turno. Também é possível selecionar os candidatos favoritos e visualizá-los com destaque.

A ferramenta permite que o usuário selecione a abrangência que deseja acompanhar a apuração. Pode ser “Brasil” para a votação de presidente da República e “Estados” para acompanhar a votação para governador, senador, deputado federal, deputado estadual ou deputado distrital.

O eleitor também poderá conferir o desempenho nas urnas do candidato a presidente em cada estado. Além de visualizar o número de votos, é possível acompanhar o percentual de apuração das seções e ainda compartilhar essas informações nas redes sociais.

Votos zerados

Os resultados são atualizados automaticamente e, ao final da apuração, serão exibidos os eleitos com o quantitativo de votos obtidos e o percentual de votação por candidato. O candidato que aparecer com zero voto pode não ter tido votação, estar indeferido com recurso ou, após a preparação das urnas, ter sido indeferido, ter renunciado ou falecido.

Os votos para candidatos indeferidos com recurso ou cassados com recurso não serão exibidos, conforme a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97, artigo 16-A). O aplicativo não apresenta resultados da votação em trânsito nem da votação no exterior para o cargo de presidente da República.

Em decorrência da diferença de fuso horário, o TSE irá começar a divulgar os resultados da totalização dos votos para presidente da República às 19h (horário de Brasília) no dia 7 de outubro, quando a votação do primeiro turno estiver encerrada em todo o território nacional.

Para os demais cargos, a totalização dos votos pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e a remessa das informações ao TSE terá início logo após o encerramento da votação, às 17h, respeitando o horário local.

Pesquisa Ibope no Acre: Gladson Cameli, 37%; Marcus Alexandre, 37%; Coronel Ulysses 8%

Janaína Furtado 3% e David Hall 1%. Levantamento foi realizado entre os dias 18 e 21 de agosto

Pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (22) aponta os seguintes percentuais de intenção de voto para o governo do Acre:

Gladson Cameli (PP): 37%

Marcus Alexandre (PT): 37%

Coronel Ulysses (PSL): 8%

Janaína Furtado (Rede): 3%

David Hall (Avante): 1%

Branco/Nulo/Nenhum: 7%

Não sabe: 7%

A pesquisa foi encomendada pela Rede Amazônica, e realizada entre os dias 18 e 21 de agosto. É o primeiro levantamento do Ibope realizado depois da oficialização das candidaturas na Justiça Eleitoral.

Sobre a pesquisa

Margem de erro: 3 pontos percentuais para mais ou para menos

Quem foi ouvido: 812 eleitores de todas as regiões do estado, com 16 anos ou mais

Quando a pesquisa foi feita: 18 e 21 de agosto de 2018

Registro no TRE: AC-08479/2018

Registro no TSE: BR-00533/20178

O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro

Espontânea

Na modalidade espontânea da pesquisa Ibope (em que o pesquisador somente pergunta ao eleitor em quem ele pretende votar, sem apresentar a relação de candidatos), o resultado foi o seguinte:

Gladson Cameli (PP): 22%

Marcus Alexandre (PT): 22%

Coronel Ulysses (PSL): 3%

David Hall (Avante): 0%

Janaína Furtado (Rede): 0%

Outros: 2%

Branco ou nulo: 8%

Não sabem ou preferem não opinar: 42%

Rejeição

O Ibope também mediu a taxa de rejeição (o eleitor deve dizer em qual dos candidatos não votaria de jeito nenhum). Nesse item, os entrevistados puderam escolher mais de um nome. Veja os índices:

Janaína Furtado (Rede): 28%

Marcus Alexandre (PT): 28%

David Hall (Avante): 23%

Gladson Cameli (PP): 23%

Coronel Ulysses (PSL): 22%

Avaliação de governo

Pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira mostra os seguintes percentuais de avaliação do governo de Tião Viana (PT).

