Crise na Venezuela é tema de reunião extraordinária dia 7 no Uruguai

O agravamento da crise na Venezuela levou à convocação de uma reunião extraordinária do Grupo de Contato Internacional, em Montevidéu, no Uruguai, na próxima quinta-feira (7). O ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, vai coordenar as discussões.

O grupo é formado pelo México, Uruguai, a União Europeia, França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia e o Reino Unido, além da Bolívia, Costa Rica, Equador e Uruguai. Os governos do México, da Bolívia e do Uruguai apóiam a gestão do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores informou que na véspera do encontro, na quarta-feira (6), haverá uma reunião com representantes do Uruguai e da Comunidade do Caribe (Caricom).

“O México participará das reuniões que ocorrem tanto no dia 6 quanto no dia 7, guiado pela intenção de construir um diálogo frutífero entre a comunidade internacional que contribua para encontrar uma saída política frente à polarização”, diz o documento.

O comunicado acrescenta que “[O] México referenda sua convicção pelo diálogo e pela diplomacia como a melhor alternativa para evitar o conflito, proteger os direitos humanos e a construção de uma paz democrática na Venezuela”.

Nos últimos dias, a crise venezuelana se acentuou com os protestos contra Maduro e o aumento do número de países que apóiam o governo interino de Juan Guaidó. Militares, antes fiéis a Maduro, declaram apoio a Guaidó.

MP pede proibição de Guaidó sair da Venezuela e bloqueio de bens

O procurador-geral da Venezuela, Tareck William Saab, pediu hoje (29) ao Tribunal Superior de Justiça (TSJ) para proibir o presidente interino Juan Guaidó de deixar o país, assim como o congelamento de suas contas bancárias e a alienação de bens. As ações cautelares serão julgadas pela Corte Suprema.

No pedido, o procurador Saab diz que Guaidó é o responsável por fatos ocorridos no último dia 22 que “prejudicaram a paz da República, a economia e o patrimônio nacional”. Segundo Saab, Guaidó será investigado por seus atos.

O promotor acrescentou que o Ministério Público também concordou em iniciar uma investigação preliminar contra Guaidó, apontado como responsável pela violência nos protestos deflagrados nos últimos dias contra o presidente Nicolás Maduro.

No último dia 23, Guaidó se autoproclamou o presidente interino da Venezuela, prometendo anistia aos militares que abandonarem Maduro, e melhorar a qualidade de vida do país, restabelecendo a democracia e a liberdade. Maduro reagiu, afirmando que ele é o presidente da República. Países, como o Brasil, os Estados Unidos e Israel se manifestaram a favor de Guaidó.

Alerta

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou para a “crescente tensão” na Venezuela. Segundo dados da entidade, 5 mil pessoas deixam o país por dia, exigindo proteção internacional. De acordo com informações da ONU, pelo menos 20 pessoas morreram supostamente atingidas enquanto participavam de protestos.

O porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, Rupert Colville, disse que as informações sobre os mortos foram transmitidas por “fontes locais credíveis”. Segundo ele, há relatos de feridos por balas, chumbo e balas de borracha.

De acordo com Colville, mais de 350 pessoas também foram detidas nos recentes protestos, incluindo 320 apenas no dia 23 de janeiro. Há também informações de invasões em algumas das áreas mais pobres de Caracas, onde pelo menos 180 protestos ocorreram ao longo da última semana.

Em 2017, os abusos de direitos graves documentados, segundo a ONU, foram de 2017, incluindo incluíram execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias generalizadas, restrições à liberdade de reunião e de expressão e ataques e ataques domiciliares indiscriminados.

Colville disse que o apelo do Alto Comissário às autoridades venezuelanas para que exercessem moderação, especialmente as forças de segurança.

Países exigem que Maduro convoque eleições na Venezuela

Os governos da Espanha, Alemanha e da França se manifestaram neste sábado(26) em favor de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela que se autoproclamou presidente interino do país em substituição a Nicolás Maduro.

