Confiança de brasileiros em cientistas cresceu na pandemia, indica estudo

Durante a pandemia de Covid, a confiança dos brasileiros em cientistas cresceu. É o que apontam resultados de uma pesquisa de opinião feita pelo Centro de Estudos SoU_Ciência em parceria com o Instituto Ideia Big Data.

Entre as 1.252 pessoas entrevistadas, 28,3% afirmam que, para assuntos importantes, a fonte de informação em que mais confiam são cientistas de universidades ou institutos públicos de pesquisa. Esses profissionais lideram a pesquisa nesse quesito. Em segundo lugar, aparecem os médicos, com 13,9% das respostas.

Em 2019, para a mesma pergunta, 11,8% tinham cientistas como primeira opção. Em 2015, pior ano da série para os pesquisadores, somente 7,8% citavam pessoas da ciência como fontes de informação mais confiáveis.

Cientista com roupa de proteção olha para baixo
Cientista em linha de produção da vacina da Astrazeneca/Oxford, na Bélgica – 10.fev.2021 – Yves Herman/Reuters

Em anos anteriores, religiosos, médicos e jornalistas estavam à frente dos cientistas como fontes de informação mais confiáveis.

A margem de erro da pesquisa é de 2,85 pontos percentuais para mais ou para menos. Foram realizadas entrevistas telefônicas de 25 a 27 de janeiro deste ano com 1.500 pessoas com 16 anos ou mais de todo o país.

“Para te dizer a verdade, o resultado para nós foi surpreendente”, afirma Soraya Soubhi Smaili, pesquisadora da escola paulista de medicina da Unifesp e coordenadora do SoU_Ciência. “Valorizou muito a profissão do cientista. Antes você falava de cientista e as pessoas não sabiam o que era. ‘Cientista, o que é isso?’”

O estudo atual usou uma fração das dezenas de perguntas de uma outra pesquisa de opinião, feita desde 2006 pelo CGEE (Centro de Gestão de Estudos Estratégicos), organização supervisionada pelo MCTI (Ministério da Ciência e Tecnologia), com colaboração da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e do INCT-CPCT (Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia).

Os pesquisadores do SoU_Ciência, que têm um blog na Folha, aproveitaram essas questões para dar continuidade à série histórica da pesquisa do CGEE, que não é feita desde 2019 (além da edição de 2019, houve outras três, em 2006, 2010 e 2015).

A importância de fazer a pesquisa neste momento, diz Pedro Arantes, professor da Unifesp e um dos coordenadores do SoU_Ciência, é captar o impacto que a pandemia teve na percepção da ciência e tecnologia no Brasil.

“A ciência se tornou sujeito político no Brasil. Isso em contraponto a um governo negacionista. A sociedade brasileira está percebendo a ciência, não apenas pela ciência, mas em uma dimensão pública e política —não partidária”, afirma Arantes. “A ciência ocupou um espaço público importante, ajudou a organizar o debate no Brasil, a reagir à desinformação, às tentativas de limitar postergar a vacinação“, avalia Arantes.

Apesar de o levantamento mostrar uma maior confiança das pessoas em cientistas, o conhecimento sobre o tema permanece distante da maioria da população, apontam também os dados.

Quase 58% dos entrevistados disseram não se lembrar de qualquer instituição de pesquisa no país e cerca de 74% não sabem nomes de cientistas brasileiros importantes.

Entre os lembrados estão Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Átila Iamarino e Natalia Pasternak —pouco mais de 3% dos entrevistados que mencionaram algum nome citaram o alemão Albert Einstein.

Apesar disso, os representantes do SoU_Ciência apontam que os números melhoraram em relação às pesquisas passadas do CGEE.

Na pesquisa de 2019, por exemplo, mais de 90% dos entrevistados não se lembravam do nome de algum cientista brasileiro e cerca de 90% não conseguiam indicar uma instituição científica do país.

No estudo do SoU_Ciência, o Instituto Butantan e a Fiocruz foram os mais lembrados, respectivamente por 40,1% e 22,5% dos que conseguiram citar instituições. Está aí mais uma possível ligação com a Covid, afinal, essas foram as instituições que, no Brasil, lideraram durante boa parte da pandemia a produção e distribuição de vacinas contra a doença, ganhando assim constante espaço e citações na imprensa.

A Coronavac, do Butantan, foi a primeira vacina aplicada amplamente no país e guiou os primeiros meses da campanha de imunização. A Astrazeneca/Oxford, da Fiocruz, posteriormente assumiu a liderança das aplicações.

O nome dessas instituições e de pesquisadores que fazem parte dela chegaram longe, a ponto de integrar parte do imaginário pop. Arantes lembra, por exemplo, do remix da música “Bum Bum Tam Tam”, de MC Fioti, falando sobre a Coronavac e o Butantan —com direito a clipe nas dependências da instituição.

Mas ainda há um longo caminho para melhorar a compreensão pública da ciência, ressaltam os pesquisadores.

