A força das redes sociais pode beneficiar ou arruinar candidaturas no Acre, nestas eleições de 2018. Embora esse recurso extraordinário seja bastante conhecido dos políticos já de outros pleitos, nunca nenhuma outra eleição esteve tão presente na internet quanto agora. Este é o pensamento compartilhado pela maioria dos jornalistas que cobrem a política no estado: o de que a importância do que se fala e do que se posta na web, nas campanhas e nas pré-campanhas, será muito relevante e com um impacto muito maior do que o de qualquer outra mídia.
A explicação para isso se deve, em parte, ao minguado orçamento de campanha, que obriga os candidatos e partidos a migrarem para as plataformas digitais. No Acre, os pré-candidatos já usam a mídia digital como forma de dar visibilidade a suas propostas e também para fazer-se conhecer.
“Acredito que as redes sociais influenciam o eleitor, sim, quando por exemplo os candidatos expõem as suas opiniões. E acho que isso tanto pode ocorrer para o bem quanto para o mal. Ele pode ganhar, mas dependendo do que postar, o candidato também pode perder votos”, ressalta a jornalista Angélica Paiva, da TV Gazeta, uma entre os mais experientes jornalistas políticos do Acre.
Já é fato que a luta para conquistar eleitores na internet foi iniciada. É perceptível que pré-candidatos estão mantendo suas páginas pessoais diariamente atualizadas, tendo alguns deles apostado em diversas formatações de conteúdo, de modo que alcancem o eleitorado antes mesmo de as campanhas começaram oficialmente, no próximo dia 16 de agosto.
No Acre, dos seis nomes que foram apresentados até agora como pré-candidatos à Casa Rosada, apenas três fazem uso com muita frequência das redes sociais. Eles estão no Facebook e no Instagram. (Veja quadro). E poucos utilizam vídeo como recursos para divulgar suas agendas.
Os conteúdos de maiores destaques são as agendas diárias, nas ruas e no interior do estado. Mas compromissos com instituições e a presença em eventos grandiosos ou significativos que possam render novos aliados também vão para o recheio. Tudo com fotos e textos construídos especialmente para aproximar a população dos postulantes.
Com pequenos filmes, eles apresentam ideias, falam sobre a trajetória pessoal e recebem depoimentos de apoiadores. A agenda diária nas ruas ganha destaque e compromissos com entidades, participações em eventos e a busca por novos aliados também são registrados.
Apesar de ainda ser proibido pedir votos, o mesmo não acontece quando a intenção é apresentar propostas. Esta última não se caracteriza antecipar propaganda eleitoral, segundo o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Daí a estratégia é tocar em determinados temas, levantando possibilidades de soluções.
Tempo curto na TV não vai pautar as redes sociais
As redes sociais, na visão do colunista político Nelson Liano Júnior, do site Ac24Horas, servem para aquecer o debate eleitoral. “O tempo muito curto da propaganda eleitoral na televisão, apenas 35 dias antes do pleito, faz com que as redes sociais não esperem ser pautadas pelos programas na tevê”, ressalta o jornalista.
A essa condição, Liano Júnior acrescenta o fato de que as redes sociais estão super popularizadas por meio dos aparelhos de celular. “Até o colono que vem à cidade acessa [as redes] do seu aparelho, além disso, acredito que o tempo diário no vídeo para os candidatos será muito curto, alguns terão apenas três minutos. Então, a internet vai ser fundamental, sem dúvidas, como ferramenta para se captar votos”, explica o repórter político.
Uma novidade na internet esse ano é que os candidatos podem turbinar os seus posts, por assim dizer, patrocinando seus conteúdos e com isso, possibilitando que as postagens possam atingir o maior número de público possível, inclusive àqueles internautas que não são seguidores do candidato.
O jornalista Raimundo Fernandes, do site Estação Experimental, compartilha da opinião de que é preciso usar as redes sociais com prudência. “Tem que usar com sabedoria, porque do jeito que ela valoriza o candidato, ela pode também banalizá-lo. Às vezes, as redes se tornam perigosas, porque muitas pessoas levam para o lado pessoal. Os caras simplesmente não respeitam”, afirma o profissional, referindo-se aos haters, aquelas pessoas que vivem para postar comentários negativos ou maldosos.
Fake News
O grau de danos aos candidatos também poderá ser medido pela quantidade de fake news, que eventualmente, possam ocorrer, nestas eleições. O TSE já anunciou que vai combater o problema com rigor. A primeira ação neste sentido foi dada pelo Tribunal em favor da ex-senadora acreana Marina Silva (Rede) e novamente pré-candidata à Presidência da República, neste pleito.
O TSE determinou que fosse retirada a notícia falsa contra Marina no Facebook, no prazo de 48 horas. A rapidez com que esses conteúdos circulam, no entanto, ainda é um desafio para a justiça. É que o rito, desde a denúncia até a decisão dos tribunais e a efetiva retirada do material mentiroso pode custar tempo o suficiente para que ela alcance milhares de eleitores.
Os pré-candidatos a governo na internet em ordem de curtidas
O que pode e o que não pode em propagandas na internet
Calendário
*A propaganda eleitoral começa a partir do dia 16 de agosto. E para o TSE, não é propaganda eleitoral antecipada atividades de pré-candidaturas que exalte qualidades ou que divulgue atividades e agendas, desde que o voto não seja pedido explicitamente.
Identificação
*É preciso que os posts patrocinados contenham, de uma forma ‘clara e legível’, o CNPJ ou o CPF do responsável pela publicação. Ele também deve ser publicado com a expressão “propaganda eleitoral”.
Posts patrocinados
*Esta é a primeira vez que candidatos e partidos podem patrocinar posts em redes. Também está autorizado o patrocínio que prioriza material em sites de pesquisa.
Prestação de contas
*Os recursos usados para impulsionar esses posts são considerados gastos de campanha, e por isso mesmo, devem ser inseridos na prestação de contas das siglas partidárias e dos candidatos.
Sem ataques
*Estão proibidos os ataques a adversários por meio desses posts pagos. Eles deverão ter como único objetivo a promoção ou o benefício desses candidatos ou partidos.
Meios
*Estão aptos a receber propaganda eleitoral sites, blogs e perfis em redes sociais que são administrados por candidatos ou partidos.
Denúncias
*É preciso que essas plataformas que receberão posts eleitorais tenham um espaço para a comunicação com os internautas sobre os conteúdos que serão veiculados.
Propaganda paga
*A compra de espalho e de anúncios em sites e páginas continua proibida. Qualquer tipo de propaganda paga na internet não é permitida.
Remoção de conteúdo
*O TSE limita a remoção de conteúdos aos casos em que forem comprovadas ofensas a diretos de participantes do processo eleitoral.