Você é o que você engole

Esses dias, caiu-me a ficha de que somos aquilo que engolimos.

Sabe todas as vezes que queremos nos expressar e não conseguimos?

Todas as vezes que engolimos os abusos, as caras feias e as grosserias dos maridos, dos namorados ou dos familiares?b

Todas as vezes que queremos falar e achamos que vamos dizer besteira ou que vão nos julgar?

Todas as vezes que não reclamamos das invasões e da falta de limites dos “amigos”?

Das vezes que tiramos por menos para não ofender?

Das raivas sentidas e não expressadas?

Do medo que ficou preso no peito?

Do grito que não foi dado e que virou frustração?

Do foda-se que passou em branco?

E do NÃO que nunca fui dito?

Pois é!

Todas as energias que deveriam ter sido expressadas e foram engolidas viram, na grande maioria das vezes, excesso de peso. Quando do contrário, nos corroem por dentro fazendo com que fiquemos abaixo dele.

Sim, estou falando em peso corporal!

Energias tem peso, e quando elas são negativas o peso triplica.

A nossa falta de expressão reflete diretamente no nosso peso, onde estão concentrados os piores sentimentos: medo, vergonha, raiva, frustração e por ai vai. Tudo isso é densidade, e densidade pesa ou corrói.

Observe que quando as nossas emoções estão bastante desequilibradas, quando estamos no pico do medo, da ansiedade ou da raiva, ou comemos demais alimentos pesados (carboidratos pesados, refringente, açúcar refinado, doces em excesso, carne, gordura ruim) ou não nos alimentamos direito.

Os desequilíbrios das nossas emoções repercutem diretamente no equilíbrio da nossa alimentação e, consequentemente, no nosso peso.

Mas a maior de todas as causas dessas duas condições que acabei de mencionar é a falta de expressão e tudo que a cerca. A EXPRESSÃO NOS LIBERTA E NOS DEIXA LEVE.

Quantas vezes já desejamos falar o quanto algumas pessoas nos incomodaram pelos seus comportamentos e palavras, mas nenhuma letra saiu da nossa boca?

Quantas vezes nos sentimos fracassados por conta de termos planejado a nossa fala e ela nunca ter sido expressada porque chega na hora e a coragem nos falta?

Caramba, isso acaba com a gente. E onde descontamos a frustração de tudo isso? Na comida ou na ausência dela.

Vejam as crianças que são oprimidas, que tem medo e vergonha de falar, elas descontam tudo na comida, na maioria das vezes.

As emoções sentem fome e quando não lhes damos alimentos densos, elas nos correm por dentro.

A HUMANIDADE PADECE DA FALTA DE EXPRESSÃO, guardem isso com vocês!

Tentaram nos calar de todo jeito e nos tornaram medíocres diante da vida.

E aí, nos tornamos o que engolimos: pessoas frustrada, medrosas, descrentes de nós mesmos, densas, miseráveis de alma.

Chega disso, de se punir em silêncio.

Estamos doentes, em todos os sentidos, por medo de falar o que pensamos e de não botar para fora a nossa verdade.

Agora me diz aí, o que você anda engolindo?


perfil artigoHeloísa Tainah* orientadora Holística da Casa Instante e do Centro de Resgate do Ser – A Casinha

Livre-se da Gula

Algumas dicas especiais para você controlar a gula em casa, no restaurante por quilo, no à La carte e até mesmo no happy hour.

EM CASA

Evite comprar guloseimas quando for ao supermercado e elimine as que já estão na despensa. Deixar os pacotes em casa, imaginando que você vai resistir às tentações, demanda um esforço grande e desnecessário.

Quebre a barra de chocolates em quadradinhos pequenos. É muito mais fácil exagerar quando você está com a barra inteira na mão.

Guarde na geladeira porções de frutas lavadas e cortadas. Elas são a melhor opção de sobremesa e um lanche saudável para os intervalos entre as refeições. Só não exagere na quantidade – depois de cortadas, as frutas estragam mais rapidamente.

Retire panelas e travessas de comida na mês após montar seu prato. Isso evita que você fique repetindo as porções ou se sinta na obrigação de terminar um prato só porque falta pouco.

NO RESTAURANTE POR QUILO

Olhe tudo antes de montar seu prato. Assim é possível visualizar a refeição completa sem correr o risco de repetir dois grupos alimentares ou se arrepender de pegar determinado alimento.

Divida a refeição em três etapas: entrada, prato principal e sobremesa.

Isso facilita a soma de calorias e evita exagero, desde que você dê preferências a grelhados no prato principal e frutas na sobremesa.

Resista à tentações de pegar um pouco de tudo.Restaurantes por quilo costuma oferecer uma variedade enorme de alimentos e combinações, por isso, comer um pouco de cada certamente deixa o prato volumoso e calórico.

Evite repetir um mesmo grupo alimentar. A maioria das pessoas não sabe como dosar a quantidade de arroz e macarrão (carboidratos) em uma mesma refeição. Por isso, prefira consumir somente uma variedade por dia e deixe o outro para depois.

NO RESTAURANTE À LA CARTE

Olhe o cardápio antes de sári de casa. Diversos restaurantes disponibilizam seus cardápios online ou até mesmo na porta de entrada. Se nenhum prato for compatível com a sua dieta ou se as opções não agradarem, mude o destino.

Recuse o couvert. O tradicional pãozinho com manteiga acrescenta mais calorias à refeição e pode até tirar o apetite quando chegar o prato que você escolheu.

Avise os amigos que você está de dieta e que, por isso, nem sempre poderá acompanhá-los no pedido dos pratos. Não é preciso passar vontade, mas também não vale jogar tudo para o alto.

Prefira saladas ou legumes cozidos como acompanhamento do prato principal. Esqueça a tradicional batata frita e alimentos muito temperados ou com queijos.

NO HAPPY HOUR

Maneira na bebida alcoólica.Cada ml de álcool contem sete calorias. Por isso, prefira sucos ou estipule uma quantidade de cerveja ou vinho que você poderá tomar.

Evite porções de batata frita ou frango frito. Como eles são imersos no óleo, contêm grande quantidade de gordura, sendo, assim extremamente calóricos.

Recuse salgadinhos e frituras. O problema é que as calorias deles somadas à bebida alcoólica podem resultar no total desequilíbrio da dieta.

Prefira carnes brancas. Na hora de escolher porções quentes empanadas ou não, prefira o peixe ou o frango em vez da carne de boi ou de porco.

card

Responsável por recordes em apreensões, Receita Federal enfrenta desvalorização

No ano de 2017, a Receita Federal do Brasil (RFB) apreendeu um total de R$ 2,3 bilhões em mercadorias nas ações de combate ao contrabando, ao descaminho e à pirataria. Em 2018, o resultado se aproximou de R$ 3 bilhões – o maior na história do órgão, desde a sua criação. Embora seja responsável por estes e outros importantes resultados que impactam positivamente a economia e a segurança pública do País, a Receita Federal vem sofrendo diversas limitações, que prejudicam o trabalho desempenhado por seus servidores e comprometem as ações de vigilância e repressão conduzidas pelo órgão.

A Aduana brasileira também tem alcançado resultados cada vez mais expressivos no âmbito do combate ao tráfico internacional de drogas. Em todo o ano de 2017, foram apreendidas 18,07 toneladas de cocaína – resultado ultrapassado em 2018, quando foram apreendidas 29,7 toneladas da droga de janeiro a novembro, em trabalhos de rotina da Receita Federal durante o período. De janeiro a julho do ano passado, a apreensão de cocaína nos maiores portos do País alcançou a média de 66 quilos por dia, sendo o maior volume diário de apreensões da droga registrado na última década.

As ações da Receita Federal contra os ilícitos no comércio internacional são fundamentais para proteger a economia do País, pois os produtos descaminhados e contrabandeados comercializados nas ruas promovem a concorrência desleal, causam prejuízos aos empregos formais, afetam a arrecadação de tributos e podem ser uma forma de financiamento do crime organizado. Para promover um ambiente de negócios mais seguro no Brasil, a Receita Federal também exerce um papel fundamental no âmbito da segurança pública retirando toneladas de drogas de circulação, a partir da atuação dos Analistas-Tributários nas atividades de vigilância e repressão, análise de risco, vistoria de mercadorias, cargas e bagagens.

Cabe esclarecer que ao promover o controle de cargas, mercadorias, bagagens e veículos nos portos e aeroportos e postos de fronteira terrestre, a Receita Federal se depara com grandes quantidades de drogas ilícitas, como maconha, cocaína, crack, ecstasy, LSD e outras. Essa situação ocorre pelo fato de que essas drogas são encontradas, pelos Analistas-Tributários, escondidas em contêineres e veículos, camufladas em bagagens e produtos, embarcadas sorrateiramente em navios e até mesmo ocultas em pedras de granito destinadas ao exterior.

A atuação da Receita Federal no Brasil, assim como nas demais economias em desenvolvimento e nos países desenvolvidos, reflete o atual entendimento de que as administrações aduaneiras passaram a ter um papel ainda mais importante no enfrentamento de ameaças à segurança internacional, representadas pelo tráfico internacional de drogas, de pessoas, de armas e munições, pelos crimes de contrabando, descaminho, evasão de divisas e o terrorismo. Todas essas ameaças são difusas, promovidas por atores não estatais e não se encontram mais delimitadas às fronteiras das nações.

Apesar dos seus excelentes resultados, a Receita Federal vem sofrendo várias limitações na sua atuação, principalmente com o quadro reduzido de servidores. Hoje, a Receita Federal possui 977 Analistas-Tributários responsáveis pelo controle de todo o fluxo do comércio internacional brasileiro, envolvendo uma movimentação de milhões de toneladas de cargas de importação e exportação nos portos, aeroportos e rodovias do País, sem contar com o trânsito de veículos e pessoas.

Para piorar a situação da fiscalização e controle aduaneiro realizados pelos Analistas-Tributários, uma resolução ANAC determinou a inspeção obrigatória dos servidores que trabalham nas áreas de segurança dos aeroportos, comprometendo a agilidade das atividades desenvolvidas pela Receita Federal. O problema remonta ao ano de 2013, quando foi editada a Resolução ANAC 278, de 10/07/2013, submetendo os Analistas-Tributários a múltiplas inspeções de segurança diariamente ao entrarem nas áreas alfandegadas dos aeroportos internacionais, comprometendo o exercício das atividades incumbidas à Receita Federal, diretamente relacionadas ao combate ao contrabando, descaminho e tráfico internacional de drogas e armas. A fiscalização sendo realizada por terceirizados, observando que o alfandegamento dos aeroportos internacionais é concedido pela própria Receita Federal do Brasil, permitindo que nesses locais ocorram atividades relacionadas ao comércio internacional, são as chamadas Zonas Primárias.

Nas Zonas Primárias, o artigo 35 do Decreto-Lei 37/1966 determina que em tudo o que interessar à fiscalização aduaneira a autoridade aduaneira tem precedência sobre as demais que ali exercem suas atribuições. Ou seja, é extremamente incompreensível os Analistas-Tributários serem vistoriados no momento em que adentrem nas áreas aeroportuárias durante sua jornada de trabalho. A precedência citada consta no texto do inciso XVIII, do artigo 37, da Constituição Federal, determinando que a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei.

Diante de resultados tão expressivos de sua atuação em 2018, a Receita Federal do Brasil inicia o ano de 2019 com a apreensão de 760 quilos de cloridrato de cocaína no porto de Paranaguá/PR. A droga estava escondida dentro de um contêiner em caixas que continham carne congelada de frango destinadas à exportação. A apreensão demonstra o comprometimento dos Analistas-Tributários com suas atribuições, mesmo sofrendo várias ações que desrespeitam a importância da Aduana brasileira para sociedade.

Que 2019 seja um ano no qual a Receita Federal do Brasil seja respeitada pela sua missão e por seus valores, ao exercer a Administração Tributária e Aduaneira com justiça fiscal e respeito ao cidadão, em benefício da sociedade, com integridade, lealdade, legalidade, profissionalismo e transparência.


perfil artigo*Geraldo Seixas é presidente do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita)

Devo praticar atividade física? Sim ou com certeza?