“Tivemos uma popularização e agora temos que partir para uma conscientização”, afirma Smaili. “Não basta expor o cientista e falar da ciência. Nós temos que concatenar tudo isso com uma política pública que aumente a percepção da população sobre a ciência, com programas de ciência nas escolas, no trabalho, para você torná-la acessível. A ciência é um direito do cidadão.”

folha

Brasileiro é povo que mais sente solidão na pandemia, aponta ranking

Os brasileiros são o povo que mais se sente solitário, de acordo com os resultados de uma pesquisa que ouviu 23 mil pessoas de 28 países.

Segundo o levantamento, realizado entre 23 de dezembro do ano passado e 8 de janeiro deste ano, 50% das mil pessoas entrevistadas no Brasil disseram sentir solidão “muitas vezes”, “frequentemente” ou “sempre”.

O percentual é o maior entre todas as populações ouvidas pela pesquisa, feita pelo instituto Ipsos. Em segundo lugar vieram os turcos, com 46%, seguido pelos indianos (43%) e pelos sauditas (43%).

Na outra ponta do ranking, os holandeses são o povo que menos sofre de solidão (15%), seguidos pelos japoneses (16%) e poloneses (23%).

Além disso, 52% dos participantes da pesquisa no Brasil afirmaram que esse sentimento de solidão cresceu nos últimos seis meses – 21% disseram que o último semestre deve impactar em sua saúde mental no futuro.

Para Marcos Calliari, presidente da Ipsos no Brasil, os efeitos da pandemia de Covid-19, que já matou 259,2 mil pessoas no país até esta quarta-feira (3), foram preponderantes para aumentar o sentimento de solidão da população brasileira.

“O brasileiro sofreu demais na pandemia. Os números assustadores de contágio e de mortes, um dos piores índices do mundo, e o longo período de quarentena, ajudam a explicar esse sentimento”, explica.

“Houve também muita turbulência em relação às informações e procedimentos sobre a pandemia. As pessoas ficaram e estão muito confusas e tristes sobre isso”, acrescenta Calliari.

O analista cita outro ponto que pode ter influenciado o resultado no Brasil: o período de festas de fim de ano, momento em que parte da pesquisa foi realizada.

“O brasileiro é um povo bastante gregário. Gosta de estar com a família no Natal e no Ano-Novo. Como vivemos um período de distanciamento social, muita gente se sentiu sozinha nesse período”, afirma Calliari.

Para ele, o futuro próximo também não deve mudar os índices.

“Vivemos o pior momento da pandemia. E a tendência é que o sentimento de solidão aumente e, somado à ansiedade e tristeza, isso pode causar problemas sérios de saúde mental no futuro”, diz.

folha

No feriado, brasileiros decretam por conta própria fim das medidas de isolamento

Os brasileiros aproveitaram o feriado da Independência para decretar por conta própria o fim das medidas de isolamento e prevenção à covid-19. Infringindo diversas regras municipais e estaduais, lotaram cidades turísticas, praias e bares, muitas vezes sem sequer usar máscara. Especialistas ouvidos pelo jornal tentam explicar as razões neurológicas, sociológicas e econômicas que levaram parte da população a colocar em risco a própria saúde e também a de parentes e amigos mais próximos.

Feriado
Aglomeração na Praia de Ipanema, no Rio, durante o feriado de 07 de setembro Foto: Luiz Gomes/ FOTOARENA

Algumas circunstâncias explicam parte do movimento. Este foi o primeiro feriado prolongado em que as regras da quarentena já estavam flexibilizadas. Ou seja, a primeira chance real, desde o carnaval, em que a população poderia viajar para as cidades próximas, frequentar restaurantes e até tomar um banho de mar, depois de passar mais de seis meses com movimentos bastante restritos. Mas a flexibilização é diferente de normalização e implica o cumprimento de certas regras. Não foi isso que se viu no feriado.

Feriado prolongado durante a pandemia
As equipes ordenaram a retirada de 639 cadeiras e guarda-sóis instalados na faixa de areia de praias do Guarujá Foto: Fernanda Luz/ EFE

“As pessoas decretaram por elas mesmas o fim do isolamento, não há nenhuma dúvida sobre isso”, atesta o infectologista Alexandre Naime Barbosa, da Unifesp. “E fizeram isso sem seguir as regras da flexibilização, que é um conjunto de novas condutas, que exige a modificação de hábitos, o uso de máscara, o distanciamento social, a higiene reforçada. Então, o que fizeram, de verdade, não foi a flexibilização, mas sim a normalização, a banalização da ameaça.”

De acordo com especialistas, existe um limite de tempo em que nosso cérebro consegue, de fato, prestar atenção em alguma coisa, levar a sério uma ameaça, até que aquilo começa a ser considerado normal.

“Existe um jogo dentro do cérebro humano ao analisar uma situação de risco”, explica Naime. “Inicialmente, a doença era muito desconhecida, não tinha ainda chegado ao País, havia uma histeria grande, muito medo, e muita gente foi para o isolamento.”

Agora que a epidemia já é uma realidade há mais de seis meses, muita gente decide que, se nada grave aconteceu consigo até agora, então não deve ser tão perigoso assim. Obviamente, o fato de a pessoa não ter contraído o vírus até hoje não significa que não possa contraí-lo amanhã mesmo numa praia ou bar lotado. E tampouco significa que não possa levá-lo a um parente ou amigo mais vulnerável.