Pelo Twitter, o presidente francês Emmanuel Macron declarou que a “o povo venezuelano deve decidir livremente seu futuro” e que a França pode reconhecer Guaidó como presidente enquanto não é realizadas novas eleições para resolver o impasse político na Venezuela.

Em pronunciamento oficial, o primeiro-ministro da Espanha (presidente de governo) Pedro Sánchez estabeleceu prazo de oito dias para que Maduro convoque “eleições justas, livres, transparentes e democráticas”.

Segundo a porta-voz do governo alemão, Martina Fietz, “se as eleições não forem anunciadas no prazo de oito dias, a Alemanha está pronta para reconhecer Juan Guaido como presidente interino”.

Durante a semana, a União Europeia já havia manifestado apoio às novas eleições e apoio à Assembleia Nacional da Venezuela. Brasil, Argentina, Colômbia, Canadá e Estados Unidos já reconheceram Guaidó como presidente.

Aliados de Maduro

México, Cuba, Irã, Turquia declararam apoio a Nícolas Maduro. Rússia e China divulgaram manifestações incisivas contra qualquer intromissão externa na política venezuelana.

Em Caracas, Maduro, que governa a Venezuela desde 2013, tendo sido reeleito em pleito em 2018 sob suspeição, denuncia o que chama de “golpe midiático” contra a Venezuela promovido pelos Estados Unidos. ”Há uma imensa campanha de desinformação e manipulação contra a Venezuela mais uma vez”.

Maduro diz estar disposto a conversar com Guaidó

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse hoje (25) estar disposto a encontrar com o presidente interino, Juan Guaidó, e demais líderes oposicionistas. Ele disse que está aberto ao diálogo e à negociação. Para Maduro, há um esforço da direita para derrubar seu governo de forma violenta.

Em entrevista coletiva, concedida no Palácio Miraflores, sede do governo, Maduro disse ser um “democrata” e “homem da palavra”.

“Se eu tiver que ir falar com ele [Juan Guaidó], eu estou pronto porque eu acredito na verdade, eu sou um democrata, eu sou um homem de palavra, espero que mais cedo ou mais tarde a oposição saia do caminho do extremismo e se abra ao diálogo sincero”, afirmou.

Há dois dias, Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino da Venezuela. A iniciativa obteve apoio do Brasil, dos Estados Unidos, da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), além de vários países individualmente.

O impasse na Venezuela permanece, pois Maduro não reconhece a legitimidade de Guaidó, agravando a crise política, econômica e humanitária no país.

Os Estados Unidos informaram que vão enviar US$ 20 milhões para ajudar a população.

* Com informações da Telesur, emissora multiestatal de televisão com sede em Caracas

Guaidó diz que não terá “falso diálogo” com Maduro

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino venezuelano, declarou hoje (25) que não terá nenhum “falso diálogo” com o presidente Nicolás Maduro.

Nesta sexta-feira, Maduro disse estar disposto a se encontrar com Guaidó e com os demais líderes oposicionistas. Ele disse que está aberto ao diálogo e à negociação. Em entrevista coletiva, concedida no Palácio Miraflores, sede do governo, Maduro disse que se a oposição se abrir “a um diálogo razoável, sincero e à favor dos interesses da maioria dos venezuelanos”, estará aberto a um encontro.

Guaidó participou de um ato em Caracas, onde recusou a possibilidade de conversar com Maduro. “Que o usurpador [Maduro] deixe o cargo, se estabeleça um governo de transição e tenhamos eleições livres. [Eles] creem que vamos nos cansar, que isto [os protestos] vai se desinflar. Mas aqui, nada se cansa, nem se rende”, discursou.

Há dois dias, Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino da Venezuela. A iniciativa obteve apoio do Brasil, dos Estados Unidos, da Organização das Nações Unidas (ONU), da Organização dos Estados Americanos (OEA), além de vários países individualmente.

O impasse na Venezuela permanece, pois Maduro não reconhece a legitimidade de Guaidó, agravando a crise política, econômica e humanitária no país. Nesta sexta-feira, a alta comissária da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou a violência que tem permeado os protestos organizados na Venezuela.

