Governo eleva expectativa de inflação em 2022 de 4,7% para 6,5%

O governo cortou a projeção para o crescimento da economia neste ano de 2,1% para 1,5% e elevou a expectativa de inflação de 4,7% para 6,5%.

O maior avanço nos preços é calculado em meio à escalada nos valores de combustíveis e de commodities alimentícias, devido principalmente à guerra na Ucrânia.

As projeções pioram às vésperas do calendário eleitoral e enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) cobra medidas que possam barrar uma possível perda de popularidade devido às condições da economia, principalmente pela inflação.

Bolsonaro e Guedes conversam durante cerimônia em Brasília (REUTERS/Adriano Machado, 25.fev.2022). – REUTERS

O Ministério da Economia afirmou que existem riscos neste ano a serem monitorados, notadamente a guerra na Ucrânia e seus impactos nas cadeias globais de valor, “que já apresentam gargalos devido à pandemia”. “Adicionalmente, o risco da pandemia sobre o crescimento econômico e a inflação continuam sendo avaliados”, afirma a pasta.

O ministro Paulo Guedes (Economia) tem barrado medidas vistas como ineficazes por ele, como um programa de subsídios para os combustíveis.

Guedes já admitiu publicamente que a expectativa era de uma desaceleração em 2022.

Um dos fatores que contribui para o freio na atividade econômica é a alta dos juros. Para tentar segurar a inflação, o Banco Central já elevou a taxa básica de juros (Selic) a 10,75% ao ano, e novas altas são aguardadas pelo mercado.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou neste mês que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 4,6% em 2021, após um tombo de 3,9% provocado pela pandemia em 2020.

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Inflação é a maior para fevereiro desde 2015 e vai a 10,54% em 12 meses

Pressionado pelos preços de educação e alimentos, o índice oficial de inflação do Brasil teve alta de 1,01% em fevereiro, informou nesta sexta-feira (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

É a maior variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para o mês desde 2015 (1,22%).

O resultado veio acima das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam taxa de 0,95%.

O avanço em fevereiro significa uma aceleração frente ao mês anterior, quando a taxa foi de 0,54%.

Assim, o IPCA chegou a 10,54% no acumulado de 12 meses. Na divulgação de janeiro, a taxa acumulada estava em 10,38%.

A partir de março, a inflação tende a receber novas pressões, com os reflexos econômicos da guerra entre Rússia e Ucrânia, dizem analistas.

O conflito já provocou disparada de commodities como o petróleo, gerando um mega-aumento de combustíveis no Brasilnesta semana.

Ao permanecer em dois dígitos, o IPCA continua distante da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central). O centro da medida de referência neste ano é de 3,50%. O teto é de 5%.

De acordo com analistas, o IPCA deve estourar a meta em 2022. Se a estimativa for confirmada, será o segundo ano consecutivo de descumprimento. Em 2021, o avanço do índice foi de 10,06%.

EDUCAÇÃO E ALIMENTOS PUXAM ALTA MENSAL

Em fevereiro, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta de preços. O segmento de educação registrou o principal impacto (0,31 ponto percentual) e a maior variação (5,61%) no IPCA do mês.

A alta reflete os tradicionais reajustes nos preços de atividades educacionais no começo do ano letivo.

Dentro de educação, o maior impacto, de 0,28 ponto percentual, veio dos cursos regulares, que subiram 6,67%, com destaque para ensino fundamental (8,06%), pré-escola (7,67%) e ensino médio (7,53%).

“O avanço do IPCA no mês está muito relacionado com a educação”, disse Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE.

Entre os grupos, o segundo destaque no mês passado foi de alimentação e bebidas. A alta dos preços desse segmento atingiu 1,28%, com contribuição de 0,27 ponto percentual para o resultado geral.

Conforme Kislanov, o avanço de alimentos é explicado pelo clima adverso na largada de 2022. Enquanto municípios do Sudeste registraram excesso de chuva, o Sul amarga período de seca.

