O esforço dos policiais militares do Acre para manter a ordem e a segurança da população é digna de elogios, mas a falta de estrutura humana e de equipamentos tem sido uma das grandes barreiras para o enfrentamento dos militares no combate a criminalidade. Um dos batalhões que mais sofrem com o sucateamento de material de é o 3º Batalhão da Polícia Militar (3º BPM), localizado em uma das regiões mais populosas de Rio Branco, a região da Baixada da Sobral.
Os problemas começam pelo reduzido contingente policial, são cerca de 70 militares, contando oficiais e praças, para patrulhar 18 bairros, além da Estrada da Transacreana, o que totaliza aproximadamente 45 mil residências e 75 mil moradores, cerca de 20% da população, da capital acreana.
O mais recente problema enfrentado pelo militares é a falta de rádio comunicadores, os conhecidos HTs, para as equipes que trabalham no patrulhamento da região. De acordo com policiais militares, que pediram para não ser identificados, a falta do equipamento compromete o trabalho policial, além do risco para as equipes.
“Estamos trabalhando totalmente sem comunicação, isso compromete a qualidade do serviço prestado e também trás riscos para as equipes. Se quisermos consultar o nome de um suspeito, a placa de um veículo ou checar outro tipo de informação não temos os rádios para o contato com o Ciosp, se quisermos trabalhar dentro do padrão temos que usar o celular particular para essas consultas”, disse um sargento.
Outro militar revelou um momento tenso vivido por uma equipe no momento de uma abordagem a um veículo com três suspeitos. Os militares no momento em que realizavam a revista aos suspeitos foram cercados por populares e precisaram pedir reforço ligando para o telefone de um soldado de outra equipe.
“Para quem não lida no dia a dia com o patrulhamento, abordagem e outros procedimentos do trabalho de rua pode parecer bobagem o uso dos rádios, mas para quem vive diretamente com esse serviço o equipamento é de extrema necessidade. Outro dia uma equipe realizou abordagem a um veículo com três jovens em atitude suspeita e durante o procedimento foi cercada por um grupo de pessoas, nesse momento um soldado ligou para um colega que estava também de serviço que foi em socorro a guarnição, se você não consegue pedir reforço a guarnição tem que se resguardar e agir dentro da legalidade, mas numa situação dessa pode acontecer uma tragédia. Imagina a repercussão negativa que isso ia dá”, desabafou o militar.
Os militares reforçam que os problemas ocorrem em todos os batalhões da capital, mas no 3º BPM a situação se agrava devido a área de abrangência do batalhão.
Revoltados, alguns militares decidiram protestar usando as redes sociais, como foi o caso do sargento da Policia Militar Isaías Brito, que em sua página na rede social Facebook escreveu: “Enquanto a criminalidade toma conta da cidade, a polícia continua sem o mínimo necessário para prestar segurança à sociedade. Policiais Militares do 3° batalhão não tem se quer radio de comunicação há muito tempo”.
A reportagem tentou contato com o Comando Geral da Polícia Militar e com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública, para saber qual solução seria adotada para a falta de comunicação no 3º BPM, mas não conseguiu contato com os assessores.