Feriado prolongado durante a pandemia
Paulistano que ficou na cidade durante o feriado prolongado de 7 de setembro aproveita o calor e o pequeno espaço de gramado do Parque do Ibirapuera Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

“É um comportamento egoísta, de quem olha mais para si e menos para os outros, e faz uma avaliação equivocada de que talvez o maior risco já tenha passado”, explica o neurocientista Luiz Eugênio Mello, diretor científico da Fapesp. “Um outro ponto é a fadiga da quarentena, as pessoas se cansam de ficar em casa.”

Para o cientista social Renan Gonçalves Leonel da Silva, da Faculdade de Medicina da USP, o movimento visto no feriado seria, majoritariamente, da classe média, que neste ponto da epidemia tem registrado bem menos casos de covid do que as classes mais baixas.

“Essas pessoas têm acesso à informação, elas sabem que a pandemia não acabou, mas, quando vão avaliar o risco para si mesmas, aspectos não científicos pesam mais na hora de tomar a decisão”, explica Silva. “A classe média estava privada de seu papel de consumidor e agora essa bolha explodiu: ‘vou voltar ao meu papel porque já deu, vou resgatar a minha posição social a despeito da minha responsabilidade com a saúde pública’.”

Outro pano de fundo importante, segundo os especialistas, é o fato de que as notícias indicando que uma vacina pode já estar disponível no fim deste ano ou no início de 2021 se intensificaram, conforme avançam os estudos para o desenvolvimento de imunizantes, e também das notícias dando conta da redução da velocidade de crescimento da epidemia.

“A tendência da população é ir atrás do que é mais fácil de entender”, explica o cientista social. “Se todo dia temos 1.200 mortes e, num belo dia, temos 800, há um gatilho mental que nos faz entender que a epidemia está diminuindo, embora o número continue sendo muito alto.”

Feriado prolongado durante a pandemia
Movimentação de banhistas na praia de Ipanema, na zona sul do Rio Foto: Wilton Junior/ Estadão

Sobretudo, dizem, nunca houve um discurso uniforme entre o governo federal e as autoridades estaduais e municipais. Pelo contrário, muitas vezes eles foram até contraditórios, o que também dificulta a apreensão da mensagem e estimula a ideia de que diferentes posicionamentos são aceitáveis.

“Aqui a epidemia se transformou numa questão política”, avalia a especialista em saúde pública Chrystina Barros, do grupo especial de combate à covid da UFRJ. “As autoridades não conseguem ser coerentes, muitas aglomeram sem máscara, são vários sinais trocados e maus exemplos.”

O grande problema, avalia, é que a aposta individual prevalece sobre a saúde coletiva. “Isso é muito ruim, muito ruim mesmo, um crime contra a saúde pública”, diz Barros. “Não há exemplo, não há fiscalização, não há coerção. E agora, mesmo quem ficou em casa está em risco.”

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Para 76% dos brasileiros, escolas devem continuar fechadas, aponta Datafolha

Para 76% dos brasileiros, as escolas devem continuar fechadas nos próximos dois meses por causa da pandemia do novo coronavírus, segundo pesquisa Datafolha. Em todas as faixas etárias e de renda e em todas as regiões do país, a maioria da população defende que as aulas presenciais ainda não sejam retomadas.

A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha ouviu 2.016 pessoas de todo o país na terça (23) e na quarta (24) por telefone, modelo que evita o contato pessoal entre pesquisadores e entrevistados e exige questionários mais rápidos.

O resultado da pesquisa mostra que, apesar de a maioria da população (52%) concordar com a reabertura do comércio em estados e municípios neste momento da pandemia, uma proporção bem menor (21%) defende a reabertura das escolas.

Para especialistas em educação e infectologistas, o pouco apoio para a retomada das aulas presenciais pode ser pelo temor de que os alunos não sigam as regras de distanciamento, devido à infraestrutura das escolas ou por causa dos deslocamentos necessários para chegar às escolas.

Nenhum estado decidiu retomar as aulas presenciais, mas alguns governadores, como os de Goiás e do Distrito Federal, estudam reabrir parcialmente as unidades em agosto. Em São Paulo, a previsão é de retomada em setembro.

Não há diferença significativa entre as faixas de renda familiar. Entre as pessoas que têm renda familiar de até 2 salários mínimos, 77% defendem a continuidade do fechamento das escolas. Entre os que ganham mais de 10 salários mínimos, são 73%.

O tipo de município também não altera a percepção. Entre os que moram em cidades de regiões metropolitanas, apenas 21% acham que as aulas deveriam ser retomadas. Nos municípios do interior,, são 22%.

A principal diferença de opinião ocorre, no entanto, na segmentação de avaliação ao presidente. Apenas 9% dos que avaliam o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) como ruim ou péssimo disseram que as escolas devem reabrir. O número sobe para 38% entre os que consideram o governo ótimo ou bom.

Também há diferença maior de opinião entre os sexos. Enquanto, 81% das mulheres defendem a continuidade do fechamento, 71% dos homens responderam da mesma forma.

Entre os diferentes tipos de ocupação profissional também não há grande divergência de opinião, com exceção do grupo dos empresários, em que 31% defende a reabertura das escolas.

