A acreana Ana Lúcia Cunho vem usando sua própria história para fazer campanha pela vacinação contra a paralisia infantil, doença que voltou a assustar todo o Brasil nos últimos anos após ter sido erradicada do País. Junto com o sarampo a paralisia infantil, ou poliomielite, são as duas doenças que tinham sido declaradas sem vírus circulante em todos os Estados brasileiros mas que voltaram a fazer vítimas nos últimos tempos.
“Em 1969, eu tinha quase 2 anos quando o vírus da poliomielite tomou conta do meu corpo. Ao acordar depois de um sono tranquilo levanto caminho até a cozinha onde minha mãe estava e ela me vendo diz: volte pra cama. Você tá com febre. Infelizmente aqueles foram meus últimos passos com minhas duas pernas sãs…”, relatou Ana Lúcia, que é turismóloga e trabalha no Centro Cultural do Poder Judiciário do Acre. “Meu lado direito foi totalmente dominado pelo vírus… não tomei a vacina”, lamenta ela. “Morávamos no seringal à margem do rio Xapuri, distante da cidade quase um dia de barco. Ir em busca de atendimento médico era preciso sair do seringal, lugar onde nasci e vivia até aquele momento. Meu pai me levou até a cidade depois de três dias chorando e minha mãe em desespero chegou até a pedir minha morte, não por maldade, mas por amor…”, relatou no perfil do Facebook. Ela conta que ajuda da família foi levada pra Rio Branco onde teve o diagnóstico de paralisia infantil. “Dr. Silvestre o médico que me atendeu, receita sessões de banhos de luz… em fim … após 30 dias… já não tinha o que fazer e nos mandaram de volta ao seringal. EU já andava do meu novo jeito… só me arrastando pelo chão e fiquei assim até os 09 anos quando ganhei meu primeiro par de muletas”, contou. Cresci, superei as barreiras visíveis e invisíveis, me formei, passei em concursos, casei, fui mãe, separei, criei meus filhos… e agora a assombração da pólio tá aparecendo por aí… Posso dizer com propriedade que a Poliomielite precisa continuar sendo coisa do passado. Nada pode ser usado como desculpa para a falta de cuidado com nossas crianças. Só a Vacina pode nos salvar de ter que enfrentar a poliomielite outra vez. A completa cobertura vacinal forma uma rede de proteção para todos”, alertou, pedindo: “faça sua parte. Vacine seus filhos”.