Os extremos prejudicaram o cultivo de itens diversos, impactando a oferta e os preços. O IBGE destaca a disparada de alimentos como batata-inglesa (23,49%) e cenoura (55,41%) em fevereiro.

Por outro lado, houve quedas no frango inteiro (-2,29%) e no frango em pedaços (-1,35%), que também tiveram recuos em janeiro, de -0,85% e -0,71%.

Nos últimos 12 meses, o que mais pesou na inflação, de modo geral, foram os combustíveis, segundo o IBGE. O avanço chegou a 33,33%. Em fevereiro, contudo, houve queda de 0,92%, a terceira em seguida.

Outro dado que chamou atenção na divulgação do IBGE foi o chamado índice de difusão, que ficou acima de 70% pelo terceiro mês consecutivo.

O indicador mede o percentual de produtos e serviços com alta de preços, em uma amostra com 377 componentes. Na prática, a difusão maior sinaliza que a inflação está mais disseminada pela economia.

Em fevereiro, o índice de difusão atingiu 75%, acima de janeiro (73%) e no mesmo nível de dezembro (75%). Em fevereiro de 2021, a marca era menor, de 63%.

Os automóveis novos (1,68%), por exemplo, subiram pelo 18º mês consecutivo. A alta acumulada desde setembro de 2020 é de quase 23%, sob impacto da desarticulação das cadeias produtivas do setor automotivo na pandemia.

GUERRA PRESSIONA COMBUSTÍVEIS E ALIMENTOS

Para 2022, analistas até projetam uma taxa menor do que a do ano passado (10,06%), mas as preocupações voltaram a crescer devido aos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Com a tensão no Leste Europeu, commodities agrícolas e o petróleo dispararam no mercado internacional. Os reflexos dessa valorização começaram a aparecer com maior força no Brasil nos últimos dias.

Em razão do avanço do petróleo, a Petrobras anunciou na quinta-feira (10) mega-aumento em preços de combustíveis nas refinarias —alta de 18,8% na gasolina, de 16,1% no gás de cozinha e de 24,9% no óleo diesel.

A decisão da estatal deve atingir o IPCA a partir de março. Antecipando os possíveis efeitos do petróleo sobre os combustíveis e as eventuais pressões de commodities agrícolas sobre alimentos no Brasil, analistas jogaram para cima as estimativas de inflação em 2022.

O economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), elevou sua projeção para o IPCA de 6,2% para 7,5%.

O viés é de alta. Ou seja, o número previsto pode ficar ainda maior nas próximas semanas, conforme Braz.

“Não é só o impacto dos combustíveis. Commodities como milho, soja e trigo também andam subindo e podem contaminar a inflação”, aponta.

“Há, ainda, os efeitos indiretos provenientes dos aumentos dos combustíveis. O frete fica mais caro, o transporte público urbano pode ficar mais caro“, acrescenta.

Segundo Braz, o IPCA pode continuar acima de 1% em março, devido ao mega-aumento. A projeção anterior era de uma alta próxima de 0,7% neste mês.

“O impacto do combustível não vai ficar 100% em março. Esse aumento de agora não vai impactar só a inflação deste mês, mas também a do mês que vem. Em abril, ela pode se aproximar de 1% de novo, com a pressão que vai chegar além do combustível”, diz Braz.

Kislanov, do IBGE, também mencionou que a alta de itens como gasolina e diesel deve provocar aumentos ao longo das cadeias produtivas. Contudo, o pesquisador relatou que ainda é preciso aguardar para ver a magnitude dos avanços.

Cliente faz compras em supermercado de Santo André (SP) – Rivaldo Gomes – 26 nov.2021/Folhapress

JUROS MAIS ALTOS

Como mostrou reportagem da Folha, o mega-aumento de combustíveis pode detonar um ciclo vicioso de mais inflação, juros e dívida pública na economia brasileira.

A inflação persistente pode exigir que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) reforce a subida de juros ao longo de 2022 —e mantenha a taxa básica elevada por mais tempo no ano que vem.

