Guedes e militares temem que parte de vídeo sobre China vaze

divulgação da reunião ministerial de 22 de abril com a supressão de trechos referentes à China não foi suficiente para acalmar o governo. Ala militar e equipe econômica ainda temem uma crise com a potência asiática.

O desgaste na relação entre Executivo e Judiciário preocupa. Por isso, militares e integrantes do time do ministro Paulo Guedes (Economia) consideram ser grande a possibilidade de o conteúdo preservado ser vazado nas próximas semanas.

Na avaliação deles, isso pode criar um incidente diplomático que afetaria a relação comercial entre os dois países.

Paulo Guedes (Economia) durante a reunião ministerial de 22 de abril – Marcos Corrêa-22.abr.20/Divulgação Presidência

O ministro do STF Celso de Mello retirou citações à China na gravação. O vídeo foi divulgado na sexta (22) no âmbito do inquérito que apura suposta interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Segundo relatos feitos à Folha, nos trechos em negrito, há uma referência pejorativa ao Partido Comunista Chinês, do líder Xi Jinping.

Há também a citação de uma suposta conspiração sobre envolvimento do serviço secreto chinês em crises no continente americano.

A preocupação é que o vazamento das novas críticas possa agravar mais ainda a relação entre Brasil e China. Isso pode afetar a cotação do dólar e os índices da Bolsa.

Na sexta, o mercado reagiu de maneira positiva ao conteúdo da reunião.

O receio é que essa expectativa se quebre caso o restante do conteúdo seja revelado.

Para evitar uma futura crise, a cúpula militar tem defendido que o Ministério de Relações Exteriores se antecipe.

Os fardados do governo pedem que o Itamaraty entre em contato nesta semana com o governo chinês para reafirmar a parceria comercial entre os dois países. Eles querem ainda reforçar que comentários avulsos não representam a posição oficial da atual gestão.

Segundo relatos feitos à Folha, Guedes pediu a Bolsonaro que oriente a equipe ministerial a evitar novas críticas à China. O ministro argumenta que não se pode olhar ideologia quando o assunto é comércio exterior, especialmente pelo fato de o país ser o principal parceiro e sustentar grande parte das exportações.

De janeiro a abril deste ano, o país asiático comprou US$ 20,9 bilhões em produtos brasileiros. O saldo comercial foi positivo para o Brasil em US$ 9 bilhões.

Mesmo com a pandemia, o resultado melhorou em relação a 2019.

Com os EUA, segundo maior parceiro comercial do Brasil, houve forte retração nas exportações e no saldo total. As vendas para os americanos somaram US$ 7 bilhões. A balança total foi negativa em US$ 3 bilhões no mesmo período.

O pedido para que fossem retirados trechos ofensivos à China do vídeo da reunião foi feito pelo governo brasileiro, sob a alegação de que tinham assuntos potencialmente sensíveis.

Mesmo assim, críticas menos fortes ao governo chinês foram mantidas no conteúdo divulgado. Em um dos trechos revelados, por exemplo, Guedes diz que a China deveria financiar uma espécie de Plano Marshall para os países atingidos pelo novo coronavírus.

“A China [trecho omitido] deveria financiar um Plano Marshall para ajudar todo mundo que foi atingido”, disse o ministro sobre planos de recuperação econômica em resposta à crise da Covid-19, que teve origem no país asiático.

Em outro ponto da reunião, ele afirmou que o Brasil tem de “aguentar” o país asiático por ser o maior comprador de produtos brasileiros hoje.

“A China é aquele cara que você sabe que você tem de aguentar, porque, para vocês terem uma ideia, para cada um dólar que o Brasil exporta pros Estados Unidos, exporta três pra China”, ressaltou.

Segundo assessores de Guedes, ele usou a metáfora com o intuito de mostrar que os chineses são importantes para o Brasil após observar críticas feitas por ministros. ​

Após a divulgação do conteúdo, a embaixada chinesa no Brasil publicou nota. Ela evitou comentar os trechos revelados, mas disse que Brasil e China são “parceiros estratégicos globais” e juntos vencerão a crise sanitária.