Outro grupo com maior proporção de pessoas que defendem a reabertura das escolas é dos que dizem estar vivendo normalmente durante a pandemia: 36% acham que as aulas presenciais devem voltar. Entre os que dizem só sair de casa quando é inevitável ou estarem totalmente isolados, a taxa é de 19% e 18%, respectivamente.

“A população está muito consciente dos riscos que está correndo com a pandemia e, ainda que crianças e adolescentes não estejam no grupo de risco, tem receio de colocá-los em uma situação de exposição. As pessoas também devem pensar que retirar os alunos de casa significa expor muita gente ao vírus”, avalia o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

Ele destaca que a reabertura das escolas envolve a circulação de muitas pessoas. O Brasil tem, apenas na educação básica, 48 milhões de estudantes e 2,5 milhões de professores, o que representa 24% da população.

“Temos que avaliar ainda que muitas crianças não vão sozinhas à escola, então a ida delas para as aulas envolve a circulação de muita gente nos ônibus, metrô, nas ruas. Sem falar na quantidade de pessoas que vão atuar na limpeza, alimentação e organização dos colégios”, diz.

Para o infectologista Celso Granato, professor da Unifesp e diretor clínico do grupo Fleury, a retomada das aulas presenciais vai exigir um protocolo sanitário rigoroso e um grande trabalho de orientação para professores e alunos. “Crianças e adolescentes não têm tantas complicações com o vírus, mas, para evitar que contaminem seus familiares e professores, é importante que haja esse cuidado, já que a escola é um ambiente onde vão ficar por muitas horas.”

Maria Helena Guimarães de Castro, membro do Conselho Nacional de Educação, diz que a infraestrutura e as condições das escolas públicas não ajudam a transmitir segurança às famílias. “Enquanto em países como a Alemanha vemos a testagem de crianças na porta dos colégios, aqui nos questionamos se haverá água e sabão para os alunos lavarem as mãos”.

governo Bolsonaro não criou nenhuma linha específica de financiamento para educação em meio à pandemia, apesar dos pedidos de estados e municípios por recursos emergenciais que ajudem a preparar as escolas para a volta às aulas. Até o momento, o MEC (Ministério da Educação) só manteve os repasses já previstos para apoio pedagógico e merenda.

Além do receio de contágio das crianças, Maria Helena destaca também que as famílias temem o impacto emocional das restrições impostas pelo coronavírus no ambiente escolar. “Os alunos vão voltar para um ambiente completamente estranho. Eles estavam acostumados a se abraçar, dividir materiais, ter liberdade para brincar. Tudo vai ser muito mais restritivo e é preciso pensar no impacto social e emocional dessa nova situação.”

Professor adjunto da Universidade Columbia e ex-secretário de educação de São Paulo, Alexandre Schneider diz que o plano de volta às aulas deve ter também como estratégia formas de dar segurança às famílias e aos alunos para a volta ao ambiente escolar. “Vai ser preciso uma reconexão com a escola, para alunos e professores, que podem ter perdido pessoas queridas, ter vivido em ambientes violentos nesse período ou em condições econômicas precárias.”

A funcionária administrativa Soraia Mota, 38, conta que não se sente segura em levar a filha Manuela, de 5 anos, de volta à escola Mary Ward, na zona leste de São Paulo. O maior receio é que a menina não entenda a necessidade de manter distanciamento dos colegas.

“Eu acho que ela não vai conseguir ver os colegas e não abraçar, não encostar. Ela está acostumada a esse contato com eles e, mesmo que eu oriente, acho que ela vai esquecer. Também não sei se seria muito saudável deixá-la em um ambiente tão restritivo. Pelo menos em casa ela tem liberdade”, disse.

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28% dos brasileiros não fazem isolamento contra coronavírus, diz Datafolha

Perto de completar um mês, o isolamento social estabelecido como principal estratégia para o combate ao novo coronavírus em diversos estados não faz parte da rotina de uma parcela expressiva da população brasileira.

Pessoas sentam na grama e fazem exercício em frente ao Parque Ibirapuera, fechado em razão da epidemia de Covid-19. – Mathilde Missioneiro/Folhapress

Não seguem total ou parcialmente a orientação de ficar em casa 28% das pessoas entrevistadas pelo Datafolha, segundo pesquisa realizada entre os dias 1 e 3 de abril. Foram consultados 1.511 brasileiros adultos em todas as regiões do país.

Desta vez, o levantamento foi feito por telefone, em razão da pandemia, ao contrário do procedimento rotineiro do instituto, que é de realizar entrevistas pessoalmente. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

O resultado mostra que 24% dos entrevistados dizem que estão tomando cuidado em razão da pandemia, mas seguem saindo de casa para trabalhar ou realizar outras atividades.

Outros 4% dos pesquisados afirmam que não houve nenhuma mudança na rotina e que seguem vivendo como antes da crise.

Não é possível saber quantos desses trabalhadores desempenham atividades essenciais, em setores como alimentação, saúde e segurança, por exemplo, e por isso precisam sair para trabalhar.