Em uma tentativa de conter o avanço dos preços, o colegiado levou a Selic para 10,75% ao ano na reunião mais recente, em fevereiro.

Parte do mercado já vê a taxa acima de 13% ao final deste ano. A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 15 e 16 de março.

Antes da guerra na Ucrânia, o brasileiro já havia sentido a disparada inflacionária. Ao longo da pandemia, houve carestia de alimentos e persistente ruptura da cadeia global de insumos, o que pressionou bens industriais.

Preços administrados, como combustíveis e energia elétrica, também ficaram mais caros.

No Brasil, o dólar mais alto virou um componente adicional, já que intensificou a pressão. O câmbio, que impacta itens como os combustíveis, subiu em meio à turbulência política protagonizada pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

O avanço generalizado dos preços castiga sobretudo os mais pobres, que têm menos condições financeiras para enfrentar a carestia.

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Política de preços da Petrobras continua penalizando o bolso do trabalhador

A política do ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) de reajustar os preços dos combustíveis quase diariamente continua pesando no orçamento do povo brasileiro. Cinco dias após o último aumento no preço da gasolina, a Petrobras subiu novamente o valor, nesta quarta-feira (5), e o combustível ficou 1,68% mais caro. O preço da gasolina nas refinarias passou de R$ 1,1704, que vigorava desde o último sábado (1º), para R$ 2,2069.

É o valor mais alto cobrado pelo preço do litro da gasolina desde julho de 2017, quando a direção da Petrobras, comandada pelo então presidente Pedro Parente – nomeado por Temer após o golpe de 2016, mudou a política de preços e passou a acompanhar as variações cambiais e as oscilações do barril de petróleo no mercado externo.

De julho de 2017 até hoje, a gasolina aumentou 69% nas refinarias da Petrobras enquanto a inflação do período acumulou 4,8%, segundo dados da subseção do Dieese da Federação Única dos Petroleiros (FUP). A variação do preço do diesel no mesmo período foi de 54%.

Na última sexta-feira, após três meses de congelamento devido ao acordo do governo que pôs fim à greve dos caminhoneiros e que envolveu subsídio governamental ao diesel, a Petrobras anunciou também o aumento de 13% no preço médio do produto comercializado nas refinarias do país.

“Esse será o cenário enquanto essa política equivocada continuar a ditar os preços da gasolina, diesel, gás de cozinha e demais combustíveis. O impacto no bolso dos brasileiros é muito grande”, diz o coordenador-geral da FUP, Simão Zainardi.

Segundo dados da subseção do Dieese da FUP, desde julho do ano passado até hoje, o preço médio de revenda da gasolina nas bombas de combustíveis foi de 27,4%. “É um valor muito superior à inflação do período [4,8%] e isso com certeza está afetando o orçamento de milhares de famílias brasileiras”, diz o economista do Dieese, Cloviomar Cararine.

O preço médio da gasolina nas bombas terminou a semana passada a R$ 4,446, segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP). Em algumas regiões do País, porém, o valor extrapola os R$ 5 reais. É o caso da cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro, e do Rio Branco, no Acre, onde foram registrados valores que ultrapassam a média nacional – R$ 5,24 e R$ 5,15, respectivamente.

No Tocantins, outro estado que tem registrado altas constantes, o preço da gasolina alcançou R$ 4,99 em alguns postos, e esse valor ainda pode aumentar depois do reajuste desta quarta.

Para o presidente em exercício da CUT-AC, Edimar Batista Tonelly, um dos mais afetados pelo aumento absurdo no valor da gasolina no estado, é muito preocupante essa situação. “Isso porque os reajustes muito acima da inflação estão afetando no endividamento das famílias aqui do Acre. E não só daqueles que usam carro, mas de todos”, diz.

Ele explica que o preço do frete na região, por causa da localização geográfica, é caro e isso faz com que os aumentos sejam repassados para praticamente todos os produtos consumidos pela população do Acre.

