Por Tião Vitor – O tipo de munição usada pelo policial militar que disparou contra o policial civil Justino Rodrigues Queiróz, na noite do sábado, 16, pode ter sido a responsável pela gravidade dos ferimentos. A munição era do tipo expansiva, ou seja, que se abre quando penetra o alvo, deixando dilacerações mais profundas que causam maior sangramento. Essa munição também é conhecida como ponta-oca ou ogival. Em alguns casos, essa munição também espalha fragmentos que ampliam ainda mais o dano.
O ferimento mais grave sofrido por Justino foi o que lhe atingiu o braço, transfixou e penetrou em seu tórax. Segundo informações repassadas por amigos de Justino em grupos de WhatsApp, logo que atingiu o seu braço, o projétil expandiu, penetrando o seu tronco com um diâmetro bem maior que os 10,16mm da munição calibre 40 usada nas pistolas de uso das forças de segurança no Brasil. E foi expandido que a bala perfurou o pulmão, fígado e se aproximou do estômago.
Por onde passou, a bala causou grande estrago, rompendo os vasos e dilacerando os tecidos dos órgãos internos, resultando, como já dito, em grande sangramento que só foi contido através de cirurgia.
Juscelino também foi atingido outras duas vezes com o mesmo tipo de munição. Um projétil atingiu a tíbia e o outro o fêmur. A tíbia fica na parte anterior da perna, no local popularmente chamado de “canela”. Já o fêmur é o osso da coxa. Esse é o osso mais longo e mais resistente do corpo humano e tem, em média, 50 centímetros.
Nesses locais, Juscelino deve receber pinos para fixação da parte óssea destruída pelo impacto do projétil.
Munição mais segura para combates urbanos
Apesar da letalidade, a munição expansiva é considerada mais segura para combates urbanos. Isso porque é ela tem mais potencial para parar o agressor do que uma munição do tipo lisa de ponta arredondada. Ela também tem menos velocidade e menor alcance em virtude da menor eficiência aerodinâmica. E, por conta do caráter expansivo, costuma permanecer no local do impacto. As de ponta lisa transfixam o alvo, podendo atingir, involuntariamente, terceiros.
Juscelino perdeu cerca de 3,5 litros de sangue
O quadro de saúde de Juscelino Queiróz, até a tarde de ontem, era considerado estável. Todos os sangramentos teriam sido contidos através da cirurgia realizada ainda no sábado, 16.
Apesar disso, sua situação ainda inspira cuidados dado à quantidade de sangue que perdeu. A estimativa é que Juscelino tenha perdido algo em torno de 3,5 litros de sangue. Essa quantidade representa mais que 50% de todo o sangue que circulava em seu corpo, já que, em média, um homem adulto com peso médio de 75 quilos, teria algo em torno de 5 a 6,5 litros de sangue.
Ele também está sendo mantido sedado, mas isso só para que venha se movimentar o mínimo possível. Em quadros como o dele, quanto menor a movimentação, mais rápida será a cicatrização dos ferimentos.