Bolsonaro provoca outros Poderes um dia após cobranças de Fux e Barroso

Presidente faltou a depoimento determinado por Alexandre de Moraes (STF) e foi alvo de críticas do atual presidente do TSE

Em meio a renovadas tensões entre o Palácio do Planalto e o STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a disparar provocações contra integrantes de outros Poderes nesta quarta-feira (2), em referências veladas ao Judiciário.

Durante ato no Planalto em alusão a mudanças na prova de vida do INSS, Bolsonaro afirmou que atua para que o Brasil não se converta numa ditadura.

“Geralmente quem leva um país para a ditadura é o chefe do Executivo. No Brasil é o contrário: quem segura o Brasil para não caminhar rumo à Venezuela é o chefe do Executivo. Tem muita gente de outros Poderes conscientes. Alguns poucos, não sei o que pensam”, declarou o presidente.

“Mas vamos fazer a nossa parte, vamos nos empenhar. Vamos cada vez mais fazer valer a força da nossa Constituição. Nós jogamos dentro das quatro linhas [da Constituição]. Vamos cada vez mais exigir que o outro lado, alguns poucos do outro lado —pouquíssimos— , joguem dentro das quatro linhas”.

O presidente não citou diretamente ministros do Supremo.

O presidente Jair Bolsonaro em evento nesta sexta-feira no Palácio do Planalto
O presidente Jair Bolsonaro em evento nesta sexta-feira no Palácio do Planalto – Pedro Ladeira/Folhapress

Bolsonaro é um crítico de decisões de Moraes em investigações contra aliados e de determinações da Justiça Eleitoral que têm limitado o financiamento de canais bolsonaristas investigadas por fake news. Bolsonaro considera que essas ações são ataques à liberdade de expressão.

As declarações de Bolsonaro nesta quarta ocorrem em meio a uma nova escalada de atritos com integrantes do STF.

Na semana passada, o presidente faltou a um depoimento na PF (Polícia Federal) que havia sido determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A AGU (Advocacia-Geral da União) chegou a recorrer da decisão do magistrado, mas Moraes negou o pedido.

A intimação para que o presidente falasse com os investigadores ocorre no âmbito do inquérito que apura vazamento de investigação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre ataque hacker às urnas.

Além do mais, o ministro Luís Roberto Barroso, que além de membro do STF é presidente do TSE, afirmou na terça (1º) que Bolsonaro facilitou a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos.

Em discurso na abertura dos trabalhos do TSE deste ano, ele disse que informações que foram fornecidas para uma investigação da Polícia Federal “foram vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais”.

Isso, segundo Barroso, divulgou dados que “auxiliam milícias digitais e hackers de todo mundo que queiram invadir nossos equipamentos”.

Por último, Bolsonaro não participou, também na terça, da sessão de abertura dos trabalhos do Judiciário em 2022. A solenidade foi conduzida pelo presidente do STF, ministro Luiz Fux, que disse que Bolsonaro iria sobrevoar as áreas atingidas pelas chuvas em São Paulo. O presidente mandou cumprimentos, ainda segundo Fux.

Os recentes atritos entre Bolsonaro e o Judiciário ocorrem depois de meses em que o presidente diminuiu ataques a magistrados —principalmente contra Moraes e Barroso— e baixou o tom da retórica golpista adotada por ele até o feriado de 7 de Setembro.

Em atos de raiz golpista convocados para o feriado da Independência, Bolsonaro fez ameaças contra a Suprema Corte, exortou desobediência a decisões da Justiça e disse que só sairia morto da Presidência da República.

Dias depois, ele recuou e divulgou uma carta na qual afirmou que não teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”. A nota foi redigida com o auxílio do ex-presidente Michel Temer (MDB).

Na cerimônia desta quarta, Bolsonaro fez ainda críticas a seu principal adversário na disputa eleitoral deste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Sem citar o petista, Bolsonaro afirmou que, “em parte, o preço [dos combustíveis] é alto por conta da roubalheira ou péssima administração do passado” —numa referência aos governos do PT.

“Quando se fala em desvios trilionários, tem gente que acha que quem desviou tem que voltar. E se colocar no lugar dele, se voltar, é par desviar o dobro disso”.

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Gladson e Rocha garantem parcerias com os Poderes para assegurar segurança

O senador Gladson Cameli (Progressistas), governador eleito no pleito do último dia 7 de outubro, juntamente com o deputado federal e vice-governador eleito, Major Rocha (PSDB), pela coligação Mudança e Competência, realizaram na tarde desta quinta-feira (13) uma visita a presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Regina Ferrari Loguini, onde parabenizaram a Justiça Eleitoral e todas as instituições parceiras pelo processo das eleições 2018.

Gladson Cameli, governador eleito, ressaltou a importância dos Poderes nas eleições e o fortalecimento das instituições para que a sociedade tenha garantia de segurança e do exercício da cidadania não apenas durante a campanha eleitoral, mas também no momento de depositar seu voto na urna.

“Respeito às leis e aos direitos do eleitor e dos candidatos é algo essencial para que a ordem seja mantida em todos os lugares e nós podemos observar a competência do TRE, da Polícia Federal, do Ministério Público, do Tribunal de Justiça e todas as instituições, de todas as esferas estadual, municipal e federal, unidas para manter a autonomia e isonomia durante as eleições”, disse Cameli.

