Existem no Acre 32 estabelecimentos de venda de bicicletas no varejo, número que só ganha do Estado do Amapá, que tem 69 varejistas. Apesar desse número ser o segundo menor do País, a remuneração média no comércio varejista de bicicletas, peças e acessórios, em 2016, era de R$ 1.279,05, a 8ª maior do País. No País, naquele ano, a remuneração média chegou a 1.245,00, e a massa salarial total em 2016 somou R$ 205.998.144. A maior renda foi registrada no Estado de Santa Catarina, onde a média no comércio varejista, em dezembro de 2016, era de R$ 1.540,47. Já o maior montante em termos de massa salarial, devido à própria concentração de estabelecimentos nesse Estado, foi registrado em São Paulo, onde atingiu a marca de R$ 51.507.591,72, o que representa 25% de toda a massa salarial neste ramo do comércio no país. Em salários, o varejo do Acre pagou quase R$1,5 milhão no período.
Esses dados curiosos constam de um estudo que pretende atender a demanda crescente de informações sobre o mercado de bicicletas e os benefícios do seu uso para sociedade. O Laboratório de Mobilidade Sustentável (LABMOB/UFRJ) e a Aliança Bike apresentaram nesta última semana de maio de 2018, os resultados do estudo desenvolvido para mapear e monetizar a Economia da Bicicleta no Brasil, definida também pela ideia de um Complexo Econômico da Bicicleta. O objetivo deste trabalho foi sistematizar e analisar os dados coletados a partir do desenvolvimento de um arcabouço metodológico próprio, definindo um conjunto de indicadores que fosse representativo da “Economia da Bicicleta” no Brasil.
A Economia da Bicicleta no Brasil engloba cinco grandes dimensões: a da Cadeia Produtiva, composta de temáticas que envolvem desde a fabricação das bicicletas e de peças à importação e exportação, passando também por serviços como os da comercialização, dos reparos e do aluguel; Políticas Públicas, caracterizando a participação econômica da infraestrutura cicloviária e da provisão de bicicletas em serviços públicos e de bicicletários públicos e privados; Transporte, dimensão que representa o modo como a bicicleta é utilizada tanto para fins pessoais como para fins comerciais, a exemplo da Ciclologística; das Atividades Afins, nas quais a bicicleta seria objeto da atividade de pesquisa e inovação, de ações promotoras da mobilidade por bicicleta (Cicloativismo), de ações empreendedoras e de cunho desportivo; e, por fim, a dos Benefícios, na qual a bicicleta tem influência direta e indireta no clima e energia (especialmente na qualidade do ar) e na saúde pública.
O estudo mostrou que em 2016 a malha cicloviária de Rio Branco era de 178 quilômetros, extensão que põe a capital do Acre entre as maiores do País. Apesar de estarem em fase de degradação, as ciclovias de Rio Branco confirmam, através da pesquisa da UFRJ e da Aliança Bike que há sim grande importância econômica nesse modal de mobilidade social –inclusive econômica: a cidade já investiu, de acordo com o estudo, R$37,4 milhões em ciclovias, configurando-se na capital líder do ranking de investimentos nesse sistema com R$111,42 de gasto per capita. O investimento de Manaus, que tem seis vezes a população de Rio Branco, é de apenas R$2,39 per capita.