* Com informações da Agência Télam, agência pública de notícias da Argentina

Militares são presos na Venezuela por se rebelarem contra o governo

As Forças Armadas da Venezuela anunciaram hoje (20) a captura e prisão de um grupo de soldados que se rebelou contra o governo. Segundo os oficiais, será aplicada a “força da lei”. Em comunicado, os militares informam que os “rebeldes” eram oficiais da Guarda Nacional Bolivariana e são suspeitos de roubar um lote de armas de guerra e sequestro de quatro agentes.

De acordo com o texto oficial, o grupo era ligado ao Comando Área 43 da Guarda Nacional Bolivariana, no município de Sucre, estado de Miranda. Os homens são chamados de “assaltantes”. Para os oficiais, o grupo atuou seguindo “interesses escusos da direita extrema”.

O comunicado não menciona nomes de quem poderia estar por trás da ação. “A Força Armada Nacional Bolivariana rejeita categoricamente este tipo de ato, com toda segurança, motivado por interesses escusos da direita extrema e contrário às regras elementares da disciplina militar.”

A reação ocorre menos de uma semana depois de a Assembleia Nacional Constituinte, o Parlamento da Venezuela, que é de maioria de oposição, anunciar anistia a militares e civis que se manifestarem contrários ao governo de Nicolás Maduro.

De acordo com um comunicado das Forças Armadas, os suspeitos foram entregues na sede da Segurança Especial Unidade Waraira Repano.

Ernesto Araújo discute crise na Venezuela com opositores de Maduro

Reunião ocorre após encontro de Bolsonaro com Macri

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, reúne-se na manhã de hoje (17) com líderes de oposição e intelectuais críticos ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, além de integrantes de países do Grupo de Lima e dos Estados Unidos. O encontro será seguido de almoço no próprio Itamaraty.

A reunião ocorre no dia seguinte ao encontro do presidente Jair Bolsonaro com o da Argentina, Mauricio Macri.

Em discussão, alternativas para a crise política e econômica na Venezuela, o que tem causado desabastecimento, fuga de imigrantes e denúncias de violações aos direitos humanos. Para líderes internacionais, o governo de Maduro não tem legitimidade, pois há dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral.

Em declaração à imprensa após reunião ontem (16) com Bolsonaro, no Palácio do Planalto, Macri disse que os governos brasileiro e argentino compartilham preocupação com a situação dos venezuelanos. Segundo eles, ambos os presidentes reafirmaram posição de condenar o que classificam de “ditadura de Nicolás Maduro”.

“A comunidade internacional já se deu conta: Maduro é um ditador que busca se perpetuar no poder com eleições fictícias, encarcerando opositores e levando os venezuelanos a uma situação desesperadora”, afirmou Macri. “Reiteramos que reconhecemos a Assembleia Nacional como a única instituição legítima na Venezuela, eleita democraticamente pelo povo venezuelano”, completou.

Parlamento

Há dois dias, Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela aprovou um acordo, classificado de histórico pelos parlamentares, em que é declarada “formalmente a usurpação da Presidência da República” por Nicolás Maduro. A moção estabelece ainda a anulação de “todos os supostos atos emanados do Poder Executivo”.

A decisão foi tomada após a prisão e libertação do presidente do Parlamento venezuelano, Juan Guaidó, um dos principais opositores de Maduro.

Grupo de Lima

No começo do mês, integrantes do Grupo de Lima, com exceção do México, aprovaram uma declaração em defesa de o Parlamento da Venezuela assumir o poder, promovendo eleições imeidatas e afastando Maduro do governo.

A Turquia será a próxima Venezuela?

A Turquia de Erdogan parece caminhar para o mesmo destino da Venezuela, o caos. São países que no papel a democracia reina com eleições, direitos civis e sociais, mas a realidade é outra totalmente diferente. A Venezuela começou com Chaves e sua reforma social que perdurou até seu falecimento. No seu lugar entrou Maduro, um presidente que segura o poder corrompendo as Forças Armadas. Dezenas de militares ocupam postos chaves no poder venezuelano e em troca Maduro vai ficando contra a vontade do povo.