Parece uma pergunta boba, em 2019, com toda a globalização e informação (pro bem e pro mal) facilitada e mastigada na Internet, “MAS” ainda temos muitos desinformados com relação a gama de benefícios que a atividade física proporciona para a população, desde a infância até a melhor idade.

A resposta é sim, com certeza, claro, deve. Hoje a atividade física é a melhor prevenção e o remédio mais barato para muitas doenças como: obesidade, que pode levar a diabetes, hipertensão e problemas de coração, ansiedade, depressão, e até Câncer e Alzheimer.

Segue alguns dados alarmantes da realidade brasileira:

– A obesidade aumentou 60% nos últimos 10 anos;

– 1 em cada 5 pessoas está acima do peso;

– 2 em cada 3 mulheres NÃO praticam atividade física;

– Número de praticantes de atividade física corresponde a 4% da população brasileira;

– 62% dos brasileiros entre 15 e 17 anos NÃO PRATICAM atividade física.

Agora pergunto, você prefere gastar 70 a 200 reais em média por mês para se exercitar ou mais de 1.000 reais (por baixo) para tratar uma dessas doenças citadas anteriormente, sem falar nos planos de saúde? Parece óbvia a resposta, mas ainda temos muitos que escolhem a segunda.

Infelizmente o estilo de vida da população melhorou, e hoje temos uma sociedade muito mais acomodada do que ativa. Temos uma enxurrada de alimentos industrializados quando necessitamos apenas de comida de verdade. E infelizmente esses hábitos nocivos são passados dos pais para os filhos, criando um círculo vicioso.

Sim, pratique atividade física, escolha alguma atividade que lhe agrade, aqui no Acre temos excelentes espaços e academias, além de excelentes profissionais. Depois procure um profissional certificado (pra isso ele precisa ter seu CREF), qualificado e que com experiência na atividade que você escolheu. Ainda temos pessoas que não tem esses requisitos e enganam a população oferecendo serviços, atenção, é crime!

Temos a musculação, aulas em grupo, dança, artes marcias, natação escolinhas, treinamento funcional, cross training, corridas de rua e muitas outras.

Espero ter elucidado um pouco sobre a importância da atividade física e também sobre o cenário atual em nossa cidade. E lembrem-se que atividade física não é só estética, é saúde como um todo, e o segredo pra isso é simples: uma alimentação com qualidade e praticar atividade física regularmente.


perfil artigoRodrigo de Almeida Rodrigues é Profissional de Educação Física – Cref: 1606-G/AC Sócio – proprietário da empresa 2R Treinamento Funcional

Jornada digital: reflexões para seu planejamento em 2019

Segundo pesquisa do Gartner Group, realizada em 2018, 64% dos CEOs tem algum tipo de estratégia digital. Enquanto 54% destes pensam em transformar o negócio, para 46% a ambição digital é otimizar o negócio existente. Qual a diferença?

Enquanto a transformação digital repensa o negócio sob a perspectiva de novos fluxos de receita a partir de novos produtos e novos segmentos de clientes, a otimização atua sobre a receita e processos existentes, melhorando o desempenho e a experiência do cliente. Enquanto a transformação digital cria um novo negócio a partir do uso da tecnologia, a otimização digital transforma empresas em organizações enxutas ou ágeis.

Entre os principais obstáculos na jornada da otimização digital estão a falta de padronização dos métodos de trabalho e na definição de prioridades, papéis e responsabilidades. Estas questões impactam diretamente em métricas importantes como a transparência na execução, baixos níveis de serviço com o cliente, atrasos em tarefas e projetos, tendo como consequência a baixa rentabilidade e resultados pouco expressivos. A baixa maturidade na gestão de processos é a causa mais frequente destes obstáculos. E como avaliamos esta maturidade?

É muito comum, quando chegamos em alguma empresa, os executivos recomendarem que a gente escute alguns funcionários considerados chave para entendermos como as coisas funcionam. “Sente ao lado dele ou dela e veja com eles fazem no dia a dia. É a única forma de saber exatamente como funciona a empresa”.  Quando isto acontece, estamos diante do nível de maturidade mais baixo: “depende de pessoas”. E isso, além de não ser bom, não permite qualquer otimização. Documentação, sistematização, implantação e automatização. Muita coisa falta para que se esteja em um estágio que permita otimização.

Sua jornada começa nesta avaliação: entender onde está e desenvolver um plano de ação para a melhoria. Qual a abrangência, profundidade e o tempo necessário dependerá do seu negócio, das suas capacidades atuais e de onde quer chegar. Contudo, para que possa ser uma organização ágil, você precisará criar um ambiente que promova eficiência, alivie gargalos, atenda às expectativas de clientes externos e internos e gere resultados econômicos previsíveis e robustez financeira. Somente com estas condições atendidas você poderá pensar em futuras transformações.

Precisamos lembrar que o mundo dos negócios não é feito somente de startups que partem do novo e iniciam novos negócios. A maior parte da economia é construída de empresas que já existem e precisam se modernizar, eliminar desperdícios para a partir das novas capacidades desenvolvidas, criarem novos negócios e alçarem novos voos. Inovação e disrrupção existem e são necessárias tanto na transformação quanto na otimização. E isso inclui todas as empresas. Inclusive a sua.

O ano está começando. A jornada da transformação digital está aí. As empresas estão utilizando a tecnologia para otimizar os negócios existentes ou criar modelos de negócio completamente disrruptivos. Estude, avalie e considere tendências, ferramentas e outras informações para ajudar a se planejar, considerando como as estratégias digitais poderão melhorar o desempenho organizacional e qual será o seu papel e de sua área.


perfil artigo*Enio Klein, CEO da Doxa Advisers; Professor de Pós-Graduação na Business School SP; Especialista em TI e Vendas; Coach pessoal e profissional pela International Association of Coaching – IAC/SLAC

“Tristeza é meu nome agora”

As aspas acima definem bem o que cada profissional de comunicação no Acre sentiu ao saber repentinamente, na terça-feira, 9, que o major Cláudio Falcão, do Corpo de Bombeiros Militar do Acre, deixará a assessoria de comunicação da instituição. A tristeza não veio somente por saber que essa é uma decisão contrária a vontade do major, deixada clara por ele no comunicado aos colegas, mas também por se perder um exímio profissional da área.

Falcão é daqueles raros que o jornalismo concebe e os jornalistas têm a oportunidade de trabalhar. Prestativo, incansável e dedicado, o major assessor sempre fez o que esteve a seu alcance, e incontáveis vezes o que estava fora dele, para facilitar o trabalho dos colegas. E não porque era sua obrigação. Além de ser apaixonado pelo que há anos fez com destreza, ele sempre pensou em ajudar a população acreana com a boa informação nas diversas situações.

Procure em qualquer jornal impresso, portal de notícias ou emissora de tevê uma matéria relacionada ao Corpo de Bombeiros sem as falas explicativas e dadas de bons grados de Falcão. Impossível, você falhará miseravelmente. Mais do que fazer a ponte entre os meios de comunicação e a instituição, Falcão aproximou a corporação militar da população do estado e mostrou que as ações dos Bombeiros ultrapassam o velho estereótipo incêndio/alagação.

Para o major assessor nunca houve tempo ruim. Não há nenhum colega da imprensa que tenha o que reclamar quando precisou de alguma informação, que ele sempre se esforçou para dar. Das participações ao vivo durante muitas madrugadas nos programas da Rede Amazônica Acre até o retorno telefônico após as 21h, Falcão nunca fugiu da sua missão e sempre atendeu de bom grado os inconvenientes contatos dos colegas fora de ocasião.

São características raras e difíceis de encontrar na maioria das pessoas que já foram responsáveis por assessorias, o governo passado que o diga. É natural a troca de peças num novo governo para melhorar o jogo e ter bons resultados. Oficialmente, o Corpo de Bombeiros justificou que Falcão ocupará a direção do Colégio Militar Dom Pedro II, já que é educador de formação. Mas como bem lembraram os colegas, “não se meche em time que tá ganhando”.

Ao ser informado que a notícia causou um alvoroço unânime entre os comunicadores do Acre, que inconformados não aceitam de bom grado a decisão, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros explicou que o remanejo de Falcão para o Colégio Militar foi feito por “ele ser bom em tudo que faz”. O militar foi certeiro ao reverberar as competências do major assessor e deu um fio de esperança aos inconformados com um curto e direto “isso pode ser revisto”.

De alguma maneira, o Comando-Geral está ciente da falta que o major Cláudio Falcão fará aos profissionais da imprensa e, principalmente, a população, que mais no que nunca precisa de informações bem apuradas, processo que o major sempre facilitou a repórteres, produtores e qualquer pessoa que precisasse dele. A tristeza do militar ficou evidente nas suas palavras de despedida aos colegas ao comunicar a decisão que acabara de receber.

A expectativa é de que o Comando-Geral e o Governo do Estado considerem a posição dos profissionais de imprensa e reavaliem e decisão de tirar do major Falcão o que ele mais ama fazer na vida. Para nós, profissionais da imprensa, fica uma frase dita pelo major quando fiz meus agradecimentos pelo excelente trabalho que ele desenvolveu durante anos a fio…

“Tristeza é meu nome agora”.


*Luan Cesar é jornalista

Tecnologia como aliada do conhecimento e da educação

A tecnologia e a internet não apenas aceleraram a velocidade e a quantidade de dados a que todos têm acesso, como também transformaram a comunicação e o trabalho colaborativo, dando maior protagonismo aos usuários e ampliando as possibilidades de aprendizagens significativas. No meio escolar, estendeu-se como um novo meio para o fim. Ainda é  perceptível o receio de alguns docentes sobre o uso de itens tecnológicos nas dependências escolares: menos da metade, 40% dos professores, solicitam em algum momento, o uso de tecnologias para realizações de trabalhos, exercícios e trabalhos em grupo pela internet.

Hoje, a tecnologia é uma realidade que está disponível para todas as gerações de estudantes e se faz presente, fortemente, no dia a dia. O momento agora é de atualizar o entendimento sobre o quanto tais ferramentas passaram nos últimos anos para a esfera de facilitadores, refletindo e planejando sobre a utilização das inovações disponíveis em diversas dimensões, definindo com clareza, para a escola e seus aprendizes, por que e para qual finalidade utilizá-las, assim como, o que e quando criar, realizar, registrar, avaliar, comunicar e compartilhar.

A International Society for Technology in Education (ISTE)/Sociedade Internacional da Tecnologia em Educação, a qual a Sphere International School, do Grupo SEB está baseada, atua como uma estrutura para que estudantes, educadores, administradores, treinadores e educadores de ciência da computação repensem o assunto e criem ambientes de aprendizado inovadores, trazendo diferentes possibilidades e fontes de pesquisas, realidade aumentada, aplicativos por área de conhecimento e mídias sociais, que permitem compartilhar projetos, atrair os estudantes e dar maior protagonismo, dinamismo e interação entre todos dentro de sala de aula.

O educador, nesse contexto, deixa de lado as atividades mais mecânicas, como elaboração de provas e correção de exercícios, e se torna um mediador da aprendizagem, um provocador e curador de conteúdos, criando estratégias pedagógicas híbridas, que mesclam modos de ensino online e offline, seja por meio de games e plataformas onlines ou com trabalhos de mentoria em grupo, diversificando fontes e perspectivas e fornecendo diferentes possibilidades de aprendizagem, de comunicação e de avaliação. Espera-se, aos aprendizes, que desenvolvam habilidades de investigação e análise do processo de elaboração de um projeto, demonstrando habilidades técnicas, socioemocionais e criativas com o uso e aplicações destas.

Vale salientar que, apesar do incentivo ao uso de diferentes tecnologias, em nenhum momento os novos recursos substituem ou devem minimizar as possibilidades de aprendizagem por meio de outros sentidos, seja pelo contato com a natureza, com a exploração de diferentes formas de expressão e de estímulo às diferentes inteligências. Por isso, é importante compreender o uso das tecnologias integrado em todos os segmentos, não como uma ferramenta ou disciplina isolada e desconectada do contexto geral de aprendizagem, mas sim assimilada como meio.


perfil artigoArno Krug* CEO da Sphere International School, Arno Krug é graduado pela UFSC em varejo e negócios, e  especializações sobre o assunto na Columbia Business School e FAE, além cursos de Educação Executiva e Estratégia Disruptiva pela Harvard Business School

Saiba como fazer um planejamento financeiro antes de abrir sua empresa

O domínio das finanças é vital para qualquer negócio. Para o sucesso de um projeto ou da criação de uma empresa, é preciso, antes de mais nada, que seja feito um planejamento estratégico de forma bem estruturada. Este planejamento deve englobar todas as premissas que irão nortear a elaboração do orçamento, que nada mais é do que uma projeção do fluxo de caixa e da DRE (demonstração do resultado da empresa).

