Prefeitura esclarece retirada da feira de Economia Solidária do Novo Mercado Velho

A feira de Economia Solidária instalada no calçadão do Novo Mercado Velho é point de encontro de jovens e famílias inteiras que aproveitam o local para diversão. Pensando no bem estar desse público, a prefeitura de Rio Branco vai fazer o ordenamento do uso do espaço público, com base no plano diretor, no código de postura e na legislação municipal.

Por esse motivo, a feira deverá ser instalada no Calçadão da Gameleira. Sobre o assunto, a prefeita da Capital, Socorro Neri, explicou os motivos da medida, com exclusividade para o JORNAL OPINIÃO.

“Nós começamos no final do ano passado o processo de revitalização dessa área mais central da cidade. Fizemos manutenção das praças e o restabelecimento da iluminação pública dessa região. Além de proporcionar atividades culturais. A partir daí, as famílias voltaram a frequentar esse espaço”, relembrou.

Foi aí que a prefeitura começou a ser muito cobrada pela própria população a respeito da ocupação desordenada do Novo Mercado Velho. “É obrigação e papel da prefeitura fazer o reordenamento daquela área. A princípio será ali no Calçadão da Gameleira, os comerciantes serão instalados lá aos sábados e domingos, durante todo o período da reforma”, adiantou a prefeita.

Após esse período a prefeitura vai definir os espaços e ocupação de modo que a cidade de Rio Branco siga crescendo e se desenvolvendo garantindo espaço de convivência para a população.

Ao todo 328 comerciantes atuam na feira.

A medida pode parecer nova, mas em outras cidades brasileiras esse tipo de reordenamento dos espaços públicos é muito comum e utilizado inclusive, como potencializado do turismo local.

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Calçadão da Benjamim Constant

Durante a entrevista, Socorro Neri também falou do Calçadão da Benjamim Constant. Que também enfrenta problemas de ordenamento. De acordo com a prefeita, já existe a seleção dos permissionários que sairão dali para o se instalar no Shopping Popular.

“Nem todos irão. O Shopping não terá capacidade de atender a todos. No futuro haverá a necessidade de reorganizar aquele espaço, mas é uma preocupação que estamos administrando. A medida que a construção do Shopping segue em cronograma com previsão de inauguração em outubro”, adiantou Socorro.

Após a inauguração do Shopping, a área do Calçadão estará mais liberada. “Nós poderemos fazer uma urbanização naquele espaço para que as pessoas frequentem o Mercado Elias Mansour ou Aziz Abucater com muito mais condições, segurança e tranquilidade”, comentou a prefeita.

Ainda sobre a polêmica, Socorro Neri destaca que as pessoas compreendem que no momento de crise, caberia a prefeitura permitir que qualquer pessoas pudesse instalar uma banca ou um box em qualquer área da cidade.

“Mas, não é assim que acontece. A cidade tem uma legislação própria para o seu ordenamento e sua ocupação e a lei precisa ser cumprida. O que nós estamos fazendo é apontar outras possibilidades. Sempre tem aqueles que apresentam uma resistência. Mas, para ser justa com todos é necessário que legislação seja cumprida e é isso que estamos fazendo”, concluiu a prefeita.

Novo Mercado Velho: alimentação, compras e entretenimento

Erguido às margens do Rio Acre no Centro de Rio Branco há 89 anos, como primeiro Mercado Municipal de Rio Branco, o Novo Mercado Velho, continua sendo um dos locais mais frequentados pelos riobranqueses para as refeições, compras, e para entretenimento e lazer. É também ponto de visita de turistas, que encontram por lá ervas e garrafadas, artesanato indígena e não indígena e a bela arquitetura da primeira edificação feita em alvenaria no Acre, na década de 20 do século passado, que convida para belas fotos.

O Mercado já passou por várias fases ao longo de mais de oito décadas. Foi exclusivo de venda de produtos agrícolas, quando os produtores das “colônias” vendiam lá verduras, macaxeira, pequenos animais e carne. Nesse período era chamado ainda de Mercado Municipal.

Com a abertura de novos pólos na cidade, como o Mercado dos Colonos e o Elias Mansur – que passou a ser chamado de Mercado Novo, o Mercado Municipal começou a ser apelidado de Mercado Velho. Os itens agrícolas deram lugar à venda de “miudezas”, vestuário, itens de pesca e aviação para costura, além de contar com serviços como consertos de joias. Becos, vielas e puxadinhos de madeira descaracterizaram o espaço.

