Estado mantém ações de enfrentamento ao crime organizado dentro e fora dos presídios

Em reunião semanal de alinhamento com os gestores do Sistema Integrado de Segurança Público (Sisp), nesta segunda-feira, 13, o governador Tião Viana tratou sobre questões envolvendo o sistema penitenciário, destacando as medidas de endurecimento adotadas dentro das unidades, bem como as ações de enfrentamento à criminalidade nas ruas da capital e do interior.

Acerca da greve de fome orquestrada por lideranças criminosas que cumprem pena no Complexo Penitenciário Francisco D’Oliveira Conde (FOC), o diretor-presidente do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), Aberson Carvalho, esclarece que o Estado não vai recuar. Os apenados reclamam das medidas estabelecidas dentro dos presídios acreanos, como a transferência de lideranças para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) – posta em prática após a inauguração da Unidade de Segurança Máxima Antônio Amaro – e a permuta de presos entre as unidades que já têm novas vagas disponíveis após reformas, além das constantes revistas nas celas realizadas pelos agentes penitenciários.

“Estamos cientes de que todos os direitos assistidos pela [LEP] Lei de Execuções Penais estão sendo cumpridos. Contudo, não podemos ficar à mercê de reeducandos que precisam cumprir as penas, respeitando a legislação vigente e a autoridade do Estado”, frisou Carvalho.

Ainda segundo o Iapen, a Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) já foi informada sobre as medidas colocadas em prática. A LEP estabelece que todo preso tem direito à cultura, atividades laborais, trabalho, banho de sol e visita, todavia, fica a critério da direção da unidade a suspensão total ou de parte desses direitos, em virtude de situações como a que está sendo realizada por protesto de líderes das organizações criminosas.

“O Sistema de Segurança Pública tem trabalhado de maneira integrada e unida. As polícias estão nas ruas fazendo investigações qualificadas, com prisões semanais. Não vamos recuar no enfrentamento às organizações criminosas, embora ainda peçamos ao governo federal que ocupe as fronteiras, uma vez que as consequências do que estamos sofrendo vêm da abertura das fronteiras ao trafico de drogas e de armas”, salientou o secretário de Estado de Segurança Pública, Vanderlei Thomas.

Novo momento do Iapen

O governo do Acre é um dos que mais bem utiliza os recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), liberados em 2017 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após pressão dos governadores dos Estados e do Distrito Federal. Com R$ 63 milhões de investimentos, o Acre reestrutura todas as unidades do sistema penitenciário e constrói duas mil novas vagas.

Todas as unidades contam hoje com novos detectores de metais. Além disso, o maior presídio do estado possui raio-X e scanner corporal, dispensando a revista vexatória, para revistar e localizar ilícitos em todos os que têm acesso ao FOC. O Acre também é um dos seis estados brasileiros que cortou o contato do presídio com o mundo externo, com a instalação do bloqueador de sinais de telefonia móvel.

Para a próxima semana, o governador Tião Viana planeja a entrega de novas motocicletas e viaturas para as polícias Militar e Civil, além de materiais para a realização de atividades esportivas realizadas pela área social da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

Combate ao crime organizado: 30 pessoas denunciadas pelo MPAC vão a julgamento

Representado pelos promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Bernardo Albano e Ildon Maximiano, o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) atuou, nesta terça-feira (24), perante a 4ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco, da audiência de instrução e julgamento de 30 réus acusados de integrar três facções criminosas que agem no estado.

Os denunciados foram presos durante a ‘Operação Hidra’, conduzida pela Polícia Federal. As acusações incluem a participação em organizações criminosas, tráfico de drogas, associação para o tráfico, furto, roubo, receptação, porte ilegal de arma de fogo e comércio de armas.

“No bojo da investigação, foram carreadas provas relacionadas aos membros das organizações criminosas e também descortinados diversos crimes praticados por eles. As provas foram devidamente compartilhadas com os processos que apuram esses fatos específicos e conseguiu-se chegar à autoria de diversos crimes ocorridos no estado”, explica o promotor de Justiça e coordenador adjunto do Gaeco, Bernardo Fiterman Albano.

A audiência terminou às 23h45m da noite desta terça. As partes terão prazo para apresentação de alegações finais e, posteriormente, o caso será sentenciado.