A posição antichinesa no governo é capitaneada pelo núcleo ideológico, favorável a uma parceria com os EUA.

O comportamento é bastante criticado por ministros como Tereza Cristina (Agricultura) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).

Em abril, por exemplo, o ministro Abraham Weintraub (Educação) usou o personagem Cebolinha para fazer chacota da China.

Em março, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fez postagem também nas redes sociais culpando a China pelo novo coronavírus. Após repercussão negativa, ele disse que nunca quis ofender.

Nos dois episódios, o embaixada chinesa no Brasil reagiu de maneira dura.

No caso do filho do presidente, Bolsonaro telefonou para Xi Jinping em um esforço para aparar arestas de uma crise diplomática.

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Vídeo documentário mostra ascensão do samba no Estado do Acre

Nesta sexta-feira (18/1) estará disponível no Youtube o vídeo documentário “Samba no Acre: umas rodas e outras histórias”. O trabalho audiovisual mostra um trecho da evolução do gênero em Rio Branco (AC) e sua atual ascensão. Nos últimos tempos, a apresentação na capital acreana do estilo musical em torno de uma mesa cresceu, revelou novos personagens e resgatou antigos sambistas.

“Quando estive ao Acre pela primeira vez em 2008, o meu interesse era fazer uma matéria sobre futebol. Conheci o cronista esportivo Manoel Façanha e ficamos muito amigos. Depois, voltei ao Acre várias vezes e acabei descobrindo um rico universo em torno do samba”, explica o jornalista Augusto Diniz, que dirigiu o documentário e hoje é colunista de esportes do jornal Opinião.

augusto dinizO niteroiense radicado em São Paulo Augusto Diniz explica que foi tendo contato aos poucos com os sambistas de Rio Branco. A partir daí, achou que podia fazer um vídeo documentário para registrar um retalho da história do gênero e alguns de seus personagens na cidade. “Já produzi samba no Rio e em São Paulo. Além disso, escrevo sobre música na mídia alternativa há quatro anos. Identifiquei que o samba na capital acreana poderia se tornar mais conhecido do público fora do Estado”, diz.

O documentário “Samba no Acre: umas rodas e outras histórias”,de cerca de 15 min, foi filmado em novembro do ano passado. O vídeo exibe algumas rodas de samba em atividade hoje na capital acreana, como a realizada às sextas-feiras no bar do Zé Chalé, onde se reúne a velha guarda do samba de Rio Branco, e a comandada pelo sambista Brunno Damasceno, a Casa de Bamba, uma vez por mês. O audiovisualainda destaca o tradicional “Samba da Mangabeira” criado há 26 anos;do sambista Da Costa, referência do gênero no Acre, e a nova geração do samba.

“O primeiro samba que tive contato em Rio Branco foi o ‘Samba da Mangabeira’. A história é interessantíssima. A roda surgiu ainda nos anos 1990 numa pelada de futebol de final de semana. Ela cresceu, reunia sambistas e acabou virando uma marca”, conta.

Para ele, não se relata a história do samba no Acre sem mencionar o que ali ocorria. Hoje, o “Samba da Mangabeira” virou uma festa anual com várias rodas ao longo do ano para arrecadar recursos para o grande evento em dezembro. “Nos anos recentes, tive em duas dessas festas e conheci muita gente do samba acreano, o que permitiu realizar o vídeo documentário”, afirma Augusto.

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Crescimento do samba e decadência das escolas

O produtor viu também nesse contato com os sambistas um ciclo de crescimento do gênero no Estado. “No Rio e em São Paulo, o samba vive um ciclo de baixa, com pouco penetração no grande público. Mas aqui no Acre, quando comecei a visitar algumas rodas, verifiquei que havia um quadro de ascensão do gênero, o que reforçou a ideia de fazer o vídeo documentário”, destaca.

