“Quando a gente entra para a vida pública deve estar preparado para todos os desafios que se apresentem na nossa frente”. A frase que dá início a esse texto é do presidente da Câmara de Vereadores de Senador Guiomard, Jucimar Pessoa de Souza, o Gilson da Funerária (Progressistas), ao ser perguntado sobre a possibilidade de assumir a prefeitura da cidade.
Gilson deve substituir o capitão aposentado da Polícia Militar, Judson da Silva (PPS), que exercia o cargo interinamente em substituição a André Maia (PSD) que se encontra preso por determinação da Justiça Federal acusado da prática de diversos crimes.
A legislação vigente prevê que, no caso de ausência do prefeito e de seu vice, o cargo de gestor deve ser assumido pelo presidente da Câmara Municipal, no caso, Gilson da Funerária.
Judson, o vice-prefeito, renunciou no último sábado. Naquele dia, ele enviou uma carta ao presidente da Câmara informando de sua decisão, a qual considerou “irrecorrível e irretratável”. No documento, ele apresenta motivos pessoais como justificativa para seu ato.
Garante que se trata de uma decisão “pensada e maturada em família, haja vista a dificuldade de adaptação aos processos que regem a vida política, o que gera desgastes físicos e emocionais e não está atrelada a quaisquer fatos ou circunstâncias relacionadas a administração pública ou pessoas”.
Gilson da Funerária disse saber serem sinceras as justificativas de Judson. Garante que há muito tempo o vice-prefeito vinha queixando-se das dificuldades de administrar a vida pública em detrimento dos compromissos assumidos em sua vida privada como empresário e com a vida pessoa.
Pente fino nas contas e atos da gestão André Maia
Gilson da Funerária disse estar pronto para dar o melhor de si para cumprir a missão de administrar a prefeitura de Senador Guiomard e garantiu que sua primeira ação será o de levar os técnicos do Tribunal de Conta do Estado (TCE) e da Polícia Federal para o que chamou de “varredura” nos documentos e contas da gestão de André Maia.
“Precisamos começar com pé-direito sabendo exatamente com o que estamos lidando”, disse Gilson. “O que ficou para trás será investigado devidamente, o que vem para frente vamos fazer a partir de agora.”
Medidas emergenciais
No início da tarde desta segunda-feira, Gilson da Funerária usou o seu perfil no Facebook para anunciar as medidas emergenciais que tomará no cargo de prefeito de Senador Guiomard.
Como dito acima, a primeira medida será abrir “as portas da Prefeitura para a Polícia Federal, Ministério Público, Tribunal de Contas para auditoria dos atos que entenderem pertinentes”. Em seguida, Gilson garante dar publicidade total de todos os atos do município. “Chega de termos um Portal de Transparência que não funciona, tudo meu é transparente. Qualquer pessoa poderá acompanhar os atos e, se me acusar de algo, terá que provar. Não sou ladrão”, alerta.
O passo seguinte, garante o novo gestor, será compor “uma equipe enxuta e reduzir a máquina de secretários, cargos e funções gratificadas (FGs).
“Chega de gente sem trabalhar e recebendo.”
Adiante, Gilson promete promover a limpeza da cidade com retirada de entulho e do lixo doméstico.
No quinto item, prometeu suspender todas as licitações suspeitas e disse que não haverá contrato fraudulento n sua gestão. Nos itens seis e sete, promete buscar melhorias para a iluminação pública e cuidar das escolas para o início ano letivo e do transporte dos universitários.
Amac pronta para dar o apoio técnico
A nova presidente da Associação dos Municípios do Acre, a prefeita de Rio Branco Socorro Neri, disse ter tomado conhecimento dos problemas políticos que Senador Guiomard vem enfrentando nos últimos meses. Diante disso, afirmou que o corpo técnico da associação está à disposição da nova administração.
“A função da Amac, nesse caso, será apoiar a nova administração com o nosso corpo técnico. Mas é bom que fique claro que esse apoio é para a prefeitura, para a municipalidade, não para o gestor”, esclareceu Neri.
Socorro Nery tomou posse na Amac nesta segunda-feira, 07, em substituição à prefeita de Tarauacá, Marileide Serafim. Seu mandato será de dois anos.
André Maia continua preso
O prefeito da cidade, André Maia, continua afastado e preso. A prisão dele se deu em 13 dezembro durante os desdobramentos da Operação Sarcófago, realizada pela Polícia Federal (PF). Junto com o secretário de finanças, Deusdete Cruz, que é tio do prefeito, e o pregoeiro do município Estácio parente, Maia é acusado do desvio de R$ 5 milhões de recursos públicos.
No último dia 3, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Felix Fischer, negou o habeas-corpus impetrado por seus advogados. Outro pedido já havia sido negado em 21 de dezembro em âmbito estadual. A decisão foi do desembargador Laudivon Nogueira, do Tribunal de Justiça do Acre, que justificou sua decisão afirmando que os acusados poderiam atrapalhar as investigações caso ganhassem a liberdade.