O planejamento estratégico deve abranger todos os investimentos de curto e longo prazo, incluindo o custo de implantação de projetos, o quanto eles irão gerar de receita para a companhia e qual será o prazo necessário para a implantação, de modo que possa ser analisado se este prazo é viável, conforme os recursos financeiros disponíveis na empresa.

Para a conclusão do orçamento, é preciso também estimar a geração de receita para os próximos anos, com um estudo detalhado de reajuste de preços e demanda/comportamento do seu setor de atuação, além de fatores externos, como situação econômica, concorrência, evolução tecnológica, entre outros.

Por fim, é preciso projetar todos os custos fixos, variáveis e as despesas operacionais, ou seja, aquelas que são fundamentais para a concretização e continuidade do negócio, como gastos com funcionários/colaboradores, despesas administrativas, impostos e outros.

A consolidação deste planejamento é muito importante para o gestor da empresa, pois possibilita analisar, após a geração do fluxo de caixa e da DRE, se a empresa tem uma boa perspectiva financeira futura e se a chance de crescer é factível. Ou seja, é possível prever se nos próximos anos a geração de receita será suficiente para arcar com todos os custos e as despesas, gerar lucro e ainda remunerar o acionista que aportou recursos financeiros e quer o seu retorno sobre o investimento.

Após a finalização do planejamento, o gestor deve verificar mensalmente se a projeção orçamentária, de fato, se traduziu no fluxo de caixa. Ou seja, se o previsto realmente foi realizado. Além disso, é importante analisar todos os desvios, para entender se a empresa está seguindo o rumo certo ou não. Finalmente, com a contabilização de toda a operação da empresa, o gestor poderá constatar, através de indicadores econômico-financeiros, se a companhia está em boa situação, se o prognóstico futuro é positivo e se ela vai crescer de forma sustentável.

Estes indicadores ajudam o gestor a verificar, por exemplo, se a empresa tem saúde financeira para arcar com todos os custos e despesas no curto e no longo prazo; se o grau atual de endividamento da empresa não demanda a captação de novos recursos e empréstimos de terceiros, o que aumenta o risco operacional; e se a taxa de rentabilidade da empresa está em linha com o esperado pelos acionistas.

Como podemos ver, saber lidar com todos os aspectos financeiros que giram em torno de uma empresa é determinante para sua gestão. É imprescindível entender o negócio com um jogo, que pode sofrer alterações e viradas a qualquer momento. Daí a importância de ter este planejamento minucioso. Caso haja imprevistos, a companhia estará preparada para mudar de estratégia e impedir uma possível crise.


perfil artigoSérgio Tavares é Diretor da STavares Consultoria Financeira, com MBA em Gestão Econômica e Financeira de Empresas pela FGV (RJ)

As respostas que você precisa está na vida que você não quer ver

Por muito tempo da minha vida eu procurei fora de mim as respostas para as minhas frustrações, angústias, decepções e “fracassos”. Queria desesperadamente que alguém me desse uma solução ou que me apresentasse uma fórmula matemática para que eu pudesse sair do vendaval que eu me encontrava.

Buscava nas pessoas e nos lugares aquilo que só em mim eu encontraria. Mas o que agravava ainda mais a minha situação era que eu não queria ficar só comigo para obter as respostas que precisa, aliás eu tinha pavor da minha própria companhia.

Eu queria mesmo era estar com a minhas “amigas”, com os namorados que tive, com a cabeça enfiada no trabalho, buscando Deus nas igrejas, mas nunca dentro de mim.

Buscava fora, o que só ia encontrar dentro.

E mais: eu só procurava o que eu queria ouvir e por isso eu nunca encontrava as respostas certas, aquelas que iriam resolver o problema.

No fundo, no fundo eu ainda não tinha humildade para ouvir verdades a meu respeito.

Mas teve um dia que eu decidi perguntar a mim mesma porque eu não conseguia me achar em lugar nenhum? E o que me veio foi que eu não olhava para a minha vida para ter as respostas que me trariam resultados.

Mas como assim não olhava?

Inconscientemente eu não queria ver a minha cota de culpa eu tinha naquele desmantelo todo que eu estava vivendo.

Daí me veio:

O que eu estava fazendo para realizar meus sonhos, se eu colocava a minha felicidade nas mãos de outras pessoas?

Como eu queria ter bons relacionamentos amorosos se eu não me posicionava e me amava?

Como eu queria ser reconhecia se eu não coloca movimento na minha vida e esperava que as coisas caíssem do céu?

Como eu queria o positivo se só reclamava da vida o tempo todo sem fazer o que tinha que ser feito para mudá-la?

Como eu queria amizades verdadeiras se eu falava mal de todos que se aproximavam de mim?

Como eu queria ser santa sem ao menos reconhecer os infernos da minha alma??

Como eu queria que o meu casamento tivesse dado certo se eu deixei de ser interessante para o meu ex-marido?

Nesse contexto, passei a ver que o desequilíbrio estava nas minhas posturas diante da vida.

Eu era muito afoita, passava os pés pelas mãos, não pensava e me jogava de cabeça em situações que só me trouxeram dor, só porque eu queria, a qualquer preço, estancar a angonia e angústia que era estar só comigo mesma. Eu já cheguei ao ponto de ter medo de ficar louca, juro pra vocês.

E foi quando comecei a me perguntar e a me deparar com as respostas que eu não queria ver e ouvir. Inicialmente quis culpar Deus e o mundo porque a autorresponsabilidade é uma coisa com qual não estamos preparados para lidar, sem falar que dóooooi demais ver o quanto contribuímos para que nossas vidas fossem um desequilíbrio só.

Sem falar que achamos que saber tudo a nosso respeito, verdadeiramente, vai nos diminuir perante os outros, como se os outros não tivessem lá as suas “porcarias”.

Acreditem, somos farinha do mesmo saco!

Por isso sempre digo a vocês que é preciso muita humildade para se enxergar e obter as respostas que vão nos ajudar a virar a chave da mudança.

Por outro lado, a gente, bem lá no fundo, sabe mais ou menos o que fazer para dar o salto que precisamos, mas o que pega é que não queremos pagar o preço dessa mudança, porque ela exige posicionamento, compromisso, persistência, dedicação e muitas batalhas internas.

Olhar para as nossas vidas e enxergar a nossa verdade, seja ela qual for, é sinônimo de liberdade. E como disse o Grande Messias: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.


perfil artigoHeloísa Tainah Mourão é Terapeuta Holística da Casa Instante e do Centro de Resgate do Ser – A Casinha

Uso da água, de novo e sempre

A Agência Nacional de Águas (ANA), através do estudo Conjuntura dos Recursos Hídricos-2018, dá conta de que o uso da água no Brasil deve crescer 24% até 2030. Segundo o levantamento, em 2017 somente a irrigação, consumiu 52% da água, ao que, somando-se o abastecimento rural (1,7%), mais o uso animal (8%), chega-se ao fato de que o agronegócio consumiu mais de 60% da retirada dos mananciais brasileiros. Daí se olhar o consumo de água pelo agro com lentes de aumento. Mas, será que esta análise está correta? O uso da água no agro pode ser comparado à água gasta em outros setores? Vejamos.

A própria ANA define, no Atlas Irrigação, que “a agricultura irrigada é um uso consuntivo da água, ou seja, altera suas condições na medida em que é retirada do ambiente e a maior parte é consumida pela evapotranspiração das plantas e do solo, não retornando diretamente aos corpos hídricos”. Por esta conta, a água gasta em irrigação seria da ordem de 75% da retirada. Então já não seriam os mais de 60%, mas 45%. Por outro lado, a água gasta em outros setores acaba indo para os rios e mares, evaporando muito longe da microbacia de origem. E vai virar chuva bem longe de casa. Só que isso não sai no jornal. Mas, ainda assim, a água usada na irrigação é evaporada em parte, boa parte vai para as plantas e para o solo, sendo em boa parte evapotranspirada. Parte volta para as minas locais, e evaporação e evapotranspiração significam volta à atmosfera. O seja, o ciclo é fechado. Esta água vai voltar, na mina local ou como chuva. Então não é água gasta, é água usada.

O fato é que se estima que, no Brasil, são irrigados aproximadamente 7 milhões de hectares, ou perto de 10% da área agrícola. É pouco. Para que o Brasil consiga cumprir a necessidade de produção de alimentos, fibras e energia que se espera, haverá necessidade de aumento da área irrigada, além de melhoria da eficiência. É muito mais barato, econômica, logística e ambientalmente, do que a exploração de novas áreas. Considerando ainda que são previstos cada vez mais veranicos e veranicos mais longos, é fundamental que se considere a expansão da irrigação como um investimento fundamental para a manutenção de nosso agro e para a estabilidade econômica do país.

Até 2030 é prevista uma expansão significativa da produção agropecuária no Brasil. Especificamente, está prevista uma expansão de 3,14 milhões de hectares na área irrigada, que deverá atingir pouco mais de 10 milhões de hectares em pouco mais de 10 anos. Embora signifique um aumento de mais de 40% sobre a área atual, representará o aproveitamento de apenas 28% do potencial estimado.

Ainda tem muito chão. Ainda podemos crescer muito. Só depende do estabelecimento de políticas públicas que o permitam, tais como simplificação na outorga de água e financiamentos específicos.

Sobre o CCAS

O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.


perfil artigoCiro Rosolem, vice-Presidente de Comunicação do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu)

Sete atitudes para conquistar uma promoção no trabalho em 2019

Buscar melhores posicionamentos no trabalho é um anseio de grande parte dos profissionais, sendo a promoção no trabalho um passo à frente nessa trajetória. No entanto, apesar de desejada, ela não depende exclusivamente da empresa: é fundamental que o profissional demonstre empenho e esforço para alcançar esse objetivo.

“Muitas pessoas se sentem injustiçados e acham que as empresas não reconhecem, mas é importante apresentar características e capacidades para assumir novas responsabilidades. O seu gestor, que estará atento a todas as movimentações, certamente verá suas atitudes positivas com bons olhos, o que contará pontos na hora de decidir quem deve ocupar um cargo de liderança”, explica Reinaldo Passadori, CEO da Passadori Educação e Comunicação (www.passadori.com.br).

Alguns comportamentos são essenciais para que a promoção ocorra de forma natural, à medida que o liderado evidencie as qualificações necessárias à nova posição por meio de ações. Assim, veja sete atitudes levantadas por Reinaldo Passadori que são enaltecidas pelas empresas e que podem impulsionar a sua carreira de forma a conseguir a tão sonhada promoção no trabalho:

Seja proativo – Nada mais atrativo aos olhos dos gestores do que um colaborador que se demonstra ativo e solícito, seja no cumprimento de uma função, seja na resolução de uma adversidade ou conflito. Chamar a responsabilidade e ajudar são atitudes muito apreciadas pelos gestores, pois, dessa forma, o profissional mostra sinais de liderança e preparação para atividades que demandem maior complexidade e engajamento.

Vá além da função – Cumpra sua função com excelência, de modo a ser exemplo para os colaboradores, tornando-se inspirador perante os colegas. O profissional também será visto com bons olhos pelos gestores, que saberão que podem contar com a sua disposição quando necessário. Contudo, não é necessariamente fazer hora extra no escritório ou assumir o maior número de demandas para se mostrar útil.

Saiba priorizar tarefas – Organização é a chave para gerenciar as suas atividades e, com isso, o tempo despendido para elas. Estabelecer prioridades dará a você uma visão ampla do processo como um todo e, assim, é mais fácil entender as atividades e cumprir de maneira eficiente todas elas, principalmente as emergenciais.