O jornalista Augusto Diniz explica que tempos atrás as escolas de samba eram o pilar do desenvolvimento do gênero no país. “Eram nas agremiações carnavalescas que os grandes sambistas se reuniam, faziam música e se apresentavam ao público. A evolução do gênero se deu dessa forma ao longo do século passado. Mas a partir do início dos anos 2000 ocorreu essa desvinculação. Então hoje não se precisa mais contar a história recente do samba passando necessariamente pelas escolas de samba”, expõe ele.

Para Augusto, a escola de samba continua tendo papel integrador importante da comunidade onde está inserida, mas já não é mais referência de formação de novos sambistas. Segundo o jornalista, isso se deve principalmente pela perda gradativa dos vínculos da agremiação carnavalesca com suas raízes.

“As escolas passaram muito a incorporar elementos no seu dia a dia desvinculados de sua origem, de sua formação, de suas pessoas. Isso afastou a formação de sambistas dentro das escolas”, comenta. “Não sei bem o que se passou com as escolas de samba no Acre nos anos recentes, mas segundo consta perderam muita força, foram extintas. Isso pode ter muito a ver com um fenômeno que ocorre em outras cidades, onde a negação de suas referências fizeram com que muitos se afastassem das agremiações. Ora, por que vou numa quadra de escola para interagir com o samba se lá, por exemplo, fazem um baile funk”, questiona ele.

 

Personagens

De acordo com Augusto, é por isso que o vídeo documentário “Samba no Acre: umas rodas e outras histórias” não trata o tema pela ótica da escola de samba. “Conto a história a partir de seus personagens mais antigos e novos”, diz.

Preocupado em ressaltar que o audiovisual é apenas um recorte da história rica do samba no Acre, Augusto Diniz expõe que alguns personagens retratados no vídeo chamam a atenção dele. É o caso do cavaquinhista Romenigue Ribeiro e do percussionista Marino Ferrari Jr. “São pessoas simples, que tem o samba como meio de vida. Pelas urgências do dia a dia, poderiam ter se tornado outra coisa, mas optaram em colocar o samba a sua frente. São relatos desse tipo que me comovem”, afirma o jornalista.

O vídeo documentário teve edição do paulistano Ale Machado, profissional com gravação de trabalho com vários artistas de ponta do samba no país. O sambista acreano Anderson Liguth auxiliou na produção do audiovisual e o jornalista acreano Arison Jardim foi autor das filmagens do documentário.

FICHA TÉCNICA

Vídeo documentário “Samba no Acre: umas rodas e outras histórias” (tempo: 15min 53seg)

Lançamento: 18 de janeiro de 2019 no Youtube

Direção: Augusto Diniz | Edição: Ale Machado (Almas do Brasil Filmes)

Produção: Augusto Diniz e Anderson Liguth | Filmagens: Arison Jardim

Vídeo mostra secretário sendo levado pela PF; governo resolve afastar servidores presos em operação

Um vídeo gravado durante a deflagração da Operação Democracia, da Polícia Federal, no prédio do Instituto de Terras do Acre (Iteracre), nesta sexta-feira, mostra o diretor-presidente Iteracre, Nil Figueiredo, sendo conduzido por agentes em um veículo à Superintendência da Polícia Federal.

Operação Democracia tem a finalidade de combater a prática de crimes eleitorais de compra de votos, transporte irregular de eleitores, uso ilegal de instalações públicas para fins eleitorais, peculato e associação criminosa.

Foram cumpridos 8 mandados de prisão, 22 mandados de busca e apreensão e 4 mandados de condução coercitiva de testemunhas, expedidos pela Justiça Eleitoral do Acre.

Em nota, o governador Sebastião Viana informou que “determinou pelo afastamento de todos os servidores envolvidos que ocupem função de confiança, até que a denúncia seja esclarecida, para evitar juízo de valor antecipado sobre quem quer que seja”.