A presidente do TRE, Regina Longuini, agradeceu a visita dos candidatos eleitos para governar o Acre no quadriênio 2019-2022 e disse que a sociedade acreana enfrenta grandes desafios, sendo necessário que os novos governantes ouçam o Poder Judiciário e trabalhem com humildade para obter reconhecimento e honra, executando as ações que a sociedade acreana tanto necessita.

“O Acre passa por um momento delicado, com grandes preocupações, e precisamos que os governantes devolvam segurança à sociedade e defendam a Justiça onde estiverem. Também precisamos reafirmar a confiança no voto eletrônico, reforçando a seriedade do processo eleitoral e da urna eletrônica como um instrumento essencial para o exercício da democracia e cidadania para os eleitores do Brasil e do Acre”, enfatizou a presidente.

Major Rocha, vice-governador eleito, também elogiou o trabalho da Justiça Eleitoral durante as eleições e reafirmou o que Gladson Cameli disse: “Seremos o governo do diálogo, pois pretendemos trabalhar em parceria com todas as instituições, prevalecendo a democracia, o respeito à todos e, principalmente, atendendo aos anseios da população, sem distinção de pessoas”, disse Rocha.

Poderes públicos alertam para movimentação de organizações criminosas

Em reunião com representantes do Ministério Público do Acre (MPAC) e Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) nesta quarta-feira, 30, na Casa Civil, o governador Tião Viana anunciou que os serviços de inteligência do Sistema Integrado de Segurança Pública (Sisp) receberam alerta de ação nacional das organizações criminosas contra a ordem pública estadual.

Ele reafirmou aos representantes do Poder Judiciário e ao Ministério Público a intransigência do Sisp com relação a esse tipo de ação das organizações criminosas, como tem sido feito até aqui, agradeceu a união dos poderes do Estado em relação ao combate ao crime organizado, mas ressaltou que esse mal tem origem na atuação do narcotráfico com livre acesso nas fronteiras da Amazônia.

O governador afirmou que esta é mais uma ação causada pela omissão do governo federal no controle das fronteiras, que só beneficia o narcotráfico. “Estamos deixando claro a todos os policiais do estado e representantes institucionais nossa preocupação e tendo a plena certeza que o que fortalece esse tipo de ambiente é a fragilidade das fronteiras na Amazônia para entrada do narcotráfico sem uma barreira de contenção por parte da União. E todas as medidas de segurança que competem ao governo do Estado estão sendo adotadas”, destaca Tião Viana. “Precisamos fortalecer as instituições federais na Amazônia.”

A cobrança, realizada constantemente pelo governador, baseia-se no histórico de decisões do governo federal em tirar os recursos para operações na fronteira e das instituições que têm o dever constitucional de defender essas regiões. A partir de 2016, o Ministério da Defesa sofreu um corte orçamentário de R$ 2,8 bilhões, sentido principalmente em operações do Exército Brasileiro, como a Ágata, que era a defesa nacional nos rios, estradas e matas de fronteira.

O governo do Estado tem feito a sua parte junto à Segurança Pública, com a interiorização das Delegacias Especializadas de Combate ao Crime Organizado (DECCO) e Repressão a Entorpecente (DRE), fortalecimento das polícias através de concursos públicos e aquisição de novos equipamentos, diversas operações integradas, criação da Companhia de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (Raio) e muitos outros investimentos.

Só nos últimos dias, o governo do Estado entregou 15 novas viaturas e 79 coletes balísticos à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros, além do Departamento da Polícia Técnico-Científica (DPTC). O Estado aplica mais de R$ 400 milhões por ano na segurança pública, pagando salários em dia e valorizando a tropa com reajustes.

“Nós, como segurança pública, estamos agindo preventivamente e também repressivamente. Estamos difundindo a informação, acompanhando o movimento das organizações criminosas e vamos colocar nossas forças policiais para repressão”, destaca o secretário de Segurança Pública, Vanderlei Thomas.

Autoridades se unem

Presente no anúncio, o presidente em exercício do TJ-AC, desembargador Francisco Djalma da Silva, declarou total apoio institucional no combate à criminalidade e garantia do Estado democrático de direito.

“Sabemos que a fronteira do Brasil, e especialmente aqui no Acre, é imensa. Por mais boa vontade que tenhamos por parte das autoridades federais, há sempre deficiência. Mas nos termos do Poder Judiciário, iremos fazer tudo no sentido de procurar conduzir esse momento dentro da maior normalidade possível, implementando todas as medidas necessárias para coibir qualquer atentado”, disse o presidente.

A procuradora-geral de Justiça do MPAC, Kátia Rejane, também apontou que o momento é de união entre os poderes no combate à criminalidade e proteção daqueles que zelam pelo bem-estar da sociedade.

“Ciente dessa notícia, o Ministério Público já adotou todas as medidas internas possíveis para a preservação da integridade de seus servidores e patrimônio. Vamos coibir esse tipo de ação que não é aceita pela sociedade e outras medidas que virão de decisões conjuntas entre instituições. Estamos dispostos a colaborar com o governo de todas as formas possíveis no plano de segurança pública”, conta Kátia Rejane.