“A expectativa é que mais uma vez o trabalho conjunto das instituições, MPAC e Polícias, colha frutos e que estes perigosos réus sejam condenados”, destacou o promotor de Justiça Ildon Maximiano.

Operação Alcateia prende mais de 40 pessoas em combate ao crime organizado

A Polícia Civil deflagrou nas primeiras horas de terça-feira, 24, a operação “Alcateia”, na ocasião foram cumpridos 53 mandados de prisão. A ação é resultado de 90 dias de investigação realizada pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado (DECCO) com apoio do Departamento de Inteligência (DI) e do Ministério Público, através do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO).

A operação investigou pessoas envolvidas com organização criminosa, tráfico de drogas homicídios e roubo. Ate a manhã de terça 46 pessoas foram presas. De acordo com a Polícia, a maioria dos presos são líderes de uma organização criminosa que ordenavam os crimes. Os mandados foram cumpridos em Rio Branco e Senador Guiomard.

“A deflagração da operação alcateia tem como foco pelo ou menos 10 lideranças, conselheiros dessa organização criminosa Bonde dos 13, e hoje estamos colocando a disposição da justiça 10 líderes e outros 36 integrantes dessa organização criminosa”, explicou o delegado Alcino Junior.

Em coeltiva de imprensa na Secretaria de Polícia Civil para apresentar os resultados parcial da operação o secretário de Segurança, Vanderlei Thomas, falou da parceria com o Ministério Público do Acre.

“Esse é um trabalho da Polícia Judiciária, nossa Polícia Civil, que trabalha de uma forma qualificada buscando a autoria e responsabilizar os envolvidos. Ter um parceiro como o Ministério Público nos orgulha e tem trazido contribuições ao trabalho policial”, enfatizou.

O procurador do MP/AC Danilo Lovisaro explicou que a ação é resultado de um trabalho em conjunto do MP e da polícia cívil. “É um trabalho integrado. A Polícia Civil conduz essas investigações com eficiência, e o Gaeco acompanha as investigações e os resultados obtidos e que servem de base para o oferecimento da denúncia”, afirma Lovisaro.

Ministério vai criar comissão contra o crime organizado

Para Jungmann, sistema penitenciário está sob o controle de facções

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou hoje (20) que será criada uma Comissão Nacional de Inteligência e Operações contra o crime organizado. O foco da comissão será o combate às facções criminosas que atuam no sistema penitenciário brasileiro.

Jungmann declarou que o controle dos grupos criminosos está tornando o Brasil refém do sistema prisional. Para o ministro, as organizações criminosas precisam ser enfrentadas porque representam hoje a maior ameaça à segurança do país.

“Hoje o sistema penitenciário brasileiro, que já é o terceiro maior do mundo, está sob o controle das facções e grupos criminosos, por isso eu estou criando a Comissão Nacional de Inteligência e Operações contra o crime organizado reunindo todos os órgãos do governo federal e do governo estadual para combater as facções criminosas, que hoje representam a maior ameaça à segurança pública dos brasileiros e brasileiras e às instituições, à sociedade e à própria democracia”, afirmou.

Além da criação da comissão, Jungmann disse que o ministério vai financiar os estados que quiserem bloqueadores de sinais de celular e tornozeleiras para evitar o encarceramento de mais jovens. O ministro citou ainda um projeto de lei que tramita no Congresso e prevê que os chefes de facções cumpram toda a pena no sistema de segurança máxima, e não apenas um ano como é hoje.

O projeto prevê ainda o fim das visitas íntimas e que as visitas familiares ou com advogados sejam monitoradas em parlatórios. “Se nós não cortarmos o fluxo de comunicação entre o grande crime que está preso e o crime que está na rua nós, na verdade, estaremos enxugando gelo”, disse.

Segundo o ministro, o Brasil tem hoje, aproximadamente, 70 facções criminosas, desde locais até internacionais, como o PCC (Primeiro Comando da Capital), que atua em 5 países da América do Sul e outras regiões. Jungmann chamou a atenção ainda para a falta de controle sobre o sistema prisional.