Tenha objetivos claros – Antes de procurar uma promoção, é preciso que você tenha clareza em relação às suas expectativas em relação à empresa. Com isso, não tenha receio em ter uma conversa aberta com o seu gestor para que ele compreenda os seus desejos e possa ficar atento às suas atitudes para uma possível promoção.

Se aperfeiçoe – Tanto do ponto de vista técnico quanto do acadêmico, buscar qualificação por meio da educação é uma atitude muito apreciada pelas empresas. Por isso, procure meios para aprimorar a sua área de atuação. Busque por cursos que atendam e possam impulsionar o seu trabalho em busca dos objetivos.

Deseje crescer, não status – Um erro comum cometido por quem busca uma colocação nas posições de liderança é justamente não pensar no seu desenvolvimento profissional, e sim no status que aquela colocação pode dar. Isso porque esse tipo de raciocínio, de querer o poder em vez do desenvolvimento.

Busque desenvolvimento, não salário – Querer ascender profissionalmente não deve ter como foco apenas um incremento de salário. Lembre-se que, ao subir para uma posição maior na empresa, você terá novas responsabilidades e deve estar motivado para assumi-las. O salário até pode ser um fator motivador em um primeiro momento, mas, se você não estiver instigado a enfrentar as dificuldades da nova função, provavelmente se desgastará, o que, ao final, não compensa financeiramente.

Viu como, com atitudes positivas e incentivadoras, é possível alcançar a almejada promoção no trabalho? Então, comece já a colocar em práticas essas dicas e alavancar a sua carreira!


perfil artigoReinaldo Passadori, fundador e CEO da Passadori Comunicação e Educação (www.passadori.com.br), já treinou mais de 80 mil profissionais. Também é autor dos livros: “Comunicação Essencial – Estratégias eficazes para encantar seus ouvintes”, “As Sete Dimensões da Comunicação Verbal”, “Media Training – Como construir uma comunicação eficaz com a Imprensa e a Sociedade” – Editora Gente e “Quem não Comunica não Lidera” – Editora Atlas.

Política e esporte caminham juntos?

Desde muito tempo as práticas, técnicas ou atividades corporais são utilizadas como instrumento político e ideológico de instituições militares, religiosas ou educacionais. Na Grécia Antiga, as atividades que envolviam o movimento corporal compunham a formação integral do homem, sendo utilizadas como fonte de valores pedagógicos e morais e como preparação militar. Os Jogos Olímpicos eram uma homenagem aos Deuses do Olimpo, ligados diretamente à religiosidade, e também serviam como um intercâmbio cultural entre as cidades-estado gregas.

Nos circos e anfiteatros romanos aconteciam os Jogos Públicos, que no Império Romano eram utilizados visando à alienação da população. Escolas ginásticas europeias fizeram uso político do esporte e da ginástica para a preparação militar. Na Inglaterra, a regulamentação dos jogos populares fez com que surgisse o Esporte Moderno no século 19, que foi utilizado para disciplinar e fortalecer o trabalhador e aumentar a produtividade das fábricas.

Ainda no século 19, diversas nações passaram a utilizar seu desempenho nos Jogos Olímpicos como uma forma de obter projeção política internacional. Por exemplo, os Jogos de Berlim (1936) serviram de propaganda ideológica, exaltando o sentimento de unidade do povo alemão e o regime nazista.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1945), o mundo ficou dividido em dois grandes blocos – socialista e capitalista – que tiveram protagonismo na disputa entre seus campos ideológicos e estratégicos, o que ficou conhecido como Guerra Fria. A soberania dos regimes político-ideológicos era reforçada a cada vitória no campo esportivo, resultando nos boicotes dos Jogos Olímpicos de Moscou e Los Angeles, em 1980 e 1984, respectivamente. Desde então, o Comitê Olímpico Internacional proíbe qualquer tipo de discriminação e manifestação política nos Jogos.

Também tivemos, e ainda temos, em nosso País, essa apropriação do esporte para fins políticos. O futebol foi incentivado pelo governo já na primeira década do século 20 como forma de controlar a sociedade e para substituir a Capoeira, que ainda era proibida e marginalizada. Depois, entre os anos 1910-1917, a prática desse esporte foi utilizada para dispersar as greves de operários.

Já no Estado Novo, entre 1937-1945, o futebol foi utilizado para contribuir na construção de uma identidade nacional e de uma imagem positiva do País, pois representava a nação em competições internacionais. No período democrático conhecido como Populista (1945-1964), o esporte foi utilizado para “melhorar” a imagem dos governantes perante o povo.

No período da ditadura militar, o futebol foi usado como forma de acalmar os ânimos da população e fazer propaganda ideológica. Nessa época, os militares tomaram conta do esporte brasileiro na tentativa de garantir o êxito nas competições, o que ampliaria a popularidade do governo, valorizaria as ideias nacionalistas e daria projeção internacional ao País.

Diversos estudos afirmam que essa apropriação do esporte ocorre por conta de seus valores e de sua fácil instrumentalização, já que não produz ideologia própria. Dessa forma, percebemos que, ainda hoje, é muito fácil utilizar o esporte na velha política do “pão e circo”, desviando a atenção das pessoas em momentos oportunos, em que não se quer que a política ou quaisquer outras questões do cotidiano estejam na “berlinda”, ainda que o esporte seja muito mais do que isso!


perfil artigo*Katiuscia Mello Figuerôa é doutora em Educação Física pela Universidade de León/Espanha e professora nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.

Os desafios do governo da esperança

Após duas décadas de um projeto de poder, hoje se inicia o Governo que se apresentou com um projeto para as pessoas, propondo ações simples, porém que atendem um anseio social latente, e trouxe novamente a esperança aos corações de nossa gente. As cicatrizes deixadas, na máquina pública, como: A crise da segurança, a saúde em frangalhos, os altos índices de desemprego e o não pagamento integral do 13º salário dos servidores, são os legados deixados pelo governo petista que o novo governador Gladson Cameli terá que rapidamente apresentar respostas à sociedade acreana.

Para conseguir dar as respostas necessárias ao povo do Acre, que lhe confiou essa árdua missão, o governador Gladson Cameli apresentou uma primeira ação efetiva e com resultados imediatos, sua reforma administrativa, um novo desenho de administração pública, um modelo mais enxuto de gestão que trará uma economia anual de mais de R$ 100 milhões, reduzindo significativamente a máquina, porém, sem comprometer o rendimento de cada área de resultado. Fruto dessa economia o novo governo terá fôlego para investimentos em Saúde, Segurança Pública e para a retomada das obras que a muito estão paralisadas, ou que por motivos de falta de contrapartida nunca se tornaram benefícios a esse povo tão sofrido.

O grande desafio desse novo governo, será implementar um novo modelo de desenvolvimento econômico viável, que faça o confronto direto ao modelo “de florestania” apresentado e implementado ao longo dos últimos 20 anos e que não se materializou no sonhado desenvolvimento para nossa região, para nosso Estado e sobretudo para as nossas famílias. Continuamos a ser uma sociedade dependente da política do “contracheque”. Sem uma iniciativa privada forte, sem um desenvolvimento das cadeias produtivas e sem incentivos fiscais, é impossível atrair novas indústrias e levar o nosso Acre ao patamar de desenvolvimento que queremos.

Por ter essa visão, o governador Gladson Cameli me convidou e pediu um planejamento dinâmico de curto, médio e longo prazo, para que possamos voltar ao eixo do desenvolvimento real, sabemos que uma boa carteira de projetos de infraestrutura trará uma primeira resposta a economia local, pois as grandes obras além de gerar empregos diretos e indiretos, também movimentam o comércio e as micro e pequenas empresas.

O fortalecimento do agronegócio será um outro viés econômico, priorizando e fortalecendo as cadeias produtivas do nosso estado e, principalmente, dando trafegabilidade aos nossos ramais para que os produtores não percam mais sua produção na sua propriedade.

Assim, alcançaremos um volume de produção que possibilitará a implantação de novas agroindústrias. Uma política de incentivos a agricultura de grãos nos colocaria em rota de exportação nesse mercado, além de fortalecer outras áreas como a pecuária, reduzindo custos com suplementação animal. Uma das principais ações para alcançarmos esse resultado será a desburocratização ambiental, tornando os órgãos de controle ambiental parceiros dos produtores, orientando e prevenindo, saindo do modelo de repressão implantado hoje.

Na Saúde, temos como prioridade a humanização e melhorias do atendimento, o abastecimento de medicamentos nas farmácias e os mutirões de cirurgias para atender toda demanda reprimida. Uma ação emergencial será a reconstrução e reforma de hospitais que já dispõe de recursos garantidos via emendar parlamentar de autoria do deputado federal Alan Rick, que garantirá a Sena Madureira e Acrelândia uma nova estrutura hospitalar.

Na Segurança, os investimentos na inteligência será um dos grandes aliados para as forças polícias, temos o Cerco Eletrônico e o Laboratório de Análise Criminal, investimentos realizados, porém ainda não utilizados pelo governo do Estado. O aumento do contingente humano trazendo policiais que estavam cedidos a outros órgãos ou em funções administrativas na própria gestão já será uma resposta imediata, além de investimento em fardamento, armamentos e viaturas.

Viveremos um novo ciclo político, e sou grato a Deus pela oportunidade de trabalhar e contribuir com nosso povo. Nosso desafio não será pequeno, como também não é pequena a esperança e expectativa do povo, e como o governador Gladson Cameli tem sido um grande incentivador desses avanços, não tenho dúvidas que mudaremos sim a realidade do nosso Estado nos próximos quatro anos.


Raphael Luiz Bastos JuniorRaphael Luiz Bastos Júnior, Secretário de Planejamento do Estado do Acre

30 anos após Chico Mendes: o debate necessário para defender o seu legado!

Os 30 anos do assassinato do líder seringueiro Chico Mendes suscitaram uma série de atos e manifestações de solidariedade e reconhecimento a sua inestimável contribuição para proteção das florestas e dos meios de vida dos povos e comunidades tradicionais por toda a Amazônia. Neste ano, em particular, as ameaças que o governo do presidente eleito causaram essas manifestações com foco na resistência e defesa do legado do seringueiro.

A imprensa nacional e internacional, organizações governamentais e da sociedade civil, entidades sindicais, além de personalidades do meio acadêmico, político e artístico, repercutiram o assunto, apresentando conjuntamente uma série de questões sobre o legado de Chico Mendes, com ênfase especial ao futuro das Reservas Extrativistas, que do ponto de vista institucional foi sua maior conquista, representando, à época, uma verdadeira mudança nos padrões de reforma agrária para a Amazônia, que veio depois a se constituir também como um dos principais instrumentos de política ambiental para controle do desmatamento na região.

A Reserva Extrativista Chico Mendes, maior símbolo do seu legado, é uma Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável, criada pelo Decreto nº 99.144/1990, localizada no Estado do Acre, possuindo uma área de 970.570 hectares, abrangendo sete municípios, Assis Brasil, Brasileia, Capixaba, Epitaciolândia, Xapuri, Sena Madureira e Rio Branco, onde vivem 1.824 famílias, distribuídas em 49 seringais.

Uma vasta literatura científica atesta que a Reserva Extrativista Chico Mendes se transformou numa verdadeira ilha de resistência ao desmatamento. Os mapas da paisagem do entorno à BR-317, por exemplo, evidenciam que a luta dos seringueiros, liderada por Chico Mendes, foi responsável por salvar quase um milhão de hectares de floresta tropical nativa em uma das principais fronteiras de expansão da agropecuária no Estado do Acre.

A Folha de São Paulo em 21/12/2018 publicou uma matéria intitulada “30 anos após Chico Mendes, seringueiros do Acre aderem à pecuária”, cuja análise se mostra bastante rasa e de certa forma irresponsável, que serve apenas para fortalecer o discurso dos ruralistas e a defesa da pecuária como meio de sobrevivência destas populações.

Temos que lamentar muito que diante da dimensão do legado de Chico Mendes, que se mostra hoje como uma causa global perante às mudanças climáticas, um dos principais veículos de comunicação do país produza um verdadeiro desserviço à sociedade.