Ignorar o isolamento sem necessidade contraria a orientação da maioria dos especialistas em infecções e as diretrizes do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mas é compatível com o que vem defendendo o presidente Jair Bolsonaro, para quem a quarentena deveria ficar restrita apenas a idosos e demais grupos vulneráveis, como doentes crônicos.

Infectologistas dizem que o isolamento total é fundamental, para não trazer o vírus para dentro de casa, por exemplo, onde poderia infectar os mais suscetíveis a terem complicações graves em seu estado de saúde.

Os demais 72% dos entrevistados afirmaram estar seguindo as orientações de ficar em casa, sendo que 54% disseram sair apenas quando é inevitável, para comprar comida, por exemplo. Outros 18% declararam estar totalmente isolados, sem sair de casa em nenhuma hipótese.

O confinamento em casa prejudica sobretudo trabalhadores sem renda fixa, especialmente os informais. Por isso, muitos deles têm se arriscado a ir para a rua em busca de trabalho, sendo encorajados para isso pelo próprio presidente.

Na faixa de renda mensal entre dois e cinco salários mínimos, que congrega muitos destes trabalhadores, a parcela dos que ignoram a quarentena sobe para 35%, sendo que 30% dizem tomar mais cuidado ao sair de casa e 5% afirmam não ter mudado em nada a rotina.

O Datafolha também pesquisou qual o grau de preocupação dos brasileiros com a pandemia. A grande maioria declara ter medo da doença. São 77% no total, sendo 39% que dizem ter um pouco de medo e 38% muito medo, uma situação de empate técnico.

Apenas 23% disseram não ter medo nenhum, na linha do que afirmou Bolsonaro em um pronunciamento de TV, quando menosprezou o risco de contrair o vírus porque causaria apenas uma “gripezinha”.

Em sua maioria, contudo, as pessoas ouvidas pelo Datafolha avaliam que é grande a chance de contrair e transmitir o vírus.

São 81% os que dizem acreditar que podem ser infectados, mas a maior parcela (35%) diz que a chance de isso acontecer é pequena. Apenas 17% creem que a possibilidade é grande.

Segundo o Datafolha, 72% dos entrevistados afirmam acreditar que têm chance de passar o vírus para outra pessoa, mesmo índice dos que creem que uma pessoa que more em sua residência pode contrair a doença.

A pesquisa mostra ainda que, para 52% dos entrevistados, a pandemia provocará muitas mortes. Entre os mais jovens, na faixa de 16 a 24 anos de idade, esse índice sobe para 63%. Afirmam que haverá poucas mortes 41% dos pesquisados, e 6% dizem não saber.

Como mostraram imagens de pessoas correndo no calçadão das praias cariocas ou no entorno de parques paulistanos no fim de semana, muitos ainda desprezam os riscos da doença.

Para 46% dos entrevistados pelo Datafolha, os brasileiros estão menos preocupados do que deveriam, enquanto 33% consideram que o grau de apreensão está na medida certa. Outros 19% afirmam que a preocupação das pessoas com a Covid-19 é excessiva.​

Entre os moradores dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, os dois mais afetados pela crise em número de casos e mortes, o pessimismo é, previsivelmente, mais acentuado.

Nos dois locais, 52% dos entrevistados avaliam que a população está menos preocupada do que deveria com a crise, ou seis pontos percentuais acima da média nacional.

Quanto ao número de mortes na pandemia, os paulistas veem um cenário bem mais negativo que entre os pesquisados nacionalmente. Acreditam que haverá muitas mortes 60%, oito pontos percentuais acima do total do Brasil. No Rio de Janeiro, o índice é de 55%.

São Paulo tinha até a noite de segunda-feira (6) 4.866 casos confirmados e 304 mortes, seguido pelo Rio, com 1.461 casos e 71 mortes.

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Gastos de brasileiros no exterior caem 13,2% em novembro, informa BC

Os gastos de brasileiros no exterior chegaram a US$ 1,385 bilhão, em novembro, e acumularam US$ 16,863 bilhões nos 11 meses do ano, informou hoje (21) o Banco Central (BC). Os resultados foram inferiores em 13,2% e em 2,96%, respectivamente, em relação aos gastos registrados em iguais períodos de 2017.

Já as despesas de estrangeiros em viagem no Brasil ficaram em US$ 464 milhões, em novembro, e em US$ 5,432 bilhões de janeiro ao mês passado. Com os gastos de brasileiros no exterior maiores que os de estrangeiros no país, a conta de viagens internacionais ficou negativa em US$ 921 milhões, no mês passado, e em US$ 11,431 bilhões, no acumulado do ano, abaixo do déficit em igual período de 2017 (US$ 12,070 bilhões).

Os dados das viagens internacionais fazem parte da conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros) das transações correntes, que são as compras e as vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com o mundo.

A conta de serviços costuma registrar saldo negativo. Em novembro, o déficit ficou em US$ 2,711 bilhões e nos 11 meses, em US$ 30,679 bilhões. Por outro lado, o superávit comercial chegou a US$ 3,576 bilhões, no mês passado, e a US$ 47,409 bilhões, de janeiro a novembro.

O balanço das transações é formado também pela conta de renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) que apresentou saldo negativo de US$ 1,901 bilhão, em novembro, e de US$ 31,225 bilhões, no acumulado do ano.

