Bolsonaro pede que AGU recorra de decisão sobre retomada de radares em rodovias federais

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta-feira (12) que determinou à AGU (Advocacia Geral da União) recorra da decisão judicial que impôs que o governo restabeleça a fiscalização de velocidade com radares móveis nas estradas federais.

“Você é a favor da volta dos radares móveis nas rodovias federais? Determinei à AGU recorrer da decisão judicial de primeira instância”, escreveu o presidente nas redes sociais.

Ele ainda abriu enquetes em redes sociais perguntando se os cidadãos são favoráveis à volta dos radares.

Na quarta, o juiz Marcelo Gentil Monteiro, da 1ª Vara, deu o prazo de 72 horas para que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) tome as providências necessárias para a volta da fiscalização eletrônica, sob pena, em caso de descumprimento, de multa diária de R$ 50 mil, a ser aplicada à União.

Em agosto, Bolsonaro determinou, por meio de um despacho, que a PRF interrompesse o uso de “medidores de velocidade estáticos, móveis e portáteis” até que o Ministério da Infraestrutura concluísse uma reavaliação da regulamentação dos procedimentos de fiscalização eletrônica de velocidade. 

A medida não impediu o emprego dos aparelhos fixos, os chamados pardais, porque a Justiça Federal em Brasília já havia dado, em abril, ordem para sua manutenção nas pistas. 

Bolsonaro é um crítico do controle de velocidade e de outras formas de fiscalização desde quando era deputado federal. 

Ao justificar a suspensão dos equipamentos, disse que o propósito era o de evitar “o desvirtuamento do caráter pedagógico e a utilização meramente arrecadatória dos instrumentos e equipamentos”. 

A Reportagem da Folha publicada em abril mostrou que o presidente, três de seus filhos e sua mulher, Michelle, receberam ao menos 44 multas de trânsito nos cinco anos anteriores, segundo registros do Detran-RJ (Departamento de Trânsito do Rio de Janeiro). 

Ao reverter a determinação de Bolsonaro, o juiz da 1ª Vara argumentou que o despacho presidencial não observou o conjunto de normas do Sistema Nacional de Trânsito, previsto em lei.

​Segundo ele, a medida não “poderia suprimir competência” do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), “prevista em lei”, que fixa as diretrizes da fiscalização.

O presidente Jair Bolsonaro cumprimenta apoiadores ao sair do Palácio da Alvorada na manhã desta quinta-feira (12) – Pedro Ladeira/Folhapress

“Afora a questão formal, o ato questionado foi praticado sem a prévia existência de embasamento técnico, o que também viola as regras de funcionamento do Sistema Nacional de Trânsito e as competências legais do Contran e de suas câmaras temáticas”, escreveu o magistrado.

Ele argumentou ainda que cabe ao Judiciário apurar se, no caso, houve omissão do Executivo na missão de assegurar direitos essenciais dos cidadãos. 

“Não se tem dúvida de que os direitos à segurança, incolumidade física e vida são fundamentais e que, conforme já registrado, a política de segurança viária e sua efetiva fiscalização são constitucionalmente previstas”, prosseguiu o juiz.

O magistrado afirmou que, embora “voltada para a promoção de objetivo legítimo, há outros meios aptos a alcançar tal objetivo e menos prejudiciais à segurança do trânsito”.

“Com efeito, o objetivo de ‘evitar o desvirtuamento do caráter pedagógico e a utilização meramente arrecadatória dos instrumentos e equipamentos medidores de velocidade’ pode ser alcançado pela efetiva fiscalização da forma de uso dos equipamentos pelos agentes estatais, impondo-se, inclusive, responsabilização dos responsáveis pelo desvirtuamento noticiado.” 

Monteiro determina à União que, por meio de qualquer de seus órgãos, não só a PRF, “se abstenha de praticar atos tendentes a suspender, parcial ou integralmente, o uso de radares estáticos, móveis e portáteis”.

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Motoristas comentam decisão de desligar radares de trânsito em Rio Branco

Após o anúncio do governador Gladson Cameli sobre o desligamento dos radares instalados em Rio Branco, uma grande polêmica gerou em torno do assunto. Alguns motoristas comemoraram a medida outros defendiam a permanência dos equipamentos.

De acordo com o motorista particular, Márcio Silva, essa é uma medida que precisa ser avaliada. “Imagina se tirar o radar em frente a uma escola? Pode ser muito perigoso”, comentou.

Já o motorista Joel Souza diz que vê a medida como positiva. “Existe toda uma indústria da multa por trás dos radares. Se for para beneficiar o bolso do consumidor que já paga pela gasolina mais cara do Brasil, eu considero uma boa iniciativa”, ressaltou.

Apenas na manhã desta sábado, 9, o Conselho Diretor do Departamento Estadual de Trânsito do Acre (Detran-AC) se manifestou sobre o assunto por meio de nota. De acordo com o documento por determinação legal, a responsabilidade pela execução da fiscalização de trânsito em vias terrestres é do município (art. 24, inciso VI do Código de Trânsito Brasileiro).