“Está terrível a situação e espero muito que nas eleições de outubro possamos eleger um novo governo que reverta o golpe e coloque o país novamente nos trilhos, pois assim está insustentável”, lamenta.

Política de preços da Petrobras

Segundo o coordenador-geral da FUP, Simão Zainardi, essa “calamidade com o bolso dos brasileiros” começou em 2016, quando a direção da Petrobras nomeada pelo ilegítimo Temer, que tinha assumido interinamente o governo, se reuniu com o Ministério de Minas e Energia e anunciou que a estatal não seria mais responsável pelo abastecimento dos combustíveis a nível nacional.

“E foi então que deram início à diminuição do papel do Estado, com incentivos para atrair as indústrias estrangeiras de petróleo para o Brasil e privatizar o setor de refino, entregando nossas riquezas”, denuncia o dirigente.

“Em julho do ano passado, ficou ainda mais claro esse movimento com a mudança oficial na política de preços e a queda drástica da carga processada em nossas refinarias com o aumento da importação”, conta.

Em 2017, foram importados mais de 200 milhões de barris de derivados de petróleo, número recorde da série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em contrapartida, as refinarias da Petrobras passaram a operar com capacidade inferior a 73%. Em 2014, antes da crise política instalada no país, as refinarias estavam operando com 94% da sua capacidade.

“A maioria dessas importações, que chegaram a alcançar 800 mil barris de gasolina e 700 mil de diesel no mês de maio deste ano, veio da Shell, empresa petrolífera dos Estados Unidos, altamente interessada no nosso petróleo e na política de preços atrelada ao mercado externo”, denuncia Simão.

Já nos governos Lula e Dilma, diz o coordenador da FUP, a lógica era inversa. “As nossas refinarias estavam com a produção em alta, com condições de suprir o mercado interno e praticar preços acessíveis à população, pois era respeitado o valor da produção nacional”, diz.

“Agora, se der um probleminha na política externa, como foi o caso da guerra da Síria e a briga entre EUA e Irã, o brasileiro é quem vai pagar a conta nas bombas de combustíveis e no gás de cozinha. Imagina se o barril bate U$ 100. Isso é um absurdo”, diz o dirigente, lembrando que o barril de petróleo passou de U$ 40 em 2017 para quase U$ 80 em 2018.

“O povo vai precisar escolher nas eleições de outubro deste ano se prefere manter essa política e pagar caro pelos combustíveis ou se quer de volta os preços acessíveis”. (cut.org.br)

Tabela com novos preços do frete será publicada na edição desta quarta do ‘Diário Oficial’, diz ministro Padilha

Reajuste foi anunciado no fim de semana pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Petrobras aumentou preço do diesel em 13% nas refinarias

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, informou que o governo publicará nesta quarta-feira (5) no “Diário Oficial da União” a tabela com os novos preços dos fretes.

A decisão foi tomada após uma reunião no Palácio do Planalto entre integrantes do governo e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

“A tabela de fretes está sendo reajustada, conforme a lei, uma vez que houve variação de 13% no preço do diesel na refinaria, o que resultará no aumento médio de 3% na tabela atual”, afirmou o ministro.

Câmara aprova MP que mantém desconto no diesel

A mudança nos valores já havia sido anunciada no fim de semana pela assessoria da ANTT, mas ainda não tinha data.

Isso porque, na última sexta (31), a Petrobras informou que reajustará em 13% o preço do litro do óleo diesel nas refinarias.

Além de reajustar a tabela, o governo também decidiu intensificar a partir desta semana a fiscalização dos preços do frete, outra reivindicação das entidades representativas dos caminhoneiros.

Em razão do reajuste no preço do diesel, passou a circular nas redes sociais uma imagem em que uma associação convocava caminhoneiros a fazer uma nova paralisação.

Mas, no domingo (2), as principais entidades que representam a categoria disseram ao G1 não apoiar uma eventual nova greve, acrescentando que desconhecem a associação que aparece nas imagens.