Erdogan garantiu sua reeleição com a concessão de crédito barato ao povo turco, o que desregrou a economia e fez crescer os déficits em conta corrente e fiscal. O mercado precifica o déficit em conta corrente em 6% do PIB e o fiscal em mais de 51% do PIB. A lira (moeda turca) já perdeu mais de 40% de valor em relação ao dólar neste ano e a tendência é de continuar a desvalorização em face do embate com o governo de Trump. Outra questão que levanta preocupação é a dívida das empresas e instituições financeiras turcas em US$142 bilhões de dólares com vencimento nos próximos 12 meses para uma reserva internacional de US$100 bilhões de reais.

Os europeus são detentores de grande parte dos créditos da dívida por meio do sistema financeiro e um colapso da lira criará distorções nos bancos do velho continente. Monica De Bolle, economista e pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, professora da Sais/Johns Hopkins University, afirma que como “Boa parte dos credores do país são bancos europeus, o que traz à tona o grande drama da crise atual: caso a Turquia não pague o que deve nos próximos meses sofrerá o setor bancário europeu, ainda frágil. Como se tal drama não bastasse, há ainda o forte componente geopolítico da crise turca. Há poucos dias deflagrou-se intensa crise entre Ancara e Washington após a detenção de um pastor evangélico da Carolina do Sul pelo governo turco e a imposição de sanções econômicas pelo governo Trump. Mais do que uma perturbação adicional para os investidores já assustados com a situação econômica da Turquia, o embate entre Trump e Erdogan tem boa chance de elevar as tensões entre os EUA e a União Europeia – afinal, a guerra comercial dos dois lados do Atlântico ainda não cessou, tampouco parece próxima do fim. No caso específico da Turquia e ante a exposição do sistema financeiro europeu, tudo o que a Europa não quer é um agravamento da situação econômica do país. Isso, entretanto, é exatamente o que o governo norte-americano está a fazer ao impor as sanções, sem que seja necessário entrar no mérito da questão. Para complicar ainda mais o enredo, com a Turquia sob sanções poucas são as chances de que receba ajuda financeira do FMI caso queira recorrer à instituição como fez a Argentina recentemente. Afinal, para tanto precisaria o governo turco do aval do governo Trump – e os EUA detém poder de veto na estrutura de governança do FMI. Diante do acima exposto, é possível afirmar algumas coisas sobre a crise turca. Primeiramente, ao contrário da crise argentina, ela é sistêmica – isto é, os problemas turcos não são apenas turcos, mas têm o potencial de atingir bancos europeus. Essa característica da crise turca a torna mais perigosa e aumenta o potencial de que cause turbulências severas e prolongadas nos ativos de outros mercados emergentes, como estamos a ver acontecer no Brasil. Em segundo lugar, a crise turca pode aumentar muito as dúvidas sobre a estabilidade econômica mundial na medida em que se mostre capaz de gerar mais estridências nas relações entre os EUA e a União Europeia. Tais dúvidas elevam o grau de aversão ao risco dos investidores, ou seja, amplificam os temores em relação ao valor dos ativos de países emergentes. Por fim, ao contrário do que demonstrou o governo argentino, Erdogan não parece ter a menor intenção de tomar as medidas necessárias para conter a crise que assola seu país. Em declarações recentes, negou a necessidade de elevar as taxas de juros – em tempo, o ministro da Fazenda é seu genro – e disse que ‘a lira está sendo atacada por agentes externos’ e que há uma ‘guerra econômica contra Ancara’. O máximo que o presidente permitiu que se fizesse foi um relaxamento dos depósitos compulsórios dos bancos para aumentar a liquidez em circulação, o que quase não pode ser chamado de medida paliativa.”