Ótimo/bom: 23%

Regular: 35%

Ruim/péssimo: 40%

Não sabem avaliar: 3%

Com orçamento apertado, candidatos apostam na internet para conquistar votos

A força das redes sociais pode beneficiar ou arruinar candidaturas no Acre, nestas eleições de 2018. Embora esse recurso extraordinário seja bastante conhecido dos políticos já de outros pleitos, nunca nenhuma outra eleição esteve tão presente na internet quanto agora. Este é o pensamento compartilhado pela maioria dos jornalistas que cobrem a política no estado: o de que a importância do que se fala e do que se posta na web, nas campanhas e nas pré-campanhas, será muito relevante e com um impacto muito maior do que o de qualquer outra mídia.

A explicação para isso se deve, em parte, ao minguado orçamento de campanha, que obriga os candidatos e partidos a migrarem para as plataformas digitais. No Acre, os pré-candidatos já usam a mídia digital como forma de dar visibilidade a suas propostas e também para fazer-se conhecer.

“Acredito que as redes sociais influenciam o eleitor, sim, quando por exemplo os candidatos expõem as suas opiniões. E acho que isso tanto pode ocorrer para o bem quanto para o mal. Ele pode ganhar, mas dependendo do que postar, o candidato também pode perder votos”, ressalta a jornalista Angélica Paiva, da TV Gazeta, uma entre os mais experientes jornalistas políticos do Acre.

Já é fato que a luta para conquistar eleitores na internet foi iniciada. É perceptível que pré-candidatos estão mantendo suas páginas pessoais diariamente atualizadas, tendo alguns deles apostado em diversas formatações de conteúdo, de modo que alcancem o eleitorado antes mesmo de as campanhas começaram oficialmente, no próximo dia 16 de agosto.

No Acre, dos seis nomes que foram apresentados até agora como pré-candidatos à Casa Rosada, apenas três fazem uso com muita frequência das redes sociais. Eles estão no Facebook e no Instagram. (Veja quadro). E poucos utilizam vídeo como recursos para divulgar suas agendas.

Os conteúdos de maiores destaques são as agendas diárias, nas ruas e no interior do estado. Mas compromissos com instituições e a presença em eventos grandiosos ou significativos que possam render novos aliados também vão para o recheio. Tudo com fotos e textos construídos especialmente para aproximar a população dos postulantes.

Com pequenos filmes, eles apresentam ideias, falam sobre a trajetória pessoal e recebem depoimentos de apoiadores. A agenda diária nas ruas ganha destaque e compromissos com entidades, participações em eventos e a busca por novos aliados também são registrados.

Apesar de ainda ser proibido pedir votos, o mesmo não acontece quando a intenção é apresentar propostas. Esta última não se caracteriza antecipar propaganda eleitoral, segundo o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Daí a estratégia é tocar em determinados temas, levantando possibilidades de soluções.

Tempo curto na TV não vai pautar as redes sociais

As redes sociais, na visão do colunista político Nelson Liano Júnior, do site Ac24Horas, servem para aquecer o debate eleitoral. “O tempo muito curto da propaganda eleitoral na televisão, apenas 35 dias antes do pleito, faz com que as redes sociais não esperem ser pautadas pelos programas na tevê”, ressalta o jornalista.

A essa condição, Liano Júnior acrescenta o fato de que as redes sociais estão super popularizadas por meio dos aparelhos de celular. “Até o colono que vem à cidade acessa [as redes] do seu aparelho, além disso, acredito que o tempo diário no vídeo para os candidatos será muito curto, alguns terão apenas três minutos. Então, a internet vai ser fundamental, sem dúvidas, como ferramenta para se captar votos”, explica o repórter político.

Uma novidade na internet esse ano é que os candidatos podem turbinar os seus posts, por assim dizer, patrocinando seus conteúdos e com isso, possibilitando que as postagens possam atingir o maior número de público possível, inclusive àqueles internautas que não são seguidores do candidato.

O jornalista Raimundo Fernandes, do site Estação Experimental, compartilha da opinião de que é preciso usar as redes sociais com prudência. “Tem que usar com sabedoria, porque do jeito que ela valoriza o candidato, ela pode também banalizá-lo. Às vezes, as redes se tornam perigosas, porque muitas pessoas levam para o lado pessoal. Os caras simplesmente não respeitam”, afirma o profissional, referindo-se aos haters, aquelas pessoas que vivem para postar comentários negativos ou maldosos.

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Fake News

O grau de danos aos candidatos também poderá ser medido pela quantidade de fake news, que eventualmente, possam ocorrer, nestas eleições. O TSE já anunciou que vai combater o problema com rigor. A primeira ação neste sentido foi dada pelo Tribunal em favor da ex-senadora acreana Marina Silva (Rede) e novamente pré-candidata à Presidência da República, neste pleito.

O TSE determinou que fosse retirada a notícia falsa contra Marina no Facebook, no prazo de 48 horas. A rapidez com que esses conteúdos circulam, no entanto, ainda é um desafio para a justiça. É que o rito, desde a denúncia até a decisão dos tribunais e a efetiva retirada do material mentiroso pode custar tempo o suficiente para que ela alcance milhares de eleitores.

Os pré-candidatos a governo na internet em ordem de curtidas

candidatos

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O que pode e o que não pode em propagandas na internet

Calendário

*A propaganda eleitoral começa a partir do dia 16 de agosto. E para o TSE, não é propaganda eleitoral antecipada atividades de pré-candidaturas que exalte qualidades ou que divulgue atividades e agendas, desde que o voto não seja pedido explicitamente.

Identificação

*É preciso que os posts patrocinados contenham, de uma forma ‘clara e legível’, o CNPJ ou o CPF do responsável pela publicação. Ele também deve ser publicado com a expressão “propaganda eleitoral”.

Posts patrocinados

*Esta é a primeira vez que candidatos e partidos podem patrocinar posts em redes. Também está autorizado o patrocínio que prioriza material em sites de pesquisa.

Prestação de contas

*Os recursos usados para impulsionar esses posts são considerados gastos de campanha, e por isso mesmo, devem ser inseridos na prestação de contas das siglas partidárias e dos candidatos.

Sem ataques

*Estão proibidos os ataques a adversários por meio desses posts pagos. Eles deverão ter como único objetivo a promoção ou o benefício desses candidatos ou partidos.

Meios

*Estão aptos a receber propaganda eleitoral sites, blogs e perfis em redes sociais que são administrados por candidatos ou partidos.

Denúncias

*É preciso que essas plataformas que receberão posts eleitorais tenham um espaço para a comunicação com os internautas sobre os conteúdos que serão veiculados.

Propaganda paga

*A compra de espalho e de anúncios em sites e páginas continua proibida. Qualquer tipo de propaganda paga na internet não é permitida.

Remoção de conteúdo

*O TSE limita a remoção de conteúdos aos casos em que forem comprovadas ofensas a diretos de participantes do processo eleitoral.

Que tipos de votos em 2018?

Todos os eleitores votam de acordo com seus interesses preponderantes (corporativos, empresariais, ideológicos, cleptocratas, éticos, gratidão por favores recebidos etc.).

O grupo dos apáticos já desistiu de participar validamente do processo democrático. Manifestam-se por meio dos votos brancos e nulos ou pelas abstenções (esse bloco de desistentes atingiu 49% dos eleitores, em Tocantins, na eleição suplementar de 3/6/18). Sua letargia ajuda a manter o sistema corrupto vigente. É cúmplice do sistema perverso que domina o Brasil.

A partir do estudo dos interesses predominantes dos eleitores podemos distinguir vários tipos de votos. Quatro, pelo menos, merecem destaque:

1º) Voto serotonina. Aqui a neurociência nos ajuda explicar que a serotonina (hormônio da alegria, do prazer e da felicidade), no campo eleitoral, gera o voto de agradecimento, de gratidão e das recompensas (ver meu livro O jogo sujo da corrupção, capítulo 14).

