Doadores: heróis anônimos que ajudam a salvar vidas

Alguns são jovens e outros têm um pouco mais de idade. Católicos ou evangélicos, não importa a religião. Quando o assunto é doação, essa turma veste uma única camisa e entra em campo com o mesmo sentimento: salvar vidas.

Assim são os voluntários do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Acre (Hemoacre), que doam sangue regulamente na unidade, que conta com mais de quatro mil doadores cadastrados, mas apenas 900 mantêm a fidelidade da doação.

Como forma de homenagear esses heróis voluntários, já que nesta quinta-feira, 14, comemora-se o Dia Mundial do Doador de Sangue, a reportagem foi até o Hemoacre dar voz a esses anônimos da sociedade pela generosidade em contribuir regulamente com o banco de sangue, fundamental para salvar vida de inúmeras pessoas que necessitam de transfusões diariamente.

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Marx Dantas: “Dor sente quem está precisando de sangue em um hospital” – Foto/Júnior Aguiar

Se dói?

O jornalista Marx Dantas, doador de sangue há 18 anos e que desde 2011 se tornou doador de plaquetas, responde: “Dor maior passa quem recebe. Dor maior sofre quem está lá no hospital precisando, à espera dessa doação, sem saber se vai ter ou não, isso é dor. Eu só venho aqui, termino este processo, vou para casa e estou bem. Mas quem está lá no hospital, passando por um tratamento, não. Quando comecei a pensar sobre isso, não tive dúvidas ou medo e logo me tornei doador”.

É contando com bons sentimentos, solidariedade e amor ao próximo que vive o Hemoacre. Lá, a família aumenta a cada chegada de doador. Do acolhimento ao processo de captação de sangue, nesse time em prol da vida sempre cabe mais. É o que pensam os funcionários de uma autoescola de Rio Branco, que comparecem em peso para doar.

“A gente tira um dia e vem todo mundo da empresa aqui para o Hemoacre para doar sangue. Sabemos da importância desse gesto e do bem que estamos promovendo para alguém que necessita de uma transfusão. Em uma doação dessas todos vestem a mesma camisa com um único objetivo que é ajudar o próximo”, diz Jacson Araújo, instrutor de trânsito.

Motivos diferentes, propósitos iguais

Conversando com os doadores do Hemoacre, independente dos motivos que os fizeram doar sangue pela primeira vez, é possível perceber que as razões que os levaram a seguir adiante com esse gesto tão nobre são as mesmas: gratidão pessoal em ajudar a salvar vidas.

“Somos em dez irmãos e todos doavam, menos eu porque tinha um pouco de medo, mas achava esse gesto muito bonito, esse ato heroico deles em doar sangue e salvar vidas. Um dia minha mãe quebrou o fêmur e precisou de sangue e mais uma vez meus irmãos vieram ao Hemoacre para doar, dessa vez para ela. Naquele dia eu disse, eu vou doar também e fazer

parte desses heróis. E hoje estou aqui, doando sangue, o que se tornou uma honra e um prazer, pois sei que estou ajudando a salvar vidas também”, Daniel Uchôa, doador voluntário do Hemoacre há 12 anos.

A assistente social, Mônica Brasileira também é doadora de sangue assídua no Hemoacre. Um compromisso pessoal que já dura 12 anos. Ela conta que desde a infância tinha o desejo de se tornar doadora de sangue. “Com 12 anos cheguei aqui no Hemoacre e disse que queria doar sangue, logo a moça que me atendeu perguntou quanto que eu pesava e minha idade, ela riu quando respondi e disse para eu voltar depois de alguns anos. Hoje sou doadora e venho regularmente, de três em três meses doar, sabendo que meu sangue está por aí dando vidas para outras pessoas”, diz.

Vista essa camisa também

Seja como for, a torcida pela vida não pode esperar, então faça parte dessa seleção e se torne doador. A doação de sangue é um ato voluntário e também de responsabilidade social. O objetivo da manutenção do estoque é garantir o atendimento hospitalar aos pacientes nas unidades de saúde do estado, principalmente no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), onde os pedidos de sangue são sempre em caráter de urgência.

A responsável pelo setor de captação do Hemoacre, Quésia Nogueira, lembra que a participação da população na doação é fundamental para a manutenção dos estoques. “Hoje o nosso anseio é por doadores fidelizados, ou seja, aquela pessoa que vem, doa e retorna daqui há três meses para doar novamente. É importante que a população entenda a necessidade que é a doação de sangue e a necessidade que existe em nós mantermos o estoque sempre estável. Além de tudo isso, que as pessoas entendam que não dá tempo em uma emergência se mobilizar pelas redes sociais e contatar os amigos para uma doação de sangue, pois o sangue que é transfundido em uma emergência sempre é daquela pessoa que veio ao Hemoacre de forma espontânea para doar sem saber para quem estava doando”, ressalta.

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Servidores de uma autoescola se unem à corrente da solidariedade no Hemoacre – Foto/Júnior Aguiar

Chegando ao Hemoacre

Depois do teste de anemia, o doador passa por uma entrevista clínica, onde responde a uma série de perguntas sobre comportamento e mede a pressão arterial e a temperatura. Superada essa fase, o doador segue para uma espécie de cantina, onde recebe um lanche. (O doador não pode ser submetido ao procedimento sem estar alimentado. Lá mesmo na unidade ele faz um lanchinho antes e depois da doação).
Todo sangue doado passa por exames para comprovar a não infecção por qualquer tipo de doença. Depois disso, é submetido a procedimentos que separam em até três partes: concentrado de hemácias (vermelho), plasma (amarelo) e plaquetas. Cada parte é utilizada em casos específicos de atendimento médico, como cirurgias, hemorragias e tratamento de câncer, por exemplo.

Quem pode doar

Quem ainda não é doador de sangue pode comparecer ao Hemoacre e fazer uma avaliação. A unidade está localizado na Avenida Getúlio Vargas, 2.787, em Rio Branco. O horário de funcionamento é das 7h15 às 17h40, de segunda a sábado.

Para doar sangue, a pessoa deve ter entre 16 e 68 anos, mais de 50 quilos e estar bem de saúde, além de levar um documento de identificação.

Movimento Alcoólicos Anônimos no Acre realiza ação pelos 83 anos da entidade

O movimento Alcoólicos Anônimos AA no Acre realizou no sábado, 9, uma ação alusiva aos 83 anos de criação do grupo no mundo inteiro. Durante toda a manhã pessoas estiveram concentradas em frente ao Colégio acreano, no calçadão, entregando panfletos informativos sobre atuação do grupo.

No Acre o movimento tem aproximadamente 38 anos de existência e conta com 12 grupos de apoio que atendem pessoas que buscam nos centros a força necessária para deixar o vício.

Uma das características do AA é o anonimato, e a aceitação do doente da sua condição de dependente e o desejo que parar de beber. 0 tratamento consiste na ajuda mútua através da troca de experiências dos participantes.

Uma destas pessoas é o senhor S. Paiva que encontrou no AA a oportunidade de retomar a vida que o alcoolismo havia lhe roubado.

“Comecei a beber como qualquer outra pessoas, depois de um tempo só os finais de semana já não me satisfazia. Chega o momento que você começa perder a capacidade de saber a hora de parar de beber” conta S.P.

Ele conta que precisou perder tudo para buscar ajuda. “Perdi tudo, família, emprego, tudo contribui para a doença evoluir, cheguei a morar de favor e ficar perambulando pelas ruas. Quando cheguei ao AA tudo isso foi me restituído” afirma.

Para que a pessoa frequente um desses grupos de apoio é necessário que o alcoólatra queira fazer parte de um centros de apoio. O AA atua como forma de apoio mútuo, sem a necessidade de internação por isso o doente precisa estar disposto a continuar.