Asemana passada foi repleta de notícias de alta tensão, das mais diversas, que movimentaram o mundo. O encontro do presidente Trump com o ditador Kim em Cingapura; o aumento dos juros americanos; o anúncio pelo BCE do fim do estímulo econômico proporcionado ao mercado europeu; a guerra política interna entre o governo Temer, as confederações de classes e os caminhoneiros quanto à publicação da tabela de fretes; o plano cambial do BCB para estancar a alta do dólar, que no curto espaço de tempo foi vitorioso, e a revogação pela Prefeitura de Rio Branco do decreto que aumentou a passagem de ônibus, agitaram a semana nos planos mundial, nacional e local.
Trump encontrou Kim em Cingapura para discutir as bombas atômicas que a Coreia do Norte afirma ter. O evento único no mundo neste século lembra o encontro dos ex-presidentes Reagan e Gorbachev, quando depois de décadas de guerra fria, o mundo viu em tese a paz reinar. O atual presidente americano que até alguns meses atrás falava em acabar com a Coreia do Norte, mudou a percepção e passou a visualizar a industrialização do país, além do turismo e das redes de hotéis, empreendimentos que Trump entende.
O resultado do encontro foi o compromisso descompromissado de Kim em implantar o desarmamento nuclear nos próximos anos, sem, contudo, saber quando deverá começar, e do lado de Trump o compromisso imediato de retirar a frota militar, além do fim dos exercícios com a Coreia do Sul e o Japão. Deixar Kim com seu arsenal nuclear e sem uma frota militar próxima dos parceiros americanos, só faz crescer a tensão e o medo dos aliados, mas talvez Trump buscasse apenas abrir um canal direto com o ditador, esfriando o debate.
Do lado econômico tivemos o Fed aumentando os juros dos títulos públicos americanos, o que levou a valorização mundial do dólar e a desvalorização do real, chegando bem perto dos R$4,00. Com isso, as dívidas dos entes públicos (Acre também) e das empresas privadas tendem a aumentar, encarecendo o custo final da dívida.
O Banco Central Europeu (BCE) manteve até dezembro a política de estímulo monetário. Como o BCE compra mensalmente bilhões de títulos públicos e privados, o mercado recebe toneladas de euros que são direcionados aos mais diversos investimentos, lastreados ou não, líquidos ou não, prorrogando a onda de liquidez europeia. A farra do dinheiro, pelo menos na Europa, vai continuar por mais seis meses.
Já no Brasil, terra querida, o nosso presidente não sabe como cumprir com a promessa feita aos caminhoneiros de refundar a SUNAB e tabelar o preço do frete. A idade pode ter sido um problema para Temer. A fim de acabar com a greve dos caminhoneiros, o governo aceitou os dissabores impostos pelos grevistas quanto ao tabelamento do frente. Tal ação desagradou o setor produtivo ao ponto de informarem que o tabelamento pode encarecer o frete em 150% e o custo será pago pelo consumidor. Como não aceitam o preço tabelado da nova SUNAB, a produção fica nos silos e nas fábricas.
A greve acabou, mas a medida adotada pelo setor produtivo demonstra que a greve não acabou. O que mudou foi à forma como ela acontece, já que agora temos os caminhões prontos para rodar, mas não saem por não terem mercadorias. No final, como sempre, todos nós perdemos e os caminhoneiros que desejavam baixar o preço do diesel, ficaram sem frete e sem poder abastecer o tanque.
No plano cambial, com a desvalorização do real e a valorização do dólar, o Banco Central do Brasil (BCB) tratou de mostrar seu arsenal para estancar o aumento do dólar, oferecendo ao mercado financeiro mais de US$25 bilhões de dólares em swaps cambiais. A ação foi conjugada com o Tesouro Nacional na compra dos títulos públicos federais. O resultado foi à valorização do real que fechou sexta-feira em R$3,7732 (Dólar PTAX – 15/06/18). A artilharia do BCB na visão dos analistas financeiros será apenas paliativa e de curto prazo, pois o mercado precificou a decisão do Federal Reserva (Fed) e passou a levar em consideração o resultado da eleição como maior fator cambial.
No ambiente local, a celeuma da tarifa de ônibus de Rio Branco que subiu, depois não subiu e ficou tudo na mesma, foi o evento mais importante da semana. O sistema que encontrou uma tarifa de R$4,00 só pode ser irracional. Como não houve publicidade do estudo que conseguiu encontrar o novo valor, revogou-se o mesmo a fim de permitir a publicidade, mas pelo que parece depois do prazo dado tudo voltará como antes, ou seja, aos R$4,00. Ter um conselho onde não existe nenhum representante do povo é o mesmo que colocar o linguiça (cachorro do desenho Lele e Linguiça) tomando conta da carne do churrasco. Todavia, se o sistema da prefeitura é dessa forma, ou seja, sem representação popular, deve ser por um motivo coerente.
Por fim, dizem no Brasil que não importam as mazelas, as dificuldades e as tristezas em ano de Copa do Mundo, tudo vira esquecimento. Hoje é dia de jogo da seleção brasileira, oportunidade dos nossos jogadores de mostrarem que o passado tenebroso daquele placar que nem ouso enumerar já ficou, realmente, no passado. Chegou o momento de mostrar a força do nosso futebol, da história de nossa seleção, do suor dos homens que vestiram a camisa canarinho no passado distante quando o futebol não era um meio para o enriquecimento relâmpago. Devemos ser temidos. Que venha o hexacampeonato!!!!
Marco Antonio Mourão de Oliveira, 42, é advogado, especialista em Direito Tributário pela Universidade de Uberaba-MG e Finanças pela Fundação Dom Cabral-MG.