Em 2006, depois da reforma e revitalização feita pelo então governador Jorge Viana, o nome passou a ser Novo Mercado Velho, que tem uma requisitada praça de alimentação com pratos locais deliciosos como a galinha caipira e costela de tambaqui assado. É ponto de encontro no fim da tarde e noite, quando o local fica cheio de gente sentada em mesas às margens do Rio Acre. A brisa e o Rio Acre éum cenário convidativo para ficar horas e horas por ali. No local também é possível encontrar tiras gostos variados, como macaxeira frita e caldo de tucupi.

O historiador Marcos Vinícius das Neves conta que o Mercado Velho é muito importante na história do Acre e na formação de Rio Branco. Segundo ele em 1926, no governo Hugo Carneiro, havia a desconfiança de que o solo não suportaria uma construção em madeira, ainda mais na margem do Rio Acre. “Mas Hugo Carneiro mandou construir o então Mercado Municipal e ficou provado que grandes construções em alvenaria poderiam sim ser feitas no centro da cidade e a partir daí surgiram o quartel da Policia Militar e o Palácio Rio Branco e as pessoas também passaram a construir casas de alvenaria, o que foi modificando o cenário de Rio Branco”, relata ele.

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‘Comida é muito boa e o preço também’

É hábito de quem trabalha ou passa pelo Centro de Rio Branco, tomar café e almoçar no Novo Mercado Velho. Pela manhã, a baixaria, tapiocas, na hora do almoço, galinha caipira e tambaqui são os destaques, além de vários outas opções. E a noite é a vez dos tira gostos.

Mas é na hora do almoço que o público mais procura pela comida do Mercado, que conta com serviço de self servisse, mas o famoso PF, o prato feito, é a maior pedida. As pensões têm cardápio variado e os preços variam entre R$ 10 e R$ 18.

Gerente de banco no Centro, Manuel Santiago, almoça no Mercado com a esposa, que também é bancária e diz que “a comida é boa e barata, parece tempero de mãe, é comida caseira de verdade”, cita ele. As amigas Talita e Fram também almoçam no local e dizem que “a galinha caipora com pirão é a melhor pedida mesmo, mas o filé de pirarucu é um sonho de bom.

A maioria dos empreendimentos do Mercado é de famílias que trabalham juntas. E é com a venda de cerca de 80 refeições por dia no Mercado, que Ângela Amaral, permissionária há 18 anos no local, mantém a casa, já pagou terreno e carro e arrumou a casa como queria. Ela diz que trabalha muito, mas gosta de atuar no Mercado o segredo da comida “é o carinho”.

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Gestão da Prefeitura de Rio Branco

São dez os mercados sob gestão da prefeitura, que garante o transporte de produção agrícola, limpeza, manutenção de energia elétrica e água e vigias. A gestão dos mercados municipais é feita por meio da secretaria de Floresta e Agricultura – SAFRA, que mantem equipe com mais de 150 servidores nos mercados.

A nova estrutura do Mercado Velho e a gestão da prefeitura de Rio Branco, segundo a permissionária D. Nazira Mamed, deram vida nova para o lugar onde ela trabalha desde 1970 com a venda de comida e bebidas. “Sou do tempo em que havia ratos aqui andando por aqui toda hora, que tinham aquelas bibocas de madeira, do lixo tomando o barranco. Agora isso aqui está o céu”.

Comércio no mercado

Garrafadas, ervas, artesanato e biojóias são vendidos no Mercado, tanto para moradores locais, quanto para turistas. Para a saúde do homem e da mulher, Dr. Raiz, dono de um dos boxes mais procurados do Mercado, garante que tem os preparados certos, que reúnem mais de 18 tipos de ervas, como crajirú, sucuba, jucá e marapuama. “Minhas garrafadas e ervas já foram levadas para vários lugares do mundo por turistas que passam por aqui”, conta ele.

O artesanato indígena também faz sucesso. Raimunda Mawapey, do povo Kaxinawa do Jordão, conta que a renda da venda dos produtos, melhora a vida dos povos indígenas, que deixam as peças para a venda no Mercado. “As vendas garantem renda e autonomia para as mulheres indígenas que fazem as peças”.

Turistas não faltam no local. Depois de comer um peixe filhote na praça de alimentação no Mercado, as peruanas Sônia Salvatierra e Gicela Kisper, que vieram de de Ayacucho, firam comprar artesanato para levar para os amigos. Ficaram encantadas com itens feitos com fibras do buriti. “Muito bom aqui no Mercado: comemos bem e compramos coisas para nós e para dar de presente para parentes e amigos”.

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