Nesta segunda (3), o Ministério da Segurança Pública informou que a Polícia Federal investigará a origem das mensagens. Segundo a pasta, os autores poderão responder por crimes contra a economia popular e contra o consumidor.

Tabela de fretes

A tabela de fretes foi instituída por uma medida provisória (MP) editada pelo presidente Michel Temer numa tentativa de por fim à greve dos caminhoneiros.

Pelo texto da MP, caberá à ANTT definir os preços.

Em 30 de maio, a agência publicou a primeira tabela, que gerou críticas de transportadoras e até do ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Ele argumentou, na ocasião, que os preços haviam dobrado.

Com a polêmica, a ANTT editou uma nova tabela, mas os preços foram criticados pelos caminhoneiros, o que fez a agência voltar a praticar os valores da primeira tabela.

Ministro defende abrir caixa-preta da conta de luz para reduzir preços

O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, afirmou hoje (13), em entrevista exclusiva a veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que a população está pagando um valor muito alto na conta de energia elétrica sem nem sequer saber a composição real dos preços. Nos seis primeiros meses do ano, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a tarifa média na conta de luz aumentou 13,79%, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, subiu 2,94% no mesmo período.

“É preciso que todo cidadão, ao receber a conta, entenda o que está naquela conta. É um conjunto de siglas, tem uma série de subsídios que estão embutidos na conta que as pessoas não sabem que estão pagando. É fundamental que se entenda que o consumidor precisa ter conhecimento dos aumentos e das razões desses aumentos”, afirmou o ministro. Desde o início do ano até agora, já foram autorizados quatro aumentos na conta de luz.

De acordo com Moreira Franco, a maioria dos subsídios vinculados à conta de luz não tem nada a ver com o setor elétrico – algo que ele classificou como uma “caixa-preta”. “É na conta de energia, por exemplo, que se contribui para o subsídio do saneamento [básico]. Não há como se explicar isso. Além do que, subsídio tem que ser uma decisão transparente, que tem que constar do orçamento da União. As pessoas precisam saber que estão pagando o imposto e que uma parte dele vai para A, B, C ou D e não como é hoje, que é uma caixa-preta. Nós precisamos avançar nisso e diminuir a carga tributária”, argumentou.

Na semana passada, o ministro já havia proposto um estudo para verificar a viabilidade de ampliação dos tipos de usuários do mercado livre de energia, com a possibilidade de entrada inclusive dos consumidores residenciais. Na visão dele, essa seria outra forma de baratear o custo da energia no país. Atualmente, somente quem tem demanda contratada maior ou igual a 500 quilowatts (KW) pode utilizar esse mercado, que permite, entre outras condições, a negociação da quantidade contratada, do fornecedor, do preço, do período de suprimento e das formas de pagamento. Já no mercado cativo, a energia tem preço fixado por tarifas, sem margem de negociação.

Na entrevista à EBC, Moreira Franco afirmou que o governo vem priorizando a diversificação da matriz energética brasileira para fontes limpas e renováveis, que têm um custo muito mais baixo. “Hoje, pela sistemática operacional do setor elétrico, esses custos baixos não estão chegando na conta, porque quando entra na distribuição acaba sendo absorvido pelo conjunto do setor”. Sem especificar medidas, o ministro afirmou que é preciso dar apoio à Agência Nacional de Energia Eletrica (Aneel) para que promova ação regulatória capaz de reduzir os custos de geração de energia – obtida por meio de tecnologias como energia eólica, fotovoltaica e biomassa -, e que essa redução se reflita na conta do consumidor final.

Para o titular do Ministério de Minas e Energia, é preciso trazer mais inovação e tecnologia ao setor para permitir que a própria população possa administrar o seu consumo. Ele deu exemplo da implantação de um aplicativo de celular que permite ao consumidor controlar, em tempo real, o consumo de energia com base em informações do relógio medidor instalado na residência. “[Com esse modelo], as pessoas fazem uma administração pessoal da sua conta. Pelo relógio e um aplicativo, ela gasta mais ou menos de acordo com sua vontade. A energia é cada vez mais um elemento indispensável e é fundamental que possamos dar ao brasileiro as condições de ter uma matriz energética limpa, robusta e com preço justo”.

