Atendendo pessoas com hanseníase no Acre há vários anos, a casa de apoio Souza Araújo, mais conhecida como colônia Souza Araújo, corre o risco de fechar as portas por causa da falta de repasse do governo do estado.
Há 50 anos, a administração do local é feita pela Diocese de Rio Branco. Segundo a assessoria de comunicação da Diocese o valor do repasse feito pelo governo é R$ 220 mil mensais, com os pagamentos atrasados há seis meses a dívida chega a mais de R$ 1 milhão.
‘’O último repasse foi feito no mês de julho do ano passado, desde de agosto não vem repasse nenhum para o Souza Araújo, isso significa dizer que estamos de agosto até agora fevereiro sem receber o recurso para manutenção do Souza Araújo’’, disse o padre Jairo Coelho (foto).
Além da casa de acolhimento o valor repassado pelo governo é utilizado também para cobrir despesas nas comunidades terapêuticas para dependentes químicos Arco Íris e Estrela da Manhã.
De acordo com a Diocese, os três locais juntos gastam mais de R$ 300 mil mensais, o que faz com que a instituição religiosa tenha que arcar com os restantes dos gastos.
O recurso repassado pelo governo é utilizado para manter o funcionamento da casa de acolhimento nas mais diversas atividades, desde de alimentação, remédios, transportes e para pagar os funcionários.

Funcionários podem ser demitidos
Segundo a Diocese, a Casa de Acolhida tem 90 funcionários, os trabalhadores foram pagos até o mês de dezembro, mas para tal, a Diocese teve que deixar de pagar fornecedores.
“Fornecedores estão sem receber, vamos ter que suspender alguns serviços, por exemplo, a questão de carros para transportar pacientes, vamos ter parar por falta de combustível”, lamenta.
Caso essa medida extrema seja inevitável as obras sociais da Diocese terão outro problema pela frente, a rescisão contratual dos funcionários.
“Esses funcionários não são do governo, são funcionários nossos, se hoje tivermos que fechar o Souza Araújo a Diocese terá que assumir todos os passivos trabalhistas com seus funcionários, e o convênio não prevê isso, a rescisão contratual seria milionária”, comenta.
Ainda de acordo com o religioso, se o pagamento não for retomado o quanto antes, as ações da casa de acolhimento podem paralisar. De acordo com a Diocese a igreja não tem mais condições de continuar com os atendimentos.

Tentativas de negociação
De acordo com a Diocese, foram feitas algumas tentativas para solucionar o problema, tanto com a gestão passada quanto com o atual governo. “Já tentamos todo tipo de diálogo com o governo passado e com o atual, a reposta é sempre que vão verificar”, comenta.
Ainda segundo o padre, a gestão passada se comprometeu a honrar com todos os seus compromissos até o dia 31 de dezembro do último ano, mas o compromisso ficou só nas palavras, o pagamento não foi realizado.
“Esse problema de saúde pública, nós estamos dando nossa contribuição administrando e a contra partida, o espaço utilizado é nosso”, explica.
O Jornal Opinião entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), mas até o fechamento dessa edição, não obtivemos resposta.