Com Erdogan na condução das políticas monetária e fiscal, sem um Banco Central independente e dois presidentes que gostam da briga e do ego, fica difícil uma resolução rápida da crise. A taxa de juros está em 17,75% ao ano, inflação em 15,85% e o desemprego em 9,70%, manter o ego não será um bom caminho para Erdogan. Como Maduro, o presidente turco possui as Forças Armadas na mão e pode manter seu poder sem sobressalto, já que a depreciação da lira não chegou totalmente ao mercado local. A desvalorização da lira que chegou a R$7,02 no último dia 13, terminou a semana em R$5,85, dando certo alívio quando comparado com o valor de R$4,93 em 31 de julho passado.

O medo do contágio nos demais países emergentes obrigou a Argentina a aumentar os juros de 40% para 45% ao ano na semana passada e o peso argentino chegou a $31,14 por dólar no último dia 13. No mesmo dia o real chegou a R$3,91 por dólar, mantendo-se a taxa Selic no mesmo patamar. O Brasil não sente o problema da Turquia por possuir mais de US$380 bilhões de dólares em reservas internacionais, todavia, o lado fiscal, como sabemos, enfrenta dificuldades e a responsabilidade de equalizar a questão ficará com o futuro governo em 2019. Para Erdogan fica a pintura atual da Venezuela com 82.766,00% de inflação, o dólar valendo $248.550,00 bolívares (16/08/2018) e um PIB de (-13,20%). A Turquia será a próxima Venezuela?


Marco Antonio Mourão de Oliveira, 42, é advogado, especialista em Direito Tributário pela Universidade de Uberaba-MG e Finanças pela Fundação Dom Cabral-MG.

Suspensão da Venezuela pode ser discutida na OEA

A Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) começa nesta segunda-feira (4), tendo como principal tema será a crise na Venezuela. Os estados-membros da OEA deverão apresentar um projeto de resolução para ser votado durante a reunião, mas o texto ainda está em negociação. Outro tema que pode ser abordado é a suspensão do país da organização, já que a Carta Democrática Interamericana prevê essa possibilidade em caso de ruptura democrática.

Segundo o embaixador José Luiz Machado e Costa, representante permanente do Brasil junto à OEA, “a carta democrática contempla, no Artigo 21, a suspensão. Ou seja, não está descartado que isso vá ocorrer”.

O que também está em discussão é o conteúdo da resolução que será apresentada para votação na assembleia. O texto deve condenar as recentes eleições na Venezuela, quando o presidente Nicolás Maduro foi reeleito. Segundo o embaixador, essas eleições “carecem de legitimidade e credibilidade”. Também deverão ser abordadas questões como a dos presos políticos e a da ajuda humanitária. Os países devem pedir que as autoridades venezuelanas permitam acesso da ajuda ao país.

Nicarágua

Já o tema da violência da Nicarágua não deve ser o foco agora. Ele não consta da pauta da assembleia, ainda que possa vir a ser levantado por algum país durante a reunião.

“O Conselho Permanente tem estado atento aos desenvolvimentos na Nicarágua, os países, individualmente, têm emitido notas a respeito da situação – o Brasil mesmo emitiu uma nota exortando ao diálogo e solicitando ao governo que procure resolver o assunto sem o recurso da violência, mas, até o momento, não está na agenda da organização o tratamento da questão da Nicarágua”, afirmou o embaixador. Ele fez a ressalva de que o tema deve ser tratado com profundidade pela OEA depois da Assembleia Geral.

Órgão superior da OEA, a Assembleia Geral conta com representação de todos os estados-membros da organização e se reúne anualmente, mas, em circunstâncias especiais, pode haver reuniões extraordinárias.

Maduro é reeleito em eleição questionada pela oposição

Presidente da Venezuela desde 2013, Nicolás Maduro, de 55 anos, é reeleito para mais seis anos de mandato, em uma eleição duramente criticada pela oposição e com elevado índice de abstenção. De acordo com a imprensa oficial, ele obteve 67,7% dos votos, enquanto o segundo colocado Henri Falcón conseguiu 21,1%.