A conta de renda secundária (renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) ficou positiva em US$ 241 milhões, em novembro, e em US$ 2,381 bilhões, no acumulado do ano.

No total, a conta de transações correntes ficou negativa em US$ 795 milhões, em novembro. No mesmo mês de 2017, houve déficit de US$ 2,162 bilhões. No acumulado deste ano, as transações correntes registraram saldo negativo de US$ 12,114 bilhões, contra US$ 3,581 bilhões em igual período de 2017. A previsão do BC é que as contas externas fechem este ano com saldo negativo de US$ 17,6 bilhões, o que corresponde a 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Para 2019, a previsão é de déficit de US$ 35,6 bilhões, equivalentes a 1,8% do PIB.

Investimentos estrangeiros

Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir esse déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o investimento direto no país (IDP), porque recursos são aplicados no setor produtivo do país. Em novembro, esses investimentos chegaram a US$ 10,274 bilhões e acumularam US$ 77,782 bilhões, nos 11 meses do ano.

O BC projeta que os investimentos estrangeiros vão fechar este ano em US$ 83 bilhões (4,4% do PIB). Para 2019, a estimativa é US$ 90 bilhões, 4,6% do PIB.

Percentual de brasileiros com acesso a internet subiu 5,6%, revela IBGE

O números de residências que utilizavam a Internet subiu de 69,3% para 74,9%, de 2016 para 2017, o que representa um aumento de 5,6 pontos percentuais. Foi o que apontou uma pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad contínua) TIC 2017, divulgada na quinta-feira, 20, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa mostra que no mesmo período, a proporção de domicílios com telefone fixo caiu de 33,6% para 31,5%, enquanto a presença do celular aumentou, passando de 92,6% para 93,2% dos domicílios.

181,1 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade no país, 69,8% acessaram à Internet pelo menos uma vez nos três meses anteriores à pesquisa. Em números absolutos, esse contingente passou de 116,1 milhões para 126,3 milhões, no período.

Levando em consideração a faixa etária dos internautas, “o maior percentual foi no grupo etário de 20 a 24 anos (88,4%). Já a proporção dos idosos (60 anos ou mais) que acessaram a Internet subiu de 24,7% (2016) para 31,1% (2017) e mostrou o maior aumento proporcional (25,9%) entre os grupos etários analisados pela pesquisa”.

Em um ano, o percentual de pessoas que acessaram à Internet através do celular aumentou de 94,6% para 97,0%. Já quem usou a televisão para esse fim subiu de 11,3% para 16,3%, por outro lado, a taxa dos que utilizaram
microcomputador para acessar à Internet caiu de 63,7% para 56,6%.

O estudo mostra ainda os tipos de finalidades mais comuns entre os brasileiros neste período, quanto ao uso da internet. Além do acesso a TV digital entre outros. Os dados completos da pesquisa completa pode ser acessado na página do IBGE na internet.

Transferência de empregados brasileiros para o exterior pode ser facilitada

Empresas brasileiras ou estrangeiras que atuem no Brasil poderão ter facilitada a transferência ou contratação de brasileiros para missões ou trabalhos a serem realizados no exterior. Este é o objetivo do Projeto de Lei do Senado aprovado nesta quarta-feira (28) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), e que segue agora para análise da Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

O PLS 138/2017, do senador Armando Monteiro (PTB-PE), teve como relator o senador Jorge Viana (PT-AC), segundo o qual a atual legislação (Lei 7.064, de 1982), somada a jurisprudências posteriores do Tribunal Superior do Trabalho (TST), provoca grandes entraves para a contratação ou transferência de brasileiros para o exterior. Para ele, os altos encargos e insegurança jurídica estão alijando os trabalhadores brasileiros de concorrerem a vagas abertas fora do país.

— As empresas nestes casos estão optando sempre por contratarem estrangeiros. Na prática, a legislação vem contribuindo para a perda de postos de trabalho especializados para nossos cidadãos, retirando uma janela de oportunidades. Antes tínhamos milhares de trabalhadores fora, transferidos por suas próprias empresas, mas isto acabou devido a encargos extras e insegurança jurídica. Este projeto retira os custos extras garantindo os direitos dos funcionários — disse Jorge Viana.

Assim como o relator, o autor do projeto Armando Monteiro argumentou que, ao dificultar a transferência dos funcionários, a legislação também prejudica a geração de empregos no Brasil, pois cada transferência corresponderia a uma nova vaga no mercado interno. Além disso, a internacionalização das empresas brasileiras tem sido prejudicado.

País de transferência

O projeto define que a legislação trabalhista aplicável é a do local da prestação dos serviços, “como fazem hoje a grande maioria dos países”, segundo argumentaram os senadores.

As empresas deverão assinar um termo de compromisso no qual informam ao trabalhador sobre as condições de trabalho e os principais direitos previstos pela legislação do país de transferência. Em caso de descumprimento, a empresa poderá ser demandada perante a Justiça do Trabalho brasileira.

O texto também desonera as empresas do pagamento de encargos trabalhistas e previdenciários sobre a parcela paga ao empregado em razão da sua transferência ao exterior, o que, de acordo com Armando Monteiro, eleva em demasia o custo da contratação de brasileiros para esses postos.