A jornalista, dada a importância do tema para a proteção da floresta amazônica, deveria ter se preocupado em apresentar os fatos acompanhados das respectivas circunstâncias em que eles ocorrem, os esforços feitos e os verdadeiros desafios que a sociedade brasileira precisa enfrentar, ou seja, os elementos do debate que verdadeiramente importam, não só para defender o legado de Chico Mendes, mas também para contribuir com a construção de um modelo de desenvolvimento econômico para a região que associe justiça social e conservação da floresta.

É sabido que as reservas extrativistas, inseridas no contexto de uma economia capitalista de mercado, estão sujeitas à tradicional forma de expansão da fronteira agrícola brasileira, com a ocupação de terras virgens (privadas ou públicas), a extração de sua madeira de lei e a instalação da pecuária. Estudos apontam que em todos os estados da região, o desmatamento sempre valoriza significativamente a terra ocupada, no caso extremo do Acre, por exemplo, multiplica este valor por mais de 14 vezes, não sendo fácil encontrar soluções para este problema.

No caso da Resex Chico Mendes, outro agravante é a baixa produtividade dos seringais nativos e a deterioração do mercado da borracha na região que tem desencorajado os extrativistas e seus descendentes a se manterem na atividade.

Neste cenário, especuladores e pecuaristas que outrora tentaram ocupar as terras dos seringueiros, hoje desenvolvem modelos mais sofisticados de “acesso” à terra no interior destas unidades de conservação, transformando-as em verdadeiros berçários da sua pecuária de corte extensiva, onde transferem os seus processos de cria e recria do gado para os extrativistas, que muitas vezes ainda são autuados por isso.

É importante notar que esse processo é altamente subsidiado com recursos públicos, mesmo que de forma indireta, pois a maioria das fazendas que estabelecem relações de parceria agrícola com os extrativistas da Resex Chico Mendes são beneficiárias de crédito com juros subsidiados do Fundo Constitucional do Norte (FNO) coberto pelo imposto de renda dos brasileiros.

Esta mesma benevolência do Estado brasileiro com os pecuaristas da região não se observa com o financiamento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por exemplo, que além das atividades de fiscalização ambiental que lhe compete, seria responsável por promover ações de gestão e desenvolvimento econômico das reservas extrativistas, que permitiria portanto criar novas alternativas de renda para os extrativistas que não implicasse nessa tendência de desmatamento observada.

Frente a esse problema, nos últimos 20 anos o governo do Acre vem realizando um grande esforço fiscal para tentar combater essas distorções e criar novas oportunidades para os seringueiros da Resex Chico Mendes, investindo na estruturação de cadeias produtivas que garantissem mercado e agregação de valor aos produtos da floresta como borracha e madeira, subvenções econômicas no preço da borracha e outros produtos da biodiversidade e incentivos ao uso mais sustentável da terra já desmatada com a inclusão de tecnologias agroflorestais e plantios florestais.

Somente nos últimos oito anos, durante a gestão do governador Tião Viana, foram investidos mais  de R$ 50 milhões na Reserva Extrativista Chico Mendes em projetos vinculados à economia florestal, como apoio a elaboração de Planos de Manejo Florestal Comunitários, assistência técnica e extensão florestal, programas de capacitação em gestão de negócios e manejo florestal de impacto reduzido, infraestrutura de escoamento da produção florestal comunitária, incentivos ao plantio florestal e de agroflorestas e subvenção econômica para cadeias de valor florestais madeireiras e da biodiversidade.

Neste período, o Acre se tornou também um dos maiores produtores nacionais de castanha-do-brasil, sendo hoje um dos principais produtos de exportação do estado, fruto dos investimentos para implantação e ampliação da capacidade de processamento do produto nas plantas industriais de Brasileia, Xapuri e Rio Branco em parceria com a Cooperacre. Atualmente, essa cadeia de valor movimenta mais de R$ 50 milhões/ano somente na aquisição do produto in natura das comunidades extrativistas.

Mesmo diante de um quadro fiscal temerário para os Estados brasileiros, o governo acreano jamais se furtou de buscar soluções para o financiamento de programas nas reservas extrativistas e outras unidades de conservação localizadas no território acreano. Já foram assegurados para a próxima gestão R$ 195,6 milhões a partir de fontes de recursos não-reembolsáveis (Banco Alemão KfW, Fundo Amazônia e Banco Mundial/Ministério do Meio Ambiente) para financiar projetos ambientais e florestais, sendo resultado, principalmente, do empenho pessoal do governador em diversas missões nacionais e internacionais que por diversas vezes foram objeto de críticas severas da imprensa local, que se atentavam apenas ao custeio dessas agendas.

Lembrando que se contabilizadas todas essas iniciativas governamentais, não daria uma fração dos recursos que são aplicados anualmente para subsidio da pecuária na região, que traz como efeito o aprofundamento das desigualdades sociais e desmatamento da Reserva Extrativista Chico Mendes, portanto, esse é o debate que deve ser colocado com muita clareza para a sociedade brasileira que deseja proteger a Amazônia.

Se queremos de fato proteger e desenvolver a Amazônia, criando oportunidades de trabalho e renda para os povos e comunidades tradicionais e levar adiante o legado de Chico Mendes, o debate é muito mais amplo, e de nada adianta conversar com um punhado de seringueiros que aderiram à pecuária sem expor o contexto a que estão submetidos, devendo ser entendidos apenas como a “solução” que o mercado está dando para a região enquanto perdurar a inoperância e injustiça do Estado brasileiro.


Carlos Edegard de Deus é secretário de Meio Ambiente do Acre
João Paulo Mastrangelo é professor da Universidade Federal do Acre e ex-secretário Adjunto de Meio Ambiente do Acre*

Reforma da Previdência, questão de sobrevivência

Com 2018 chegando ao fim, iniciamos 2019 com novos gestores e a esperança de mudança. O presidente Temer tentou nos últimos meses de 2018, aprovar alguma coisa da reforma previdenciária, sem sucesso. A equipe do presidente eleito Bolsonaro avisou que a reforma da Previdência deverá ocorrer no primeiro semestre de 2019.

A questão previdenciária será tema central dos novos gestores públicos. O governo federal enfrenta anualmente um déficit crescente. Todos os demais entes públicos passam pela mesma situação. No Acre, a previdência estadual exige mais de R$ 35 milhões mensais para cobertura de déficit, com viés de alta nos próximos anos. O valor final que será repassado neste ano pelo governo ao Acreprevidência chegará a quase 10% do Orçamento (real) de 2018. Num estado dependente do Fundo de Participação dos Estados como ficou claro com o pagamento parcial do 13º salário, o caixa governamental ficará na UTI nos próximos anos.

No jornal Estadão de ontem (29), o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou que a reforma da previdência é fundamental para o País, devendo ser aprovada no início do próximo governo. Diz o ministro: “Não conseguimos aprovar a reforma da Previdência. Sabíamos da dificuldade. Ela é fundamental para o País e tenho convicção de que será aprovada no início do próximo ano. Apesar de não ter sido aprovada, há hoje uma clareza sobre a sua importância. (…) Primeiro, é o tema mais urgente. É preciso andar rápido com a reforma da Previdência. Temos uma proposta que já está em tramitação. É uma proposta que endereça os principais problemas: estabelecer uma idade mínima (62 anos para mulheres e 65 anos para homens, ao fim de um período de duas décadas de transição), uniformizar as regras do setor público e privado e uma transição adequada. A reforma dá conta desses problemas. É preciso ter clareza que a reforma que está no Congresso já foi amplamente debatida e tem uma chance muito alta de ser aprovada, ou qualquer proposta parecida com a que está lá. Eu aproveitaria a essência daquela reforma. Sempre pode fazer ajustes no projeto que está lá com as emendas apresentadas. O tempo é algo importante. O governo deveria investir o capital político que tem para aprovar a reforma ao longo do próximo semestre. (…) E faltam outras medidas, como a revisão do abono salarial (benefício de um salário mínimo pago uma vez por ano aos trabalhadores que ganham até dois salários mínimos) e a delicada e difícil nova regra do salário mínimo (a atual – que leva em conta a inflação do ano anterior e a variação do PIB de dois anos antes – vence em 2019). É necessário também ter uma política mais firme de controle das despesas de pessoal. Esses temas precisam ser enfrentados. É um trabalho longo.”

No último dia 26 a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou a reforma da previdência, sancionada pelo prefeito Bruno Covas no dia seguinte. O déficit da previdência municipal neste ano será de R$ 6 bilhões de reais, vindo de R$ 3,8 bilhões em 2016 e de R$ 4,6 bilhões em 2017 (jornal Estadão). O crescimento do déficit anual de aproximadamente R$ 800 milhões passará a ser de R$ 400 milhões com a reforma. “A partir da sanção da lei, os servidores públicos municipais terão de recolher 14% de seus salários para a aposentadoria (até agora, era 11%). Os servidores novos, ou seja, que entrarem na Prefeitura a partir de agora não terão mais direito à aposentadoria integral — o teto, agora, será o mesmo do setor privado, pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Quem ganhar mais de R$ 5,6 mil e quiser manter esses valores quando se aposentar terá de contribuir para um regime previdenciário complementar, recolhendo de 1% a 7% a mais de seus vencimentos. Aí, poderá ganhar o mesmo que os funcionários da ativa.”

Com a aprovação da reforma municipal diversas opiniões surgiram, sendo necessária a manifestação da prefeitura por meio do secretário municipal de Governo, Mauro Ribeiro, que disse: “Teria de tirar dinheiro de outras áreas do governo para alocar na previdência, o que comprometeria significativamente os serviços da Prefeitura. Temos 100 mil aposentados e 120 mil na ativa – 1,2 funcionário na ativa por aposentado. A equação não fecha. Nossa opção foi fazer o possível e aguardar a decisão do governo federal em relação à reforma previdenciária, para que naturalmente possamos fazer algum complemento. Com a segregação de massas, agrava o déficit. Permite que as pessoas que estão hoje ajudando a custear saiam do sistema. Toda sua contribuição vai para um novo fundo, o que aumenta o déficit do fundo que você está hoje, de repartição simples. É inviável. O que fizemos foi atacar três pontos. Reduzir despesa líquida, aumentando a receita da contribuição dos servidores, instituir a previdência complementar para os novos, com novo teto, e ter nova sistemática de pagamento de pensões. (…) O que fizemos foi diminuir o ritmo de crescimento. Você não vai resolver o problema de previdência. A despesa cresce R$ 800 milhões por ano. Diminuímos R$ 400 milhões, aproximadamente. E sobra mais para fazer as outras coisas. Só haverá equilíbrio quando for feita a reforma constitucional na previdência, envolvendo provavelmente pagamento dos atuais inativos e pensionistas, e o aumento do tempo de contribuição e da idade mínima para a aposentadoria. E acaba com as aposentadorias precoces.”

Nossa realidade não é diferente. O sistema previdenciário estadual precisa ser reformado com urgência a fim de estancar o consumo mensal de R$ 35 milhões de reais (cobertura de déficit). O governo estadual pode começar limitando as novas aposentadorias ao teto do INSS, valendo para os novos servidores, e quem desejar receber o salário integral deverá contribuir com a previdência complementar como fez o governo de Bruno Covas.

A cidade de São Paulo não esperou a reforma federal e buscou tapar os buracos possíveis, ficando o restante na dependência da reforma constitucional, todavia, com o realizado, reduziu o repasse mensal (cobertura de déficit) em 50%. Devemos seguir a direção tomada pelo governo municipal para evitar nos próximos anos o “shutdown” americano.


Marco Antonio Mourão de Oliveira, 42, advogado, especialista em Direito Tributário pela Universidade de Uberaba-MG e Finanças pela Fundação Dom Cabral-MG.

No Acre, a extrema pobreza dobra nos últimos anos

O jornal Valor publicou estudo da Tendências Consultoria Integrada apontando que a extrema pobreza no Acre dobrou desde 2014. O estudo considerou a situação de extrema pobreza a renda domiciliar per capita abaixo de R$85,00 no ano passado. Saímos da décima posição em 2014 para a segunda em 2017. Perdemos, apenas, para o Maranhão que lidera a pobreza domiciliar desde 2014. Em números, estávamos com 5,3% dos domicílios acreanos na extrema pobreza em 2014 e hoje possuímos 10,9%. O Maranhão, por curiosidade, em 2014 possuía 8,7% e em 2017 12,2% dos domicílios em extrema pobreza. O Acre, em 2017, ficou bem próximo do ente federado que lidera a pobreza nacional em todos os anos desde 2014.