Em entrevista coletiva na noite de ontem (20), Falcón disse desconhecer o resultado das eleições. Segundo ele, são necessárias novas eleições, pois houve uma “violação” do acordo pré-eleitoral. Há informações, não confirmadas oficialmente, de que o índice de abstenção nas eleições foi superior a 70%.

“Não reconhecemos este processo eleitoral como válido”, disse Falcón. “Para nós não houve eleições, é preciso fazer novas eleições na Venezuela, não é uma colocação que viemos fazer, viemos fazer exigências.”

Diálogo

Maduro chamou os candidatos derrotados e as lideranças que promoveram a campanha em favor da abstenção para um diálogo. “Henri Falcón, Javier Bertucci e todos os líderes da oposição, [apelo para ] que nos reunamos, nos encontremos e falemos da Venezuela, convido-os aqui e assumo a responsabilidade deste chamado”, disse.

A Prensa Latina, agência oficial de notícias da Venezuela, e a Telesur, emissora oficial de televisão do país, informaram que 92% das urnas, em que 5.823.728 eleitores votaram, foram apuradas. As informações são atribuídas à presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, ligada ao governo.

Pressão

Ontem (20), as votações ocorreram em 14.638 centros de votação em todo o país. Há informações de que os eleitores que resistiam a votar, marcando um elevado índice de abstenção, eram pressionados por grupos armados a comparecer aos locais de votação.

Em entrevistas coletivas, Maduro criticou a imprensa internacional, afirmando que havia uma campanha para difamá-lo. Ao final, ao fazer um balanço parcial sobre as eleições,afirmou que foi executado um Plano Nacional para controlar “pequenas irregularidades”. Não relatou quais foram essas ocorrências.

Legalidade

A presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, ressaltou que mais de 150 representantes de organismos internacionais acompanharam a “transparência e legitimidade” das eleições e dos conselhos legislativos. Na relação desses representantes estão o ex-ministro da Espanha José Luis Rodríguez e o ex-presidente do Equador Rafael Correa, ambos simpatizantes de Maduro.

O processo eleitoral foi acompanhado por forte esquema de segurança, com 300 mil homens da Força Armada Nacional Bolivariana, além do apoio de seguranças e funcionários públicos.

Vinte milhões de venezuelanos vão às urnas neste domingo

Três candidatos enfrentam Maduro em disputa pela Presidência

Vinte milhões de eleitores foram convocados às urnas, neste domingo (20), para escolher quem governará a Venezuela durante os próximos seis anos. Apesar da grave crise (marcada pela hiperinflação, o desabastecimento e o êxodo de milhares de venezuelanos), o atual presidente, Nicolás Maduro, está confiante na reeleição – até porque a oposição está dividida, e seus principais rivais políticos foram presos, exilados ou proibidos de se candidatar.

Já quem quer uma mudança terá que decidir entre votar em um dos candidatos, que disputam a Presidência com Maduro, ou aderir ao boicote, proposto pelos principais partidos opositores.

Dos três candidatos que disputam com Maduro, apenas um – Henri Falcón – tem chances de derrotá-lo. O ex-governador, de 56 anos, já pertenceu ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), no poder há 18 anos, antes de passar para a oposição. Mas ele se opôs à decisão da maioria dos partidos opositores, que integram a frente Mesa de Unidade Democrática (MUD), de fazer campanha pela abstenção.

Falcón lançou a sua própria candidatura, na esperança de obter o apoio dos milhares de venezuelanos descontentes, que há anos fazem filas quilométricas nas portas de supermercados vazios e sentem que seu dinheiro vale cada vez menos. Segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação venezuelana este ano pode chegar a 13 mil por cento.

“Nosso governo vai respeitar os Direitos Humanos, e mudaremos a Venezuela com o voto, não com a abstenção”, disse Falcón durante a campanha. Ele argumentou que ditaduras como a chilena, de Augusto Pinochet (1973-1990), e a espanhola, de Francisco Franco (1939-1975), que tiveram fim via eleições.