Direitos garantidos

Durante a discussão do projeto, Viana ressaltou que fica assegurado aos transferidos todas as alterações ocorridas no salário-base da categoria, com os respectivos recolhimentos para a Previdência, FGTS e PIS. O texto também propõe um adicional de 25% do salário-base em razão da transferência, de caráter indenizatório, que serve como auxílio para custos adicionais com moradia, ensino e diferença de custo de vida.

O projeto também permite a livre negociação entre empregados e empregadores, visando ampliar os direitos dos trabalhadores. E estimula os acordos previdenciários, “uma das maiores reivindicações dos brasileiros que moram e trabalham no exterior”, segundo o relator.

Por fim, a proposta prevê ainda a conversão da transferência transitória em definitiva, o que contribuirá para a abertura de novas possibilidades aos brasileiros, segundo Viana e Monteiro.

Mais de 62 milhões de brasileiros estão negativados, aponta SPC

Um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostra 62,4 milhões de brasileiros estavam com as contas em atraso em setembro. Apesar de a taxa ter se mantido estável na comparação mensal, a pesquisa aponta que o número de inadimplentes aumentou 3,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

O aumento mais acentuado da inadimplência acontece entre a população mais velha. O número de idosos negativados, na faixa entre os 65 e 84 anos, cresceu 10% em relação ao mesmo período no ano passado. A estimativa é que 5,4 milhões de idosos estejam inadimplentes.

Na faixa entre 50 e 64 anos também houve aumento no número de negativados em relação ao ano passado (6,2%), e hoje totalizam 12,9 milhões. Na população entre 40 e 49 anos, o crescimento foi de 4,9%, com 14 milhões de inadimplentes. Os dados apontam ainda que a maior parte dos inadimplentes permanece na faixa dos 30 aos 39 anos, que caracterizam a metade dos brasileiros endividados. O número de jovens entre 25 e 29 anos com o nome sujo soma hoje 4,4 milhões.

Quase metade da população adulta da região Norte está com o nome sujo, somando 5,8 milhões de inadimplentes. Em seguida está o Nordeste, com 17,2 milhões (42% da população); Centro-Oeste, com 5 milhões (42,3%); Sudeste, com 27 milhões (39,1%); e Sul, com 8,4 milhões (37,2%).

Segundo o SPC Brasil, o desemprego e a baixa renda ainda prejudicam o orçamento e a capacidade de pagamento dos consumidores, e que esse quadro só deverá ser revertido com a melhora no mercado de trabalho e uma recuperação econômica vigorosa.

O indicador de inadimplência do consumidor é apurado com de acordo com as informações disponíveis nas bases de dados às quais o SPC Brasil e o CNDL têm acesso. As informações referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação.

Brasileiros não se sentem prontos para lidar com a morte, diz pesquisa

O brasileiro se julga pouco preparado para enfrentar a morte. Apesar disso, 79,5% concordam que a morte é um fenômeno tão natural quanto crescer, e 81,2% que “a morte é a única certeza que temos”.

Levantamento feito pelo Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) aponta que 68% dos entrevistados concordam com a frase “eu sei que a morte virá, mas não me sinto pronto para isso”.

Mesmo aceitando a naturalidade do fim da vida, o levantamento mostra que 82,4% das pessoas a relacionam com um grande sofrimento e acreditam que não há nada mais dolorido que a perda de uma pessoa. Segundo o estudo, 75% dos entrevistados têm muito medo de perder alguém. Apenas 1,6% avaliaram não ter receio nenhum de que alguma pessoa próxima morra. O levantamento entrevistou mil pessoas em todo o país.

Falar sobre a morte também não é muito presente no cotidiano dos entrevistados: 73,7% deles admitem que o tema tem sido evitado nas conversas. As pessoas com mais de 55 anos são as que mais falam sobre o assunto: 32,5% deles dizem tratar do tema cotidianamente. A porcentagem cai com a diminuição da faixa etária: de 45 a 55 anos, 29% falam sobre o tema no dia a dia; de 35 a 44 (26%); de 25 a 34 (26,4%); e de 18 a 24 (21%).

Dentre aqueles que falam sobre a morte, 53% têm como interlocutores os amigos; 43%, a mãe; 30%, o marido; 29%, o filho; 27%, a esposa; 27%, colega de religião; e 24%, o pai. O levantamento aponta que 55,3% têm ciência que conversar sobre a morte é importante, mas concordaram com a afirmação de que “as pessoas geralmente não estão preparadas para ouvir”.

O levantamento será apresentado na capital paulista na próxima semana durante uma conferência internacional sobre a morte que reunirá psicólogos, médicos e doulas de cuidados paliativos. A pesquisa aponta que é cada vez menor o tempo que as pessoas passam em velórios e nos rituais de celebração dos entes. Uma das conclusões é de que há uma negação do luto entre os brasileiros.

Maioria dos municípios brasileiros não tinha saneamento em 2017

Dados divulgados na quarta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estáticas (IBGE) apontam que em 2017, apenas 38,2% dos municípios brasileiros tinham política de saneamento básico, ou seja dos 5.570 municípios brasileiros apenas 2.126 possuem a política ainda que seja legalmente regulamentada.