“A Controladoria-Geral do Estado, pautada em sua função de realizar o controle interno do Governo, sempre orientou todos os órgãos a tratar seus processos com ética, transparência e lisura”, diz o governo.

Presidente da Fifa diz que árbitro de vídeo está limpando o futebol

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse hoje (13) que o VAR é um exemplo de progresso no futebol e que não é mais possível pensar em Copa do Mundo sem a presença do árbitro de vídeo. Ele acrescentou que a tecnologia de checagem de lances polêmicos por vídeo limpou o futebol.

“O VAR não está mudando o futebol, está limpando o futebol, tornando-o mais honesto e transparente, ajudando os árbitros a tomar as decisões corretas, é um trabalho muito difícil. […] Estamos muito felizes de ter introduzido o VAR. Hoje é difícil pensar em Copa do Mundo sem VAR”, afirmou Infantino.

Ele informou que foram feitas pouco mais de 440 checagens na sala do VAR, onde um grupo de árbitros analisa as jogadas polêmicas, como marcação de pênaltis e impedimentos. De acordo com Infantino, do total de checagens, foram 19 revisões, com 16 mudanças na decisão tomada pelo árbitro no campo.

“Os resultados são extremamente claros e positivos. Isso significa mudanças de uma decisão errada para uma correta. Progresso é melhorar as coisas comparadas ao passado. Isto é progresso. É melhor do que o passado”, enfatizou o presidente da Fifa. Com o VAR, o gol em impedimento “acabou no futebol”, afirmou.

Infantino falou à imprensa na entrevista coletiva de encerramento da Copa da Rússia. As duas últimas partidas do torneio serão realizadas neste fim de semana. Amanhã (14), Inglaterra e Bélgica disputam o terceiro lugar e domingo (15) França e Croácia decidem o título.

Questionado sobre o aumento do número de seleções participantes da Copa – de 32 para 48 – a partir do Mundial de 2026, Infantino deu como exemplo o sucesso da Croácia na Copa deste ano. “Um país pequeno, ainda que rico futebolisticamente, chegou à final. Isso mostra que a qualidade está muito alta em um nível amplo. E não há nada mais poderoso para impulsionar o futebol em um país do que participar de um evento como a Copa do Mundo.” A Copa do Mundo de 2026 será disputada em três países: Estados Unidos, México e Canadá.

O presidente da Fifa disse ainda que esta tem sido “a melhor Copa do Mundo de todas” e não poupou elogios ao povo russo e ao presidente Vladmir Putin. “O futebol é agora parte do DNA russo. E [a Copa] também mudou a percepção do mundo sobre a Rússia. Cerca de 1 milhão de pessoas vieram à Rússia e descobriram um país maravilhoso e acolhedor.”

Membros do B13 gravam vídeo antes de matar adolescente do CV

A divisão de investigações Criminais (DIC) da Polícia Civil divulgou nesta quarta-feira, 4, a identidade do jovem encontrado morto na tarde de ontem, em um matagal localizado na Travessa da Alegria, no bairro Recanto dos Buritis, no Segundo Distrito de Rio Branco. Trata-se de Igor Silva, de 16 anos, morador do bairro Calafate.

O cadáver de Igor foi encontrado por populares com sinais de perfuração espalhados pelo corpo. A Polícia Militar foi acionada e isolou a área até a chegada dos peritos criminais.

Logo após a divulgação da identidade do menor pelas autoridades policiais, um vídeo de pouco mais de um minuto começou a circular nas redes sociais mostrando o jovem sendo interrogado supostamente por membros do Bonde dos 13. A suspeita é que Igor pertencesse a facção Comando Vermelho.

O bairro Recanto dos Buritis, segundo consta em investigações, é dominado pela facção Bonde dos 13 e Igor teria ido naquele bairro “telar o movimento” da facção rival com o intuito de levar informações para os membros do CV.