Além de Maduro e de Henri Falcón (Avançada Progressista), disputam o cargo Reinaldo Quijada (Unidade Política Popular 89) e o pastor Javier Bertucci (Esperança pela Mudança).

Muitos outros opositores – entre eles, os mais moderados, como Henrique Capriles – lembram que já tentaram derrotar Maduro nas urnas. E que, apesar de terem conquistado a maioria parlamentar em 2015, o governo nunca os deixou legislar. No ano passado, a Suprema Corte decidiu que o Parlamento não tinha legitimidade porque deu posse a três deputados cuja eleição tinha sido questionada, fato que abriu uma grave crise política no país.

Segundo esses lideres da oposição, participar das eleições seria legitimar uma fraude.

Pressão internacional

A Venezuela enfrentou novas pressões internacionais às vésperas das eleições. O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, reafirmou que não vai aceitar o resultado das eleições deste domingo. “Temos conhecimento de um plano do regime de Maduro, que está em andamento desde o final do ano passado, de dar cédulas de identidade a cidadãos colombianos e transportá-los para votar nas eleições do dia 20”, afirmou Santos.

O presidente do Chile, Sebastian Piñera, usou sua conta Twitter no sábado (19) para acusar Maduro de “causar tanta dor e sofrimento ao seu povo,” e de se “aferrar ao poder”.

Os Estados Unidos já tinham pedido a Maduro que suspendesse as eleições. Na sexta-feira (18), o Departamento do Tesouro norte-americano anunciou sanções econômicas contra o constituinte Diosdado Cabello – um dos homens mais influentes do governo.

A presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, Tibsay Lucena, disse que tudo estava pronto para a eleição deste domingo e criticou duramente “os ataques” da comunidade internacional ao processo eleitoral da Venezuela.

Na segunda-feira (21), os chanceleres do G-20 (grupo das vinte maiores economias do mundo) se reunirão em Buenos Aires. Os resultados das eleições venezuelanas devem ser discutidos, apesar de não fazerem parte da agenda.

As opiniões estão divididas. O anfitrião, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, é um duro crítico do governo da Venezuela. Maduro recebeu o apoio do presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, que, como ele, tem sido alvo de críticas internacionais.

Maduro pede prisão para quem recebeu propinas da Odebrecht na Venezuela

Opresidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu neste domingo (12) ao Ministério Público e ao Poder Judiciário do país que prenda as pessoas que receberam propinas da construtora Odebrecht na Venezuela. “Dou todo meu apoio para que façam justiça no caso da Odebrecht e mandem para a prisão as pessoas que receberam subornos”, afirmou o presidente em um evento por ocasião do Dia da Juventude na Venezuela. As informações são da Agência France-Presse (AFP).

Maduro anunciou, além disso, que na próxima quarta-feira iniciará a “Missão Justiça Socialista”, um programa governamental para combater a corrupção e a criminalidade.

“Os corruptos que fogem desse país vão para os ‘United States’ e se declaram perseguidos políticos. E começam a colaborar com as agências dos Estados Unidos, por isso não se pode deixar escapar um único corrupto”, acrescentou Maduro.

Ele reiterou que seu governo terminará todas as obras da construtora brasileira. “Não quero mais atrasos, tenho os recursos para retomar de maneira acelerada todas as obras”, enfatizou.

A Promotoria venezuelana confirmou em janeiro que pediu informações sobre o caso Odebrecht ao Ministério Público brasileiro e solicitou uma ordem de prisão internacional contra uma pessoa não identificada e supostamente vinculada ao escândalo. Por sua parte, o Parlamento venezuelano – de maioria oposicionista – aprovou na semana passada a investigação do caso. E a Comissão de Controladoria do país intimou para esta semana os representantes legais da empresa na Venezuela.

De acordo com declarações do ex-presidente da construtora, Marcelo Odebrecht, que está preso, a Venezuela é o segundo país da América Latina em que sua empresa mais pagou propinas (98 milhões de dólares), ficando atrás apenas do Brasil.