Ariosto Miguéis: a história viva do período militar

O advogado Ariosto Miguéis é o último dos acreanos anistiados políticos vivos. Antigo morador do Segundo Distrito de Rio Branco, Ariosto Miguéis era superintendente agrário quando os militares derrubaram o presidente João Goulart e protagonizaram, no Acre, um período de trevas que prendeu e humilhou dezenas de pessoas por sua convicção política. “Era e continuo sendo de esquerda. Só não concordo com esse sectarismo de hoje em dia”, disse ele ao Repórter OPINIÃO.

Um oficial do Exército cercou o Palácio Rio Branco com suas tropas em dado momento e protagonizou, nas isoladas Terras de Galvez, seu próprio golpe de Estado. Mandou embora o governador democraticamente eleito José Augusto de Farias, amigo pessoal de Ariosto e a quem ele havia confiado elaborar o carro-chefe do governo estadual da épica –a reforma agrária. “Se o golpe não viesse a reforma agrária no Brasil teria começado pelo Acre”, revela Miguéis.

Talvez o golpe do oficial Cerqueira tenha sido levado à cabo por conta do interesse do comunismo internacional na região. Há documentos do DOPS, o temido Departamento da Ordem Política e Social, encontrados pela historiadora Denise Rollemberg no Arquivo Público do Rio de Janeiro, que atestam que desde 1962 o órgão acompanhava atentamente as estreitas relações de Cuba com as Ligas Camponesas. A papelada, segundo a Wikipédia, registra também cursos preparatórios de guerrilha em vários pontos do País. O apoio cubano concretizou-se no fornecimento de armas e dinheiro, além da compra de fazendas no Acre e outros Estados para funcionar como campos de treinamento.