Em razão disso, equipe técnica do Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN/Acre está elaborando um cronograma com a finalidade de estabelecer o desligamento gradual desses equipamentos de fiscalização à medida que os serviços forem absorvidos pela RBTRANS.

Além disso, ressaltou que as multas geradas anteriormente em decorrência de infrações cometidas nos pontos de fiscalização eletrônica não serão canceladas. Até que o cronograma seja estabelecido, os radares continuarão funcionando.

Sobre o assunto, o deputado estadual Roberto Duarte, ressaltou que o governador não pode autorizar a desativação dos radares vinculados a prefeitura e muito menos anistiar as multas já aplicadas.

Sugeriu que a discussão deve ser em torno da efetividade dos radares nos locais que estão instalados e não sobre eles existirem.

“Durante o período de janeiro a abril de 2018 os radares ficaram sem funcionamento e não foi constatado o aumento nos índices de acidentes na Capital”, completou.

Sobre o anúncio do governador, Duarte avaliou como precipitado. “Meu compromisso com a verdade e a responsabilidade com o povo do Acre”, disse.

Gladson Cameli manda desligar radares eletrônicos do Estado

O governador Gladson Cameli decidiu pelo desligamento de todos os radares eletrônicos em reunião na manhã desta sexta, 8, com a Casa Civil, diretoria geral e financeira do estado, Detran e deputados estaduais.

A decisão tem a ver com o repasse da administração de multas eletrônicas para a Prefeitura da capital e até que se resolva como isso será feito, o Departamento Estadual de Trânsito do Acre (Detran) deverá desligar os radares das zonas urbanas de Rio Branco. O Detran deverá ainda, enviar documento à Procuradoria Geral do Estado (PGE) para o cancelamento de multas, que segundo o governador, só trazem prejuízo para os condutores e nenhum benefício aos cofres do Estado.

Com essa determinação as multas emitidas pelos radares vão sair da responsabilidade do Detran. “Os radares da zona urbana são municipalizados e as multas devem passar para a responsabilidade da Prefeitura, um processo que pode durar até o meio do ano e as multas existentes não deixarão de existir”, esclarece o diretor presidente do Detran/AC, Luís Fernando.

Segurança Pública repassa R$ 140 mi para FAB adquirir radares para as fronteiras

O Ministério da Segurança Pública e a Força Aérea Brasileira (FAB) assinaram hoje (27), em Brasília, um termo de parceria que permite que a pasta repasse R$ 140 milhões para a Aeronáutica adquirir três radares móveis para reforçar a fiscalização nas fronteiras do Brasil. Os radares de baixa altitude poderão ser usados em qualquer ponto, conforme recomendações dos serviços de inteligência. A prioridade, no entanto, deverá ser as fronteiras com o Paraguai e a Bolívia.

O anúncio da parceria já tinha sido antecipado pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, em 29 de setembro. Ao visitar a cidade de Cascavel (PR), Jungmann anunciou que o convênio para a aquisição de radares aéreos de baixa altitude permitirá o reforço do combate à entrada de armas e drogas no país, por meio do monitoramento de aeronaves que sobrevoem a faixa de fronteira. A aquisição dos radares ainda será alvo de licitação e ainda não há prazo para entrar em funcionamento.

Durante a cerimônia de assinatura do convênio, o ministro da Segurança Pública afirmou que o repasse dos recursos à FAB surtirá efeito direto e imediato na segurança da população, “blindando” as fronteiras e “inibindo o tráfico de drogas e de armas”. “[Este repasse] Significa dizer que estamos fechando o espaço aéreo para o transporte criminoso […] Porque sabemos que cada centavo será utilizado e multiplicado em termos de garantias e de [proteção] à soberania nacional”, disse Jungmann, acrewscentando que, há tempos, a questão das fronteiras é uma preocupação nacional.

“Temos cinco países vizinhos que são ou grandes produtores ou refinadores ou passagem de drogas. Substâncias que, quando ingressam por nossas fronteiras, se transformam em violência, em tragédia”, acrescentou o ministro, garantindo que, após a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Medida Provisória (MP) 846/18, o presidente da República, Michel Temer, deve sancionar, em breve, a lei que torna obrigatória a destinação de parte dos recursos arrecadados com loterias esportivas administradas pela Caixa para o Fundo Nacional de Segurança Pública, injetando cerca de R$ 2 bilhões no setor no próximo ano. Jungmann antecipou ainda que convênios semelhantes devem ser assinados também com o Exército e com a Marinha.

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, explicou que, quando estiverem operando, os três radares deverão “fechar áreas cegas da fronteira”, ou seja, regiões que, hoje, são monitoradas com grande dificuldade. “O uso desses radares nos auxiliará na missão de defender nosso território. Defender o espaço aéreo é importante. Até porque, como os acessos por via terrestre são difíceis, é mais fácil [para os criminosos] entrar com drogas no país por vias aéreas”, disse Rossato, considerando a possibilidade dos radares estarem em uso já no próximo ano.