Mulheres que construíram história

Contar histórias de mulheres que construíram histórias pode parecer injusto quando não é possível contar as conquistas de todas, todavia acredita-se que quando se fala do sucesso de uma, a representação seja por todas. No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o jornal Opinião traz uma singela homenagem, através destes personagens que carregam com os anos a responsabilidade de ser mulher e enfrentar os desafios de desemprenhar várias funções ao mesmo tempo.

Seja pelo trabalho que desempenharam, seja por ações sociais, por ser do lar, mãe e até ter trabalhado na roça, o exemplo de quem sabe o que ver os anos passarem e não desanimar diante das adversidades e acima de tudo: ensinar esta geração a lutar por seus sonhos e inspirar através de seu exemplo.

Dona Clotilde Laura de Arruda é uma centenária que mostra através das incontáveis marcas que o tempo deixou em seu semblante. Aos 102 anos, ela criou 12 filhos. A viúva mais velha de Senador Guiomard acumulou, ao longo de mais de um século, a sabedoria e expertise que a mantém lúcida até hoje.

A história viva do município vem de longe, de Limoeiro, no Ceará, e teve como muitos moradores da cidade, que enfrentar uma longa viagem para então fazer morada em terras acreanas. Sustentar a família, com trabalho braçal foi sem dúvidas o maior desafio que ela conta ter enfrentado. Mas suas lutas não foram em vão.

“Se cheguei até aqui é porque Deus permitiu. Ele é o motivo de tudo isso”, conta ela com uma lucidez invejável para muitos e acrescenta “cheguei até aqui trabalhando muito e se não faço mais hoje é porque não deixam.”

Hoje, o orgulho de ver os filhos bem e ter um número de netos que nem consegue contar, é o fruto de uma determinação que ela teve que aprender a ter em meio ao caos.

Quebrando castanha, trabalhando duro na roça, enquanto o marido cortava seringa ela diz que é uma sobrevivente e que ter chegado até aqui é apenas pela vontade de Deus, que assim permitiu. Clotilde é sinônimo de garra e perseverança e deixa seu legado a todas as mulheres.

Uma parteira de mãos firmes

Luiza Lunier Leite, 88 anos, natural de Tarauacá, teve seis filhos. Através de suas mãos, que hoje já não têm mais o mesmo equilíbrio e força, trouxe muitos “filhos” ao mundo. Uma das primeiras parteiras do município, Luiza, hoje, mesmo com a memória um tanto defasada ainda lembra a emoção de ter ajudado muitas mulheres na hora do parto. Com os olhos cansados, ela ainda carrega o brilho de quem teve que enfrentar muitas dificuldades na vida para poder deixar um legado à população de seu município.

Onorata Costa

Onorata Alves Silva Costa, 83 anos, nasceu no seringal Goiás, se considera uma mulher de fé. Sempre esteve envolvida nos trabalhos da Igreja Católica. Onorata sempre trabalhou duro para criar os cinco filhos, desde o trabalho na roça, aos serviços de casa. Para a moradora, que viu cada avanço do município desde a instalação da energia elétrica, ao povoamento através do trabalho árduo de muitas pessoas, seu sentimento é de dever cumprido enquanto mulher que sempre esteve de mãos prontas para o trabalho, fosse este pesado ou não. Sua história se cruza com a de muitas outras mulheres de seu tempo, mas que as marcas do tempo mostram o quanto valeu a pena ser forte.

Ilda Simoneto

A empreendedora Ilda Simoneto, 73 anos, natural de Santa Catarina, ainda hoje trabalhando para manter o negócio da família. Ela se diz orgulhosa por ter superado as dificuldades de uma mudança e ter visto os três filhos cresceram e se formarem graças ao fruto de um esforço contínuo para ser mãe, mulher, do lar e empreendedora. Para Ilda, tudo isso foi apenas uma fração de tempo que passou, e os sinais de sua passagem é descobrir que pôde fazer muito mais do que se possa imaginar. “Nós cuidamos de tudo”, afirma sobre ser mulher!

Maria Dantas

Maria Dantas de Araújo, 71 anos, a Dantinha como é carinhosamente conhecida, mora há 48 anos em Senador Guiomard, onde constituiu família, mãe de dois filhos ela tem 30 anos como professora em seu currículo e também é conhecida como fiel participante dos grupos da igreja católica. Dona de uma simpatia sem descrição, dona Dantinha é do tempo em que, para muitos, mulher tinha que ficar em casa, ser apenas do lar e cuidar da família. Mas o seu amor pela profissão e o desejo imenso de ser educadora a faziam virar a madrugada, cuidando dos afazeres de casa e também dos planos de aula para não deixar a desejar em nenhuma de suas funções. Ela fez o que queria fazer porque lutou por isso e, hoje, sente-se feliz por saber que tudo, em sua caminhada, valeu a pena.