O jornal afirma que nesta eleição “O comportamento do eleitor foi diferente, porém, na região Norte, onde a população do Acre viu a miséria dobrar em quatro anos. A proporção de famílias na pobreza extrema passou de 5,3% em 2014 para 10,9% no ano passado. Desta forma, o Estado, que tem metade da população na capital Rio Branco, escalou da décima para a segunda posição no ranking. Quem teve mais votos por lá foi Bolsonaro, com preferência de 62,24% do eleitorado. O Estado do Acre também tem suas particularidades. A mais evidente é a dependência extrema da renda do setor público. Nos cálculos da Tendência, 44% da massa de rendimentos da região é originada pelo setor público municipal, estadual ou federal. É mais do que o dobro do visto na média nacional (20%). ‘Como a crise fiscal bateu duro, a recessão bateu duro, isso pode ter influenciado a região. São Estados muito dependentes do setor público’, diz Pitoli. Curiosamente, os dois Estados que escalaram mais rapidamente posições no ranking – Bahia e Acre – são governados pelo PT há, pelo menos, mais de uma década. O Acre é comandado pelo petista Tião Viana – que não conseguiu eleger seu sucessor (…).”

Os números demonstram que a extrema pobreza acreana foi crescendo 1% nos três primeiros anos, saltando mais de 3% no último ano da pesquisa (2014 – 5,3%; 2015 – 6,4%; 2016 – 7,5% e 2017 – 10,9%). Isso é o resultado de uma política econômica local errática, voltada ao não desenvolvimento do agronegócio, incentivos fiscais tresloucados e de uma política tributária sem pena do contribuinte que nasceu antes do primeiro estágio do atual governo. Já no segundo estágio que finda no próximo dia 31 de dezembro, a política econômica continua na mesma direção do fechamento da economia local ao agronegócio e a industrialização, gerando o dobro de pobreza do fim do primeiro estágio com reflexos na onda de violência vivenciada atualmente, aniquilando o sistema de segurança pública local.

Diversamente do Acre que teve crescimento da extrema pobreza, o mundo caminhou na direção contrária, diminuindo a pobreza conforme estudo realizado pela The Brookings Institution (entidade americana com especialidade em políticas públicas). “A estimativa é de que, no mês passado, a população de classe média e rica tenha ultrapassado o número de pessoas que estão em situação de pobreza. De acordo com o estudo, as faixas de renda são: extrema pobreza (gastos diários por pessoa abaixo de US$ 1,9), pobreza (entre US$ 1,90 e US$ 11), classe média (entre US$ 11 e US$ 110) e rica (acima de US$ 110). Essa distinção das faixas de renda se baseia numa classificação proposta pela OCDE em 2010, cujo principal elemento diferenciador para o limiar entre pobreza e classe média é a resistência para enfrentar um revés econômico, produzido por uma doença ou um período de desemprego, por exemplo, sem que isso signifique retornar à pobreza. Ainda que os parâmetros dos estudos sejam diferentes, bem como as perspectivas de tempo, fica claro que o Brasil está na contramão da história. Enquanto o mundo comemora o fato de a maioria da população mundial já não viver em situação de pobreza ou extrema pobreza, o País vê crescer sua população em situação de miséria.” Os estudos mostram que o Brasil viu crescer a miséria e nós dobramos os domicílios que vivem na pobreza extrema.

Não deveria ser assim. O Acre possui uma vasta área de terra que pode ser cultivada por diversos tipos de grãos, em especial a soja com compradores garantidos e um porto próximo para escoamento (Porto do Rio Madeira em Porto Velho), ou seja, não precisamos realizar nenhum desmate adicional para que a agricultura e o agronegócio possam crescer e gerar renda, riqueza, empregos e tributos. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA informou que a “agricultura e o agronegócio contribuíram com 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2017, a maior participação em 13 anos”, numa demonstração de que o setor pode contribuir ao desenvolvimento local.

Por outro lado, os incentivos da COPIAI são surreais e apenas servem para impedir o crescimento dos empresários que fazem uso. A política tributária do ICMS é outro desserviço ao empresário acreano com punições monetárias sem regramento como a falta de emissão da nota fiscal eletrônica ao consumidor final em cidade com acesso precário a rede mundial de computadores. O empresário é punido ao deixar de emitir a nota fiscal eletrônica no momento da venda do produto por não ter internet estável em seu estabelecimento, mesmo que o faça quando do retorno da conexão.

São situações como as acima elencadas que desestimulam o livre comércio, levando o empresariado acreano a sofrer punição sem ter culpa. Vale destacar que o prestador do sinal de internet também sofre com a ausência de incentivo e a alta carga tributária do ICMS (25%).

As faltas de uma política econômica coerente e de uma política tributária aplicada à realidade local nos legaram o segundo índice de extrema pobreza entre os 27 entes federados. O leitor comum, que não é empresário, não sabe o calvário que é empreender hoje no Acre. As fiscalizações ambientais, sanitárias e fiscais inibem qualquer cidadão de bem investir no Acre, sobrando o emprego público já intumescido e a beira da “falência”.

E quando a receita pública capenga, a economia dependente do contracheque desce ao fundo do poço. Passamos vinte anos numa política florestal sem plantar nada, apenas preservando as árvores e hoje colhemos uma onda de violência sem precedente nas últimas três décadas. A extrema pobreza dos 10,9% dos domicílios acreanos é fruto da falta de políticas públicas que valorizem a iniciativa privada, verdadeira e única fonte real de renda, riqueza, empregos e tributos.

O novo líder consagrado no último dia 07 deverá conduzir o povo acreano para o outro lado da equação pobreza x riqueza, pois se nada for feito nos próximos quatro anos, poderemos chegar em 2022 com mais de 25% da população acreana na extrema pobreza e com índices de violência altíssimos. O parceiro ao desenvolvimento é a iniciativa privada que precisará ser livre, verdadeiramente, a fim de apenas empreender sem medo.

Diminuir o tamanho do governo estadual é outra ação louvável. Um governo com mais de 56 secretarias, autarquias, empresas públicas e fundações é um monstro desgovernado que não serve para nada e nem ao bem-estar social do acreano. É um governo monstruoso que suga a vida do povo acreano ao prestar os piores serviços públicos das últimas décadas. Reduzir o tamanho estatal permitirá a readequação da alta carga tributária do ICMS, liberando recursos privados que poderão ser aplicados em mais investimentos e geração de empregos.

A extrema pobreza também é fruto da má aplicação dos empréstimos e financiamentos contraídos pelos governos estaduais desde 2000. Já pagamos juros e amortizamos a dívida pública contratual em mais de R$3,9 bilhões de reais e ainda estamos devendo mais de R$2,9 bilhões de reais (DEMONSTRATIVO DOS RESULTADOS PRIMÁRIO E NOMINAL, ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL, JANEIRO a JUNHO 2018).

Assim, para evitar o crescimento da extrema pobreza e da pobreza, devemos buscar novos horizontes, novas formas de desenvolvimento, aproveitando o que já temos disponível como a vasta área de terra ao plantio de grãos que possam ser exportados, gerando renda, riqueza, empregos e tributos. Extirpar a lei da COPIAI e criar incentivos verdadeiros que permitam ao empreendimento retornar a sua função social de geração de empregos, além de outras medidas tributárias que deixem de penalizar o empresário (como o exemplo da ausência de conexão de internet), são medidas para um futuro mais empreendedor.

Ou fazemos isso agora com o novo governo, ou vamos perder todos, inclusive os servidores públicos estaduais. Num estado onde a pobreza e a extrema pobreza avançam os tributos não serão suficientes para pagar os salários da máquina estadual. A consciência deve ser de todos (público e privado).


Marco Antonio Mourão de Oliveira, 42, advogado, especialista em Direito Tributário pela Universidade de Uberaba-MG e Finanças pela Fundação Dom Cabral-MG.

Um Platão para chamar de seu

Qualquer aluno do ensino médio de hoje sabe quem foi Platão: o discípulo de Sócrates, o escritor de diálogos como A República, o filósofo idealista que acreditava num tal de mundo as ideias, o tímido solitário que não pegava ninguém e que, por isso, inventou o amor platônico (brincadeirinha). Mas, se você quer ir além desse conhecimento pra lá de introdutório, sugiro a leitura do recém-lançado Platão, o primeiro compêndio escrito originalmente em língua portuguesa dedicado à vida e à obra do fundador da Academia.

Os organizadores do livro são dois professores do Programa de Pós-Graduação em Metafísica da Universidade de Brasília (UnB): meu antigo colega de coluna aqui no Congresso em Foco, Gabriele Cornelli, ex-presidente da International Plato Society, e  Rodolfo Lopes, tradutor de dois diálogos platônicos – Timeu e Crítias. Para esse compêndio, eles contaram com a colaboração de alguns dos mais importantes estudiosos da obra platônica da atualidade, como o franco-canadense Luc Brisson, o inglês Tom Robinson e o italiano Mario Vegetti (recentemente falecido).

Para Gabriele Cornelli, Platão ainda hoje nos serve como fonte de inspiração. Ele lembra que o filósofo grego foi alguém que se deixou questionar pela política e pela cultura do próprio tempo em um momento muito difícil de Atenas – marcado pela morte Sócrates, seu mestre, devido a perseguições políticas. Ao mesmo tempo, Platão procurava quebrar o véu da aparência imediata para compreender o mundo e as relações humanas da forma mais estável possível.

“Sem se desvencilhar da realidade, ele buscava algum tipo de entendimento daquilo que acontece, mas que não é a solução imediata, a resposta pronta.”, analisa Cornelli.

Estado da arte

O livro, que faz parte da coleção Coimbra Companions, se propõe a estabelecer um panorama do estado atual das pesquisas sobre Platão. Naturalmente, autores da Antiguidade nos colocam uma série de problemas de cunho factual e hermenêutico advindos da própria distância temporal, da disponibilidade e da confiabilidade de fontes de informação. No caso de Platão, a despeito de tudo isso, temos a sorte de ter recebido quase intactos os textos de 27 diálogos (e mais alguns que a tradição apontava como sendo de sua autoria, mas que hoje são considerados como suspeitos ou apócrifos).

Entre as questões que mobilizam os platonistas atuais, encontra-se, por exemplo, a controvérsia sobre as chamadas doutrinas não-escritas: para alguns especialistas, parte importante do pensamento de Platão não seria expressa nos diálogos, mas apenas ensinada aos seus discípulos da Academia. Outro problema refere-se às diversas tentativas de se estabelecer uma ordem temporal da produção dos textos – da qual resulta a famosa classificação em três períodos: socrático ou de juventude, intermediário e de maturidade. Os defensores de ambas as posições são objeto de críticas contundentes no livro.

Contexto filosófico

A compreensão do pensamento platônico não pode prescindir do entendimento de sua relação com seus antecessores e contemporâneos. Desse ponto de vista, a teoria das ideias, por exemplo, surge como uma tentativa de superar tanto o imobilismo do ser de Parmênides quanto o “tudo flui” de Heráclito. Enquanto incorporava algumas das noções centrais das doutrinas pitagóricas – como a afirmação da imortalidade da alma – Platão rejeitava fortemente a prática dos sofistas e a sua relativização da verdade. Assim, três capítulos do compêndio são dedicados a esses temas.

Sobre a filosofia platônica em si, o livro nos dá uma amostra da sua inigualável abrangência e fecundidade, ao qual a tirada de Alfred Whitehead faz jus: “a mais segura caracterização da tradição filosófica europeia é a de que essa consiste em uma série de notas de rodapé a Platão”, escreveu certa vez o filósofo britânico. Basta uma olhada nos temas de alguns capítulos do livro para constatá-lo: linguagem, epistemologia, matemática, psicologia, ética e política, medicina, poética, dentre outros.

O compêndio Platão é uma edição conjunta da Imprensa da Universidade de Coimbra (Portugal) e da Editora Paulus (Brasil). A versão física do livro está disponível nas livrarias,


PERFIL ARTIGOHenrique Fróes é professor temporário da rede pública de ensino do DF e jornalista profissional, com passagem em diversas redações de Brasília e São Paulo. Licenciado em Filosofia, é mestre em Psicologia Clínica e Cultura e em Metafísica.

