Pontes são reabertas na fronteira com a Bolívia mas clima é tenso

Inicialmente, o assuntou dizia respeito a uma pequena e pobre família de Epitaciolândia. Depois, o tema tomou conta do Acre, pautou a bancada federal acreana e agora , como em um revival dos dias que antecederam a Revolução Acreana, virou assunto nacional. A grande imprensa vem dedicando generosos espaços ao suposto sequestro de um brasileiro pela Polícia Nacional da Bolívia em janeiro passado. Familiares disseram que o rapaz foi levado de solo brasileiro, o que é uma afronta à soberania nacional.

As autoridades bolivianas negam e garantem que o brasileiro, acusado de crimes naqueles País, foi detido em Cobija, capital do Pando.

Os familiares do preso decidiram fechar as pontes que ligam Brasil e Bolívia em protesto à ação policial. Com o passar do tempo (afinal, já são vários dias de manifestações) quem estava perdendo é o povo de Cobija.

“Os alimentos e o combustível começaram a escassear em uma cidade boliviana fronteiriça com o Brasil por causa de um bloqueio de uma ponte internacional que já leva dez dias, segundo autoridades. Desde a quarta-feira, a situação piorou por causa do fechamento da segunda ponte internacional que liga Cobija, capital do departamento (Estado) amazônico de Pando, com cidades do Estado brasileiro do Acre, disse o governador Luís Adolfo Flores à FrancePress, uma das maiores agências de notícias do mundo.

Mas a Polícia Federal foi chamada e conseguiu reabrir as pontes ao tráfego normal nesta sexta-feira, 3. Teve gente que passou mal durante a evacuação e muitos prometeram voltar.

Mas a intriga vem irritando os acreanos. “Boliviano entra no Brasil a hora que quer faz o que bem entende. Aqui vende tudo que pode e vive às custas de brasileiro que vai lá e compra as coisas dele. Aqui faz é vergonha, muita vergonha mesmo. É lamentável mas a gente faz parte desse país que é um país injusto com os seus”, criticou a dona de casa de Basiléia, Helena Mendes. As contas são precárias mas dá uma ideia do que está acontecendo. Cerca de 30 brasileiros mantêm fechadas as duas pontes, uma forma de protesto pela prisão de brasileiros supostamente vinculados com o sequestro do filho de um político boliviano. “As autoridades do Brasil não estão solucionando este problema. Oitenta por cento dos alimentos e do combustível consumidos em Cobija vêm do Brasil, mas também o comércio brasileiro é afetado”, disse o governador de Pando à agência Associated Press. Na véspera, a chancelaria da Bolívia convocou o encarregado de negócios do Brasil para demonstrar sua preocupação com o caso. “Não podemos fazer outra coisa a não ser apesar para autoridades do Brasil”,

Flores disse que pediu à chancelaria que atue para permitir o comércio com regiões vizinhas do Peru para abastecer Cobija, que possui cerca de 70 mil habitantes e sofre com a insegurança por causa de quadrilhas que atuam dos dois lados da fronteira. A embaixada brasileira em La Paz apresentou uma queixa acusando autoridades bolivianas de violarem a soberania nacional ao prenderem um brasileiro suspeito de sequestro. Segundo o documento, policiais bolivianos ignoraram a fronteira e entraram no Brasil no dia 11 de fevereiro para prender Sebastião Nogueira do Nascimento. “Faço um apelo às autoridades brasileiras: não é possível que dez pessoas em uma ponte e mais cinco em outra ponte internacional impeçam a circulação de mercadorias e o comércio, prejudicando a população para defender um criminoso”, declarou o ministro do Interior boliviano, Carlos Romero, em entrevista coletiva. Logo depois, a PF agiu.