O que explica Lula com 30% nas pesquisas, mesmo estando impedido pela Lei da Ficha Limpa, é exatamente esse tipo de voto. Programas sociais ou assistenciais como bolsa-família, linha branca, facilidade para a compra de carro ou de moto, Fies, ProUni etc. geram o voto de agradecimento que, ao mesmo tempo, também é de esperança em novas recompensas, que levariam a uma melhor qualidade de vida no futuro.

2º) Voto corruptina. É o voto que convalida e ratifica o sistema corrupto vigente, carcomido e perverso. Preserva a situação atual e seus privilégios, que só beneficiam evidentemente poucas famílias (facções). A fortuna do país é canalizada para essas oligarquias bandidas e parte do eleitorado, corrompido em suas mentes e em seus costumes, está de acordo com toda essa injustiça. Não lhe importa a ética, a injustiça e a desigualdade.

O sistema corrupto que nos governa, depois de 200 anos de parasitismo sedentário, se esgotou. Mas há um setor de desavergonhados que luta para conservá-lo. Porque esse sistema de propinas fáceis e de espoliação da população é o porto-seguro para seus empréstimos subsidiários, créditos do BNDES, renúncias fiscais, isenções de impostos, preservação do mercado interno monopolizado ou oligopolizado, cartéis, refis complacentes etc.

3º) Voto toxina. É o voto do eleitor irado, encolerizado, indignado e revoltado, que já não acredita nas instituições. A desordem do país (na economia, na política, na Justiça, na segurança, no trabalho, no desemprego, nos costumes, nas tradições desdenhadas etc.) representa uma enorme ameaça para sua existência. Ordem é o seu interesse preponderante, em razão do medo de que sua vida e suas coisas serão destruídas em qualquer momento.

Se o Estado não está em condições de dar-lhe segurança, ele busca no armamento próprio o seu ponto de referência. No lugar do Bolsa Família entre o bolsa-fuzil. Se no Brasil os homens matam muitas mulheres, a solução é dar um fuzil para cada uma delas (disse um candidato da extrema direita brasileira, lá no Japão, recentemente). O voto toxina é a sementeira de todo tipo de populismo (nacionalista, fanático, religioso, radical, genocida, sanguinário etc.).

4º) Voto faxina. É o voto que elege a ética como fator preponderante na escolha eleitoral. Voto faxina significa “eu não voto em corrupto”, “eu não voto em candidato que desconsidera a ética”. Ética é o respeito ao ser humano, à natureza, aos animais e ao bom uso das tecnologias. Ladrão do dinheiro público (não importa se de esquerda, centro ou de direita) ou quem menospreza os direitos das pessoas devem ser eliminados contundentemente nas urnas.

O voto ético (que é defendido pelo nosso movimento Quero Um Brasil Ético) contesta os privilégios aristocráticos (foro privilegiado, por exemplo), o excesso de parlamentares e suas mordomias, as injustiças medonhas do país, as desigualdades aberrantes, a violência institucionalizada, o capitalismo de compadrio, o clientelismo, o fisiologismo do presidencialismo de coalização, a Justiça lenta e seletiva, os juízes que viraram políticos e por aí vai.

De outro lado, defende a educação de qualidade para todos, em período integral, com ensino federalizado até os 18 anos (leia-se, pago pela União, com ajuda dos Estados e dos Municípios). Luta, ainda, pelo império da lei contra todos assim como pelo ensino da ética e da cidadania.

Sou totalmente favorável ao voto faxina, ancorado em valores e princípios que cimentam a convivência pacífica. Não voto em corrupto em 2018. O maior bem que o brasileiro pode fazer em benefício do Brasil consiste em eliminar corruptos nas urnas, priorizando novas lideranças honestas e competentes.


Luiz Flávio Gomes é jurista e professor. Fundador da rede de ensino LFG, preside o Instituto Avante Brasil. Foi promotor de justiça (1980 a 1983), juiz de direito (1983 a 1998) e advogado (1999 a 2001).