“O controle é deficitário, existe infelizmente corrupção, falta de pessoal, falta de controle. E nós vamos lutar contra isso, criando o conselho nacional e tomando todas as medidas necessárias para combater o crime organizado. Pode ser inclusive através do Sistema Unificado de Segurança Pública, que faz com que, pela primeira vez, União, estados, municípios e todas as polícias estejam integradas na operação, na inteligência e no combate ao crime organizado”, declarou.

A comissão nacional deverá ser composta pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Federal, Forças Armadas, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda que monitora a questão da lavagem de dinheiro, além do Banco Central e todas as polícias militares do país.

O ministro também adiantou que nas próximas semanas o presidente Michel Temer deve editar um decreto que cria uma política nacional para presos egressos e vai disponibilizar, inicialmente, R$ 50 milhões para iniciativas que inibam a reincidência de crimes.

MP do Acre mostra atuação no combate ao crime organizado em evento nacional

Com o tema ‘Inovação e Resultados’, a I Mostra de Projetos do Ministério Público Brasileiro, realizada pela Comissão de Planejamento Estratégico do Conselho Nacional do Ministério Público (CPE/CNMP), reuniu na sede do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), em Salvador, nestas quarta(4) e quinta-feira (5), membros e servidores do MP de 24 estados.

No encontro, foram apresentadas iniciativas consideradas inovadoras e bem-sucedidas. Apenas 26 projetos idealizados pelas unidades do MP de todo o Brasil foram selecionados para o evento, entre eles, o projeto ‘Narco: Combate ao crime organizado e as rebeliões em presídios no AC’, do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC).

O procurador-geral adjunto Administrativo e Institucional do MPAC, Oswaldo D’Albuquerque Lima Neto, e o coordenador adjunto do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Bernardo Albano, foram os responsáveis pela exposição.

A iniciativa tem como objetivo desarticular o braço das organizações criminosas no estado, por meio de operações integradas e de inteligência.

“O crime organizado é um problema que preocupa a todos nós, independente do estado em que moramos. E nós, do Ministério Público do Acre, temos uma estratégia voltada para combater esse problema nacional, que representa uma ameaça especialmente à nossa juventude e que aflige não só o Acre como os demais estados”, ressalta a procuradora-geral de Justiça Kátia Rejane de Araújo Rodrigues.

A estratégia

O projeto consiste numa estratégia para desarticular o braço das organizações criminosas no Acre, iniciada no segundo semestre de 2016, quando houve o agravamento da disputa entre as facções por território de drogas, especialmente nas regiões de fronteira.

Os conflitos registrados dentro e fora dos presídios do Acre elevaram o número de vítimas de homicídios dolosos em 80%, colocando o estado entre os mais violentos do país.

“Diante desse cenário, criamos o projeto Narco, que conta, entre as várias ações, com o Observatório Criminal, onde são realizados estudos e produção de conhecimento sobre a dinâmica desse tipo de crime. Esses dados são compartilhados com o sistema de segurança pública do Estado, com órgãos de outros estados, e têm auxiliado até mesmo autoridades de outros países”, explica Oswaldo D’Albuquerque, procurador-geral naquele ano.

Entre os resultados está a produção de dois Anuários de Informações e Indicadores Prioritários de Violência e Criminalidade e de quase 900 relatórios técnicos e de inteligência. Esses e outros dados foram determinantes para a realização de operações integradas de inteligência, que resultaram na denúncia de mais de 800 integrantes de facções criminosas e na recuperação de R$ 15 milhões em bens e valores apreendidos num período inferior a dois anos.

“É uma estratégia que conta com dois eixos, sendo o primeiro, interno, que passa pela estruturação do Núcleo de Apoio Técnico (Nat), a criação do Observatório Criminal, desenvolvimento de ferramentas tecnológicas, entre outros investimentos para garantir maior eficiência no combate ao crime organizado. O segundo eixo é focado nas ações externas que mostraram a importância do trabalho integrado entre as instituições”, destaca o coordenador adjunto do Gaeco.

Em 2017, o projeto “Narco: Combate ao crime organizado e às rebeliões em presídios no Acre’ recebeu reconhecimento nacional ficando em primeiro lugar na categoria redução da criminalidade do Prêmio CNMP.