Relações comerciais: FIEAC realiza debate com embaixador peruano Vicente Rojas

Aproveitando a visita do embaixador do Peru, Vicente Rojas, ao Acre, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), juntamente com lideranças do setor produtivo local, convidou o visitante e sua comitiva para a realização do Diálogo Acre/Peru, na Sala de Reuniões da FIEAC, na manhã dessa quarta-feira, 5 de abril. O evento contou com a presença não só do próprio embaixador, como também de toda a equipe peruana que está a serviço no Brasil, como o cônsul geral Félix German Vazquez; o cônsul do Peru em São Paulo, Arturo Jarama; o cônsul geral do Peru no Rio de Janeiro, Hugo Flores, entre outras autoridades.

De acordo com Adriano, a vinda de Vicente Rojas ao Acre foi bastante oportuna, fazendo-se necessária e urgente uma audiência com a autoridade e o setor produtivo local, a fim de abrir um canal de diálogo e tentar resolver os entraves que têm dificultado a concretização das relações comerciais entre o estado do Acre e o país vizinho. “O que temos, hoje, são problemas que enfrentamos muito mais pela inoperância do Poder Público Federal, que não está devidamente organizado na nossa fronteira. Além disso, o empresário peruano não consegue ter a mesma receptividade que temos quando entramos em seu país. Assim, a proposta é sairmos daqui com um documento encaminhado a parlamentares e autoridades competentes, em busca da solução desses problemas”, resumiu.

Para o embaixador Vicente Rojas, o Acre é uma potência e a proximidade com o Brasil é muito importante para o desenvolvimento do país vizinho. “Todos os setores industriais do Acre nos interessam e temos muita preocupação em escutar o que o empresariado local tem a falar. Estamos muito felizes de ter essa oportunidade, por isso nossa comitiva é formada pela totalidade de funcionários do Peru no Brasil, encarregados de todos os temas relacionados ao relacionamento entre os nossos países, pois queremos ter uma aproximação com a realidade desse estado. Nossa relação com o Brasil é muito especial”, assegurou.

PROPOSTAS – Na ocasião, foi entregue um documento para o embaixador, contendo os principais pontos que foram tratados no debate, que configuram os maiores entraves do setor empresarial acreano com o Peru atualmente. Entre eles, destacam-se a renovação/ampliação da “licença ocasional de transporte” (no caso específico de transporte próprio), que é de apenas 90 dias. A proposta é que o documento passe a valer por um tempo maior, com possibilidade de renovações. Outro ponto abordado é relativo a produtos, como carne de frango, gado vivo, peixes, milho, castanha e embutidos brasileiros que estão entrando de forma clandestina em território peruano, sobretudo em Inãpari. Assim, o setor empresarial entende que é de extrema importância haver um esforço entre ambos os governos (brasileiro e peruano), a fim de reforçar o policiamento e fiscalização na fronteira.

“Essa nossa luta já se estende há quase 20 anos e as dificuldades são de ambos os lados. Temos, hoje, na vinda do embaixador, uma esperança para tentar resolver ao menos as dificuldades pelo lado Peru – particularmente no que se refere à logística. Quando trazemos carregamentos alimentícios de lá, pagamos um frete muito alto. Uma das soluções seria dividir esse valor, tendo a possibilidade de enviar algo de volta para o Peru – e aqui temos produtos de excelente qualidade. A FIEAC tem trabalhado incansavelmente junto aos nossos políticos, mas precisamos que o Peru também nos ajude a resolver essa parte das entradas naquele país”, exemplificou José Luiz Felício, presidente do Sindicato da Indústrias de Produtos Alimentares do Estado do Acre (Sinpal).

Para Celestino Oliveira, presidente da Associação Comercial do Estado do Acre (Acisa), a discussão foi bastante salutar, uma vez que o Peru representa um nicho de 30 milhões de consumidores, portanto, uma grande oportunidade para o estado. “E, para o Peru, a proximidade com o nosso estado lhe abre um mercado de 200 milhões de pessoas. Precisamos acelerar esses processos. Sentimos boa vontade do Peru, mas, no nosso, ainda existem vários entraves. Acredito que o Porto Seco seria um grande passo para desenrolar esse sistema aduaneiro, agilizando bastante para exportação e importação. Nossas rodovias também são muito precárias. Soluções existem. Dependemos de boa vontade”, defendeu.