ANS publica painel com formação de preço dos planos de saúde

Está disponível no site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a sexta edição do Painel de Precificação de Planos de Saúde, com dados de 2017. A publicação, anual, apresenta um panorama da formação inicial dos preços dos planos de assistência à saúde em comercialização no mercado brasileiro, além de monitorar a evolução dos preços e analisar os reajustes por mudança de faixa etária e demais componentes, como o custo médio de consultas médicas, exames, internações, atendimentos ambulatoriais e terapias.

O painel é organizado a partir dos dados fornecidos pelas operadoras de planos de saúde, que informam o preço inicial dos produtos com os valores iniciais de formação de preço. Segundo a diretora de Normas e Habilitação dos Produtos da Agência, Simone Freire, o instrumento ajuda a compreender o setor de saúde suplementar no Brasil.

“O Painel de Precificação é um instrumento importante para compreender o setor, já que possibilita ao mercado visualizar fatores como os custos desse produto, média de utilização e variação média de reajuste. A ferramenta não visa acompanhar os valores cobrados pelas operadoras de planos de saúde, uma vez que a ANS não define preço de produto, mas permite entender a formação de custo desse setor”, explicou Simone Freire.

A agência destaca que os preços efetivamente praticados ao consumidor devem estar dentro do limite de 30% acima ou abaixo do Valor Comercial da Mensalidade informado à ANS. Também não podem estar abaixo dos custos assistenciais, incluindo uma margem de segurança, para evitar a prática de preços predatórios com o objetivo de eliminar concorrentes em determinado mercado.

Análise

A análise deste ano apresenta os valores da sétima faixa de segmentação, que vai dos 44 aos 48 anos, e um total de 640 operadoras de todos os estados, incluindo tanto a modalidade Coletiva (empresarial e por adesão) quanto a contratação Individual ou Familiar.

Efeito da greve dos caminhoneiros nos preços deve se dissipar este mês

O efeito da greve dos caminhoneiros na inflação deve começar a se dissipar ainda neste mês, com a reversão da alta de preços da gasolina e do gás de cozinha, por exemplo, segundo avaliação de especialistas.

Em junho, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 1,26%, a maior taxa para o mês desde 1995, de 2,26%. O resultado superou a previsão de instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC), que projetavam variação de 1,15%. Também ficou acima da previsão do BC, que era 1,06% para o mês passado.

Em maio, o efeito do desabastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros, no final do mês, se somou às pressões sobre os preços de energia e combustíveis. Com isso, o IPCA teve alta de 0,40%. Em junho, a aceleração ocorreu devido a intensificação dos efeitos da paralisação sobre os preços de alimentos e combustíveis e a da mudança de bandeira tarifária.

O coordenador do curso de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Márcio Salvato, explicou que a “explosão” da inflação em maio e junho ocorreu devido ao aumento da procura por produtos como a gasolina e o gás de cozinha. “Houve excesso de demanda porque as pessoas estavam querendo fazer estoque. Produtos como gasolina, gás de cozinha subiram. Além disso, teve o efeito de mudança na estrutura de custos com frete”.

Para Salvato, a inflação pode até ficar abaixo do esperado com os preços da gasolina e do gás voltando ao normal. “Deve haver descida dos preços dos produtos que sofreram efeito direto”, disse. Ele destacou que não tem risco se perder o controle de inflação por causa dos efeitos da greve dos caminhoneiros.

Inflação

Segundo o Relatório de Inflação, divulgado em junho pelo BC, a partir deste mês, a despeito dos efeitos defasados da alta do dólar observada desde o final de abril e do aumento projetado para passagens aéreas, em julho, espera-se por taxas de inflação mais baixas. Isso deve acontecer devido à reversão dos efeitos do desabastecimento gerado pela greve dos caminhoneiros, a sazonalidade favorável dos preços de alimentos e a elevada ociosidade da economia.

