Reivindicações justas

Após quatro rodadas de negociações, os bancários aguardam neste dia 1º de agosto, durante a quinta jornada com a Fenaban, entidade patronal, uma proposta global que venha a atender as reivindicações da categoria nesta campanha salarial.

O setor produtivo que mais lucra no país é também um dos que mais corta postos de trabalho. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), de janeiro de 2012 a junho de 2018, o setor bancário eliminou 57.045 postos de trabalho, o que representou, neste período, uma redução de 11,5% na categoria.

O Comando Nacional dos Bancários durante essa campanha salarial tem defendido o emprego como a principal bandeira de luta e diariamente apresenta à sociedade dados da rentabilidade do setor financeiro, que teve variação real positiva de 12% entre 2012 e 2017. Ou seja, os bancários querem mostrar à sociedade, através dos dados, que as reivindicações da categoria (emprego, reajuste da inflação + 5% de ganho real, saúde bancária, fim das metas abusivas, entre outras) são justas e possíveis de ser atendidas pelos patrões, pois somente os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa), que empregam em torno de 90% da categoria, lucraram juntos no ano passado R$ 77,4 bilhões, com um aumento de 33,5% em relação a 2016. E somente no primeiro trimestre deste ano, eles já atingiram R$ 20,3 bi em lucro, 18,7% a mais do que no mesmo período de 2017.

Outra pauta prioritária do Comando Nacional dos Bancários, colocada na mesa de negociação, diz respeito à saúde da categoria. Os sindicalistas, preocupados com a situação de adoecimento da categoria, apresentaram durante a última mesa de negociação com a Fenaban dados alarmantes do setor que mais gera gastos ao INSS: 6% do total de recursos para afastados são consequência do modo de gestão dos bancos. O setor ainda é responsável por 21,2% do total de afastamentos do trabalho por transtorno depressivo recorrente, 18% por transtornos de ansiedade, 14,6% por reações ao estresse grave e 17,1% do total de afastamentos do trabalho por episódios depressivos. Os dados demonstram a necessidade urgente da criação de uma política mais eficaz de saúde para a categoria, onde trabalhadores e patrões precisam avançar neste debate para mudar essa realidade.

Em tempos de incertezas na política e na economia, bancários e banqueiros já tiveram quatro encontros para tratar da renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). No primeiro deles, ocorrido no início do mês, a entidade patronal deixou clara a sua disposição de resolver a campanha salarial da categoria na mesa de negociação, apesar de negar naquele momento a assinatura do pré-acordo para garantir a validade da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) após 31 de agosto. No entanto, na última negociação, a Fenaban recuou e se comprometeu a assinar um pré-acordo de ultratividade caso as negociações não avancem.

E sem mais delongas, a mesa de negociação é o principal instrumento de uma sociedade democrática para discutir suas diferenças. E fecho minha reflexão com uma frase do ex-presidente americano John Kennedy: “Jamais devemos negociar por medo, mas jamais devemos ter medo de negociar”.


facanha* Jornalista e diretor da Fetec-CUT/Centro Norte.

Marun apresenta a Temer mais reivindicações dos caminhoneiros

O ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Marun, comprometeu-se a apresentar, neste domingo (27) até as 15h, ao presidente Michel Temer novas propostas do movimento dos caminhoneiros no esforço de acabar com a paralisação. Os caminhoneiros apelaram ainda que as medidas sejam estendidas a todo território nacional.

Os manifestantes querem desconto de 10% no valor do diesel que será cobrado na bomba, a ampliação desta redução de 30 para 60 dias e o fim da suspensão da cobrança de tarifa de pedágio para eixo elevado dos caminhões para todo o país.

Ao longo deste domingo, Marun e ministros de várias áreas se reunirão no Palácio do Planalto, no gabinete de gestão de crise, na tentativa de encerrar a paralisação. Ontem (26) o dia também foi de reuniões, no Palácio do Planalto.

As reivindicações dos caminhoneiros, identificados como líderes do movimento, foram apresentadas a Marun, ontem à noite, após mais de duas horas de reunião, na sede do governo paulista, com o ministro e o governador de São Paulo, Márcio França (PSB).

Compromissos

Os representantes do movimento de paralisação em São Paulo se comprometeram com o ministro a repassar o acordo aos caminhoneiros de outros estados por grupos de WhatsApp da categoria, caso a resposta do governo federal seja positiva. Uma nova reunião com o governador Márcio França está marcada para hoje à tarde e uma entrevista coletiva está prevista para as 15h.

Antes da conversa com Marun, os líderes do movimento haviam participado de uma reunião no Palácio dos Bandeirantes. A proposta de suspender a cobrança do eixo suspenso nos pedágios das rodovias paulistas ficou acertada para começar a partir da 0h da próxima terça-feira (29).

Os representantes dos caminhoneiros prometeram como contrapartida liberar as rodovias no estado, principalmente os pontos de obstrução na Rodovia Régis Bittencourt (ligação com os estados do Sul) e no Rodoanel (que interliga várias rodovias na região metropolitana de São Paulo).

Estudo

O governador paulista anunciou o estudo de uma proposta de cobrança diferenciada de Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) aos caminhoneiros autônomos em 2019 que, segundo os líderes presentes, representam 130 mil motoristas de caminhão no estado de São Paulo. Márcio França também afirmou que pretende retirar as multas aplicadas pela Polícia Militar Rodoviária aos caminhoneiros durante os dias de paralisação.