“Primeiro ele implicou com minha roupa. Achei que era cuidado, ciúme. Confesso que até gostei. Mas, depois ele me implicava com minhas amizades. Em outra oportunidade ele me empurrou. Me assustei. Paralisei. Não consegui sequer reagir ao levar um tapa no rosto que levei em seguida”.
Esse é apenas o depoimento de mais uma mulher vítima de violência doméstica que preferiu não se identificar. Motivo? Insegurança, medo do julgamento da sociedade e desconhecimento da própria legislação. Sim, isso ainda existe e é mais comum do que se imagina.
Vamos chama-la de Eva. Ser agredida pelo marido nunca passou pela cabeça dela. No início do relacionamento tudo são flores, bombons e amor, muito amor. “Eu achei que tinha encontrado a minha pessoa. Talvez por isso, tenha sido tão difícil admitir que na verdade ele era meu algoz”, comentou ela emocionada.
Eva era independente, articulada, simpática, cercada de amigos e pretendentes. Isso antes de casar. Aos poucos a dependência financeira e emocional do marido foi ficando cada vez maior. O sorriso fácil se transformou um rugas de preocupação. A convivência com os amigos foi ficando mais rara, até por fim, acabar de vez!
Foi nesse contexto que Eva sofreu a primeira agressão física. “Me vi sozinha. Com vergonha. Queria morrer. A culpa parecia ser minha”, desabafou.
“Primeiro ele implicou com minha roupa. Achei que era cuidado, ciúme. Confesso que até gostei. Mas, depois ele me implicava com minhas amizades. Em outra oportunidade ele me empurrou. Me assustei. Paralisei. Não consegui sequer reagir ao levar um tapa no rosto que levei em seguida”.

Amor x raiva
Com o apoio da família, Eva conseguiu se reerguer, mas destaca que não foi fácil. “Nenhuma parte. E a pior foi tirar todo o amor que eu tinha por aquele homem e transformar em perdão, por tudo que ele me fez passar. Mas, primeiro tudo virou raiva, rancor. Depois consegui digerir tudo”.
Sim, ela usou a palavra a perdão! Atualmente, ela se considera solteira, mas não sozinha. “Ainda tenho medo de me envolver de fato com alguém. Mas, não estou só”, garantiu ela que voltou ao convívio dos amigos.
Ela finaliza dizendo que as mulheres que passam por esse tipo de situação não merecem serem julgadas. “Elas precisam de apoio. De alguém que mostre que elas não estão só”.

Situação rotineira
Infelizmente depoimentos como o de Eva não são novidades na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM). A média em 2018 foi, pelo menos, seis inquéritos instaurados por dia na unidade.
Entre os casos que mais são registrados na delegacia, em primeiro lugar aparecem a ameaça e em seguida a lesão corporal. A DEAM possui atendimento continuado no período da noite.
Em 2017, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou que no Acre foram registradas 34 mortes no ano, uma taxa de 8,3 óbitos por 100 mil mulheres. O dados fizeram com que o Estado aparece como um dos estados com a maior taxa de homicídios de mulheres.
O feminicídio é a expressão fatal das diversas violências que podem atingir as mulheres em sociedades marcadas pela desigualdade de poder entre os gêneros masculino e feminino e por construções históricas, culturais, econômicas, políticas e sociais discriminatórias.
Legislação
A lei Maria da Penha entre outras sanções, determina que a vítima precisa estar em situação de vulnerabilidade em relação ao agressor. Este não precisa ser necessariamente o marido ou companheiro: pode ser um parente ou uma pessoa do seu convívio. A lei foi sancionada em 2006.
A lei não contempla apenas os casos de agressão física. Também estão previstas as situações de violência psicológica como afastamento dos amigos e familiares, ofensas, destruição de objetos e documentos, difamação e calúnia.

Novidades trazidas com a Lei Maria da Penha
Prisão do suspeito de agressão; violência doméstica passa a ser um agravante para aumentar a pena; não é possível substituir a pena por doação de cestas básicas ou multas; ordem de afastamento do agressor à vítima e seus parentes; assistência econômica no caso de a vítima ser dependente do agressor.
Anos depois de ter entrado em vigor, a lei Maria da Penha pode ser considerada um sucesso. Apenas 2% dos brasileiros nunca ouviram falar desta lei e houve um aumento de 86% de denúncias de violência familiar e doméstica após sua criação.
Feminicídio
Fruto da Lei Maria da Penha, o crime do feminicídio, definido legalmente em 2015 como assassinato de mulheres por motivos de desigualdade de gênero e tipificado como crime hediondo.
O assassinato de mulheres em contextos marcados pela desigualdade de gênero recebeu uma designação própria: feminicídio. No Brasil, é também um crime hediondo. Nomear e definir o problema é um passo importante, mas para coibir os assassinatos femininos é fundamental conhecer suas características e, assim, implementar ações efetivas de prevenção.
O feminicídio é a expressão fatal das diversas violências que podem atingir as mulheres em sociedades marcadas pela desigualdade de poder entre os gêneros masculino e feminino e por construções históricas, culturais, econômicas, políticas e sociais discriminatórias.

Como proceder em caso violência doméstica contra a mulher?
Se você ou alguma mulher que você conhece sofreu ou está sofrendo algum tipo de violência, é importante procurar ajuda. O primeiro passo é registrar a ocorrência na delegacia é preciso que a mulher conte tudo em detalhes e, se houver, leve testemunhas ou indique o nome e endereço delas.
Além disso, é de fundamental importância que a vítima indique o nome completo do promovido/agressor com endereço atualizado para eficácia da aplicação das Medidas Protetivas de Urgência. Isso vale para todos os crimes de violência contra a mulher.
Como fazer a denúncia?
Qualquer pessoa, seja a própria vítima ou alguém que tenha ciência de um caso de violência contra a mulher, pode ligar para a Central Nacional de Atendimento à Mulher, pelo número 180, e fazer uma denúncia anônima. As ligações são gratuitas de qualquer lugar do território nacional. Nos casos ocorridos na cidade, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM é imediatamente comunicada.
Tema ganhou repercussão nacional
O reality show Big Brother Brasil nem começou, mas um dos seus participantes se envolveu em uma grande polêmica. O acreano selecionado para o programa, Vanderson Brito, foi citado em vários post´s nas redes sociais. Em alguns ele é acusado de agredir namoradas. E em outros a acusação é de assédio.
A família do participante nega as acusações. Por meio de nota, a rede Globo se posionou. “A Globo é veementemente contra qualquer tipo de violência, mas cabe às autoridades competentes a apuração de denúncias como a que está sendo feita. Se assim for, a Globo tomará medidas, como já fez em outras edições do programa”, afirmou a emissora através de sua assessoria de imprensa.
Participante é desclassificado
O atleta de MMA do Rio Grande do Sul, Fábio, 27 anos, foi desclassificado do BBB19. A Globo tomou conhecimento neste sábado, 12, de fatos relacionados ao participante, avaliados como inadequados ao perfil dos competidores conforme o regulamento do programa. A emissora destacou que Fábio não será substituído.
O BBB19 estreia nessa terça-feira, 15, depois de O Sétimo Guardião, com 17 participantes.