Apesar dos baixos índices, em comparação com 2011, o número de cidades que afirmaram ter Política Municipal de Saneamento Básico (traça diretrizes gerais para os serviços), era de 28,2%, e subiu para 38,2% no ano passado. Outros 24,1% declararam estar elaborando.

Já em relação ao plano municipal de saneamento básico, 41,5% dos municípios possuíam o plano em 2017, ou seja 2.313 do total. Em 2011, esse percentual era de 10,9%. A região Sul foi a que teve o aumento mais expressivo entre 2011 (13,5%) e 2017 (72,9%).

Segundo os dados, na comparação por região, nordeste e o norte apresentam o pior desempenho. A proporção de municípios com planos (regulamentados ou não) por exemplo, é bastante desigual, variando entre 15,7% no Nordeste e 72,9% no Sul.

No ano passado, as Unidades da Federação com a maior quantidade de municípios com plano eram; Santa Catarina (87,1%) e Rio Grande do Sul (75,5%).

Por outro lado, os estados com menos municípios com o plano foram; na Paraíba (13,0%), Pernambuco (14,1%) e Bahia (14,6%).

Na região norte, o estado do Tocantins por exemplo, dos 139 municípios, apenas cinco informaram ter plano em 2011, esse número subiu 62 em 2017.

15 estados brasileiros já concluíram cadastro nacional de presos

O Cadastro Nacional de Presos já foi concluído em 15 estados brasileiros, de acordo com Conselho Nacional de Justiça (CNJ) o número de detentos incluídos no sistema chega a 376.717. O Acre finalizou o cadastro e inseriu os dados no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP) ainda no mês passado.

Segundo as informações nacionais, do total de presos, 357 mil são homens e 19 mil são mulheres. Destes, aproximadamente 36,5% estão em execução definitiva, 34,5% estão em execução provisória e 28,9% são presos provisórios.

No Acre a conclusão do cadastro e inserção dos dados aconteceu no mês de abril. Segundo o levantamento o estado possui 6.643 pessoas privadas de liberdade, destes, 2.965 são condenados em execução definitiva, 1.108 são condenados em execução provisória, 2.555 estão em regime provisório, 10 estão internados e há ainda cinco presos civis (detidos por falta de pagamento de pensão alimentícia).

O sistema foi desenvolvido pelo CNJ e vai permitir que a Justiça, em qualquer parte do país, tenha acesso a dados mais completos, como por exemplo; se a pessoa presa já responde por um ou mais crimes em outros Estados, o BNMP revela com precisão e em tempo real, a verdadeira população carcerária do Brasil.

Além do Acre já concluíram o cadastramento os Estados de Roraima, Amazonas, Amapá, Alagoas, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul.

Acre tem a 4ª maior rede de proteção à mulher mas violência segue crescendo

O Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), ligado ao Instituto de Pesquisa Data Senado, mostra em seus últimos levantamentos que o Acre é um dos poucos Estados brasileiros a contar com mais de três unidades especializadas de atendimento à mulher vítima da violência em funcionamento para cada grupo de 100 mil mulheres, mais do que o triplo da média nacional, os outros estados apresentam um número relativamente reduzido de UEAs em funcionamento. Nesse quesito, o Acre está junto apenas de Amapá, Distrito Federal e Tocantins –mas é o Estado que mais recebeu recursos per capita (R$30,21 por mulher) para implementar as ações definidas pela então Secretaria de Políticas para Mulheres no ano de 2016. “Contudo, não foi encontrada correlação significativa entre o número de unidades especializadas por 100 mil mulheres e as variações dos índices de violência contra as mulheres observadas nos estados entre os anos de 2006 e 2014. Também não foi encontrada correlação significativa entre essa variação nos índices de violência letal contra mulheres e o montante de recursos recebidos mediante convênios assinados com a SPM”, diz o estudo Panorama da Violência Contra a Mulher no Brasil –Indicadores Nacionais e Estaduais proporcionado pelo OMV.

Apesar dessa ampla rede de proteção, levantamento do jornal OPINIÃO mostra que das cerca de 70 mortes violentas registras este ano no Acre, 7 eram mulheres. Elas foram assassinadas brutalmente – algumas com vários disparos de arma de fogo, outras com 15 ou mais facadas – em grande parte muito jovens ainda, como R.C, de apenas quinze anos de idade, cujo corpo foi encontrado na Cidade do Povo dias depois de ela supostamente ter desaparecido no bairro em janeiro deste ano. O que chama a atenção é que o número de mulheres mortas de modo violento aparenta crescer com a guerra de facções criminosas.

No dia 1 de fevereiro, Débora Maciel tombou com um tiro de escopeta em Manuel Urbano, uma execução que a polícia ainda investiga. Lucilene da Silva Matos, de 18 anos, morreu durante tiroteio no dia 18 de janeiro, na Rua Humberto Oliveira, no residencial Jacarandá, em Rio Branco. Segundo testemunhas, um carro passou em frente da casa onde estavam as vítimas. Homens que estavam dentro do carro fizeram vários disparos de arma de fogo, acertando não apenas Lucilene como outras pessoas que estavam no local.