O ocaso dezembrista de Temer

Tenho no mês de dezembro o lapso temporal mais paradoxal do calendário. E não estou aqui narrando das coisas do horóscopo ou das múltiplas complexidades das pessoas nascidas em sagitário ou capricórnio. Tampouco filosofando sobre o fracassado movimento dezembrista que, no distante 26 de dezembro de 1825, reunindo militares e a alta nobreza russa, queria impedir a posse do futuro czar Nicolau I, conhecido por sua crueldade.

Acho-o paradoxal por ser, simultaneamente, o fim de um ciclo, a promessa de recomeço ou a mistura de tudo, assim poetizada por Érico Veríssimo (17/12/1905): “Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento”.

Dezembro é agitação para tudo se concluir, limpar armários, arrumar a casa e não deixar ponta sobrando para o ano seguinte, mas também o início da calmaria das férias do trabalho, do recesso escolar e da parada do Poder Judiciário.

É dinheiro extra adquirido pelo “jabuticaba décimo terceiro”, na mesma proporção em que se aumentam os gastos com os presentes natalinos, os nada ocultos amigos secretos, as viagens de descansos familiares, os impostos marcados para nascer em janeiro, os materiais escolares nada educados nos preços e as dívidas anualmente cobradas pelos credores impacientes. É o penar de final de ano que, como Luiz Gonzaga (13/12/1912), poderia dizer “Só trazia a coragem e a cara, viajando num pau-de-arara, eu penei, mas aqui cheguei”.

Talvez por isso tenha sido o mês escolhido pelo igualitarista Jesus Cristo para nascer ou fazer brilhar o popstar vermelhinho Papai Noel. Mas também as ousadias de Beethoven (17/12/1770), Camille Claudel (08/12/1864), Cândido Portinari (29/12/1903), Carlos Marighella (05/12/191), Cláudio Villas-Bôas (08/12/1916), Diego Rivera (08/12/1886), Dolores Ibárruri (08/12/1895), Errico Malatesta (14/12/1853), Fausto Cardoso (22/12/1864), Florbela Espanca (08/12/1894), George Santayana (16/12/1863), Gustave Flaubert (12/12/1821), Jeanne Derion (31/12/1805), Jim Morrison (08/12/1943), Mao Tsé-Tung (26/12/1893), Miguel Arraes (15/12/1916), Miguel Costa (03/12/1885), Olavo Bilac (16/12/1865), Oscar Niemeyer (15/12/1907), Osho (11/12/1931) e Steve Bantu Biko (18/12/1946). Afinal, o mês de dezembro é tão plural que, observando-o atentamente, diríamos, bem fez Ulysses Guimarães (06/12/1916): “Olha de novo: não existem brancos, não existem amarelos, não existem negros: somos todos arco-íris”.

E o que tem o título desta crônica com tudo isso? Devo esclarecer, antes que me lembrem de Noel Rosa (11/12/1910) e perguntem “Quem é você que não sabe o que diz?”. É que o mês de dezembro de 2018 traz como marco final o ocaso do governo plantonista de Michel Temer.

Alçado ao poder por um golpe parlamentar, o respeitado constituinte do ontem deixará como legado no hoje a suspensão da própria Constituição Federal por vinte anos (EC 95/2016), a inconstitucional intervenção militar no Rio de Janeiro, a venda do patrimônio nacional ao capital internacional, a tentativa de fazer retornar os navios negreiros (Portaria 1129/2017-MTE) e o maior ataque ao princípio da dignidade da pessoa humana quando, revogando o papel social do trabalho, transformou a CLT na Consolidação das Lesões Trabalhistas. Uma frase lapidar de Anita Malfati (02/12/1889) representaria este tempo: “Os objetos se acusam só quando saem da sombra, isto é, quando envolvidos na luz”.

As páginas dezembristas de 2018 anotarão capítulos escritos pelas tintas da divisão entre os quereres e sonhares dos brasileiros e das brasileiras e os combates entre as mais variadas colorações. Notarão que máscaras civilizatórias caíram no revelar de rostos que expressavam ódios, preconceitos, misoginia, racismo e homofobia, da mesma forma que, em contraposição, registrarão que milhões de faces destemidas exibiram a humanidade refletida em seus corações.

Olharemos este tempo e nos lembraremos de Clarice Lispector (10/12/1920): “Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar”.

Assim como ocorrera com o czar Nicolau I, o governante brasileiro entrará para a História como o mais impopular de todos os tempos, ainda mais quando, impulsionado pelas panelas e patos verdes-amarelos que diziam odiar a corrupção, envolveu-se em casos policiais que poderão resultar no aprisionamento de grande parte de sua alta cúpula.

Não sem razão, portanto, a escolha do ocaso como símbolo do tempo que findará no dia 31 de dezembro de 2018, até porque, como o sol que se esconde diariamente no poente da vida, sabemos todas e todos que a esperança nunca se cansa de renascer. E quando ela ressurgir no horizonte persistente do tempo, como ensinou Câmara Cascudo (30/12/1898), concluiremos que: “O melhor produto do Brasil ainda é o brasileiro”.


Cezar Britto é advogado e escritor, autor de livros jurídicos, romances e crônicas. Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e da União dos Advogados da Língua Portuguesa. É membro vitalício do Conselho Federal da OAB e da Academia Sergipana de Letras Jurídicas.

Natal: Jesus é nosso maior presente

“Não temais, porque eis que vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo. Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc. 2, 8-11).

O mês de dezembro é portador de luzes e decorações: nas casas, arvores iluminadas são montadas, nas cidades e nos ambientes públicos também. Temos uma certeza: É tempo de Natal! É o período em que as lojas se tornaram, mais do que o habitual, os “templos de consumo”. O tempo do Natal é um momento importante de convívio, entrega e troca de presentes, para as crianças, mas também para os adultos que querem se divertir. O Natal também tem esse aspecto de intimidade, proximidade. Natal é “festa familiar”: a família se reúne em volta de uma mesa festiva.

Às vezes, ouve-se: “Natal, para nós, é sagrado”. Aqui, “sagrado” é sinônimo de “importante”. Todo esse aspecto festivo de Natal nos convida a perguntar pela fonte de onde jorra tanto amor e ternura. Natal, do latim “Natalis” significa nascimento. “Nasce” com o cristianismo. Os cristãos celebram o nascimento de Jesus, Filho de Deus, o Salvador esperando, anunciado pelos profetas.

As celebrações fazem memória de um acontecimento extraordinário: “O Filho de Deus se fez homem”! No sinal de uma criança – “um Deus de fraldas” – Deus se fez pequeno para que possamos amá-lo. A palavra confiada aos Patriarcas e aos Profetas na história era uma preparação: Ele tinha que se aproximar ainda mais de nós, para entrar no tempo – Aquele que está acima de todos os tempos.

A partir daquela noite em Belém, a surpresa indescritível, saudada em primeiro lugar por Maria e José, depois pelos pastores e pelos magos, é que Deus, o Todo-Poderoso, o Senhor dos céus e da terra quis estar tão perto de nós, próximo de todos os seus filhos. Ele veio como um recém-nascido que precisa de tudo, especialmente um abraço de amor.

Ao relembrar este evento, a liturgia nos insere no mistério da vinda permanente de Deus entre os homens e recorda que Deus quer habitar e “nascer” no coração humano!

Jesus é o Filho de Deus, ele é a sua Palavra que criou todas as coisas e criou cada um de nós. Ao tornar-se um de nós, ele nos associa ao seu próprio nascimento. Nascimento de Jesus é a “Noite Feliz”: a beleza do dom da vida.

O Natal deve ser vivido também como a festa do nosso próprio nascimento. Abramos, então, a Cristo a porta dos nossos corações: Vamos recebê-lo como o cumprimento da promessa de Deus para a salvação dos homens, como a esperança da nossa vida, como uma chance para todo homem e toda mulher. Vamos recebê-lo com alegria porque sua luz atravessa a escuridão da existência humana. Ele consola os corações aflitos, acalma as almas atormentadas, apóia a generosidade da partilha. É a paz para o mundo porque vem para estabelecer a justiça.

Acolhamo-lo em sua Palavra: Ela é uma luz para nossa liberdade e um apelo para corrigir o que é confuso em nossas vidas. Acolhamos seus pedidos de amor ao próximo, perdão e reconciliação. Acolhamo-lo em nossa sociedade: a grandeza humana e o progresso da paz social passam por uma visão do ser humano que inclua a transcendência. Negar-lhe tal aspecto seria prendê-lo em um mundo sem esperança e alegria.

“(…) vos anuncio uma grande alegria, (…) Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc. 2, 8-11) !

Feliz Natal e Boas Festas !


Reitor da Catedral Nossa Senhora de Nazaré

A questão não é se Papai Noel existe ou não

Quando o Natal bate à porta de sua casa, Jorge Antônio acolhe o nascimento de Jesus Cristo como Papai Noel. Sala de visita ambientada com árvore fecunda de presentes. Luz direcionada à cadeira de Noel quando ele chegar. Sobre almofadas distribuídas na sala, crianças e pais emocionados à espera do Bom Velhinho.

Transfigurado pela imagem de Papai Noel, Jorge solta seu “ho ho ho”, e a porta da casa se abre para a irrealidade entrar na forma de um homem idoso; ele se faz presente não só para entregar presentes às crianças, mas para deixar uma mensagem a cada uma delas.

A questão aqui não é se Papai Noel existe ou não, e sim que a fantasia tem algo profundo a dizer às crianças; ela faz falar o que a realidade social dos adultos enfraquece, diminui, inferioriza, deforma. Ao acolher a inocência infantil, a fantasia a protege com a fortaleza da ternura, com os muros delicados do bem-querer; e, assim sendo, Papai Noel abre uma possibilidade de encontro que Jorge Antônio, por si mesmo, não abriria por lhe faltar a força afetiva de um sensível que se excede.

Jorge conhece os netos. Por essa razão, seu amor por eles pode, com carinho, chamar a atenção de cada um, dizendo a David, por exemplo, que ele não pode desrespeitar a sua mãe. “Você já imaginou, David, viver sem sua mãe?”, pergunta Noel. “Eu não ia parar de sentir dor”. “E você gosta de sentir dor?”. “Não, Papai Noel!”. “Então você não acha que sua bondosa mamãe merece desculpas e merece ouvir de ti que você a ama?”. “Acho, Papai Noel, mas como o senhor sabe que xinguei ela?”. David não sabe que Noel é o pai de sua mãe, ou seja, a fantasia oculta o avô Jorge (ou o real) para deixar o mistério: “Como o senhor sabe que xinguei ela?”.

O senso comum crê que a fantasia distancia a criança da realidade; porém, por meio do avô Jorge, a fantasia é uma forma afetiva de questionar a realidade de David. A fantasia zela pelo respeito, pela gratidão; não afasta a criança da realidade, mas oferta a ela uma “sensação excedente” na realidade. A fantasia fala do que nos falta ou do que a realidade nos arrancou; ela não nos distancia da realidade, mas nos aproxima dela para incomodá-la, no sentido de que a realidade se encontra desajustada, por exemplo, um filho xingar a mãe ou a mãe xingar o filho.

O Papai Noel, realizado pela família, tem o tempo precioso para contar “estórias”, sendo o Bom Velhinho, portanto, aquele que encarna a imagem expressiva do narrador, que escolhe uma narrativa para acolher a mensagem natalina destinada a suas crianças, crianças que não sabem que Papai Noel é o vovô Jorge. Mistério. Assim, por causa de sua natureza misteriosa, o Papai Noel da família é experiência mítica que possibilita a inocência escapar de uma vida dominada de modo realista.