Para o BC, a retomada da atividade em ritmo mais gradual que o esperado contribui para manutenção da inflação em patamar baixo, mesmo com o efeito pontual da greve dos caminhoneiros.

Para este mês, a previsão das instituições financeiras consultadas pelo BC é que o IPCA fique em 0,35%, e caia para 0,12%, em agosto.

“Esperamos que já em julho esse efeito comece a ser diluído. A gente teve essa pressão agora em junho, mas em julho já deve reduzir”, disse o economista Marcio Milan, da Tendências Consultoria.

Por ser considerada uma alta pontual, o economista lembra que o risco de descumprimento da meta de inflação é zero. A meta é 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. “Mesmo com outros acontecimentos, como câmbio e as tarifas administrativas, o risco é zero. As projeções continuam abaixo do centro. Nossa projeção é que o IPCA fique em 3,7% neste ano”, disse Milan.

Política de preços da Petrobras divide especialistas

A saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras colocou em foco a política de preços da estatal. A atual política divide especialistas. Ao mesmo tempo em que ajudou na recuperação da estatal, gerou aumentos sucessivos para o consumidor final, o que culminou no protesto dos caminhoneiros.

Ex-presidente da Eletrobras e professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa defende a revisão da política de preços da Petrobras.

“Essa política não é compatível com uma empresa quase monopolista como a Petrobras, que deve seguir um plano de abastecimento do país e não de pagamento de dividendo para acionistas”, diz. Ele é contrário ao tabelamento dos preços dos combustíveis, mas propões uma alteração progressiva dos preços. “Daria-se um tempo, faria-se um comunicado, por exemplo: dentro de 30 dias vai aumentar e aumentaria progressivamente”, diz. “Imagina, o caminhoneiro acabava tendo que pagar combustível mais caro que o frete que o remunerava. Ninguém pode trabalhar desse jeito. Cabe à Petrobras e ao governo terem uma política compatível”, defende.

Já o professor de Finanças da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (Ibmec-DF) Marcos Melo, defende a manutenção da política de preços e diz que isso dá segurança aos investidores. “Quando o governo começa a pressão política para que política de preços volte ou se assemelhe ao que era antes, fica uma situação muito difícil. Não é bom para Petrobras. Estamos vendo a redução no valor das ações por causa da incerteza”, afirma

Segundo Melo, não faz sentido vincular os preços à política governamental, seja para conter inflação, seja para qualquer finalidade. “Não convém para a empresa. A queda no valor da empresa acaba também prejudicando a sociedade brasileira e a própria economia”, reforça.

A professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) São Paulo Celina Ramalho diz que o mercado de combustíveis precisa ser revisto. Ela defende a privatização gradual da Petrobras – que atualmente é controlada majoritariamente pela União –, para que outras empresas passem a atuar no mercado, acabando com o monopólio da estatal. “Essa é a alternativa que temos para solução dos combustíveis. Não ser mais preço de monopólio, porque em estrutura de monopólio há uma maximização de lucro. Quando expande a oferta, o preço de monopólio cai por terra e quem dá o preço é o mercado”, ressalta.

Política de preços

Desde 2016, a Petrobras segue uma política de variação do preço dos combustíveis que acompanha a valorização do dólar e o encarecimento do petróleo no mercado internacional. A variação dos preços dos combustíveis é o principal alvo da manifestação dos caminhoneiros.

Com os reajustes, no início de maio, a Petrobras anunciou um crescimento do lucro líquido de 56,5% no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período do ano passado, atingindo R$ 6,96 bilhões. O crescimento expressivo surge depois de quatro anos seguidos de prejuízos e de um processo de reestruturação e de redução do endividamento da companhia, que teve início após as denúncias da Operação Lavo Jato.

Este foi, segundo a estatal, o melhor resultado trimestral desde o início de 2013, quando a empresa havia lucrado R$ 7,69 bilhões, e também terminou o trimestre com resultados positivos em sua métrica de segurança.