Cobras, aranhas e escorpiões: os riscos que rondam as enxurradas

As fortes chuvas comuns a esse período do ano não trazem apenas os transtornos das enxurradas, transbordamentos e alagamentos. Trazem, também, as doenças e animais peçonhentos que costumam invadir as residências mais próximas dos córregos, igarapés e rios do Estado.

Todo cuidado é pouco para evitar os acidentes com esse tipo de animal. O contato com eles deve ser evitado, já que alguns desses podem levar um humano à morte em caso de picada.

O comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Acre, o coronel Carlos Batista da Costa, disse que esse é um risco real que não pode ser ignorado pelos moradores de áreas de risco de enxurrada ou alagamento.

“Quando as chuvas chegam acabam por alagar as tocas desses tipos de animais, especialmente as cobras e aranhas. Desalojados, esses saem a procura de lugares altos e secos, geralmente, no interior das residências”, explica Batista.

O oficial alerta para os cuidados que se deve ter nesses casos. Ele orienta que o Corpo de Bombeiros seja acionado imediatamente para promover a captura dos animais, principalmente em caso de cobras.

“Logo que somos acionados, nossas equipes se dirigem ao local para promover a captura do animal. Quando se trata de uma cobra, por exemplo, nós as levamos para o parque Chico Mendes ou são soltas em lugares bem-afastados, onde não poderão causar riscos às pessoas.

Samu e Bombeiros devem ser acionados

Apesar das recomendações, é comum acidentes com animais peçonhentos neste período do ano. Carlos Batista recomenda que a vítima, ou alguma pessoa próxima, busque o socorro imediato ligando para o Serviço Móvel de Urgência (Samu), através do número 192. Recomenda, também, que se acione os Bombeiros para a captura do animal. Mas ele alerta: nunca tente capturar o animal sozinho, especialmente em caso de cobras. Contudo, Carlos Batista pede que os socorristas e médicos vão precisar do maior número de informações possíveis sobre o bicho em questão, como cor, formato da cabeça, rabo, etc.

“Essas informações serão necessárias para que os médicos possam identificar de que espécie é esse animal para providenciar o socorro adequado, no caso, os soros que combaterão essas peçonhas.”

Jiboias, jararacas, picos-de-jaca e caranguejeiras

A fauna amazônica é rica em animais peçonhentos. E quando se trata de cobras, a diversidade é enorme.

No Acre não é diferente. Estima-se que são cerca de 90 espécies de serpentes já foram identificadas no Estado. Destas, 13 são venenosas.

Entre essas está a jararaca, que também é conhecida como surucucu. Entre todas talvez seja a que incide em maior risco, já que costumam habitar localidades habitadas, onde caçam roedores e outro animais domésticos, daí o grande número de acidentes registrados no País todos os anos. Essa cobra é agressiva e muito venenosa.

Outra não menos perigosa é a pico-de-jaca, equivocadamente chamada de cascavel no Estado. Tão venenosa quanto a jararaca, a pico-de-jaca deve ser evitada, pois é muito rápida e agressiva. Sua picada pode levar um adulto à morte em poucos minutos. Felizmente, seu habitat natural é o interior das florestas, mas pode ser encontrada em áreas de alagamento, já que podem ser levadas para locais habitados pela subida rápida das águas dos rios e igarapés.

Já as jiboias não são venenosas, mas não deixam de trazer riscos às pessoas, pois costumam chegar a quatro metros quando adultas. Como são predadores que matam por constrição (compressão, apertos), podem ser fatais para crianças pequenas.

As aranhas do tipo caranguejeiras são os tipos de animais mais vistos em residências durante este período do ano. Como os demais citados acima, também são animais venenosos, porém, trazem menor risco aos humanos. São raras as mortes registradas por esse tipo de aranha, mas sua picada produz uma dor muito forte. Afora isso, o perigo são os seus pelos urticantes que, em contato com a pele, podem causar ardor e sensação de queimadura.

Já os escorpiões apresentam maior perigo que as aranhas. Um estudo realizado pelo pesquisador Evandro Piccinelli da Silva, realizado na região do Vale do Juruá, apontou um total de 148 acidentes com escorpiões entre os anos de 2012 a 2017, uma média de 71,9% de todos os casos relacionados a aracnídeos na região. As recomendações de segurança quanto a esse tipo de animal são as mesmas que as demais apresentadas acima.