“Seu grande amigo Jorge Antônio faleceu”, disse-me o destino. Papai Noel da família agora é o filho mais velho, o que é bem diferente de o Bom Velhinho estar em shopping, pois, nesse ambiente antinatalino, todo Noel não passa de um estranho disfarçado dentro de uma máquina comercial, com a pretensa boa intenção de encantar o consumo infantil. Se Papai Noel de shopping tem algum amor à criança, esse amor não resiste à falta de salário. O “ho ho ho” de shopping center é risada de um empregado idoso a cumprir jornada de trabalho, não havendo, portanto, nenhuma gratuidade em seu sorriso. O Noel de shopping não quer saber se um dos netos de Jorge xingou a mãe, mesmo porque David não passa da 81ª criança que se senta hoje no colo do Bom Velhinho, onde não há tempo de David escutar algum conselho sobre respeitar os pais. E, mesmo se houvesse, inútil seria, pois esse Papai Noel desconhece as 100 crianças/dia (meta do funcionário) que se sentaram em seu colo. Uma selfie com esse tipo de Noel é o máximo que a inocência consegue de uma produção em série.

Papai Noel de shopping não é fantasia, mas objeto alienado pelo capital e a serviço do comércio para aquecer as vendas, ditas natalinas. Lugar sedutor de hiperconsumo, onde as palavras são usadas para identificar objetos, o shopping submete a fala de Noel à condição imediata de uso em um lugar onde a palavra não foge à utilidade.

Poucos avós levam aos lares mensagens aos netos por meio da força simbólico-afetiva do Bom Velhinho. No meu amigo Jorge Antônio, havia certo grau de desobediência civil quando se transfigurava de Papai Noel. Muitos levam netos ao shopping; nesse espaço, porém, um estranho se disfarça de Bom Velhinho, desconhece a vida de cada criança e obedece ao uso utilitário do capital.

Aldo Tavares é professor de Filosofia e Língua Portuguesa

Caso Battisti: Itália experimenta iscas

Esta é uma das prisões que foram pensadas para alojar Cesare Battisti, se algum dia ele for pego. Ela une o sadismo comum das prisões italianas, como Regina Coeli e Rebibbia, com uma característica de extrema brutalidade.

As celas estão localizadas 10 metros abaixo do nível do mar. Cesare deve cumprir, além de duas vidas de prisão, um período inicial de alguns anos, onde será privado da luz natural e terá seus movimentos dificultados pelo pequeno tamanho da cela. Aliás, ninguém aí vive três anos, porque a doença, a desnutrição e a contínua tortura acabam com os presos em pouco tempo, o que é uma vantagem para quem sofre está insanidade. Por isso, o mais provável é que Battisti, se for pego, fosse a Regina Coeli.

Denúncia de uma Mentira Diplomática

No último dia 17, o embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, manifestou que seu país, no caso de prender Battisti, pensa em respeitar as leis brasileiras.

No Brasil não existe prisão perpétua, e Brasil foi condenado na Itália a DUAS PRISÕES PERPÉTUAS, mesmo que isso possa parecer ridículo a qualquer mente racional.

Cada vez que um condenado em outro país a prisão perpétua é extraditado desde o Brasil, o Estado brasileiro assina um compromisso com o país de destino de que não aplicará ao detento mais de 30 anos de prisão. Aliás, muitas vezes, apenas simulam assinar, como veremos no seguinte.

Quando, em novembro de 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a admissibilidade da extradição de Battisti, o relator, Cesar Peluso, disse que havia obtido da Itália o compromisso de que Battisti não deveria cumprir mais de 30 anos de prisão.

Posteriormente, esse compromisso não foi necessário, porque o presidente Lula, tendo em conta os riscos para a vida e a integridade física de Battisti na Itália, onde era ameaçado de morte e tortura, RECUSOU SUA EXTRADIÇÃO. Isso foi aceito pelo STF e Cesare ficou livre até agora.

Não obstante, soube-se, logo em seguida, que em lugar nenhum do processo da extradição existia um documento provando esse compromisso do qual falou Peluso.

Ou seja, ao dizer isso, o relator Peluso mentiu, tanto como tinha feito durante todo o período em que esteve aos cuidados do caso (e também depois), em que numerosos fatos enunciados eram falsos.

Mas, há algo pior. No final de 2007, Mario Clemente Mastella, ministro da Justiça da Itália representando um partido de centro, falou com os familiares dos quatro mortos que a Itália atribuiu a Battisti. As famílias pediam vingança contra Battisti que havia sido detido a começo desse ano no Brasil e deveria ser processado pouco depois.

Todos eles se queixaram de que “o Brasil tinha apenas prisão por 30 anos” e eles queriam que Cesare cumprisse as duas (?) penas de prisão perpetua de maneira completa (as duas?).

Mastella respondeu dizendo que as promessas que a Itália faria ao Brasil sobre a duração máxima de 30 anos era apenas uma fábula per fregare i brasiliani (para enganar os brasileiros). Referindo-se a Battisti garantiu que il farabutto (o palhaço) cumpriria prisão até seu último suspiro.

Claro, ele não pode prometer que faria a Battisti cumprir as duas penas, porque ele não tinha poder sobre o inferno. O motivo de esta denúncia não é porque eu acredite que Battisti, esteja onde for, com quem quer que seja, seria tão ingênuo de achar que trinta anos de prisão é uma ótima oferta. Aliás, Cesare disse publicamente, durante 2009, e foi publicado na mídia duas ou três vezes, que ele preferia morrer a voltar a Itália. Falou, muito dignamente, do sem sentido de viver um estado sub-humano imposto por uma gangue de políticos, juízes e policiais sádicos, e que a morte seria uma liberação. Aliás, todos sabemos que impedir o suicídio de alguém é praticamente impossível. Quando ficamos amigos, nós e nossas famílias, o assunto apareceu alguma vez discretamente.

O temor que me fez escrever esta denúncia é que estas afirmações “sedutoras” servem para viabilizar a traição, e alguns países são mestres nisso. Com efeito, não sei se Cesare está com um grupo organizado, ou com amigos, ou apenas com conhecidos. Porém, pode acontecer que muitas pessoas acreditem as mentiras dos algozes. Por exemplo, o procurador italiano Giuliano Turone, em seu livro sobre Battisti, diz que o Cesare deveria se entregar porque sua pena poderia ser reduzida por boa conduta, por produtividade intelectual na prisão, entre outras cretinices.

Como se faz, gostaria de saber, para reduzir o infinito? Porque duas prisões perpétuas significa dedicar duas vidas à prisão, mas também a vida eterna, para os que acreditam nisso. Turone esclarecia que Battisti poderia conseguir uma diminuição da pena a 20 anos, e depois talvez cumprir a metade ou menos. Milhares de presos políticos italianos morreram de velhos após 45 e até 50 anos de prisão.

Eu tenho uma experiência pessoal. Uma vez, alguns meses antes de Battisti ser liberado em 2011, um sujeito muito culto com acento romano apareceu em minha casa, dizendo-se amigo de Battisti. Após algum tempo de conversa, sugeriu-me que eu deveria dizer a Cesare que na Itália havia uma grande tendência à anistia dos casos dos anos 70, e que seguramente, ele, Battisti, seria anistiado. Eu não mordi a isca, porque nasci numa família italiana muito tradicional e sei como a vingança e o rancor são valores prezados nessa decadente cultura. Porém, outras pessoas talvez mordessem.

Portanto, peço aos amigos que apoiam nossa causa: viralizar esta denúncia, antes que alguém, involuntariamente, entre nessa mentira e vire delator. Qualquer que fosse o resultado, alguém que vira delator por engano e é uma pessoa sensível, não consegue viver tranquilo o resto da vida. Difícil imaginar algo mais nojento que a delação.


Carlos Lungarzo é doutor em Ciências Exatas e em Ciências Humanas. Publicou 11 livros sobre lógica, estatística e sociologia matemática, e 86 artigos especializados. Foi professor da UNICAMP (1976-1997), da UERJ (2000-2004) e da McGill University. Pertence a várias organizações de direitos humanos e de defesa da ecologia. Autor de Os cenários ocultos do caso Battisti.

O tortuoso embate sobre aquecimento global

É cada vez mais estarrecedor o novo embate ideológico que vem tomando conta do debate sobre meio ambiente no Brasil e no mundo. De um lado, representantes de quase 200 países acabam de bater o martelo para definir regras, comuns a todos, destinadas a limitar em dois graus centígrados o aumento da temperatura média do planeta até o fim do século. De outro, um movimento de negação do aquecimento global aos poucos ganha adeptos e se fortalece, ainda que sem uma estrutura formal definida, mas com apoios cada vez mais preocupantes.

O contexto fica ainda mais desanimador quando nos deparamos com esse debate no mês em que se completam 30 anos do assassinato de Chico Mendes, ambientalista e líder sindical que se transformou em ícone da luta pela preservação da Floresta Amazônica e em defesa da sustentabilidade, base de um equilíbrio entre natureza e a intervenção humana.

Se naquela época e até pouco tempo atrás o enfrentamento se dava entre defensores da natureza e fontes limpas de energia contra grandes grupos econômicos interessados em manter o atual modelo de exploração baseado no petróleo, ignorando o efeito nocivo da poluição no planeta, agora o que se observa é a tentativa de se criar uma nova “verdade”, apostando na substituição teórica do problema. Dessa forma, o aquecimento global seria parte de uma “armação” global, uma “farsa” para garantir ainda mais “lucro” a organizações ambientalistas.

A nova interpretação acompanha o fortalecimento político de grupos ligados a ideias conservadoras, determinante no Brasil para a eleição de Jair Bolsonaro à presidência da República. Pelo menos dois ministros indicados pelo futuro presidente são simpáticos à tese e já demonstraram dar pouca importância ao debate sobre aquecimento global.

A desistência do Brasil de sediar, no final de 2019, a reunião da 25ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-25) pode ser interpretada como uma mensagem direta, e não uma simples sinalização, da nova postura do governo brasileiro diante do tema. O encontro foi transferido para o Chile.

Para especialistas, a decisão enfraquece o protagonismo do Brasil na redução de emissão de dióxido de carbono na atmosfera e foi mal recebida na COP-24, encerrada no sábado, 15 de dezembro.

Durante o encontro, realizado em Katowice, Polônia, o Ministério do Meio Ambiente anunciou que o país antecipou o cumprimento da meta e atingiu o resultado esperado para 2020 – entre julho de 2017 e agosto de 2018, o Brasil registrou a absorção de 1,28 bilhão de toneladas de gases causadores do efeito estufa, superando a meta de reduzir em 38% as emissões. É triste imaginar que essa boa notícia possa virar água em pouco tempo.

Os 197 países da COP-24 aprovaram o chamado “livro de regras” para garantir o cumprimento do Acordo de Paris, de 2015. O resultado final foi considerado aquém do esperado por ambientalistas, mas o acordo possível diante da posição mais dura de países fundamentais para o processo, como Estados Unidos, Arábia Saudita, Rússia e Kuwait.

Eles se negaram a aceitar as conclusões do Relatório Especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em outubro, que considera mais seguro trabalhar com a meta de limitar o aumento de temperatura global de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, e não mais 2°C, como vinha sendo considerado e acabou fixado no documento final da COP-24.

O relatório alerta para “consequências devastadoras” do aquecimento, inclusive com impactos sobre o crescimento econômico, o que não deixa de ser um paradoxo, uma vez que os críticos à tese do aquecimento usam como argumento exatamente o contrário – ou seja, acusam ambientalistas de ameaçar o crescimento econômico.

Não se pode considerar mera coincidência o fato de os países refratários ao alerta do IPCC figurarem entre os principais produtores de petróleo do mundo, sendo também consumidores e, portanto, ao mesmo tempo beneficiários econômicos da exploração do petróleo e grandes emissores de dióxido de carbono na atmosfera.

No fundo, a ganância econômica permanece ditando as regras e o futuro do planeta, cada vez mais ameaçado pela mesma humanidade que dele depende. No entanto, a esperança deve estar sempre ativa, ainda mais às vésperas da virada de ano, quando a energia se renova.

Se a inteligência humana foi capaz de transformar as riquezas naturais em tudo o que conhecemos hoje, será capaz também de recuar, refletir e recalcular a rota em direção a um futuro em que o ser humano possa viver melhor, com justiça social, distribuição de riquezas e crescimento para todos. Se cada um fizer a sua parte sem cobiçar a parte do outro, tudo será mais fácil.

Afinal, o resultado coletivo é sempre a soma de ações individuais. Nas palavras de Chico Mendes: “No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras. Depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade”.


Glauco Humai é cientista político e especialista em Gestão Sustentável de Empresas, Glauco Humai é presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce)