Diante da decisão do juiz Otávio Augusto, que indeferiu o pedido de liminar do cidadão Mairto Nunes, a advogada Cíntia Martins, que fez a ação, foi procurada pelo Jornal Opinião e resolveu falar, primeiro negando veementemente que o fato tivesse qualquer conotação política, como enfatizou o texto publicado na página da Prefeitura de Boca do Acre e do próprio prefeito Zeca Cruz, segundo garantindo que o único objetivo foi obrigar que o município investisse em estrutura hospitalar para atender os pacientes graves de Covid-19, o que evitaria e evitará mortes.
Cíntia disse que tem recebido mensagens, algumas até ofensivas, por ela ter sido a advogada da ação. “Quero dizer que isso não teve qualquer ligação com ele, foi algo que eu quis fazer para ajudar a minha cidade, onde a minha família reside e que o poder público não tem dados condições para que os bocacrenses recebam o atendimento adequado em caso grave de Covid-19”, falou a advogada.
Martins disse ainda que passou dias tentando encontrar uma estratégia, que ela, enquanto cidadã, poderia propor para ajudar Boca do Acre, se dizendo sabedora da situação caótica da saúde local e da catástrofe que naquele contexto já se anunciava.
“Me debrucei e vi que em algumas localidades do Amazonas, o Ministério Público conseguiu através de ação civil pública, alguns leitos de UTI, como foi em Parintins, e outros. Achei uma forma que seria uma ação popular”, explicou a jurista.
“O objetivo dessa ação era simplesmente conseguir leitos de UTI, e forçar para que o poder público, já que eles não são transparentes, mostrasse qual seria o plano de contingenciamento e evacuação em caso de estado grave de covid-19, como UTI aérea, ambulância equipada, para que o doente não morresse”, justificou a advogada.
“Fui infeliz ao falar do repasse do governo federal, que foi sancionado anteontem, mas já se sabe que o município recebeu mais de 1 milhão de reais. Mas eu não estou preocupada com essa questão financeira, a minha preocupação é conseguir os leitos de UTI para a nossa cidade”, sustentou Cíntia.
“Não quero ganhar pompa, não quero dinheiro. Passei noites em claro pensando como ajudar a minha cidade, porque a gente sabe que a situação é crítica e que algumas coisas que o hospital tem, foi doação”, ressaltou.
Cíntia explicou que a escolha pelo autor da ação nunca teve intenções políticas. “Quem está usando isso como fato político é o prefeito de Boca do Acre, que o tempo dirá se ele será ou não responsabilizado com essa tragédia que acontece no nosso município”, disse.
“O prefeito, como autoridade, tem que dar o mínimo necessário para que as pessoas tenham atendimento. Só lamento porque a liminar não foi concedida, porque daqui alguns meses, semanas, a gente não sabe o que pode acontecer. Se fosse deferida, os leitos de UTI, evitariam muitas mortes. O tempo falará pela gente”, finalizou Martins.